Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.    

Mateus 5:16 

INTRODUÇÃO

   A Bíblia, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo estamento, apresenta Deus como o Senhor que envia, que
intenciona, desde antes da fundação do mundo, salvar a humanidade e toda a criação. Neste sentido, sempre contou com a ajuda de um povo escolhido e, dentro deste, sempre levantou homens e mulheres para enviar as mensagens para os outros povos. Desse modo, a razão da existência da Igreja gira em torno da missão de Deus: estabelecer o seu Reino. Desse modo, não se pode pensar na missão do Reino sem a atuação dos cristãos e da comunidade da fé: a Igreja. 

   De acordo com o verso áureo, as “nossas” obras devem demonstrar claramente a quem servimos e a coerência de vivermos aquilo que cremos e pregamos. Nesse sentido, a vida cristã deve, necessariamente, impactar e ser relevante no mundo, ainda que sofra resistências de toda ordem. A vida e a atuação dos cristãos devem refletir (ou resplandecer!) o projeto missionário de Deus: Implantar o Reino de justiça e graça. Do mesmo modo, devemos ser “sal”, conforme Mateus 5:13 devemos fazer diferença, sendo preservadores dos valores e dos mandatos que Deus nos ordenou. Nesses versos do capítulo 5 de Mateus, notadamente nos versos 13 a 16, somos convocados a fazer diferença e sermos, como indivíduos e Igreja, relevantes para a sociedade em que vivemos.

  É necessário salientar as duas dimensões dessa convocação. Por um lado, o objetivo da missão, como Igreja,
é implantar o Reino de Deus, no sentido de levar para a sociedade os valores da justiça, amor, verdade, misericórdia, paz etc. Por outro, do ponto de vista individual, o objetivo é fazer discípulos e equipar aqueles que, entendendo o objetivo da missão dada por Deus, são chamados para participar dela, conforme o que está disposto em Mateus 28:18-20. “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos
os dias, até a consumação dos séculos. Amém”.


A VISÃO DO MUNDO


   Vivemos em uma sociedade que vem sofrendo um longo e consistente processo de secularização. Isso quer dizer que a visão sobre Deus, homem, verdade, amor, justiça, família e demais conceitos fundamentais foram, ao longo da história da humanidade, sofrendo alterações fundadas na inexistência ou afastamento dos valores cristãos, inclusive retirando Deus da história da humanidade. Passou-se a explicar a história do homem e da sociedade, prescindindo e rejeitando a existência de Deus. Basta avaliar o marxismo/socialismo, existencialismo, a visão niilista do homem em sua atuação na sociedade, para não citar uma lista muito extensa. Para essas e outras correntes de pensamento, que têm influenciado o mundo: “Deus não existe! Se existe, não intervém”. Assim, o homem é o centro e o motor da história.


A ILUSÃO DAS IDEOLOGIAS – IDEOLOGIA, RELIGIÃO E IDOLATRIA

 

   Essas, e tantas outras, ideologias e escolas de pensamento têm tentado trazer resposta para alguns dos problemas que assolam a humanidade. Tentam combater a desigualdade, resolver o problema da fome, dar mais liberdade de agir
e pensar, garantir mais saúde, segurança e qualidade de vida etc. Nessa busca, no entanto, afastaram Deus da vida
e da história no homem. Na verdade, ao dar ênfase em determinadas características ou objetivos, as ideologias criam
ídolos e elas próprias se tornas uma prática de idolatria. Sem o propósito de aprofundar numa análise detalhada de
todas as ideologias, assumimos que, as mais difundidas, o socialismo/marxismo e o liberalismo, são os exemplos mais destacados de visões de mundo em conflito entre si e, mais importante, com a Palavra de Deus.

   O liberalismo, como visão de mundo, em suas mais variadas vertentes, elegeu o indivíduo e sua liberdade como “deuses”. Essa base ideológica, ainda que tenha sido responsável por ganhos de liberdade e desenvolvimento econômicos, traz uma série de problemas que afrontam os valores cristãos. O homem, sua liberdade e sua vontade são princípios norteadores, que essa ideologia considera como bem supremo. Este é um dos seus principais efeitos colaterais que são contrários à Palavra: a autonomia do homem, que, no limite, prescinde da vontade de Deus. Ainda nesse sentido, o individualismo, o egoísmo e a ganância são outros problemas apresentados, por essa corrente de pensamento. 

