Explanação

Hoje começamos nossa terceira unidade deste trimestre. A unidade I mostrou-nos cinco imagens de Cristo retiradas do livro de Hebreus. Na unidade II vimos quatro retratos de Jesus Cristo nos Evangelhos. Principiando hoje, a unidade III enfocará em cinco imagens de Cristo em nós extraídas da epístola de Tiago. Esta unidade, portanto, atentará mais no retrato de Cristo em nós, de forma que este mundo possa ver Jesus Cristo vivendo em nós.

Tiago, o irmão do Senhor, escreveu esta carta aos judeus cristãos que se encontravam na “Dispersão” (Tiago 1:1). Essas comunidades judaicas, comumente chamadas de “Diáspora”, foram criadas por pessoas que haviam deixado a Palestina para evitar o sofrimento causado pela perseguição.

No capítulo 1 de Tiago, somos conclamados a tomarmos duas atitudes: 1) Tomar conhecimento de um punhado de verdades sobre nossa vida, sobre Deus, e como essas verdades se convergem e 2) Agir de acordo com essas verdades.

Uma das verdades fundamentais que somos chamados a reconhecer é que nossa vida inclui sofrimento. Não importa onde você viva neste mundo, você experimentará dificuldades. Talvez os judeus da Diáspora tenham conseguido evitar o sofrimento advindo da perseguição, porém eles não seriam capazes de eximirem-se de tempos difíceis causados por outros fatores. É intrigante constatar que, após ter saudado seus leitores, o primeiro tema abordado por Tiago foi a ideia de sofrimento. Ele não falou da possibilidade, mas da certeza, de enfrentar tribulações de vários tipos (1:2).

Outra verdade sobre as tribulações é que há duas possibilidades de as enfrentarmos. Cada meio implica em escolhas. Podemos escolher perseverar ou podemos optar por sucumbir diante do sofrimento. A primeira, e melhor, escolha, como ilustrado no versículo 12, é o caminho da fé. A pessoa que opta por esta via se encontra em um caminho de justiça, que a conduzirá à vida. A última opção, como ilustrado nos versículos 13-15, é o caminho da dúvida. A pessoa que decide por esta via se encontra em um caminho de pecado, que a levará à morte. A escolha é nossa. Ninguém pode fazer essa escolha em nosso lugar, mas Deus coloca à nossa disposição uma ferramenta poderosa para ajudar-nos nessa tomada de decisão: a sabedoria (versículo 5). Às vezes, nos encontramos querendo acusar a Deus de trazer sofrimento para nossa vida. Tiago nos lembra que Deus não é a fonte de sofrimento. Ele é, indubitavelmente, a fonte de um caminho de vitória através do sofrimento que nos trará algo de valor inestimável: a sabedoria.

Exploração

Outra verdade para a qual Tiago nos chama a atenção é para o fato de que nosso Deus não muda. Ele é constante! A expressão usada por Tiago, “o Pai das luzes” (verso 17) é um golpe de mestre em termos de comunicação, pois fala tanto sobre a natureza de Deus e as nossas circunstâncias. Por sua natureza, Deus não muda. Ele é como as luzes celestiais (o sol e a lua): sua natureza é constante no nosso mundo. No entanto, frequentemente o sol e a lua aparecem diferentes para cada um de nós, porque a perspectiva de nossa visão está em constante mudança. Às vezes, vemos o sol, ao leste, e outras, a oeste, dependendo da hora do dia. Às vezes, vemos a lua por inteiro, outras, apenas uma parte dela, dependendo da época do mês. Nem o sol nem a lua mudaram, a nossa perspectiva é que mudou. Às vezes, as circunstâncias da nossa vida causam uma mudança em nossa perspectiva sobre Deus. Em determinadas circunstâncias, devido ao sofrimento que estamos enfrentando, acabamos tendo certas dúvidas de que Deus continua ser bom, ou se Ele ainda tendo os nossos melhores interesses para nossa vida, ou que Ele ainda está conosco. Tiago queria lembrar-nos que não foi Deus quem mudou, fomos nós.

