Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,
Efésios 1:4-5
INTRODUÇÃO
O apóstolo Paulo declara à igreja de Éfeso que recebemos a adoção espiritual. Está é uma bênção proveniente da obra salvífica de Cristo Jesus. Nesse processo, somos transplantados da condição de servos do pecado, para viver a condição de filhos libertos. A manifestação da graça de Deus em nossa adoção demonstra a radicalidade do Seu amor para a humanidade. Principalmente que essa demonstração foi concretizada pela doação de Seu único filho. Embora usufruamos das inumeráveis bênçãos dessa condição atualmente, temos a esperança de, num futuro bem próximo, desfrutarmos da adoção plena e gloriosa nos céus.
Conceito de Adoção
a) Qual o significado Bíblico de adoção
O ser humano caído em pecado é uma criatura e não filho de Deus. Isso só é possível se crermos em Jesus Cristo como salvador para então ser recebido como filhos de Deus como o apóstolo João afirma: “Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus” (João 1:12 NVI). Nesta linha, Paulo declara aos gálatas: “a fim de redimir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos” (Gálatas 4:5). A expressão que mais descreve essa relação entre o bondoso pai e seus filhos regenerados é Aba – paizinho. Como é terno o nosso Deus que permite seres limitados e imperfeitos terem um relacionamento próximo com Ele.
Assim, uma implicação importante de ter sido adotado na família de Deus é que nós podemos agora nos relacionar com Ele como o nosso Pai Celestial, e que nós podemos ter agora comunhão com outros cristãos como verdadeiros membros de família. De fato, a união entre os cristãos deveria ser tão forte quanto aquela que existe entre os membros de uma família natural. Nós temos sido unidos pela vontade de Deus, pelo sangue de Cristo e por uma fé em comum[1], conforme Paulo afirmou: “Porque vocês, irmãos, tornaram-se imitadores das igrejas de Deus em Cristo Jesus que estão na Judéia. Vocês sofreram da parte dos seus próprios conterrâneos as mesmas coisas que aquelas igrejas sofreram da parte dos judeus” (1 Tessalonicenses 2:14). Toda essa bênção só foi possível porque fomos feitos “filhos de adoção por Jesus Cristo” (Efésios 1:5). Portanto, a definição mais clara e direta sobre adoção é: o ato de Deus pelo qual ele nos torna membros de sua família.[2]
b) Benefícios da Adoção
Vamos listar os inúmeros benefícios de fazer parte da família de Deus, termo este cunhado pelo Apóstolo Paulo: “Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Efésios 2:19): segurança, confiança e sentido de pertencimento a uma casa eterna. No mundo de angústias, encontrar a casa do Pai é um enorme antídoto contra as perturbações, angústias e aflições dos dias atuais. Aos colossenses, Paulo fala do processo de adoção, utilizando-se da ideia de transplantados de um reino para outro, como se arrancássemos uma planta de um solo e plantássemos num novo terreno: “O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Colossenses 1:13). Assim, nos tira o senso de inferioridade das trevas e nos transporta para o Reino do Filho do seu amor.
c) Herdeiros da promessa
Por meio da adoção divina, deixamos de ser escravos do pecado, sem herança nem direito, para nos tornarmos filhos portadores de todos os privilégios da casa do Pai. Cabe uma pergunta: qual é a nossa herança que Deus tem para nós? O apóstolo Pedro nos responde: “para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor. Herança guardada nos céus para vocês” (1 Pedro 1:4). Logo, temos uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível que está reservada nos céus para nós.
Qual o impacto da adoção para as nossas vidas no tempo presente?
a) Parecidos com o Pai
O apóstolo João afirma que há uma esperança dos que são chamados filhos de Deus (1 João 3:3): “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (1 João 3:2). Aguardamos solenemente por esse dia. Entretanto, portamos a imagem de Deus hoje (Gênesis 1:26) e, uma vez em Cristo, essa imagem é potencializada pela manifestação do amor de Deus em nós, porque Deus é amor (1 João 4:8). Quem é filho de Deus tem o “DNA” do Pai impregnado nele. Em Cristo, somos filhos do mesmo Pai e, por isso, temos a garantia da filiação eterna para sermos livres da condenação do pecado.
