Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me agradarei, e serei glorificado, diz o SENHOR.

Ageu 1:8

INTRODUÇÃO

   Ao retornar do cativeiro babilônico, entre muitas dificuldades, o povo procurava refazer sua vida. As pessoas tentavam estabelecer sua rotina, erguiam suas casas, buscavam resgatar sua cultura e se firmar como povo livre.
   Mas em certo momento veio o aviso de um profeta que acompanhava esta nova etapa da história dos judeus. Ageu, da parte de Deus, esclareceu a todos, desde autoridades aos cidadãos que eles precisavam priorizar Deus em suas vidas, reconstruir Seu templo e restaurar o relacionamento com Ele.
   Da mesma forma, hoje, esta mensagem é válida. Muitas vezes nos preocupamos com nossa rotina, nosso sustento, nosso futuro, esquecendo que tudo provém do Senhor e que quando Ele é nossa prioridade, de nada sentiremos falta (Sl 23.1)!

INFORMAÇÕES SOBRE O PROFETA

   O profeta Ageu é considerado por consenso um dos “profetas menores”. Como já visto em lições anteriores, esta classificação se dá não por grau de importância, mas simplesmente pelo tamanho dos livros, pois esta obra dividese em apenas 38 versículos agrupados em dois capítulos. Também é considerado o primeiro livro profético pós-exílio babilônico89 de três (os outros são Zacarias e Malaquias).
   Ageu foi conterrâneo de Neemias e Esdras e ao que se mostra o livro foi escrito na região de Jerusalém, visto que as profecias têm relação com as ruínas do templo.
   O nome Ageu pode significar “festividade” ou algo similar. O que se deduz é que provavelmente ele tenha nascido durante alguma festa judaica91, mas nada ou pouquíssimo mais se sabe sobre sua família, genealogia e local de nascimento, sendo apenas possível deduzir que nasceu no cativeiro babilônico.
    Ademais, embora seja um livro pouco lembrado e pouco comentado, nem por isso deixa de ser importante. As profecias e mensagem trazidas por ele podem ser aplicadas hoje, em diversos aspectos da nossa vida cristã, tanto tempo depois, mesmo num ambiente cultural e geográfico completamente diferente daquele período bíblico.

O CONTEXTO DO LIVRO

   Entre 597 e 587 a.C. aquela situação calamitosa para a qual os profetas tanto haviam alertado, assombrou Jerusalém, o templo foi destruído, quando a Babilônia subjugou Judá, saqueou as riquezas de lá e deportou a maioria dos seus habitantes92. A terra ficou arrasada e vazia esperando o cumprimento da profecia de Jeremias 25:12
   Finalmente aproximadamente em 539 a.C, aconteceu que os persas conquistaram e subjugaram o Império Babilônico e depois, o rei persa Ciro editou o decreto que encerrou o cativeiro93. Assim, o povo poderia retornar à sua terra, embora se saiba que muitos não quiseram voltar.
   Os escritos de Ageu foram feitos após a volta do povo judeu do exílio, quando a cidade de Jerusalém estava sendo reerguida e novamente habitada. Ou seja, uma situação de reconstrução não somente material, mas também da história e identidade judaica. Porém, a restauração mais importante deveria ser a da aliança entre as pessoas e Deus, tanto na vida individual quanto na comunitária. E é isso o que o profeta de nosso estudo tenta resgatar.

