1 POR esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios; 2 Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; 3 Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco vos escrevi; 4 Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, 5 O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas; 6 A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho; 7 Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder. 8 A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, 9 E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo; 10 Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, 11 Segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor, 12 No qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele. 13 Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são a vossa glória.
Efésios 3:1-13
INTRODUÇÃO
Mistérios despertam o interesse, porque as pessoas querem descobrir “o resto da história”. Que mistérios nós gostaríamos de ter descoberto? Os apóstolos do Novo Testamento criam que a revelação de Jesus desvendou mistérios relativos ao eterno plano de Deus da salvação para toda a humanidade. Mas este mistério revelado não ficou apenas com os primeiros cristãos, desde os apóstolos, passando por toda a igreja do primeiro século da era cristã (igreja primitiva) até nossos dias, a cristandade tem papel fundamental nesse maravilhoso plano de Deus para a humanidade. Então, assim devemos entender sobre essa “Nova Revelação em Cristo” conforme a lição a seguir.
É UM MISTÉRIO
Há algo intrigante em um bom mistério. Não importa se venha em forma de um filme, um livro ou um quebra cabeça para ser resolvido. Nossa mente gosta da intriga de uma problemática que requer um pouco de esforço para
solucioná-la. Este mesmo conceito tem levado a humanidade a incontáveis invenções e descobertas da ciência, medicina e matemática.
Procedendo sob o pressuposto de que existe uma solução, nossa mente se mantém pesquisando e inquirindo as
possibilidades, eliminando uma após outra, até encontrar uma que funcione. O plano de Deus para o universo é repleto de mistérios, os quais Ele tem revelado no decorrer do curso da história humana. Deus deu-nos um papel vital no desvendar o mistério do Evangelho aos pecadores que ele deseja salvar.
O PAPEL DE PAULO
Paulo falou, primeiramente, sobre o seu papel no desvendar do mistério — um papel para o qual o próprio Deus havia lhe escolhido. No verso 2, ele fala da “dispensação da graça de Deus”. Literalmente, isso significa que Paulo havia sido nomeado como mordomo — alguém de confiança que cuidasse e supervisionasse (naquela época era um agregado da família). O apóstolo considerava um grande privilégio Deus haver lhe confiado o mistério do Evangelho.
O mistério do qual Paulo fala aqui é em sentido geral do particular e sábio plano de Deus da salvação. O Senhor tinha um plano para salvar o Seu povo desde o início da humanidade, mas não o revelou todo de uma só vez. Ele revelou peça por peça, ao longo da história de Israel e dos escritos dos profetas. Não quer dizer que fosse secreto, mas que Deus estava trabalhando e revelando Seu plano da salvação etapa por etapa.
Pode parecer que Paulo estivesse se gabando nos versículos 4 e 5, mas ele estava simplesmente reconhecendo,
que a única maneira que poderia saber algo acerca disto era através da revelação de Deus. Se alguém poderia desvendar tal mistério em termos humanos, este alguém seria Paulo. Ele teve acesso a todas as informações das profecias do Antigo Testamento, as afirmações de Jesus acerca dos milagres, da Sua morte e ressurreição. Porém, Deus o derrubou do cavalo e deu-lhe uma verdadeira demonstração de quão cego estava, ele tinha perdido totalmente o significado do mistério. O Espírito Santo removeu sua cegueira espiritual e revelou-lhe o misterioso e maravilhoso plano de Deus. Paulo ficou maravilhado por ser considerado digno de ser uma parte do desvendamento do mistério de Deus, juntamente com o resto dos apóstolos e profetas de Deus.
No verso 6, Paulo começa a decifrar a parte específica do mistério para o qual fora chamado e que lhe fora confiada. Esta parte do mistério envolvia os gentios, porém mais do que apenas eles serem incluídos no plano de salvação de Deus, ele declara que isto tinha sido, pelo menos, insinuado nas profecias do Velho Testamento. O mistério que Paulo falou aqui, foi muito além disso. A chave está na repetição da palavra “junto”. Até este ponto, os judeus se viam como o único e exclusivo povo de Deus, mas o Senhor revelou através de Paulo que, através do Evangelho, judeus e gentios foram agora ajuntados, herdeiros em conjunto, os membros de um só corpo, companheiros na promessa em Cristo.
O mistério aqui era que os gentios agora eram iguais aos judeus, incluídos, completos destinatários do plano divino para a salvação da humanidade. Paulo então declara que este era o EVANGELHO que ele servia. Foi este EVAN GELHO para o qual Deus o chamou; foi por este EVANGELHO que ele derramara seu sangue, suor e lágrimas; foi por este EVANGELHO que ele fora perseguido e quase morto por seu próprio povo; foi por este EVANGELHO que ele fora feito prisioneiro em Roma.
E embora não se considerasse digno (v.8), ele alegremente pregava aos gentios as inescrutáveis riquezas de Cristo e a revelação desta parte do mistério de Deus.
O PAPEL DA IGREJA PRIMITIVA
No verso 10, Paulo revelou que a igreja tinha um importante papel a executar no plano de Deus. A Igreja detinha esse mistério do Evangelho e deveria continuar a passá-lo à frente. Através da igreja o mistério da graça de Deus seria manifestado ao mundo.
