Mas deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; e eles confiarão no nome do SENHOR. O remanescente de Israel não cometerá iniqüidade, nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; mas serão apascentados, e deitar-se-ão, e não haverá quem os espante.

Sofonias 3:12-13 

INTRODUÇÃO


   Na lição de hoje trataremos sobre o profeta Sofonias e como sua mensagem permanece atual e se faz necessária em nossos dias. Não temos a intenção de trazermos um estudo profundo e detalhado sobre o assunto, aliás, nos faltaria tempo e espaço para isso. Algumas informações e lições que julgamos oportunas serão aqui apresentadas e esperamos que possam contribuir com o desenvolvimento da nossa fé e, também, nos estimule a estudarmos com mais afinco esse livro, sendo por muitos julgado de difícil interpretação acaba não recebendo a devida atenção. Analisemos os seguintes pontos:

INFORMAÇÕES SOBRE O PROFETA


   As informações sobre Sofonias são escassas e, pouco se sabe sobre ele. Sobre o profeta o texto diz o seguinte: “Palavra do Senhor que veio a Sofonias, filho de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá” (Sofonias 1:1). As informações contidas nesse versículo nos dão ideia da linhagem do profeta: ele era tetraneto do rei Ezequias, portanto, pertencente à linhagem real. É o único profeta cuja apresentação contém uma árvore genealógica tão extensa. E, diga-se de passagem, é a mais longa genealogia dentre as dos profetas, destacando-se o rei Ezequias, tetravô de Sofonias, homem cujo nome é cercado de honra, para mostrar a nobre procedência do profeta.
   Quanto ao significado do seu nome, “tem o sentido de “Iavé escondeu/protegeu”, pode ser uma indicação do favor divino sobre uma criança nascida durante o sangrento e perigoso reinado de Manassés
. Seu nome carrega, além da lembrança de um livramento, uma promessa de Deus: o Senhor preserva, protege, esconde Seu povo em tempos de calamidades, dessa forma Sofonias carrega em si mesmo o teor de sua mensagem.

 

   Sofonias lembra que o Senhor permanece fiel à Sua aliança e em meio à calamidade Ele preserva Seu povo.

 

SEU CONTEXTO


   Sofonias teve seu ministério durante o reinado de Josias (Sofonias 1:1), que ocorreu entre 640-609 a.C, mas sua atividade profética pode ter ocorrido, especificamente entre 638-621 a.C. Ele foi contemporâneo de Jeremias (Jeremias 1:1) e ambos lidaram com um povo apóstata. O piedoso rei Josias foi um grande reformador e restaurador da verdadeira adoração ao Senhor, como podemos ler a respeito em 2 Reis 23:4-15.
   Ao que parece os efeitos das reformas de Josias não foram suficientes para um reavivamento completo e duradouro, nem todos atenderam ao clamor por arrependimento, nem de Sofonias e nem de Jeremias. Hernandes Dias Lopes faz o seguinte comentário a esse respeito:


   “Embora a idolatria tenha sido praticamente abolida nos dias de Josias, ainda ficou um resquício (1.4). Nesse tempo, tanto o Estado como a religião estavam fermentados pela corrupção. Príncipes e juízes, sacerdotes e profetas, estavam vivendo em pecado. A lei era desobedecida, e a adoração a Baal e Milcom ainda era tolerada (1.4-6). A verdadeira religião era praticamente inexistente. Muitas pessoas viviam atreladas à idolatria (1.4), ao sincretismo (1.5) ou à indiferença (1.5,6)”.


   Atrelado a esse contexto religioso Sofonias teve seu ministério no período de ascensão do império Babilônico. Com o enfraquecimento da Assíria e sua queda, em 612 a.C, o império Egípcio cai em 605 a.C. A partir daí Babilônia assume o cenário como poder mundial74. A profecia de Sofonias aponta para a invasão dos caldeus à cidade de Jerusalém e sinaliza o amargo cativeiro babilônico. É nesse tempo conturbado politicamente que Sofonias entrega a sua profecia. Em vez de ser a cidade fiel, a cidade da aliança com Deus, num contraste com seus vizinhos pagãos, Jerusalém, está na realidade unida com eles em sua pecaminosidade e infidelidade.

 

   Ao que parece os efeitos das reformas de Josias não foram suficientes para um reavivamento completo e duradouro, nem todos atenderam ao clamor por arrependimento, nem de Sofonias e nem de Jeremias. Isso culminou no julgamento da parte de Deus.