b) Somos amados pelo Pai
A salvação eterna efetivada por Jesus na Cruz é a maior prova do amor de Deus por Seus filhos. Assim, a culpa do pecado, as angústias do medo da perdição eterna e a escravidão do pecado não nos afrontam mais, pois em Cristo, não há mais condenação, como declara Paulo à igreja em Roma: “Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1). Compreendemos, portanto, as palavras do apóstolo João: “nós o amamos porque ele nos amou primeiro” (1 João 4:19).
c) Adoção gera direitos e deveres
Por intermédio da adoção espiritual, os filhos de Deus têm alguns direitos espirituais: foram legitimamente enxertados na Boa Oliveira, que é Cristo (Romanos 11:17); passarão a ter um novo nome (Apocalipse 2:17); passaram a fazer parte de uma nova família (Efésios 2:19); foram emancipados da lei que gera morte (Gálatas 3:25); todos os povos e raças, desde que tenham aceitado a Cristo, tornam-se filhos de Deus sem distinção (Gálatas 3:28). Mas da mesma forma que temos direitos, também temos deveres espirituais: apartar-se do mundo e do que é imundo (2 Coríntios 6:17-18; Apocalipse 21:7); praticar a justiça e amar o irmão (1 João 3:10); buscar a perfeição do Pai (Mateus 5:48); amar os inimigos, bendizer os que maldizem, fazer o bem aos que nos odeiam e orar pelos que nos maltratam e perseguem (Mateus 5:44); e glorificar a Deus por meio de todos esses deveres espirituais (Mateus 5:16).
A adoção plena no retorno de Cristo
a)Filhos eternos
Embora desfrutemos, aqui na Terra, dos benefícios da adoção espiritual, a alegria plena dessa realidade se dará somente quando da manifestação plena e literal de Jesus Cristo, na ocasião da Sua gloriosa vinda. Quando essa gloriosa realidade celestial ocorrer, então teremos acesso à “incorruptível coroa de glória” prometida pelas Escrituras Sagradas. Pedro ressalta esse ponto: “Quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória” (1 Pedro 5:4). No tempo presente, estamos inseridos numa luta interna conforme descreve Paulo: “nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Romanos 8:23). No entanto, Um dia, assim como Cristo foi glorificado, nós o seremos. Uma realidade que não se pode comparar com as aflições deste mundo.
a) A casa do Pai
Pedro afirma que uma vez filhos de Deus, somos peregrinos em terra estranha (1 Pedro 2:11), por isso experimentamos as dores do tempo presente. “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fl 3:20). Ansiamos pelo momento em que adentraremos à casa do Pai Eterno, e habitaremos com Ele eternamente. Ali, nossa relação com o Pai não se dará provisoriamente, mas num tempo ininterrupto, em que estaremos para sempre diante de Sua santa presença como podemos contemplar nos escritos joaninos: “Já não haverá maldição nenhuma. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o servirão. Eles verão a sua face, e o seu nome estará em suas testas. Não haverá mais noite. Eles não precisarão de luz de candeia nem da luz do sol, pois o Senhor Deus os iluminará; e eles reinarão para todo o sempre” (Apocalipse 22:3-5).
CONCLUSÃO
A doutrina da adoção nos esclarece que um dia fomos aceitos à família celestial por conta do Seu imensurável amor. A obra de Cristo na cruz trouxe um milagre inexplicável: homens mortais e filhos do Diabo foram feitos imortais e filhos do Supremo Criador no universo. Sem merecer, somos herdeiros de todas as coisas juntamente com Cristo Jesus. Deus, em Cristo Jesus, pois somos objetos do Seu inefável amor.
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE:
- O que é necessário para que o ser humano se torne filho de Deus?
R.:
- Quais são os benefícios da adoção?
R.:
- De acordo com a lição, nós já experimentamos plenamente a condição de sermos filhos de Deus?
R.:
- Qual é a esperança em que nós precisamos nos firmar?
R.:
- Quais são os direitos e deveres dos filhos adotados?
R.:
[1] Cheung, Vicent. Introdução à Teologia Sistemática. Arte Editorial. P. 189-190.
[2] Grudem, Wayne. Teologia Sistemática. Editora Vida. P. 347.