    No marxismo/socialismo vemos, em primeiro plano, o ateísmo como fundamento de toda a análise da história do
homem. Para essas correntes, Deus não existe ou, na melhor das hipóteses, a história não precisa de Deus para explicá-la. O homem é o agente principal e o único capaz de mudar a história da sociedade em que está inserido. No discurso da luta contra a desigualdade e busca por uma sociedade justa, estabelece a tutela do Estado e do partido hegemônico como pilares para o funcionamento da sociedade. Todas as experiências, na história recente, desembocaram em totalitarismo, a ausência de liberdade, a imposição de padrões de consumo e vida, supressão da liberdade religiosa, perseguição e morte aos cristãos e judeus, e, por fi m e não menos importante, elegeu um “deus”, o Partido ou um ditador.

   Pode-se ver, desse modo, que as ideologias, tomadas aqui como exemplos, resultam em idolatria. Na primeira, a
idolatria à autodeterminação e liberdade do indivíduo, que torna-se o “deus”, juntamente com os desejos de prazer e
riqueza. O liberalismo termina por ter uma base hedonista. No socialismo/marxismo, o “deus” é o Partido(Ditador)/
Estado, tutelando a vida de todos, suprimindo a liberdade individual. Há casos em que socialistas e liberais defendem
a mesma agenda: liberação do aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, liberação das drogas, secularismo
e laicismo, que é, na verdade, rejeição à qualquer forma de religião. Com isso, pode-se afirmar que as ideologias
apresentam-se como resultado de um sistema de idolatria e são contra a visão e valores da fé cristã. 

   Nesse ponto, podemos dizer que não há solução humana possível para o problema do mundo. A história ainda não
mostrou, nem mostrará, nenhum modelo ideológico ou político-econômico que solucione os principais problemas
que assolam grande parte do mundo moderno. A fome, a miséria, a violência, a tirania e as ditaduras de todas as matizes, a perseguição religiosa, os preconceitos, a inveja, a injustiça social, a imoralidade, a ganância e a falta de liberdade são alguns dos problemas que teimam em continuar existindo.
   O que a Palavra nos revela é que a condição do homem sem Cristo é de queda e afastamento de Deus, sendo, por
definição, inimigo de Deus. Como, então, o homem decaído conseguiria agradar a Deus? Como poderia ser justo com o próximo? Como pode, o homem decaído, apresentar obras de justiça e que glorifiquem a Deus? Para o homem sem Deus com todas as suas ideologias, a resposta é: de modo algum! Pois, conforme está escrito na Carta aos Gálatas 5:17-21: “Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus”.
   Entretanto, conforme a Palavra em Efésios 2:10: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”. Assim devemos buscar diretamente na Palavra de Deus, quando Jesus Cristo no Sermão do Monte nos afirma no Evangelho de Mateus, no capítulo 5, versos 13 a 16: “Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”.
Devemos estar atentos, também, para o que está exarado na carta do apóstolo Paulo aos Romanos: “Rogo-vos, pois,
irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso
entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:1-2). Só em
Cristo podemos atuar em justiça, amor, misericórdia, graça, solidariedade e alteridade.

 


A COSMOVISÃO CRISTÃ

   E agora? Como devemos encarar o problema de estarmos em um mundo decaído, em que todas as suas visões rejeitam a Deus? Qual seria a nossa finalidade? Como podemos prover a sociedade com os valores do Reino, se muitas vezes, só conhecemos uma religiosidade voltada para os próprios interesses? Como enfrentar os movimentos religiosos, que se autodenominam cristãos, mas que só conhecem a barganha com Deus? Como enfrentar os desafi os da cultura e dos valores do mundo?

