Nós nos preocupamos. Podemos disfarçar, mas o fato é que nos inquietamos. Vamos à igreja e adoramos este Deus onipotente que criou o universo e ama cada um de nós. Depois vamos para casa e de alguma forma Deus se transforma em um Ser que está muito longe daqui, que fez coisas milhares de anos atrás neste livro de histórias que lemos de vez em quando. Lemos coisas como Mateus 6:25-34 e Filipenses 4:6-7 e ficamos aliviados por um instante. Então colocamos a Palavra de Deus de lado e pegamos um amontoado de contas. As nuvens negras chegam e as coisas começam a parecer um pouco piores do que eram há um minuto.

 

Mas eis a verdade. Chamamos Deus de nosso Pai por uma razão. Nosso Pai nos ama e se importa com cada um de nós. Ele quer ser nosso provedor, tomar conta de nós, e nos abençoar. Mas também quer que venhamos a ele e peçamos com fé.

Em Mateus 15 encontramos esta fé em um dos personagens menos prováveis de um dos lugares menos prováveis. Ela experimenta Jesus Cristo de três maneiras importantes à medida que demonstra sua fé nele. Ela vê a Cristo como Senhor, como Mestre e como Provedor.

Cristo, o Senhor

Quando se entra na sala do trono de quase toda monarquia, o aviso “Proceda com cautela” é desnecessário. Quando se entra na sala do trono de um rei ou rainha, o coração está a todo pulso, olhos e joelhos estão no chão, e nenhum movimento é feito sem permissão.

Aqui é onde encontramos a heroína de nossa história. Agora, o contexto desta história é fascinante e surpreendente. Primeiro, a mulher vinha da região de Tiro e Sidom – antigo lar de cidades como Sodoma e Gomorra. Segundo, a mulher é identificada como uma cananéia – um grupo que não estava entre os amigos mais próximos de Deus. Então é de certa forma surpreendente que esta cananéia da região de Tiro e Sidom humildemente aborde o Senhor.

“Senhor, Filho de Davi.” Ela humildemente aborda o Senhor nos termos dele. Ela reconhece o grande e maravilhoso poder de Deus. Ela sabia que um poder tão grande que pudesse expulsar um espírito maligno de sua filha não era um poder para ser tratado com casualidade.

Ela se ajoelhou. Enquanto tinha verdadeiramente fé suficiente (tendo certeza absoluta do que se esperava - Hebreus 11:1), ainda sabia e reconhecia quem estava na liderança.

Quando você e eu abordamos o Senhor em nossos momentos de necessidade, devemos encontrar o equilíbrio entre pedir ousadamente (e esperar) bênçãos inimagináveis e humildemente entender exatamente a quem estamos pedindo.

Cristo, o Mestre.

Muitas vezes quando as pessoas abordam Jesus por cura em todos os evangelhos, encontramos um amigo amável que imediatamente estende a mão e toca os necessitados. Encontramos outra coisa aqui. Encontramos um Mestre.

Lição1: Quando pedimos algo ao Senhor, esperamos pelo seu tempo.

(Para aqueles que já tiveram o prazer de experimentar esta emoção) Você se lembra da primeira vez que disse ao seu amado: “Eu te amo”? E o mais importante - você se lembra dos poucos segundos que se seguiram diretamente à confissão? O que ela (ou ele) dirá a seguir? E pelo amor de Deus, quando ela (ou ele) irá dizer algo afinal?

É exatamente aí onde encontramos a mulher enquanto ela aguarda a resposta do Mestre. Sabe muitas das vezes que pedimos algo a Deus, é porque pensamos que é algo que precisamos agora mesmo. Deus se agrada em prover para mim, agora. Depois de pedir, vagarosamente abrimos um olho, vagarosamente levantamos nosso pescoço do chão para tentar obter uma leitura do rosto do Senhor. Mas a mulher não lê. Apenas um olhar silencioso, contemplativo.

Lição 2: Quando pedimos algo ao Senhor, às vezes ele só quer se assegurar de que sabemos o que estamos pedindo.

Felizmente, os amigos bem intencionados de Jesus quebram o silêncio desajeitado. “Por que não dá simplesmente a ela para que ela nos deixe em paz?”

É a hora do teste. O Mestre não vai simplesmente dizer à mulher o que ela quer ouvir. Ele quer fazer um pequeno teste aqui. Ele quer ter certeza que ela sabe o que está pedindo e a quem. Não por causa dele; possivelmente por causa dela; possivelmente por causa dos discípulos em constante aprendizagem.

Dando a impressão de um fariseu, o Mestre lança um pequeno comentário provocador para mexer com o brio da mulher: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” A mulher foi pega de surpresa. Ela tem fé. Ela ouviu sobre Jesus. Isto não é exatamente o que estava esperando.

Continuando na fachada de fariseu, talvez com um leve sorriso desta vez, ele lhe dá uma segunda chance. “Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.”

Então o momento “a-há!” a acerta. Ela está na dele. Com um vislumbre de esperança em seu olho, continua o jogo dele. “Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.”

Cristo, o Provedor

O reconhecimento foi dado. O teste foi bem sucedido e a fé foi demonstrada. A mulher pediu um milagre no versículo 22, mas não o recebeu até o versículo 28. Jamais podemos subestimar o poder e a necessidade da fé quando nos aproximamos do trono de misericórdia do nosso Senhor; fé que Deus pode e quer prover.

Em algum ponto ao longo do percurso, desenvolvemos uma teologia pobre e uma perspectiva diminuta de Deus. Por alguma razão, cremos que Deus não quer nos ajudar, que ele não quer que sejamos felizes. Cremos que se estivermos contentes e alegres de tempos em tempos, não estamos fazendo a obra dele apropriadamente. Cremos que Deus quer que soframos por ele e está disposto a assegurar que isso aconteça. Isto é uma mentira; nada poderia estar mais distante da verdade. Nosso Pai nos criou, nos ama e quer prover para nós e até permitir que tenhamos deleite na vida e a desfrutemos, pois ele quer que tenhamos vida em abundância.

Esta mulher cananéia teve um encontro íntimo com Cristo Jesus, experimentando-o como seu Senhor, Mestre e Provedor. Agindo assim, ela nos ensinou algo muito importante: Deus ainda realiza milagres! Você crê nisso? Você crê que Deus ainda manipula as leis da física, da psicologia e da medicina em benefício de seus filhos? Ou crê que os milagres de Deus são diferentes hoje do que eram na Bíblia? Você crê que os milagres de Deus estão limitados? Deus ainda faz milagres, milagres verdadeiros! Deus ainda cura; ainda cria; ainda destrói; ainda deixa pessoas de olhos esbugalhados e queixo caído.

Quando você se aproxima do trono da graça em sua hora de necessidade, pode experimentar Cristo como Senhor. Pode precisar encontrar aquele equilíbrio entre ousadia e humildade. Pode precisar ter fé de que Deus pode e proverá se tiver um completo entendimento sobre quem você está pedindo.

Você pode experimentar Cristo como Mestre. Ele pode dar passos para desafiar sua fé. Ele pode tomar atitudes para o levar a uma compreensão mais profunda dele e um entendimento maior de si mesmo. Durantes estes momentos, você precisa esperar pelo tempo dele e seguir sua liderança e direção.

Quando você se aproxima de Deus, uma coisa é certa. Você o experimentará como provedor. Deus ama seus filhos. Deus está prontamente disposto e é capaz de cuidar de você.

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