 

SUA MENSAGEM


   Sofonias é apresentado como um profeta de extremo zelo espiritual. Ele era um homem dotado de vigor e falava com propriedade sobre as circunstâncias ao seu redor e se mostrava atento quanto ao que se passava. Era perspicaz o suficiente para perceber o declínio espiritual e moral de Judá. Sua mensagem é uma séria advertência sobre a impenitência e o abandono à fé.


   Sofonias, pois, apesar de ter predito os julgamentos que sobreviriam a Judá, viu-os como um expurgo necessário e essencial para que Judá se tornasse a nação bendita do Senhor e Sua criada perante o mundo inteiro”.


   A mensagem de Sofonias pode ser apresentada da seguinte maneira:
   Julgamento universal precede o julgamento de Judá (Sofonias 1:2 e 3 ). Essa calamidade será tão terrível quanto o dilúvio [...].todos serão atingidos por esse grande julgamento divino.
   Julgamento de Jerusalém (1:4-18.). A atenção do profeta se volta a Judá, representada por sua capital, Jerusalém. O Senhor alerta que não haverá escapatória, ninguém poderá fugir do juízo de Deus. (Sofonias 1:12). A investigação divina será meticulosa. Nada escapará à luz perscrutadora de sua lanterna. Nada ficará encoberto pelas trevas [...]..
   Julgamento sobre os filisteus (Sofonias 2:4-7). As quatros cidades principais são citadas: Gaza, Asquelom, Asdode e Ecrom. Estas eram os principais baluartes que restaram dos filisteus. Hernandes Dias Lopes comenta: “Os termos usados são fortes: desamparada, deserta, expulsa, desarraigada [...]. Alexandre, o Grande, arrasou essa cidade de tal forma que Lucas, séculos depois, a descreve como um deserto (Atos dos Apóstolos 8:26)”.
   Julgamento sobre Moabe e Amom (Sofonias 2:8-11). Moabe e Amom eram descendentes de Ló (Gênesis 19:30-98). Foi o rei moabita Balaque que contratou o profeta Balaão para amaldiçoar Israel (Números 22:3). Amom foi incansável no seu propósito de humilhar Israel (1 Samuel 11:1-2; 2 Samuel 10:1-4; Amós 1:13Neemias 4:3; Jeremias 40:14). Sua destruição seria completa que igualaria a Sodoma e Gomorra, cidades destruídas devido seus muitos pecados (Gênesis 19:23-29). O que Sofonias prevê é um julgamento severo, a terra seria totalmente inutilizada, ficaria improdutiva e desolada.
   Julgamento sobre a Etiópia e Assíria (Sofonias 2:12-15). Champlin comenta a esse respeito e ressalta:

   “Os cuxitas ou etíopes eram descendentes de Cuxe, um dos filhos de Cão (ver Gên. 10.6; I Crô. 1.8). Eles residiam na região do alto rio Nilo, atualmente ocupada pelo sul do Egito, pelo Sudão e pela parte norte da Etiópia [...].Nabucodonosor, em 586 a.C., esmagou aquela região do mundo, pelo que essa palavra ameaçadora teve cumprimento

   A Assíria. Era conhecida no mundo antigo, já havia levado cativo o Reino do Norte, Israel, em 722 a.C84. Este é o oráculo culminante e, provavelmente, o principal, visto que no tempo de Sofonias a Assíria era o colosso do mundo antigo e começava a fraquejar. O cumprimento deste oráculo seria o fim de uma época.
   Orgulho, soberba, autossuficiência, vangloria, crueldade e, acima de tudo, escolha deliberada em viver sem Deus, são pecados que conduzem sempre a destruição, sejam eles cometidos individual ou coletivamente.
   Uma mensagem de esperança (Sofonias 3 8-20). Sofonias inicia sua mensagem com uma declaração de juízo iminente (Sf 1:2). Mas o profeta conclui com uma mensagem esperançosa: Deus olhará novamente para Seu povo a faz as seguintes promessas:

   Uma Língua Purificada, 3.8,9a [...]. Mais uma vez a profecia anuncia que a obra divina ocorre através da agência divina. O povo de Deus tem de ser “purificado”.
   “Uma Adoração Purificada, 3.9b,10 [...]. O resultado da língua purificada era uma adoração santificada: Para que o sirvam com um mesmo espírito (9; cf. “de comum acordo”, ARA).
   Um Remanescente Protegido, 3:11-13. A segurança dos judeus que compõe o remanescente será garantida pela remoção dos orgulhosos e arrogantes do meio dele [...].
   Um Hino de Alegria, 3:1 e 15. Estes versículos espelham a alegria dos redimidos na presença do Senhor, que promete estar no meio deles[...]. Há três motivos para alegrar-se:
   1) O SENHOR afastou os teus juízos (15) [...], 2. O SENHOR exterminou o teu inimigo [...], 3. O SENHOR está no meio de ti[...].
   Garantia de Fé, 3:16-18. Naquele dia, se dirá... Não temas (16). A presença de Deus dá paz de coração[..]. A razão para o encorajamento é que o SENHOR, teu Deus, que está no meio de ti, é um guerreiro vitorioso.
   Promessa de Restauração, 3.19,20. O salmo conclusivo de Sofonias exalta o Senhor como “poderoso para salvar”, 17. O poder de Deus para salvar é a base para que o seu povo tenha: 1) Alegria, 14; 2) Proteção, 15; 3) Confiança e zelo, 16; 4) Restauração, 18,20; e 5) Realização” .


