E destas coisas sois vós testemunhas. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.

Lucas 24:48-49

INTRODUÇÃO


   As pessoas frequentemente são desejosas de testemunhar a favor de produtos ou serviços nos quais elas creem (acreditam em sua eficácia). O que ou quem nós estamos desejosos de endossar? De acordo com o Evangelho de Lucas, Jesus apareceu aos Seus discípulos e comissionou-os a testemunharem de sua nova vida n’Ele, porque as Escrituras afirmam que Ele é o Messias. O estudo de hoje tem como objetivo não apenas reforçar a veracidade da ressurreição de Jesus pelo testemunho das Escrituras, mas também como ela está diretamente ligada à proclamação e Evangelho e como isso se aplica a nós hoje.


QUÃO IMPORTANTE É A EVIDÊNCIA?


   Lucas devota a maior parte do capítulo 24 para demonstrar as reais evidências da ressurreição de Jesus. Após a cena inicial do túmulo, ele relata a história de dois homens no caminho de Emaús. Então, o Cristo ressuscitado aparece diante dos discípulos numa sala fechada e mostra-lhes Seu corpo físico. Este relato é similar ao de João, com exceção à ausência de Tomé. No princípio desta aparição, os discípulos não acreditaram. Então, Ele comeu algo para convencê-los de que era real. Herschel Hobbs aponta algumas coisas sobre o corpo ressurreto de Cristo. Ele era real, um corpo físico e carregava as marcas do sofrimento do calvário. Ele era consciente, um ser pensante. Entretanto tempo, espaço e densidade não lhe eram aplicáveis. Ele aparecia e desaparecia. Ele entrava em lugares fechados sem a necessidade de abrir qualquer porta ou janela. Ele se alimentava, ouvia, via e falava. Ele era capaz de ser tocado e reconhecido. (An Ex-position of the Four Gospels: Luke, p. 351) 

   Caso as evidências não fossem importantes, Lucas não teria gasto tanto tempo e detalhes expondo estas aparições pós-ressurreição. Em abril de 2008, pude despender uma tarde com o Dr. Josh MacDowell, o autor de obras apologéticas como “Evidência que Exige um Veredicto”, publicada no Brasil pela Editora Candeia. Há um grande número de materiais que os cristãos podem explorar para defenderem-se das acusações que os relatos nos evangelhos são ficcionais, falhos ou muito
simplistas. Porém, MacDowell alertou-me que as evidências podem levar-nos somente até certo ponto, por isso a fé é um ingrediente essencial no cristianismo. Nossa meta deve ser termos uma fé inteligente. Jonathan Edwards ensinou que não há contradição numa fé que é razoável tanto intelectual quanto emocionalmente, que é decorrente de um coração que se relaciona com Cristo. Nós precisamos de equilíbrio.


OS OLHOS DELES FORAM ABERTOS


   Jesus seguiu o mesmo padrão aqui que fizera com os discípulos a caminho de Emaús, expondo as Escrituras do Antigo Testamento que falavam acerca do Seu sofrimento, morte e ressurreição. Note a ênfase d’Ele que “era necessário que se cumprisse tudo” (v.44). Pedro, que estava entre os que contemplaram este fato, compartilha seu entendimento deste conceito em 1 Pedro 1:10-11, aludindo ao fato de que os profetas diligentemente procuraram a verdade e falaram claramente sobre os sofrimentos e a glória de Jesus. Cristo cumpriu tudo. Isto era uma necessidade, não uma opção. Por isso, como cristãos, podemos argumentar pela exclusividade de Cristo. 

   Pedro adiciona no verso 12 que o Espírito Santo iluminou o coração deles com o conhecimento do Evangelho, de forma que eles pudessem ministrar aos outros. O Espírito Santo é responsável por abrir nossos olhos espirituais, de forma que possamos ser capazes de reconhecer a verdade (veja Jo 14:15-16 e 25-26; 1 Coríntios 2:14-16), convence-nos do pecado e nos dá a mente de Cristo. Note, portanto que nos escritos de Lucas, a obra do Espírito Santo está conectada à primazia da Palavra, e não a qualquer outro recurso da verdade. Sem esta direção jamais seremos capazes de entender completamente os ensinamentos de Jesus.


A COMISSÃO – APLICADA A NÓS


   As palavras contidas em Lucas 24:46-49 não são as mesmas encontradas em Atos dos Apóstolos 1:4-8, porém os princípios são
muitos semelhantes. 

