Mensagens

Lucas 22:31:

31 Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo;

Jó não foi a única pessoa que enfrentou duras investidas vindas do inimigo. No Novo Testamento, encontramos o leal e destemido Pedro, ouvindo dos próprios lábios de Jesus que o inimigo tinha o compromisso de derrubar o amado pescador.

Esta fala de Jesus é muito interessante. Principalmente quando consideramos o contexto em que ela está inserida. Neste contexto, encontramos a sombra da cruz já se projetando em Jesus. E os discípulos nem sequer imaginavam as implicações disso. O contexto imediato relata-nos também a ceia que Jesus tomou em particular com seus discípulos. Como o que vinha pela frente seria algo tenebroso, Jesus não somente amou o seus até o fim, como concretizou este amor, em exortações, alertas, advertências. E foi o que Jesus fez aqui em Lucas. Aliás, o único evangelista que colocou o alerta de Jesus dessa maneira. Enquanto os outros evangelhos focaram no cantar do galo, Lucas menciona a "peneira do diabo".

A figura usada por Jesus é riquíssima. Uma peneira era um instrumento usado pelos agricultores com o objetivo de deixar o trigo o mais limpo possível. Ou seja, promove uma separação entre o trigo e as impurezas que o acompanhavam desde o processo do joeiramento (como palha, pedras, terra). Mas o que Satanás queria separar?

Separar Pedro de Jesus

O fato de a peneira estar nas mãos do diabo não implica soberania plena do diabo. Ou muito menos autoridade e direito sobre nós. Antes, quer nos lembrar que não importa nosso grau de intimidade com Jesus, o diabo sempre desejará nos separar do nosso Mestre. Pedro era proeminente entre os demais. Pedro tinha experiência em expulsar demônios, curar e evangelizar. Satanás sabia o quanto ele ainda poderia fazer se continuasse seguindo e crendo em Jesus. Por isso, não poupou esforços para derrubá-lo. Juntou a inveja dos judeus, a passividade dos romanos, a traição de Judas e a crucificação de Jesus. Essa foi a dura peneira que Pedro teve de enfrentar. O mesmo se aplica a nós!

Separar Pedro de seu ministério.

Podemos nos perguntar sobre o porquê Pedro foi mantido como discípulo de Jesus, mesmo sendo reprovado no teste da peneira. A razão foi a intercessão de Jesus. Ele disse: “Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça” (v.32). Mas, por qual motivo Jesus faria isso? Para que Pedro pudesse fortalecer seus irmãos, que também estariam dispersos e precisando de alguém para apoiá-los. Enquanto o diabo quer nos desativar, as orações de Jesus em nosso favor estão sempre nos re-inserindo no ministério do discipulado.

Por isso, erga a cabeça querido irmão e irmã. Não importa quão dura são as investidas, e até as quedas, Jesus estará sempre velando por nós!

Atos dos Apóstolos 8:9-24:

9 E estava ali um certo homem, chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido o povo de Samaria, dizendo que era uma grande personagem; 10 Ao qual todos atendiam, desde o menor até ao maior, dizendo: Este é a grande virtude de Deus. 11 E atendiam-no, porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas. 12 Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres. 13 E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito. 14 Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. 15 Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo 16 (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). 17 Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo. 18 E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, 19 Dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo. 20 Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. 21 Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus. 22 Arrepende-te, pois, dessa tua iniqüidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração; 23 Pois vejo que estás em fel de amargura, e em laço de iniqüidade. 24 Respondendo, porém, Simão, disse: Orai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes venha sobre mim.

A narrativa sobre Simão, o mágico, é bem conhecida pelos leitores do livro de Atos. Este livro do Novo Testamento relata-nos, principalmente, o mover do Espírito Santo na vida dos primeiros cristãos. É maravilhoso  fazer a leitura sobre as coisas maravilhosas que o Espírito Santo fazia na vida dos convertidos e através destes convertidos. Porém, como o livro de Atos não tem a pretensão de esconder as compreensões erradas que alguns tiveram a respeito do poder de Deus é que temos narrativa como a da conversão (falsa conversão) de Simão.

Não precisamos raciocinar muito para entender que o Homem tem sérios problemas em lidar com um grande poder. Basta pensar nas duas grandes Guerras, e nas mentes estrategistas por trás da fabricação de novas armas. A raiz disso não vem de um povo específico, ou de sistema de governo específico. Vem do Homem caído em pecado.

Antes de a pregação evangelística de Felipe espalhar-se em Samaria como fogo em capim seco, Simão era conhecido como o "Grande Poder". Desde crianças até adultos, todos davam ouvidos, e eram atraídos pelas obras mágicas de Simão (Atos dos Apóstolos 8:10). Simão, desde cedo, aprendeu a gostar de controlar as pessoas por meio daquilo. Simão sentia-se confortável em controlar a mágica. Pois isso controlava as pessoas também. Sua fama só foi interrompida pelo poder de Deus agindo por meio de Felipe e os demais apóstolos. Dentre os seus truques, não havia o de fazer uma oração para que as pessoas recebessem o Espírito Santo. Simão deve ter se sentido limitado, mas ao mesmo tempo instigado a ter acesso a este novo poder (ou truque). Se com seus truques mágicos já havia controlado multidões, o que dizer se tivesse a capacidade de controlar o Espírito Santo? Ao querer pagar por este poder, Simão, o mágico, foi duramente repreendido por outro Simão (o Barjonas [Atos dos Apóstolos 8:20-21]). Este sim estava aprendendo a cada dia o que era ser controlado pelo Espírito,  e não a querer controlar o Espírito.

Esta distinção precisa ser feita. Pois, por mais que a obra do Espírito Santo vise a regeneração, cura, instrução, iluminação e consolação das pessoas (ou seja, coisas boas), nenhum de nós deve desejá-la por causa do resultados alcançados na vida das outras pessoas. A primeiríssima obra do Espírito é privada e não pública. É no coração e não em público para atrair espectadores. Simão queria o poder da conversão, sem ser convertido. Tem muita gente pedindo para que o Espírito desça sobre eles, mas para que? Alguns apenas querem ver o poder sair de "suas mãos", ou "de seus ministérios". Mas estão preparadas para uma santa sondagem no coração?

O apóstolo Paulo viu num trecho do Salmos 44 (44.22) uma mensagem adequada para a igreja de Roma quando abordava sobre tribulação, angústia, perseguição, etc. Todas estas coisas estavam relacionadas à vida cristã. Paulo viu na afirmação de fé do salmista algo totalmente aplicável a sua realidade e a igreja de sua época. Isso implica que nós também podemos experimentar deste mesmo alimento espiritual.