Um Princípio Eterno

Na primavera de 1986, tive o privilégio de estar envolvido com as Olimpíadas Especiais, quando era cadete da Academia da Força Aérea dos Estados Unidos. Nossa classe recebeu um grupo de crianças e adolescentes por quatro dias inteiros, permitindo-lhes comer e dormir em nossos dormitórios enquanto os ajudávamos a competir nos eventos atléticos. O anfitrião especial era Dan Reeves; na época, técnico dos Denver Broncos. Ele tinha jeito com as palavras, bem como uma maneira de mostrar compaixão às crianças. Eu imaginava por que sua atitude estava em tão grande contraste com as de muitos do esporte profissional.

Naquele outono, ele falou na Cruzada Billy Graham, em Denver, e deu seu testemunho. O técnico Reeves disse que o versículo de sua vida é Mateus 5:16: "Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus". Da mesma maneira, Paulo deseja que Jesus Cristo seja glorificado em nós, no dia que vier novamente para julgar o mundo (v. 10 e 12).

O Relato das Escrituras

Paulo começa sua segunda epístola com o mesmo tema da primeira: a Segunda Vinda de Cristo. Seu foco foi um demorado elogio aos tessalonicenses. Aplicando a imagem da "couraça de fé e amor", na seção anterior, agradeceu a Deus por seu testemunho permanecer nas igrejas, que eram diretamente perseguidas, ou enfrentavam provações, dia após dia. James Moffatt observou:

Seus fundadores e amigos à distância estão assistindo com orgulho sua fé resoluta; enquanto, no processo certo da providência de Deus, essa fé tem um destino próprio já que está ligada a seus desígnios eternos. A esperança é mencionada somente duas vezes (2:6, cf. 3:5) nesta epístola, por toda sua preocupação com o futuro. A fé cobre quase todo o seu assunto aqui. (Novo Testamento Grego do Expositor, p. 45).

A fé paciente e duradoura dos tessalonicenses servia como evidência contra aqueles que os perseguiam. Além disso, o sofrimento demonstrava serem eles privilegiados por fazerem parte do reino de Deus. As palavras de Paulo não deveriam ser usadas para promoverem um "complexo de mártir", no qual buscamos sofrimento da perseguição ou procuramos simpatia inesgotável. Ao invés disso, devem ser empregadas em conexão a outras passagens do Novo Testamento, incluindo Romanos 5:3-5 e Tiago 1:2-12, para mostrar que tempos difíceis são oportunidades para Deus trabalhar em nossa vida.

Dr. Henry Blackaby sugeriu o seguinte, para lidar com circunstâncias difíceis:

  • Tenha em mente que Deus sempre tem demonstrado Seu amor absoluto por você, na cruz. Esse amor nunca mudará.
  • Não tente compreender como Deus é em meio às circunstâncias.
  • Vá a Deus e peça-lhe que o ajude a ver a perspectiva dele em sua situação.
  • Espere no Espírito Santo. Ele pode usar a Palavra de Deus para ajudá-lo a entender as circunstâncias.
  • Ajuste sua vida a Deus e no que O vê fazendo em suas circunstâncias.
  • Faça tudo que Ele diz.
  • Experimente Deus trabalhando por meio de você, para realizar Seus propósitos (Experiência com Deus, p. 192).

Paulo também afirmou que o juízo de Deus sobre os que os atribulavam era um sinal de Sua aprovação do testemunho fiel e uma manifestação de Sua glória. Observe que Paulo não lhes pediu para realizar o julgamento. Eles deveriam aguardar o alívio que Deus oferece na forma da retribuição divina. Como o autor ensina aos hebreus, "Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo" (Hebreus 10:30-31).

No mundo hodierno, ficamos desconfortáveis, confrontando passagens que falam desse tipo de julgamento total. Mas a Bíblia é clara: o Dia do Senhor não será agradável para aqueles que não conhecem a Cristo. As visões apocalípticas de Daniel, em Daniel 7:9-14, e a visão dos "Candeeiros de Ouro" de João, em Apocalipse 1:12-20, oferecem imagens semelhantes ao descreverem o juízo impetuoso de Deus. O próprio Jesus usa o fogo como uma metáfora de juízo (Mateus 3:10-12, 13:40-42, 13:50, 18:8, 25:41; Marcos 9:43-48; Lucas 3:9 3:16-17; João 15:6).

Vários aspectos destacam-se, no que diz respeito a esse julgamento. Primeiramente, o padrão do julgamento é o "Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo" (v. 8). Pedro usou a mesma terminologia, "obedecer ao Evangelho", para comparar o tipo de julgamento que acontece na casa de Deus com aqueles que não pertencem a Cristo. Os que não o conhecem, ou seja, não têm um relacionamento pessoal com ele, enfrentam um futuro temeroso.

Também, de acordo com Paulo, a pena para aqueles que forem condenados nesse julgamento será a "destruição eterna" (v. 9). Não será uma vingança arbitrária, mas em consonância com o pecado de rejeitar Deus e a Suas boas-novas de salvação em Jesus Cristo. Esta penalidade será a "eterna destruição". Esta expressão aparece apenas aqui, em todo o Novo Testamento e descreve com exatidão o efeito final dos que recusaram as misericórdias de Deus. Não é a natureza da "destruição" que é "eterna", mas sim o resultado desta.

A palavra grega aionios, traduzida como "eterna", neste verso, atribui consequência permanente ao ato de destruir, pois não haverá mais chance de restauração ou restabelecimento de vida aos ímpios. Trata-se, na verdade de uma expressão jurídica, para dizer que o julgamento de Deus é definitivo, não cabendo mais nenhum tipo de recurso (Hebreus 6:2). Portanto, o que Paulo está ensinando é que, como consequência desse julgamento, os perseguidores da igreja em Tessalônica serão banidos para sempre da presença do Senhor e da glória do Seu poder.

O não crente não busca a glória de Deus por causa da influência absolutamente corrupta do pecado sobre sua natureza, o que faz com que ele fique aquém da glória divina. Assim, troca-a por uma imagem de homem corruptível (Romanos 1:23; 3:23). John Piper lembra que:

Em tudo isso, desprezamos a glória do Senhor. O grande mal do pecado não é o dano que causa a nós ou a outros (apesar de ele ser imenso!). A malignidade do pecado é devida ao desdém implícito por Deus. Quando Davi cometeu adultério com Bate-Seba e até mandou matar o marido dela, o que Deus lhe disse pela boca do profeta Natã? Ele não lembrou ao rei que o matrimônio não deve ser rompido ou que a vida humana é sagrada. Ele disse: "... porquanto me desprezaste" (2 Samuel 12:10).

Assim sendo, nossa caminhada demonstra que somos dignos desse chamado para o reino de glória em Cristo Jesus, que vem por sua graça (1 Tessalonicenses 2:12; versículo 11)? Ou estamos contentes em sermos espectadores, nas posições secundárias do Cristianismo?

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