Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.    

Efésios 2:8

INTRODUÇÃO

    A salvação que nós conhecemos hoje é bem diferente da esperada por Israel na Antiga aliança. Podemos dizer que a ideia primeira era a de “livramento”, eles queriam ser salvos da escravidão e do flagelo. Esse pensamento mostra que existem situações e crises acentuadas na vida de alguém ou de uma comunidade onde a força e o poder têm os seus limites e não podem garantir o livramento e a salvação para sempre. Entretanto, a consciência de fragilidade e finitude são essenciais para que o homem busque a salvação de fora para dentro. O grande diferencial na vida de uma pessoa e de um povo é conhecer quem pode salvá-lo no momento da crise. Embora a graça de Deus seja visível no antigo testamento, nas mais variadas formas de atuação, ela ainda não havia sido revelada em toda a sua plenitude. Podemos observar claramente no Novo Testamento a necessidade de arrependimento, confissão dos pecados e uma confirmação pelo batismo. A ‘visão que Deus cuida e salva seu povo’ sempre esteve presente, mas foi em Cristo que a graça de Deus se revelou plenamente (João 1:16-17).  

 

ACEITAÇÃO DA DIVINDADE DE JESUS

    Quando o homem descobre que não é autossuficiente e que precisa de alguém para salvá-lo, passa a procurar este salvador. É neste momento que nos deparamos com o testemunho das sagradas escrituras e ela por sua vez nos conduz ao “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Para conhecermos o amor de Deus, a Sua santidade e poder precisamos olhar para Cristo. É neste olhar profundo e sincero que aprendemos o quanto Deus nos ama (João 3:16). O filho é a expressa revelação do Pai. Assim se expressou sobre Jesus C. S. Beardslee. [1]

 

... Olhando para os olhos Dele, você vê a luz em sua inteireza... Ele tinha ilimitadas reservas de verdade, de majestade, de beneficência, de entusiasmo, de paciência, de persistência, de longanimidade... Ele mostrou aos que dependiam de outros como deviam confiar; aos servos, como servir; aos governadores, como dirigir; aos vizinhos, como serem amigos; ao necessitado, como orar; ao sofredor, como suportar; e a todos os homens, como morrer... “Ele é o ensino modelar para todas as épocas.”

 

 

   Neste sentido, o próprio Senhor Jesus testemunhou de Si mesmo quando falou: “Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14:9 A.C.F). Enquanto os profetas vinham trazendo uma mensagem de Deus, Jesus era Deus. Assim o ponto de partida do cristianismo para a salvação é ter a fé em Jesus, a fé que Ele é Deus. Acreditar que a morte de Cristo é suficiente para reconciliação de todos os pecadores, pois quem morreu não foi um mero homem finito, mas um Deus infinito. Entender que Ele é a própria vida, o Doador e o Mantenedor dela, que mesmo não merecendo morrer, morreu para nos salvar. Jesus também chamou a Si mesmo de “o caminho, a verdade e a vida”.

   Esse Caminho conduz-nos eternamente para mais perto de Deus. A Verdade em Cristo é insondável, e a vida que Ele tem para nos dar é Eterna! Por isso, entender quem é Jesus e saber que a Salvação está n’Ele é fundamental. Essa graça revelada em Cristo difere da graça geral ou comum, pois, todos podem usufruir de sol e chuva mesmo sendo mau ou bom aos olhos de Deus (Mateus 5:45), porém a graça salvadora se refere ao ato de Cristo realizado na cruz do calvário que alcança a vida dos que creem, arrependem-se de seus pecados e mudam sua maneira de viver.[2]

 

ARREPENDIMENTO

   O arrependimento é o ponto de partida essencial para alcançar a salvação. Tanto no Antigo Testamento através da mensagem dos profetas (Jeremias 8:6 Ezequiel 18:30-32), quanto no Novo Testamento pela mensagem de João Batista, Jesus e Pedro “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” ( Mateus 3:2 / Mateus 4:17 / Atos dos Apóstolos 2:38 ).[3] Quando a graça de Deus nos alcança, passamos a ver quão pecador e errados somos. Aquela nossa natureza que até então não conhecíamos, passamos a conhecer e nos envergonhar. Essa nova visão de quem somos sem Deus no mundo e essa vida miserável e carnal, por causa do pecado na vida do pecador, parecem florescer e se destacar. Somente um homem verdadeiramente convertido, tocado pelo Espírito Santo, alcançado pela graça de Deus pode entender o tamanho da ‘Graça imerecida’ que recebemos.

   É neste ponto que nos deparamos com os dois caminhos e precisamos fazer uma escolha que refletirá na eternidade; “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem” (Mateus 7:13-14). Na língua grega, graça vem de charis que significa “graça ou favor imerecido”. Em outras palavras se trata de receber algo que você não merecia, e na maioria dos casos, nem sabia da existência. Isso é graça! Efésios 2:4:,5 nos diz: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos,”. No louvor escrito por John Newton vemos um pecador que foi salvo pela graça. Newton foi um cristão nascido na Inglaterra e escreveu aquele hino que talvez seja o mais conhecido até hoje: Amazing Grace. Newton foi a prova viva de que somos salvos pela graça e que isso é um dom de Deus.[4]

 

...Maravilhosa Graça, quão doce o som.

Que salvou um pecador como eu

Eu um dia estava perdido, mas agora fui encontrado.

Estava cego, mas agora vejo.

Foi a graça que ensinou meu coração a temer.

E a graça meus medos aliviou;

Quão preciosa essa graça se mostrou.

Na hora em que pela primeira vez eu cri...