Paulo havia escrito no capítulo 2 sobre como o Evangelho havia demolido o muro que por muito tempo havia separado os judeus dos gentios. A igreja, portanto, deveria viver este Evangelho e exibi-lo a todo o mundo, não apenas ao mundo físico, mas Paulo menciona especificamente os governantes e as autoridades nos reinos celestiais. Em outras palavras, a igreja é a proclamação, pela sua própria existência, da vitória de Deus sobre Satanás e seus asseclas!
O NOSSO PAPEL
Hoje nós também temos o privilégio de participar na revelação deste mistério. No entanto, às vezes, parece que
existe uma espécie de muro que nos separa do mundo. Até certo ponto, essa separação pode ser algo positivo, pois
pelo menos, teoricamente, distingue nossas convicções e comportamentos das do mundo. Mas, por outro lado, ao
longo dessa linha divisória, nós permitimos que esta parede se tornasse uma parede de hostilidade, como a que Paulo descreve entre os judeus e os gentios. Precisamos cuidar para que não fiquemos esnobes Ou até mesmo olhemos para o mundo com certo desdém, esquecendo-nos de que sem a graça de Deus, não somos nada melhores. Esta atitude tem nos levado a ver nossas igrejas como um refúgio do mundo, como que estando dentro de seus muros estamos seguros. Mas esse não é o Evangelho, não é mesmo?
Francis Foulkes coloca desta forma “ [Este] Evangelho é, portanto, o único meio de profunda unidade espiritual entre as pessoas, não importando as suas divergências raciais, culturais, políticas ou histórias diferentes”. O mistério para o qual Deus nos chamou é que Ele ama TODAS as pessoas. Devemos fazer tudo o que pudermos como igreja para transmitir essa mensagem. Ao invés de segregarmo-nos do mundo em nossas igrejas, como um castelo cercado com fossos cheios de jacarés, para manter o mundo do lado de fora, devemos construir pontes que permitam as pessoas se achegarem e participarem da graça de Deus.
LIÇÕES PARA A VIDA
1. A maioria de nós leva a sério suas responsabilidades. Sejam elas no trabalho, fazendo parte de uma equipe, ou
sendo eleitos para uma posição, nós trabalhamos duro para retribuir a confiança depositada em nós. Da mesma forma deveríamos trabalhar duro, para sermos bons mordomos no desempenho da mais sublime tarefa que Deus nos confiou: propagar a mensagem do Evangelho a todas as nações.
2. A atitude de humildade de Paulo é algo a ser imitado. Paulo não deixou que a “falsa humildade” lhe impedisse de realizar aquilo que Deus havia lhe chamado a fazer. Ele tinha boa compreensão de quem era no contexto, de quem Deus é, e não se envergonhou ou se intimidou de concluir as grandes obras que o Senhor lhe chamara a fazer.
3. A fina arte de construir pontes de amor para os perdido pode levar anos para se aperfeiçoar. Mas isso não deve
no: impedir de prosseguirmos em nossa missão. Devemos continuar tentando alcançar com amor e compaixão alguém que não é nada parecido conosco. Nesta caminhada podemos descobrir pistas para compartilhar o Evangelho com mais eficácia. É interessante notarmos que há várias maneiras de partilharmos a mensagem de Cristo com os não cristãos, devemos ser sensíveis à direção de Deus e deixar que Ele nos use no momento, lugar e da maneira certa.
CONCLUSÃO
Olhando para a história do apóstolo Paulo, um fariseu zeloso, perseguidor da Igreja e, depois, um cristão disposto
a entregar sua própria vida em prol do Reino de Deus é que temos uma dimensão da graça de Deus. Muitos podem ser tentados a pensar que se trata de uma história muito distante da realidade, ou então imaginar que o Evangelho não possa tão impactante em sua própria vida como foi na vida de “Saulo de Tarso”. O fato é que a vida cristã requer entrega total, e foi isso que este apóstolo fez, ele levou muito a sério o Evangelho que recebeu, assumiu sua responsabilidade no tocante ao ministério que o Senhor lhe confiou. Esse é nosso desafio hoje, uma postura responsável diante de Deus.
QUESTÕES PARA ESTUDO E DISCUSSÃO EM CLASSE
1. Ao que parece, Paulo perde sua linha de raciocínio entre o verso 1 e 2. Leia todo o contexto imediato para descobrir como era o processo de pensamento de Paulo. Como esta passagem se encaixa em toda a mensagem paulina sobre a graça de Deus?
R.
2. O que podemos aprender através desta passagem sobre a atitude de Paulo concernente ao seu ministério? Como isso explica o porquê dele continuar servindo ao Senhor apesar de enfrentar dificuldades e perseguições? Como a nossa atitude em relação a servir ao Senhor pode ser comparada com a atitude de Paulo?
R.
3. Paulo falou repetidas vezes sobre o mistério de Deus nesta passagem. Procure outras passagens em o Novo Testamento, onde ele usou a palavra “mistério”. Como o uso que Paulo fez em outros textos nos ajuda a entender o que ele quis dizer em nosso texto de estudo? O que Paulo revela sobre o mistério no verso 6?
R.
4. Descreva o pano de fundo histórico do conflito entre os judeus e os gentios abordado nos capítulos 2 e 3. Qual a importância desta barreira ter sido quebrada? Existem conflitos em sua vida que estão lhe atrapalhando a ser eficaz ao compartilhar a mensagem do Evangelho?
R