   Muitas vezes, para fugir de responder a essas perguntas, há quem defenda que a Igreja não deve se “misturar” com
o mundo e, com isso, praticam uma fé apenas “dentro dos muros da Igreja”. Essa fé que não sai dos limites da Igreja,
além de inócua, é desobediente, pois rejeita a ordem de ir e fazer discípulos. Essa forma de ver o Evangelho não faz
justiça à visão de Deus sobre a criação como algo bom; tampouco à visão bíblica de homem, que deve ter a sua
vida como expressão de seu relacionamento com Deus. Essa compreensão do Evangelho não é relevante para os desafios do mundo contemporâneo. 1. A pergunta que inicia a resposta às perguntas acima é: qual a nossa cosmovisão? Cosmovisão é a forma de ver o mundo com os nossos pressupostos. É o modo como enxergamos
as coisas e os conceitos que nos são apresentados na vida em sociedade e na nossa vida como indivíduos. A forma
como entendemos e julgamos, como emitimos juízo de valor sobre as coisas e situações, que incluem até a ética, a
estética, a política, a economia, a família, a graça, a justiça etc. Os pressupostos da fé cristã estão estabelecidos na
única regra de fé e prática que a igreja possui: a Bíblia. 

   Assim, devemos lembrar do que está escrito na Carta aos Coríntios, “...levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo...” (2 Cor 10:5). Com base no texto acima, podemos dizer que o senhorio de Cristo rege todas as coisas. Assim, parafraseando o político, jornalista, estadista e teólogo holandês Abraham Kuyper: “Não há um único centímetro quadrado, em todos os domínios de nossa existência, sobre os quais Cristo, que é soberano sobre tudo, não clame: “É meu!. Nas Escrituras, não há posição de intersecção ou condescendência entre o reinado de Cristo e a rebelião do mundo, mesmo que saibamos que é nosso dever levar o Evangelho para todos. Nosso pensamento deve estar cativo a Cristo, e deve refletir justiça, equidade, santidade, amor, retidão, etc. Como cristãos, A Palavra de Deus, a Bíblia, é a rocha sobre a qual devemos construir nossa cosmovisão. Assim, estaremos aptos a testemunhar de Cristo no mundo, discernindo e nos opondo a tudo aquilo que contraria os valores bíblicos. 

   Desse modo, a cosmovisão cristã deve estar alicerçada nos princípios éticos que estão explícitos na Palavra de Deus.Os Dez Mandamentos são um exemplo dessa ética e visão de mundo que deve nortear a nossa vida. Os Dez Mandamentos não são apenas dez ordens, mas o fundamento para o pensamento e a ação do homem no mundo. Deus não foi um legislador, apenas, mas um Deus Salvador. Nosso Senhor Jesus Cristo os confirmou em Seu ensino, aprofundando os sentidos e significados de cada um deles. Assim, todas as coisas que fizermos deve ser para a glória de Deus, como disse o apóstolo Paulo, “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1 Coríntios 10:31). 1. A partir da visão bíblica, podemos exemplificar alguns fundamentos da cosmovisão cristã. Não se trata de uma lista exaustiva, mas alguns exemplos das bases para o nosso viver:

 


DEVEMOS HONRAR O DEUS QUE NOS SALVA


   “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim.” (Êx 20:2,3). Não deve haver um espaço onde possamos nos abster de proclamar os princípios de nossa fé, se temos a Escritura como Palavra de Deus, todos nossos juízos de valor devem ser coerentes com os princípios da Palavra de Deus. E isso fará com que a nossa vida em sociedade reflita a justiça a graça e o amor d’Aquele que nos salva. Deus ao entregar as Tábuas com os Dez Mandamentos, Ele Se identifica. Começa a relação dos mandamentos com a frase que diz “Eu sou o Senhor teu Deus”. Um Deus que, diferente dos outros “deuses” dos outros povos, mantinha uma relação de cuidado, amor, sustento, proteção e relacionamento. Nessa relação, Deus vem até o homem. Em Jesus Cristo, Deus Se identifica com o sofrimento, torna-Se servo sofredor e redentor do homem caído. Essa é a base para toda a visão de mundo do cristão. Nosso Deus é amor e suprema fonte de poder, sendo Senhor de todas as coisas. 

 

DEVEMOS TRABALHAR E DESCANSAR, COMPREENDENDO O VERDADEIRO SENTIDO DE AMBOS OS CONCEITOS.