   Sobre o cumprimento dessas promessas BAKER conclui: “as bênçãos são certas, e as promessas podem e serão cumpridas porque é o próprio Iavé, o Deus que cumpre a aliança, que os livra. A mensagem de arrependimento e de esperança termina, dessa maneira, tal como começou, com a identificação de sua fonte divina em Iavé”.

 

 

 PONTOS DE CONVERGÊNCIA COM O NOVO TESTAMENTO


   Não encontramos uma citação direta de Sofonias nas páginas do Novo Testamento, mas são fartos os textos que se assemelham muito com o teor de sua mensagem. Vejamos alguns: lamento sobre os ricos poderosos em Sofonias 1:11 tem paralelo em Tiago 5:1 Sofonias 2:15 ao descrever a arrogância de Nínive(capital do império Assírio) se assemelha muito com a descrição da “Babilônia”, em Apocalipse 18:7 em Sofonias 3:8 o Senhor diz que “ajuntará todas as nações” diante d’Ele para julgamento, isso está de acordo com Mateus 5:32, em Sofonias 3:12 é dito que o Senhor deixará na terra (de Jerusalém) um povo “humilde”, o que tem relação direta com Mateus 5 5.
   Além do exposto acima o tema que mais encontramos paralelos no Novo Testamento é o “Dia do Senhor”.
   As Escrituras da Nova Aliança empregam uma variedade de frases ao referir-se essencialmente ao mesmo fenômeno. Pode-se designar o Dia do Senhor como sendo “o dia do juízo” (Mateus 10:15; 11.22,24; 12.36; João 12:48; 2 Pedro 3:7), o “último dia” (João 6:39-40,44,54; 11.24; 12.48); o “Dia do Senhor” (Atos dos Apóstolos 2:20
1 Coríntios 5:5; 2 Coríntios 1:14; 1 Tessalonicenses 5:2; 2 Tessalonicenses 2:2; 2 Pedro 3:10); [...], o “grande Dia da sua ira” (Apocalipse 6:17). É suficiente dizer que o juízo cósmico, associado a uma teofania dramática, pode agora ser entendido em termos da gloriosa volta de Jesus Cristo. No dia certo, ele consumará todas as coisas.
   O castigo aplicado ao Seu povo não anula as promessas de Deus. Ele ainda tem um povo que chamou para Si mesmo. Nesse aspecto Sofonias está em perfeita harmonia com os Evangelhos e o ensino geral do Novo Testamento.

 

   Sofonias inicia com uma mensagem de juízo, mas conclui com uma mensagem de misericórdia. Deu não se esquece da aliança feita com Seu povo e em Cristo Ele estabelece uma “nova aliança”, como povos de todas as tribos, raça, língua e nação.

 

CONCLUSÃO


   Após uma “caminhada” com Sofonias, um profeta comprometido com sua vocação e zeloso pelo seu Deus, devemos voltar nossos olhos a nos mesmo. Levamos o Senhor
a sério? Estamos dispostos a um reavivamento que produza frutos às futuras gerações? Somos verdadeiros em nossa adoração ou ainda carregamos resquícios de idolatria?
As indagações acima (dentre outras) precisam respostas urgentes, pois nossa geração as aguarda. Sofonias viveu no tempo de um rei piedoso, é provável que sua mensagem tenha sido o estopim para uma reforma espiritual. Nossa oração é que impactemos de tal forma esse mundo que os homens sejam incomodados, não com nossa mensagem, mas com seus pecados e saibamos apontar o caminho do arrependimento como o único que nos livra da ira do “Dia do Senhor”.


QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE


1. Que informações temos sobre o profeta Sofonias?
R. 


2. Como o nome do profeta Sofonias se relaciona com o relacionamento entre Deus e Seu povo?
R.


3. Qual era o contexto religioso no tempo do profeta Sofonias?
R.


4. Quais pecados eram cometidos em Judá?
R.


5. Como Sofonias se relaciona com o Novo Testamento?
R.

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