O que podemos fazer para impedir que as circunstâncias da vida nos conduzam ao caminho da dúvida, do pecado e da morte? De acordo com Tiago, podemos lembrar que Deus nos gerou pela sua Palavra (versículo 18). Ele não apenas nos trouxe a este mundo (nascimento físico), mas também nos trouxe ao seu reino (nascimento espiritual). Este despertar espiritual não é algo que fizemos por merecer, mas é um dom de Deus (versículos 17-18). É um dom que lhe custou o sacrifício de seu Filho unigênito. Mas Deus escolheu livremente abençoar-nos com este dom.

A realidade de que fomos nascidos de Deus relembra-nos outra importante verdade para a qual somos chamados a tomar conhecimento: nossa vida não é mais propriamente nossa. Fomos comprados por um alto e bom preço. Agora pertencemos a Deus e nossa vida foi-nos confiada pelo nosso Criador. Além disso, o doador da vida deseja que vivamos certo tipo de vida: uma vida de retidão. (versos 19-20).

Encorajamento

Nossa vida inclui sofrimento; há dois meios possíveis de enfrentar os tempos difíceis; Deus não muda; somos nascidos de Deus; nossa vida não nos pertence; Deus deseja que vivamos uma vida de retidão. O que podemos fazer com todas estas verdades que tomamos conhecimento? Esta pergunta é um tanto prematura, porque, além de chamar-nos a reconhecer essas verdades, Tiago, também chamou-nos a agir sobre elas. É à medida que as colocarmos em prática que seremos habilitados para verdadeiramente as aprendermos. Em outras palavras, a obediência resultará em compreensão. A exortação de Tiago não é apenas para ouvirmos a Palavra, mas também para fazer o que ela nos ensina (versículo 22). Este é o ponto fulcral da lição de hoje.

Podemos ver o desenvolvimento deste ensinamento nos versos 17-18. O papel de Deus é dar-nos a oportunidade de um relacionamento com Ele. Este é um dom (presente) que nos é oferecido gratuitamente. Nosso papel é aceitar este maravilhoso presente. Como esta aceitação é feita?

Neste ponto, temos que retroceder um pouco. Antes de podermos aceitar o verdadeiro dom de Deus, temos que primeiramente rejeitar o inimigo. No versículo 21 Tiago exorta-nos a rejeitar o mal que o mundo nos oferece. Que impureza moral (tentação) está atualmente tentando chamar sua atenção? É possível que você obtenha uma perspectiva maior sobre esta questão? Você pode ver que esta substância, atitude ou comportamento que tem lhe atraído, trabalha contra a vida que Deus tem para você? Você realmente quer viver em conflito?

O próximo passo após rejeitarmos as investidas do inimigo é aceitarmos o dom genuíno de Deus. Aceitar a Palavra de Deus (verso 21) é um processo de duas etapas. Primeiro, somos chamados a ouvir a Palavra (verso 22). Você tem um momento em sua vida diária para ouvir a Palavra de Deus? Se não, de que forma você espera ouvir a Deus? Em sequência, somos chamados a praticarmos aquilo que a Palavra diz (verso 22). Se recusarmos a implementar ao nosso cotidiano o conhecimento que Deus nos dá, será a mesma coisa que como se não tivéssemos tal conhecimento, pois ele não terá nenhuma valia para nós.

Este é um assunto referente ao nosso estilo de vida. Quando escolhemos diariamente ouvir a Deus e fazer o que Ele nos pede, Ele nos ajudará a trilharmos nosso caminho de fé, numa vida de retidão, que nos levará a eternidade. Mesmo sabendo que esta caminhada incluirá sofrimentos, Deus estará conosco! Nós seremos abençoados naquilo que fizermos. (verso 25).

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