Tudo em família

A maioria de nós pode entender e relacionar o valor de pertencer a uma família. Fazer parte de uma família dá-nos um sentimento de pertencer, que todos nós carecemos – um lugar seguro no meio de um mundo turbulento. Juntamente com o pertencer vem a riqueza de certos direitos e privilégios, bem como o desafi o de responsabilidades e expectativas. Como membros da família, dependemos uns dos outros para o saciamento de nossas necessidades básicas e para ajudar a moldar nossa vida, nas áreas de visão do mundo, de moralidade e de espiritualidade.

Os batistas do sétimo dia reconhecem a importância dada por Deus no papel da família, em um mundo em que a força de nossas famílias têm um impacto direto na sociedade em que vivemos. Quanto mais fortes e saudáveis forem nossas famílias, melhor será nossa sociedade. Infelizmente, algumas vezes esta valoração que damos à família fez com que algumas igrejas não recebessem bem pessoas solteiras, divorciadas, viúvas ou que não são parentes de sangue. Isso além de ser vergonhoso é pecado. Nossa ênfase na família deveria conduzir-nos para um modelo de igreja que busca famílias fortes e saudáveis, integrando todos os nossos membros em uma unidade familiar que trabalha em conjunto como um subconjunto da grande família de Deus. Isso deve refl etir nossa compreensão de que somos todos individualmente membros da família de Deus.

O relato das Escrituras

Em nosso texto, Paulo indica (v.5) que fomos adotados e inseridos na família de Deus. A adoção é um processofascinante através do qual alguém de fora da família é feito ofi cialmente parte da família. Muitas de nossas famílias tiveram amigos ou entes queridos, que precisavam de um lugar para fi car e que acabaram extraofi cialmente “adotados”. Eles passaram tempo com a família e alguns até mesmo viveram na mesma casa. Mas isso não é o mesmo que uma adoção oficial.

Muitos de meus amigos adotaram crianças. Parece que a chave para o sucesso está na aceitação deste novo membro da família no mesmo nível de qualquer outro integrante, com o mesmo tratamento, os mesmos direitos, privilégios, responsabilidades e expectativas de qualquer outro membro daquela linhagem. É desta forma que Deus nos trouxe para a sua família – não como um convidado de fora, muito menos como um membro de segunda classe, mas como um genuíno integrante!

Vamos dar uma olhada mais atenta a alguns dos pormenores deste processo de adoção como descrito por Paulo. Em primeiro lugar, deve notar-se que Jesus Cristo foi o meio pelo qual fomos adotados (v. 5b). A morte e ressurreição dele pagaram as “taxas” que fizeram nossa adoção possível. Antes que pudéssemos ser adotados para a família de Deus, os nossos pecados tinham que ser totalmente pagos. Durante o tempo em que Paulo escreveu aos Efésios, a escravatura era uma prática comum e aceitável. Homens e mulheres vendiam a si próprios ao serviço de outrem. Os escravos podiam ser comprados e vendidos pelos proprietários de escravos. Mas o processo de resgate também permitia a um benfeitor comprar um escravo, com vistas a concederlhe a liberdade. Pelo sangue de Jesus, Deus pagou a dívida e comprou-nos da escravidão do pecado (v. 7a). Porém, mais do que isso, Ele também perdoou a nossa dívida, derivada de nossos pecados, e libertou-nos pela sua graça (v. 7b). Sem a obra de Cristo em nosso favor, jamais teríamos sido qualifi cados para adoção por parte de Deus.

Temos que nos precaver para nunca pensar que a nossa adoção à família de Deus foi de alguma forma acidental, desintencional ou aleatória. O verso cinco revela que fomos predestinados para fi lhos de adoção por Jesus Cristo. O plano de Deus desde o início da criação é que Ele iria comprar o direito de homens e mulheres pecadores de serem adotados e inseridos em sua família. Os versos quatro e onze tornam claro que este era o plano que Deus executou de acordo com sua própria vontade. E qual era o objetivo do presente plano de adoção? Que Deus pudesse ser louvado e glorifi cado (vs. 6, 12).

Porém o melhor de tudo para nós, como cristãos, reside nos benefícios de ser adotados na família de Deus. Além do grande privilégio de viver para o louvor da glória do Senhor (como se isso, por si só não fosse sufi ciente), esta passagem descreve-nos algumas das incríveis bênçãos espirituais que recebemos em Cristo:

• Ser santos e irrepreensíveis aos olhos dele (v. 4);

• A adoção em si (v. 5); • A gloriosa graça de Deus (v. 6);

• O resgate e o perdão dos pecados (v. 7);

• O conhecimento do mistério de sua vontade (v. 9); • Ser escolhido por Deus (v. 11);

• Ser incluídos em Cristo (v. 13);

• Ser selados (marcados como possessão genuína de Deus) pelo Espírito Santo (v. 13);

• Receber o Espírito Santo (v. 14);

• A promessa de uma herança ainda maior (v. 14) .

Lições para a vida

1. Somos, frequentemente, tentados a pensar que os benefícios do cristianismo não começam até que morramos ou sejamos reunidos com nosso Pai nos céus. A vida é vista como algo que temos de “suportar” até o fim. Esta passagem revela que nada podia estar mais longe da verdade do que isto. Embora seja verdade que nenhuma experiência na Terra pode ser comparada com o que nos está reservado, os benefícios do cristianismo começam no exato momento que confi amos em Cristo para a salvação. Quando foi a última vez que você fez uma pausa para fazer um balanço das bênçãos materiais e espirituais que tem recebido em Cristo?

2. Nossa adoção por Deus faz-nos seus fi lhos muito especiais, tornando Ele nosso amoroso Pai espiritual (Romanos 8:15-16). Embora alguns de nós infelizmente tenham tido experiências negativas com seus pais humanos, a maioria pode compreender o signifi cado deste relacionamento especial entre o pai e seu fi lho. Não mais precisamos viver com medo, porque nossa confi ança vem do fato que podemos chamar Deus de nosso “Papai”, e podemos confi ar nele por proteção, provisão e amor.

3. Ser filhos de Deus também faz-nos irmãos espirituais do Filho de Deus, Jesus Cristo (Hebreus 2:10-13). Isso não apenas dá-nos a alegria, mas também nos torna “coherdeiros com Cristo” (Romanos 8:17). Tudo o que Deus possui, um dia Ele nos dará. Hoje em muitas maneiras nós partilhamos do sofrimento de Cristo, um dia participaremos de sua glória.

4. Como parte da família de Deus, também desfrutamos, agora, de milhões de irmãos e irmãs em Cristo, de todas as idades. A maioria deles não vamos conhecer até chegarmos ao céu. No entanto, muitos deles fazem parte do nosso cotidiano. Alguns dos mais importantes são membros de nossa igreja local. Temos que aprender a estar lá para apoiá-los e encorajá-los em sua caminhada, mesmo enquanto aprendemos a confi ar neles como membros de uma família que dependem uns dos outros.

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