   A justificação pela fé em Cristo nos libertou do pecado do velho homem, onde Ele tomou sobre Si a nossa condenação. O filho de Deus assumiu o nosso castigo. Quando entendemos que Ele pagou a nossa pena, esse amor inexplicável nos faz chorar de alegria e aceitar pela fé que tamanha conta foi paga. Toda pessoa que tem um encontro com a graça imerecida de Deus precisa tomar duas decisões fundamentais em sua vida. Agora que recebeu, agora que conheceu, como este candidato ao Reino irá continuar a vida debaixo da graça? Depois de ouvir a voz do Senhor, o chamado à salvação, só resta duas atitudes: confissão dos pecados e confirmação através do batismo.  

 

CONFISSÃO DOS PECADOS

   A palavra que melhor define o pecado é a morte, pois é a resposta ao ato errado (Romanos 6:23). Sabemos que ninguém quer morrer, pelo menos ninguém em sua sã consciência. Então, quando um pecador entende o tamanho de sua transgressão e que a consequência é ruim, ele irá procurar uma maneira, ou a única maneira de se reconciliar para não sofrer o dano eterno, a consequência maléfica do pecado. O homem precisa reconhecer, admitir, denunciar o seu pecado. Confessando a culpa e consequentemente demonstrando o arrependimento, estará se alinhando novamente à vontade do Senhor e o seu caráter passará a ser provado dia a dia. Em todo lugar, quando uma pessoa tem um encontro desta magnitude com Deus, é impossível continuar sendo a mesma criatura. Tomo a liberdade de comparar tal encontro com uma colisão entre um Trem Bala na sua mais alta velocidade, seria impossível continuar sendo a mesma pessoa, mesma criatura. Por isso Paulo afirma: “assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5:17 ACF). A novidade de vida leva agora o novo convertido a tomar novas atitudes, novo rumo, novo objetivo. Enquanto aquela antiga natureza estava seca espiritualmente e não podia produzir frutos que agradassem a Deus, a nova por sua vez demostra sua realidade, sua eficácia e firma suas raízes no solo da fidelidade a Deus.

 

BATISMO, UMA CONFIRMAÇÃO NECESSÁRIA

   O novo nascimento não é algo natural, por isso ser filho de cristão não me torna um. Só o Espírito Santo pode conduzir o homem à confirmação da aceitação a Jesus “porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Efésios 2:8). Quando o Espírito Santo começa a agir no homem e encontra retorno do mesmo, o processo de salvação inicia-se. “Agora vocês também ouviram a verdade, as boas-novas da salvação. E, quando creram em Cristo, ele colocou sobre vocês o selo do Espírito Santo que havia prometido” (Efésios 1:13), essa autenticidade dada por Deus através de Cristo nos acompanhará enquanto crermos. Severa diz que há pelo menos três estágios neste processo:

 1) A salvação como um ato, o homem já esta salvo no presente ( João 5:24);

2) A salvação como um processo onde o novo convertido busca ser a imagem de Cristo (Romanos 6:19);

3) A consumação da salvação, uma caminhada até aquele dia glorioso onde Cristo voltará buscar sua igreja, na qual será completa. 

   O batismo faz parte da continuidade do processo de regeneração até a salvação final. O novo convertido dá o seu testemunho público no dia do seu batismo, mas o batismo em si não é a condição e motivo da sua salvação, mas é a confirmação de que ele foi tocado pela graça redentora de Deus, Cristo o Salvou pela fé.

 

APLICAÇÃO

   Precisamos desenvolver a nossa salvação, como o apóstolo Paulo orienta em Filipenses 2:12 com muita alegria e dedicação. Ela não é alcançada pelas obras para que ninguém se glorie, mas conduz o salvo a fazê-las. Em Tiago encontramos um desafio: “De que adianta meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo?” (Tiago 2:14 NVI), este desafio não tem endereço, é para todos, desde o mais novo convertido até o mais velho. A placa de igreja e a família cristã da qual alguém faz parte não garantem salvação. Ela é individual e unicamente pela fé. Mas esta fé faz mudar a sua natureza, pois... “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano” (Ef. 4:22), ou seja, este novo homem será renovado e terá um novo alvo, novos objetivos e o maior deles será o céu. A santificação é uma ação conjunta entre o crente e o Espírito Santo. O homem de Deus vai se tornando a imagem, um seguidor, o discípulo de Cristo.

 

CONCLUSÃO

   A salvação na vida do cristão se revela a cada dia. Muitas pessoas fazem a mesma pergunta: como posso saber se sou um salvo em Cristo? A resposta começa pela fé, se esta pessoa crê no ato redentor que Jesus realizou, se ela crê que a Graça a alcançou e se há mudança em sua vida. O tornar-se uma nova criatura é fundamental. O encontro com a Graça é algo inconfundível, pois todas as pessoas que a receberam estão mudando e melhorando gradativamente. São pessoas que priorizam a Deus, famílias inteiras vivenciando este amor dentro e fora de seus lares. Podemos concluir que é do Senhor que vem a salvação e ela tem um fundamento, um alicerce na Graça redentora, a fé em Jesus de Nazaré, o filho de Deus.

 

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE

  1. A visão que as pessoas tinham de salvação no Antigo e Novo testamento era igual?

R.:

 2. Referente à aceitação da divindade de Jesus, qual a sua interpretação desse texto: “quem me vê a mim vê o Pai” (João 14:9)?

R.:

 3. O arrependimento e a confissão dos pecados estão interligados? Explique.

R.:

 4. Qual a importância de nos batizarmos após termos crido em Jesus? E como deve ser a vida do novo homem, agora alcançado pela Graça?

R.:

 

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