   “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o
sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu fi lho, nem tua fi lha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou” (Êx 20:8-11).
   Esse é um dos pontos, de todo fundamento ético e moral dos Dez Mandamentos, que ainda sofre com inúmeras
distorções. O homem, ao longo da história, não só subverteu o sentido do trabalho como graça e privilégio, como
transformou o trabalho em fonte de exploração de outros homens, em geral, em prol de ganância, poder e domínio.
Ao mesmo tempo, o princípio de descanso e confiança no suprimento de um Deus amoroso foi totalmente esquecido.
   O trabalho é a fonte de valor e por isso é o instrumento de exploração do homem pelo homem, dizem alguns. Nessa
forma de pensar, o trabalho não é privilégio ou uma bênção de Deus, mas simplesmente fonte de valor e exploração.
Ainda que essa análise condene a exploração, termina por reduzir todas as relações sociais, históricas e econômicas em uma relação de poder e conflito. Para outros, o resultado do trabalho, os bens - dada a necessidade do homem e o senso de utilidade dada aos bens - determina o valor das coisas. As coisas e as utilidades determinam as decisões. Há que se notar que, no limite, ambas se afastam do conceito de bênção e graça que é dado tanto ao trabalho quanto
ao fruto do trabalho, os bens. Nas duas visões o homem é “escravo”.
   O mundo encaminhou a forma de ver o trabalho e os bens materiais para longe de Deus. Houve e há guerras,
conflitos, ganância, lutar por poder e morte como resultado do afastamento do verdadeiro sentido de trabalhar e
descansar, que foi dado por Deus em Sua Palavra. O Sábado, no sétimo dia, conforme a Palavra, aponta para um ponto mostram. O descanso é, antes de tudo, uma bênção de Deus para o homem, que já foi abençoado com o trabalho, tudo dado e proporcionado por Deus.
  Na visão de Deus não há lugar para exploração do homem pelo homem, tampouco a escravização pelo trabalho ou pelas coisas. O Sábado foi criado no Éden e tem seu fundamento e sentido na relação do homem com o seu Criador, que também é sustentador e redentor. A graça, o amor e a justiça estão em um relacionamento de regozijo, descanso e confiança em Deus. O Sábado é antegozo da eternidade em Cristo, como está em Hebreus 4:9.

 


DEVEMOS AMAR COMO JESUS NOS ORDENOU.

 
   “E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo” (Lucas 10:27). Essa forma de amar tem implicações diretas na nossa forma de ver e de viver no mundo, pois nos dá a base e a perspectiva de como devemos nos relacionar com as pessoas, com os bens materiais, com o trabalho etc. Nesse sentido, temos a confiança que esse Deus que nos ama e protege também é a fonte de todo o nosso suprimento material e espiritual. Nesse sentido,
entendemos que servimos e somos guiados por esse Deus de amor, misericórdia, graça e justiça.

Note-se que essa frase traz toda a base da relação com o “outro”. Em um mundo individualista, onde os prazeres,
o orgulho, a vaidade, a ganância tornaram-se norteadores da vida de um número muito grande de pessoas, podemos
nos perguntar sobre a forma de atuarmos e vivermos nossa fé nessa sociedade. A resposta está diretamente ligada
ao amor e ao senso de dependência que temos de Deus para viver. Ao olharmos para a nossa condição antes de
sermos regenerados, devemos ter a consciência de que nunca fomos merecedores do amor de Deus, que “nos
amou quando ainda estávamos mortos em nossos delitos e pecados”. Assim, não devemos esperar que as pessoas
sejam merecedoras do nosso amor. Devemos atuar na necessidade delas, pois, como nós estávamos, elas estão
sem entendimento e visão do Reino, da justiça, do amor e da misericórdia de Deus. O “outro” / próximo é importante
completamente oposto ao que o mundo e seus conceitos para Deus e deve sê-lo, também, para nós.

 


DEVEMOS COMPREENDER O AMOR DE DEUS PELA HUMANIDADE.