A MENSAGEM DO LIVRO

   A principal mensagem do livro de Ageu é a de que o templo deveria ser restaurado para glorificar a Deus e Ele se agradaria com isso (1.8). Antes desta afirmação, o profeta lembrou o povo de situações ruins, como colheitas fracas e outras necessidades (1.6).
   Desta maneira, era orientado que o povo primeiro se voltasse ao Senhor e depois as suas outras necessidades
seriam supridas. Assim como Jesus nos diz em Mateus 6:33 “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (AS21).
   Ageu foi um profeta de mensagem contundente. Primeiro, analisa a situação do povo, aponta e condena as injustiças e vê o desdém que este trata ao Senhor, deixando Seu templo inacabado enquanto muitos dos líderes vivem em residências bem acabadas (1:4). Mas ele não foi um homem que apenas “apontava o dedo” para o erro, sendo também alguém que orientava, sob a palavra divina, para o que deveria ser feito, para quais prioridades o povo deveria se voltar e também o animava com a presença de Deus (1:13; 2.4).
   A parte final do livro traz algumas declarações entendidas como messiânicas, ou seja, que apontam para o Messias prometido e que se manifestou na pessoa de Jesus. O texto em Ag. 2:7 em algumas versões (Almeida Revista e Corrigida – ARC) diz que “virá o Desejado de todas as nações” e mesmo que esta não seja a tradução ideal, não tem como um cristão ler este verso e não apontar para Cristo e as riquezas e esplendor que este traria, inimagináveis para Ageu e seus contemporâneos.
   Finalmente, o livro encerra com uma mensagem demonstrando o poder do “Senhor dos Exércitos” e trazendo a esperança do Seu Reinado (2:20-23).

APLICAÇÃO: DEUS COMO NOSSA PRIORIDADE

   Todos os livros bíblicos têm alguma (ou várias) lições a nos ensinar e mensagens a nos passar. Mesmo nos mais
complexos como o Apocalipse ou curtos como Obadias e Filemon, a Palavra de Deus está presente e deverá falar algo a nós. Portanto, não podemos desprezar a oportunidade de estudar o que o profeta Ageu disse ao povo daquela época e como sua mensagem ecoa às pessoas de hoje.
   No Novo Testamento existem algumas menções às palavras deste profeta. Hebreus 12:26 por exemplo, cita Ag
2:6,7 falando que haverá tremor não apenas na terra, mas também nos céus. Quando o segundo templo ficou abaixo da expectativa dos judeus, Ageu consolou o povo dizendo que Deus encheria o lugar com Sua glória que seria maior que a do primeiro, uma referência a Jesus. Hoje nós esperamos nova glória e abalo da manifestação divina, em referência ao estabelecimento do Reino de Deus.
   Mas é necessário se ater na mensagem principal, citada anteriormente, sobre a prioridade em servir a Deus deve ser em nossa vida. Em toda a história de Israel, o templo representava a presença de Deus entre o povo. O trabalho dos sacerdotes nos cultos, sacrifícios e festas mostravam ao povo quem Deus era. Deste modo, reerguer o templo não era apenas uma questão de estética para a cidade, de refazer um patrimônio público ou de construir um prédio qualquer, mas sim, um demonstrativo de que os judeus estavam buscando ao Senhor e O queriam junto de si. E aí veio as palavras de Ageu. O profeta viu que o povo estava mais preocupado em atender os seus próprios
interesses do que o trabalho do Senhor.
   Interessante notar que o profeta de nosso estudo falava para pessoas do povo escolhido de Deus. Não eram pagãos e certamente muitos não eram pessoas de má índole, mas estavam deixando de lado ao Senhor, que os sustentava. Depois, lamentavam suas desventuras. É bem verdade que o desânimo tomava conta de muitos, mas não buscar a Deus, além de não solucionar, dificulta mais.
   Não muito diferente, acontece conosco hoje. Muitas vezes alguns cristãos vão à igreja, lêem a Palavra, oram, postam versículos nas redes sociais, mas não colocam Deus em primeiro lugar em suas vidas.
    Ao estudar esta lição podemos analisar algumas situações do nosso cotidiano e avaliar se realmente estamos colocando Deus como nossa prioridade. Seguem alguns exemplos:

• Vida familiar: cuidamos da nossa rotina, exercemos nossa profissão e procuramos ensinar os filhos a serem
responsáveis. Mas como está o “templo” dentro de nosso lar? Falamos sobre Deus e Sua Palavra? Realizamos cultos domésticos, devocionais e orações em família? O meu relacionamento familiar com cônjuge e filhos reflete alguém que prioriza a Deus?
• Educação: quando Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, ele queria que as pessoas comuns tivessem acesso à Palavra. Fundaram escolas para que as pessoas aprendessem a Bíblia. Assim, as escolas tinham em sua essência o ensino das Escrituras, o que foi se perdendo durante os anos. Ou seja, deixaram derrubar o “templo” e hoje, em muitos lugares, a educação escolar tornou-se inimiga da fé cristã. Relativizam (quando não ridicularizam) o cristianismo, ensinam teorias e ideologias contrárias à Palavra, entre outras situações. É necessário que os pais ensinem a Palavra aos seus filhos (Deuteronômio 6:6-7; Provérbios 22:6) e os firmem nela para que eles não sejam apenas bons profissionais, mas acima disso, cristãos.
• Vida financeira: aqui o problema até se parece com aquele cenário do livro de Ageu. Antes de tudo, tentamos nos ajustar financeiramente para depois ver o que podemos fazer em prol do Reino. Jovens buscam primeiro, a estabilidade financeira ao invés da vontade divina; membros não dizimam por achar que não têm o suficiente; a primeira preocupação ao procurar um novo emprego é o salário, mas pouco nos importamos se seu ambiente for adverso à nossa fé. Assim como o templo deveria ser prioridade para o povo, também precisamos nos firmar Naquele que nos sustenta mais do que o dinheiro.
• Guarda do Sábado: Infelizmente, muitos irmãos não se importam com o Dia do Senhor e sequer procuram oportunidades de emprego, serviço ou estudo onde possam guardar o sétimo dia da semana. E para isso às vezes contam com a omissão daqueles que deveriam orientá-los. Diversas vezes se ouve que “não há o que fazer então eu continuo trabalhando aos sábados”. Mas será que este Deus que cura, faz milagres e se importa com cada filho que se achega a Ele não ajudaria a guardar Seus mandamentos? Fazer a vontade de Deus é uma prioridade em nossa semana? Não deixemos este “templo” em ruínas!

   Aqui foram apenas alguns pontos onde podemos avaliar como anda nossa caminhada cristã e se estamos ouvindo as profecias de Ageu sobre o que priorizamos. Certamente, há muitas e muitas outras circunstâncias que poderíamos exemplificar. É necessário um cristianismo mais atuante na cultura, na ciência, nas artes e outras áreas, mas que não absorva o que elas trazem de mundanismo, porém que influencie e guie as outras pessoas para o nosso Deus.

CONCLUSÃO

   Da mesma forma que Ageu profetizou às autoridades e povo de sua época e o templo foi reconstruído, nós recebemos pela Bíblia a mensagem de priorizarmos a Deus (Êxodo 20:3; Mt 22.37,38) para reconstruirmos a nossa vida.
   O Salmos 37:5 “Entrega teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele tudo fará (AS21)” não deve servir apenas como uma “frase de auto-ajuda” ou como um dizer bonito para postar nas redes sociais. Ele deve ser praticado rotineiramente e nas várias atividades cotidianas. Entregar o caminho, confiar n’Ele e deixar que Ele cuide de nós!
   Que assim como a mensagem de Ageu serviu para exortar o povo a reconstruir o templo e voltar-se para o Senhor, assim também sirva para nós tirarmos de nossas vidas os empecilhos que não deixam Deus ser a nossa prioridade!

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE

1. Leia durante esta semana o livro de Ageu. Reflita sobre as mensagens que ele trouxe da parte de Deus ao povo e procure aplicá-las no seu dia a dia.
R.

2. Ageu foi um dos três profetas pós exílicos. Quem eram os outros dois? Explique o porquê de receberem este título.
R.

3. Qual a principal mensagem do livro de Ageu?
R.

4. Como se pode associar Mateus 6:33 com Ageu 1:8?
R.