   1. Cristo tinha que sofrer e ressuscitar no terceiro dia. Sofrimento e ressurreição andam juntos ao longo dos Evangelhos. Os primeiros discípulos não fizeram esta conexão imediatamente.
   2. A mensagem de arrependimento e perdão seria pregada no mesmo contexto. Leon Morris percebe que Lucas foi mais direto ao ensinar esta doutrina do que os outros evangelhos sinóticos. “Todos os três sinóticos têm esta declaração de Jesus: ‘Eu não vim chamar justos, mas pecadores’; porém somente Lucas adiciona ‘ao arrependimento’ (5:32, NVI). Poderá argumentar-se que isto está implícito em Mateus e Marcos, mas o ponto é que Lucas explicita isto. Ele não deixa escapar a necessidade de arrependimento. Ele nos informa que Jesus usou o arrependimento de Nínive como uma censura à atual geração impenitente (11:32); e que Ele até mesmo usou a queda de Tiro e Sidom com o mesmo propósito (10:13; eles não teriam resistido às evidências dos sinais e milagres
realizados naquela geração)”. (New Testament Theology, p.180).
   3. Veja também Lucas 13:3-5; 15:7-10 e Atos dos Apóstolos 2:38; 3:19; 5:31; 8:22; 11:18; 17:30 e 26:20. Lucas concentra-se nos ensinos de Jesus de que as pessoas precisam se arrepender de seus pecados de forma a receber o perdão.
   4. A primazia da pregação ou proclamação da mensagem é muito evidente no livro de Atos. Eu sei que há muitos que falam sobre evangelismo de “estilo de vida”, e sei que nosso estilo de vida(nosso testemunho) é importante. Entretanto, uma vida sem uma mensagem verbal não oferecerá um testemunho muito forte. 

   5. A mensagem deveria começar em Jerusalém e então ser espalhada para todas as nações, a mesma frase cita de Mateus 28:18-20, uma referência a todos os grupos de pessoas ao redor do mundo. Atos dos Apóstolos 1:8 amplifica a intenção ao falar sobre como o Evangelho seria pregado.
6. Eles receberiam o Espírito Santo, prometido pelo Pai (João 14:6). Ele seria fonte do poder deles. O livro de Atos poderia ser corretamente intitulado “Atos do Espírito Santo”. É digno de nota que os discípulos não oraram para receber o Espírito Santo, isto porque o Pai já havia prometido enviá-Lo. Havia apenas um requerimento para recebê-Lo: esperar. Hobbs faz um comentário interessante sobre o verbo traduzido por “revestido” ou “dotado”. Por causa da sua conjugação verbal, tem o significado de ser algo que os discípulos teriam que fazer por si mesmos. Isto significa que os discípulos teriam que se revestirem ao invés de ficarem esperando que o Pai lhes vestisse. O Espírito Santo viria em poder, porém, eles tinham que se revestirem com este poder. Isto sugere que o poder do Espírito Santo pode estar disponível, todavia não operando. (Hobbs, p. 354)
   Para que o Espírito Santo esteja em plena operação (ou seja, trabalhando) em nossa vida, precisamos render o controle de cada área dela em Sua direção. ( Efésios 5:18). Se o Espírito Santo está no controle de nossa vida, teremos então o equilíbrio entre a apologética intelectual, a defesa das nossas convicções e a fé simples e pura, como a de uma criança, quando compartilharmos o Evangelho com outras pessoas.


CONCLUSÃO


   Quando olhamos a ressurreição de Jesus não apenas em seu sentido “doutrinário” a fé cristã passa a fazer sentido, pois tudo isso se relaciona com o nosso dia a dia. A vida cristã não deve se resumir apenas a uma boa apologética (defesa da fé), mas também não devemos ignorar conhecimentos que possam nos auxiliar na compreensão das verdades bíblicas, e como eles podem ser uteis na proclamação da Palavra de Deus. Para que possa haver equilíbrio entre uma fé mais “racional” e uma fé “simples”, sem que uma seja comprometida, é fundamental (ou indispensável) a atuação do Espírito Santo, é Ele que nos conduz ao pleno conhecimento e nos capacita ao testemunho eficaz do Evangelho.


QUESTÕES PARA ESTUDO E DISCUSSÃO EM CLASSE


1. Tente entender o que os discípulos estavam pensando ou sentindo um pouquinho antes desta passagem (Lucas 24). O que eles haviam experimentado ao decorrer dos dias anteriores? Onde eles estavam reunidos naquele ponto?
R.


2. O que o fato de Jesus ter aparecido a eles naquele lugar em que as portas estavam trancadas nos diz acerca de seu corpo? Por que Ele convidou os discípulos a tocarem n’Ele?
R.


3. Por que os discípulos tiveram tanta dificuldade em crer que Jesus estava realmente vivo apesar de todas as evidências? Por que alguns ainda encontram dificuldades para crer n’Ele?
R.


4. “Paz seja com vocês” era uma saudação tradicional naqueles dias. Como ela tomou um novo sentido quando Jesus disse-a para Seus discípulos aqui? Que diferença a promessa da paz de Jesus faz em nossa vida?
R.


5. O que uma testemunha faz? Em que maneiras os discípulos seriam “testemunhas dessas coisas” conforme Jesus os instruiu? Como nós podemos ser testemunhas dele, mesmo não estando fisicamente presente para que O vejamos?
R.

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