Então o meu Deus me pôs no coração que ajuntasse os nobres, os magistrados e o povo, para registrar as genealogias; e achei o livro da genealogia dos que subiram primeiro e nele estava escrito o seguinte: Estes são os filhos da província, que subiram do cativeiro dos exilados, que transportara Nabucodonosor, rei de Babilônia; e voltaram para Jerusalém e para Judá, cada um para a sua cidade. Os quais vieram com Zorobabel, Jesuá, Neemias, Azarias, Raamias, Naamani, Mordecai, Bilsã, Misperete, Bigvai, Neum, e Baana; este é o número dos homens do povo de Israel.

Neemias 7:5-7

INTRODUÇÃO

   Identidade:
   1. “O fato de ser quem uma pessoa é”.
   2. “Caracteres próprios de um ser, definição de alguém”.
   Vivemos tempos complicados em vários quesitos, inclusive quando se fala em identidade de um povo ou nação.
Ideologias nefastas, por exemplo, têm minado o modo de pensar das pessoas, em especial de muitos jovens, afetando sua identidade e causando confusões que enfraquecem famílias, igrejas e civilizações, tornando a sociedade instável e tirando quaisquer esperanças das pessoas.
   No tempo em que Neemias liderou a reconstrução de Jerusalém e organizou novamente o povo, ele percebeu que precisava fortalecer a identidade comum dos judeus. Para isso, Neemias precisou tomar algumas atitudes, nem sempre fáceis ou populares, mas que ao serem exercidas fizeram seu trabalho progredir. Sendo assim, é importante analisar o que este homem fez.

ESCOLHENDO PESSOAS CONFIÁVEIS (Neemias 7:1-2)

   Os fatos descritos no capítulo 7 de Neemias ocorrem logo após a reconstrução da muralha de Jerusalém. Imediatamente depois, o líder dos judeus nomeou porteiros, cantores e levitas para que estes se encarregassem das atividades próprias deles. A preocupação dele era com a segurança e com os serviços religiosos, afinal, não haveria identidade a ser preservada se Deus não estivesse presente na rotina e na vida dos habitantes. Ele fez o possível para seguir a organização de Davi ao colocar ordem no templo de Jerusalém e restaurar funções tradicionais.
   A Bíblia faz menção sobre as pessoas que nos cercam. Em 1Coríntios capítulo 15.33, por exemplo, está escrito que “as más companhias corrompem os bons costumes (A21)”. Se o versículo lembra situações rotineiras de amizade, o que dizer então de uma posição de liderança para um trabalho de reorganização não apenas de uma cidade, o que já é bastante difícil, mas de um povo inteiro, que busca novamente o seu lar. Neemias precisava cercar-se de homens que fossem íntegros e despertassem confiança nele e, certamente, nos que estariam prestando serviços a eles.
   Desta forma, lê-se em Neemias capítulo 7, versículo 2, sobre a nomeação de homens de crédito para ajudá-lo. Um deles, Hanani, era seu irmão que narrou a desoladora situação da cidade quando Neemias era copeiro do rei da Pérsia (Ne 1:1,11). O outro, Hananias, era temente a Deus e já tinha experiência administrativa. Deve-se considerar que durante quase todo esse tempo, os inimigos estavam armando conspirações, portanto, era muito necessário alguém leal próximo dele, principalmente naqueles tempos de intrigas.
Neemias precisava se proteger contra a traição.
   Para restaurar a identidade do seu povo, as diversas funções que foram organizadas, tanto aos que executavam serviços quanto aos que lideravam, precisavam ser desempenhadas com esmero. Não é diferente hoje. Infelizmente, vemos que muito de nossa identidade cristã está manchada, porque nem todos os que se denominam “filhos de Deus” exercem o seu cristianismo ou não o fazem com dedicação. O corpo de Cristo é uma unidade de irmãos, cada um com suas características, gostos, vocações e identidade em prol de uma identidade maior, que é a “Igreja”.
   Neemias trabalhou na reconstrução da cidade e sabia que nada daquilo duraria se o povo e sua liderança não se
identificassem e não se ajudassem entre si. Que assim também seja entre os irmãos em Jesus Cristo!

ESTABELECENDO DIRETRIZES CLARAS E OBJETIVAS (Neemias 7:3-4)

   Nos versículos 3 e 4 do capítulo 7, as preocupações do governador continuam. Ele tinha um plano em mente e quando nomeou Hanani e Hananias para administrarem a cidade e a fortaleza, imediatamente passou algumas instruções. Ele não queria a cidade desprotegida e vulnerável e se fez entender aos seus auxiliadores. Como os inimigos estavam à espreita, qualquer descuido poderia ser fatal e pôr tudo o que foi construído a perder.
   Foi estabelecido o tempo em que os portões ficariam abertos e ordenou-se que estes ficassem trancados durante
a noite. Manter os portões abertos mais do que o necessário favoreceria a entrada de salteadores, espiões e outras pessoas que poderiam desestabilizar a, ainda fraca, sociedade de Jerusalém. Por isso que a ordem era clara quanto ao “sol alto”, pois se abrisse muito cedo, poderia pegar o povo ainda dormindo e desprevenido a algum assalto.
   O comprometimento com Jerusalém começava a abranger mais pessoas. Ainda no versículo 3 lê-se que, dentre os próprios moradores, haveriam nomeações de guardas que ficariam em postos específicos e nos arredores de suas residências.
   Por fim, Neemias capítulo 7, versículo 4 esclarece que a cidade tinha uma grande extensão territorial, mas poucos
moradores. Isso também poderia facilitar a entrada e instalação de pessoas prejudiciais a todo aquele trabalho. Existe aqui a percepção de que uma cidade não se compõe apenas de casas e demais construções, mas também de pessoas.
   É interessante notar que este trecho estudado permite fazer paralelos com nossa vida cristã, como por exemplo:

1. Cercar-nos de pessoas que nos ajudem na caminhada ao Reino nos ajudará no fortalecimento da fé e na nossa
   identidade cristã;
2. Ser vigilantes com o que pode nos prejudicar e não abrir exceções ou brechas ao pecado nos manterá mais unidos com Deus. Para isso, conhecimento da Palavra e oração nunca serão demais;
3. Comprometer-se a ajudar aos irmãos e a Igreja, quando esses necessitarem, será um bem feito a todos, inclusive a nós mesmos, como os cidadãos convocados para guardarem Jerusalém;
4. Não deixar espaços desocupados ou vazios em nossa vida. Ocupemo-nos em fazer a vontade de Deus. Existe
   um ditado popular que diz “mente desocupada, oficina do diabo”. Quando negligenciamos o trabalho do Reino
   e nos tornamos “terra desocupada” outras prioridades tomarão cada vez mais conta de nossa vida.

PRESERVANDO A FÉ NO DECORRER DA HISTÓRIA (Neemias 7:5-7)

   Durante um campeonato esportivo, várias equipes podem assumir a liderança de maneira provisória, mas, ao fim, o vencedor será o time que soube ser mais eficiente e regular no decorrer da competição e assim, somou mais pontos.
   O que se quer dizer com isso? Em nossa trajetória de fé não é muito diferente. Às vezes temos “picos” de fé e muitas vezes vemos nossa crença em frangalhos. O perseverar, corrigir erros, manter uma rotina de oração, leitura bíblica e prática da Palavra nos farão chegar ao fim do “torneio da vida” como vencedores.
   Neemias sabia que seu empenho e dos que se prestaram a auxiliá-lo, pouco ou nada adiantaria se não houvesse um plano de preservação e manutenção da identidade do povo com sua fé em Deus, o Senhor Todo Poderoso. Poderiam reconstruir a cidade, contudo, se os que viessem após eles não conhecessem a Deus e a história do povo, tudo cairia novamente.
   Como tudo estava ainda em fase de formação, o governador teve que adotar alguns critérios para nomear as pessoas para fazê-las habitar em Jerusalém e executar suas atividades. Então se baseou nas genealogias para trazer judeus puros. Nota-se que tudo era feito em submissão ao Senhor, pois Neemias disse “que Deus pôs no seu coração” o que era para ser feito.
   Durante sua história, o povo escolhido por Deus se rebelou contra Ele e O abandonou, trazendo para si consequências ruins. Muitas vezes, isso começou com impurezas que aos poucos eram colocadas em seu meio. Casamentos mistos com pessoas que adoravam outros deuses, costumes pagãos adotados, entre outras coisas. A fé não foi preservada.
   Da mesma forma, ainda hoje existe a convocação para a igreja cristã se manter pura. Rotineiramente somos bombardeados com relativismo, banalização do sexo, desvalorização da vida humana, busca incessante pelo prazer imediato e fugaz. Muitas dessas ideias nocivas já adentraram na cabeça de muitos cristãos e em igrejas corroendo por dentro a sã doutrina.
   É necessário aprender com Neemias a manter a pureza quando se trabalha numa obra para Deus!

CONCLUSÃO

   As narrações bíblicas sempre têm algo a nos ensinar. Quando lemos Neemias, não podemos nos prender apenas
aos fatos históricos narrados ali, mas perceber que a ação divina era presente e que a firmeza de um homem no Senhor fez triunfar seus planos numa obra que era para Deus.
   O trabalho cristão sempre terá adversários e dificuldades, mesmo assim, vencerá porque é feito por homens que não cumprem suas vontades, mas a de Deus. Em toda a sua história, Neemias sempre foi submisso ao Senhor e diversas vezes o vemos fazendo orações e intercedendo, mostrando que a intimidade com Deus era o que realmente o guiava.
   Que os cristãos procurem fazer sempre a vontade do Pai, pois a obra necessita!

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE:

1. O fato de eu ser cristão faz parte da minha identidade no cotidiano?
R.

2. Que cuidados Neemias tomava ao escolher pessoas certas para diversas funções?
R. 

3. Você acha que se Neemias não fosse íntegro e da mesma forma, não escolhesse ajudantes semelhantes, teria o mesmo sucesso na empreitada? Por quê?
R.

4. Preservar a pureza da Igreja influencia ou não a identidade cristã? E qual sua atitude a respeito?
R.

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