Explanação

Você preferiria trabalhar com uma pessoa humilde ou com alguém caracterizado por sua amargura, inveja e ambição? Certamente a maioria escolheria trabalhar com o candidato humilde por ser mais fácil de se relacionar. A pessoa humilde não é propensa a usar de todos os meios para conseguir uma posição, enquanto que a pessoa invejosa e egoísta está sempre buscando estabelecer sua própria autoridade ou superioridade sobre nós. Ela não enxerga seus colegas de trabalho como cotrabalhadores, mas sim como um obstáculo ou um trampolim, como algo que pode ser usado em sua escalada para o sucesso.

O que Tiago descreve no final do capítulo 3 é um exercício diário e prático. Em 3:13-18, ele falava de dois tipos de sabedoria: a sabedoria de Deus e a sabedoria terrena (ou do diabo). As pessoas que buscam pela sabedoria de Deus se caracterizam pela humildade, mas aquelas que optam pela sabedoria terrena são invejosas, ambiciosas e egoístas. Esta realidade fornece o contexto para a passagem das Escrituras de hoje, a partir do capítulo 4 de Tiago.

Estudando o livro de Tiago, temos discutido as imagens de Jesus Cristo, com a esperança que estas imagens sejam refletidas em nossa vida. A imagem tirada do nosso texto bíblico de hoje é a de um comportamento piedoso. Da mesma forma que Cristo viveu de forma divinamente sábia e piedosa, nós também somos chamados a demonstrar tal comportamento. Tiago 4 aborda um problema que pode nos atrapalhar de atingir esta meta.

O problema é este: a existência de lutas e contendas entre os cristãos (Tiago 4:1). Ao invés de estar em paz uns com os outros, muitas vezes estamos em desacordo. E Tiago nos questiona o porquê disto? A razão, segundo ele no mesmo versículo, é que temos desejos que produzem batalhas dentro de cada um de nós. As batalhas dentro de nós extravasam e tornam-se batalhas entre nós. A fim de solucionar as nossas batalhas externas, primeiro temos que lidar com as internas.

Quais são esses desejos que batalham dentro de nós? Tiago começou sua discussão sobre este tema em 1:13-15, que fala sobre a tentação e a concupiscência. Isto é o que o apóstolo Paulo chamou de natureza pecaminosa. É uma inclinação natural para rebeldia contra os caminhos de Deus, escolhendo nosso próprio caminho em lugar dos caminhos do Senhor. Nosso desejo humano é ser autossuficiente, mas isso é uma impossibilidade. Seremos sempre dependentes de fontes externas. A questão então é a seguinte “em quais fontes irei saciar-me?”. É uma questão de escolha.

Exploração

Se o nosso problema são as brigas e querelas nas quais nos envolvemos, então, a causa do nosso problema são as escolhas que fazemos. Isso nos leva de volta à discussão do capítulo 3: a sabedoria de Deus versus a sabedoria terrena. Aqui, no capítulo 4, Tiago argumenta que se estão havendo discussões e dissensões é porque estamos escolhendo a sabedoria terrena em lugar da divina. Especificamente, nos versículos 4-5, Tiago diz que estamos a optar por ser amigo do mundo, em vez de ser amigo de Deus. Fazemos essa escolha ao confiar no mundo para suprir as nossas necessidades, em vez de olhar para Deus.

Entretanto, ao confiar no mundo, colocamo-nos numa situação problemática. O mundo tem recursos limitados, e muitas pessoas que estão competindo por esses recursos. Entrar nesta competição traz-nos uma grande quantidade de tensão interna e externa. Se optamos pela sabedoria do mundo, não é de se admirar a existência de contendas e querelas entre nós. Deus, por outro lado, tem recursos ilimitados, e quer compartilhar conosco. Confiar nos recursos de Deus ajuda-nos a trabalhar uns com os outros, em vez de lutar uns contra os outros.

A solução para este problema vem das escolhas que fazemos. No texto de hoje, Tiago nos encoraja a escolhermos sabiamente a nossa posição com referência ao mundo, a Deus, e de uns com os outros.

Encorajamento

Concernente a nossa posição com relação ao mundo, Tiago adverte-nos a não sermos amigos dele (Tiago 4:4-45). O cristianismo ensina que nós vivemos no mundo, mas não somos do mundo, em outras palavras, somos chamados a buscarmos a sabedoria de Deus e não a do mundo. A sabedoria divina guiar-nos-á para a humildade, uma posição que Deus abençoa (Tiago 4:6). A sabedoria do mundo leva-nos a estarmos em oposição a Deus.

Temos nós ativamente buscado e escolhido a sabedoria de Deus? Em relação a nossa postura com Deus, Tiago entrega-nos boas novas: Deus nos concede sua graça (verso 6). Mesmo que alguém esteja sendo amigo do mundo (e consequentemente inimigo de Deus), ainda assim essa pessoa pode voltar para Deus, e Ele a receberá de braços abertos. Voltar-se para Deus requer uma posição específica: submissão a Ele (versos 7-10).

Submissão a Deus é algo que é realizado apenas através de uma atitude constante e diária. Submeter literalmente significa colocar-nos sob a autoridade de Deus. A verdade é que já estamos sob autoridade de Deus, só precisamos reconhecer isso. Temos que reconhecer que Ele é Deus e não nós. Foi Ele quem nos criou, e, portanto, sabe o que é melhor para cada faceta de nossa vida. Submeter-nos a autoridade de Deus é a melhor maneira de iniciarmos cada dia. É uma escolha que precisa ser feita.

Um meio prático para se submeter a Deus em oração é primeiramente nos comprometermos com Ele e com sua vontade. É oferecermos nossa vida em serviço à obra dele neste mundo. É pegarmos a agenda e as preocupações de Deus e colocarmos acima de nossa agenda e de nossas preocupações. E gradativamente, à medida que nos tornamos mais confortáveis com essa submissão a Deus, as duas agendas se tornam uma.

Em seguida, podemos permitir: Podemos permitir que Deus traga a nossa vida as oportunidades que nos ajudarão a crescermos. Eu sei, Ele não necessita de nossa concessão para trazê-las. O que estou falando é sobre abraçar uma atitude que acolhe as mudanças que Ele traz para nós. Para mim, este é um passo difícil. Frequentemente não dou as boas-vindas às mudanças em minha vida. No entanto, este é um passo crítico para quem realmente deseja se submeter a Deus. Lembro-me de uma frase de Max Lucado: “Deus o ama do jeito que você é, mas recusa-se deixá-lo da mesma maneira. Ele quer que você seja simplesmente como Jesus” . Ele vê que podemos nos tornar mais completos, e pretende conduzir-nos para essa plenitude. Isto implica em mudanças.

Finalmente, depois de lidarmos com nossa posição concernente a Deus e ao mundo, precisamos monitorar nossa posição em relação ao nosso semelhante. Tiago aborda isto nos versos 11-12. Não devemos nos colocar em posição de superioridade sobre nossos irmãos, precisamos lembrar sempre que aos olhos do Pai somos todos iguais. Não fomos chamados a julgar os outros, muito pelo contrário somos chamados a amarmos uns aos outros. À medida que amarmos verdadeiramente uns aos outros evitaremos naturalmente as dissensões e querelas entre nós.

Sua vida reflete um comportamento piedoso? Tiago sabia que somente buscando e aplicando a sabedoria de Deus é que iríamos refletir tal comportamento. Em qual fonte confiaremos para prover nossa suficiência? A resposta a esta questão afeta tudo. A escolha é nossa!

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