 

   “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). O verso, muito usado, mostra o amor gracioso de Deus pela humanidade
decaída. Deus amou e ama incondicionalmente e propicia a salvação e vida eterna para todo aquele que crê, e mesmo
a fé é um dom de Deus. O amor é um amor sacrificial. Não podemos amar menos. O amor de Deus, maravilhosamente representado no sacrifício, remete-nos à obrigação de lutarmos para que essa verdade alcance vidas. Esse é o mandamento explícito na ordem de fazermos discípulos. No sentido da comunidade da fé, a Igreja deve amar, divulgar a verdade do Evangelho, apresentar o amor de Deus pelas pessoas e ser relevante na sociedade em que está inserida. 
   Essa fé que nos move na direção de Deus é uma fé ativa, que opera amor, justiça, caridade e solidariedade para todos os necessitados, conforme a Palavra de Deus, “A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo” (Tiago 1:27). Ainda, o Apóstolo Tiago nos exorta que devemos mostrar a nossa fé pelas obras pelos necessitados, inclusive e principalmente para os irmãos. Esse é o sentido da parábola do “Bom Samaritano”: devemos ser o próximo que auxilia e estende a mão para o necessitado. Devemos ser atuantes e a sociedade deve ver a Igreja vivendo aquilo que prega, apresentando o amor, a justiça e a misericórdia do Deus ao qual pertence e é noiva.

 


O PAPEL DA IGREJA NA SOCIEDADE 

 

   Diante do que já foi explicitado podemos perguntar: “Qual o papel da igreja? As respostas podem ser as mais
variadas possíveis. As respostas podem ir de uma Igreja que existe apenas para louvar a Deus até a Igreja que deve,
apenas, estar alinhada com a causa dos oprimidos. Essas são visões que podem parecer corretas, mas não são. Pois ser “apenas”, neste caso, é ser menos e, em última instância, não ser aquilo que Deus requer. Essas afirmações, se tomadas exclusivamente, irão distorcer e reduzir a visão de Deus para a sua Igreja no mundo. Mas o que a Bíblia tem a dizer?
   O Senhor Jesus, fundador e fundamento da Igreja, ordena a Igreja na grande comissão: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado; e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação do século” (Mateus 28:19-20). Esse foi um dos últimos encontros do Senhor Jesus com os Seus discípulos. Neste texto temos a razão fundamental para o trabalho da Igreja. Na língua grega esse texto possui um imperativo e três particípios. O verbo é “fazer discípulos”, ele se encontra no imperativo; os outros verbos (particípios) são consequências do primeiro.
   Na grande comissão, a Igreja, composta pelos discípulos de Cristo, é chamada e ordenada para ser agente de
transformação social em todas as culturas. A obrigação é fazer discípulos de todas as nações, sendo a Igreja Comissionada por Cristo para tal tarefa. Como parte da Igreja, os cristãos devem falar com autoridade e intrepidez. Não que os crentes tenham poder de si mesmos, mas revestidos e comissionados por Cristo, podem e devem fazer conhecidos os valores do Reino. Entre os fundamentos da visão que devem ter os cristãos para empreender tal tarefa temos a visão que todo homem é intrinsecamente inimigo de Deus, carecendo de graça e salvação, devendo ser regenerado por Deus, por meio do Espírito Santo, para que possa entender e arrepender-se, mudando o modo de viver, pois “todos pecaram e carecem da glória de Deus”. 

   Assim, o papel da Igreja não se resume a evangelizar. Evangelizar é fundamental e importante, mas, na grande comissão, é parte de um todo. Ir e compartilhar as boas novas faz parte do propósito da igreja, mas é necessário ainda, batizar e ensinar a guardar tudo que foi ordenado. Assim, Fazer discípulos que sejam seguidores d’Ele, que procurem em sua vida assemelharem-se a Ele (Romanos 8:29-30). Guardar não é somente saber e memorizar, porém viver e empreender esforços em fazer valer na sociedade tudo que foi ordenado. Desse modo, nossa vida aqui na terra deveria refletir esse propósito divino. A Igreja deve avaliar suas práticas e perguntar como tem cumprido essa comissão.

   Se por um lado, o testemunho do cristão como indivíduo deve refletir a sua fé e os valores que Deus nos ordena, por outro lado, uma Igreja com cristãos fiéis e maduros da caminhada devem ser relevantes e impactantes para a sociedade em que está inserida. Não devem se amoldar aos valores e ideologias do mundo. Vivemos no mundo, mas não pertencemos a este mundo nem ao curso que o “príncipe deste mundo” quer dar às vidas. 

 

A IMPORTÂNCIA DA IGREJA

   Tomando o que está escrito por John MacArthur, em seu livro “Ministério Pastoral” temos alguns aspectos da importância da igreja:
• A Igreja é a única instituição que nosso Senhor prometeu edificar e abençoar (Mateus 16:18).
• A Igreja é o lugar de reunião dos verdadeiros adoradores (Filipenses 3:3).
• A Igreja é a assembleia mais preciosa sobre a terra, uma vez que Cristo a adquiriu com seu próprio sangue (Atos dos Apóstolos 20:28; 1 Coríntios 6:19; Efésios 5:25; Colossenses 1:20; 1 Pedro 1:18; Apocalipse 1:5).
• A Igreja é a expressão terrena da realidade celestial (Mateus 6:10; 18:18).
• A Igreja por fi m triunfará, tanto no âmbito universal como no local (Mateus 16:18; Filipenses 1:6).
• A Igreja é a esfera de comunhão espiritual (Hebreus 10:22-25; 1 João 1:3; 6,7).
• A Igreja é quem proclama e protege a verdade divina (1 Timóteo 3:15; Tito 2:1-15).
• A Igreja é o lugar principal de edificação e crescimento espiritual (Atos dos Apóstolos 20:32; Efésios 4:11-16; 2 Timóteo 3:16-17; 1 Pedro 2:1-2; 2 Pedro 3:18).
• A Igreja é a plataforma de lançamento para a evangelização do mundo (Marcos 16:15; Tito 2:11).
• A Igreja é o ambiente em que se desenvolve e amadurece uma liderança espiritual forte (2 Timóteo 2:2).”

 


APLICAÇÃO

 

   Diante do que foi exposto, qual deve ser a aplicação desses conceitos para a vida do cristão? “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1 Coríntios 10:31). Tudo na nossa vida deve ser para a glória de Deus. Não devemos negligenciar nada que nos é proposto para fazer e devemos fazer aquilo que traz glória para Deus. Não nos envolvendo em nada que possa implicar em erro, desvio ou que afronte a Palavra de Deus:
• Devemos honrar o Deus que nos Salva;
• Devemos amar como Jesus nos ordenou;
• Devemos trabalhar e descansar, compreendendo o verdadeiro sentido de ambos os conceitos;
• Devemos compreender o amor de Deus pela humanidade. Desse modo, não podemos nos omitir diante da necessidade das pessoas, da injustiça, da mentira, devemos enfrentar e combater o mau;
• Devemos estar ciente da ordem do Senhor no “Ide..”e avançar para cumprirmos essa ordem e, assim, impactar o mundo com a fé, amor, obediência, graça e a misericórdia que a nós foi, antes, dispensada.

 


CONCLUSÃO

 

   A título de conclusão, cabe-nos refletir como estamos vivendo e exercitando a nossa fé diante do mundo e da sociedade. O comprometimento com a sociedade é um dever do cristão. Um comprometimento que leva a lutar e buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e Sua Justiça, levando o Evangelho a todas as nações, ensinando, discipulando e impactando as vidas com a mensagem da Cruz. A mensagem do amor, da graça, da misericórdia e da Justiça de Deus. Para isso, é dever de todo cristão conhecer e viver os fundamentos e princípios da sua fé, para não ser enganado e levado por ventos de doutrinas ou ideologias que confrontam e afrontam a Palavra de Deus. A Igreja e os cristãos devem ser relevantes, demonstrando o amor de Deus, ajudando a sociedade, mas enfrentando e denunciando os pensamentos e ideologias que, contrários à Palavra, levam a sociedade ao afastamento de Deus e à destruição e condenação de vidas.


QUESTÕES PARA DISCUTIR EM CLASSE


1. Qual a importância da Igreja na sociedade? Cite alguns versículos que confirmem a sua resposta.
R.


2. O que é cosmovisão?
R.


3. Como o mundo enxerga o homem e a sociedade?
R.


4. Como o cristão deve enxergar o mundo e as pessoas?
R.


5. Qual deve ser o papel da igreja e do cristão na sociedade?
R.

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