Ententendo e Vivendo
O louvor dos pastores a Deus
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- Scott Haurasth
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Por que os pastores?
Neste trimestre nós estamos vendo como pessoas diferentes fazem compromissos com Deus. Até agora estudamos o compromisso de Maria e o compromisso de Isabel. Hoje estamos vendo o compromisso que os pastores fizeram.
Uma pergunta muito comum que surge ao lermos Lucas 2 é esta: Por que Lucas relatou essas aparições de anjos aos pastores? Afinal, superficialmente isto parece uma ocorrência sem maior importância, envolvendo pessoas insignificantes de uma região sem valor. O que motivou Lucas a escrever sobre aqueles acontecimentos? Escavando fundo nós achamos bastante motivação. Primeiramente, Lucas conhecia muito bem o requerimento da Lei de se ter pelo menos duas testemunhas para ser possível estabelecer-se o fato (Deuteronômio 19:15). Apesar de o fato estar à mão (a proclamação de que o Messias nasceria de Maria) não ser um assunto legal. Lucas queria que seus leitores se assegurassem de que seus escritos eram verdadeiros. Evidência que ultrapassava a esfera legal serviria muito bem para esse objetivo. Além disso, a primeira testemunha do anúncio do nascimento do Messias foi Maria (Lucas 1:26-38), e a passagem de hoje oferece-nos a segunda testemunha: os pastores.
Outra razão possível para o relato de Lucas da aparição dos anjos aos pastores era a de destacar a ligação entre Jesus e o Rei Davi. O anjo Gabriel disse a Maria que Jesus receberia o trono de seu pai, Davi (Lucas 1:32). O Novo Testamento ensinava que Deus providenciar-nos-ia um “novo” Davi para servir como pastor de Israel (Ezequiel 34:23). A referência de Lucas aos pastores ajudaria a comunicar a sua tese de que Jesus era um membro da linha davídica e era o Salvador legítimo desse povo. (Veja, também, Lucas 2:4).
Além do mais, a linguagem utilizada pelo anjo que apareceu primeiro para os pastores foi muito específica em comunicar quem Jesus era: Ele era o Salvador, Cristo e Senhor (Lucas 2:11). O propósito de Lucas em escrever seu evangelho era o de proclamar Jesus, o Messias. Então, a proclamação servira muito bem a este objetivo.
Engajando-se no processo
O relato desta aparição angelical aos pastores beneficia a nós, seus leitores, de outra maneira: Ele nos dá um relance do processo de comprometer-se. Nesta história, nós vemos as partes componentes desse processo: proclamação, concretização e compromisso.
O agente da proclamação nessa história é o primeiro anjo aparecido para os pastores. Ele basicamente proclamou três coisas aos pastores: 1) um Salvador nasceu para vocês; 2) esse Salvador é para todo o mundo; 3) há um sinal que os levará até o Salvador.
Dado o drama acompanhando a proclamação do anjo, incluindo a aparição de muito mais anjos louvando a Deus, não é uma surpresa ver que os pastores acreditaram no que foi-lhes proclamado. Lucas 2:15 conta-nos que os pastores enxergavam os anjos como representantes genuínos de Deus e que o nascimento de Jesus já havia acontecido.
Acreditando que havia em sua própria comunidade uma criança que os salvaria (e a todos), eles talvez não tivessem sido capazes de conter sua curiosidade. Além disso, vemos os pastores preparando-se para ir até Belém, a cidade de Davi, com o intuito de ver o cumprimento da aclamação recém recebida por eles.
O presságio dado pelo anjo aos pastores nos é bem familiar: um bebê deitado numa manjedoura. É um sinal óbvio para nós todos, porque fomos criados com esta imagem. Entretanto, como deve ter sido confuso para os pastores que inicialmente receberam este aviso! Uma manjedoura é uma gamela para alimentar animais. Por causa dessa função, ela provavelmente era suja, úmida e mal-cheirosa. Por que alguém colocaria um recém-nascido em tal lugar improvisado? Este mistério deve ter ficado gravado nos pensamentos dos pastores ao viajarem a Belém.
Talvez tenha sido o presságio que levou os pastores a procurarem Jesus em estábulos ou outros estabelecimentos não-tradicionais, em vez de checarem as casas locais e pousadas. Não nos interessa como ocorreu, a curiosidade dos pastores levou-os a localizarem o lugar onde estava o menino Jesus e seus pais. Além do mais, eles viram em primeira mão a concretização da aclamação do anjo.
Finalmente, chegamos à última parte do processo: compromisso. O texto de Lucas nos conta que os pastores, após terem visto Jesus, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita (Lucas 2:17). Presume-se que eles foram inicialmente compartilhando a mensagem com os pais de Jesus e quem mais estivesse lá com Jesus. Lucas narra-nos que Maria apreciou e ponderou sobre o que ouviu (versículo 19). E mais, vemos um mais profundo, mais a longo prazo, compromisso com Deus da parte dos pastores: Ao retornarem às pastagens, eles estavam engrandecendo a Deus e o louvando, em resposta ao que encontraram em Belém. Lucas termina a história nos lembrando que os pastores encontraram as coisas exatamente do jeito que lhes havia sido dito (versículo 20). Em outras palavras, a aclamação do anjo foi definitivamente concretizada. Sem dúvida foi isto que levou os pastores ao compromisso de louvarem a Deus e também de transmitir as boas notícias a respeito do Salvador. O que começou com proclamação terminou com aclamação: Primeiro, os anjos proclamaram o Cristo, então os pastores aclamaram-no.
O processo continua
O processo discutido por nós é familiar para você? Você já experimentou o ciclo da proclamação, concretização e compromisso? Caso não, talvez uma observação a mais sobre o texto de hoje seja necessária: Foi somente quando os pastores perseguiram a concretização que eles encontraram concretização. Em outras palavras, por que os pastores, na verdade, foram até Belém com o intuito de ver aquilo que lhes foi prometido, é que encontraram o que lhes foi prometido. Se você não está vendo a concretização das promessas de Deus na sua vida, será possível que você não esteja sendo pró-ativo? As promessas que Jesus nos deu eram acompanhadas de um processo: Peça, busque, bata na porta. “E eu vos digo: Pedi e será dado a vós; buscai e achareis; batei e será aberta a vós. Porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-vos-á” (Lucas 11:9–10, NVI).
Na passagem das escrituras de hoje os pastores são exemplos para nós, pois vemos que eles fizeram um grande esforço por sua fé: Eles arriscaram-se adiante, na busca do que lhes foi prometido. Enfim, vemos que eles reagiram à concretização da promessa de Deus ao comprometerem-se com ele em louvor e aclamação.
Qual a promessa de Deus que você procura atualmente? Pode ser que Deus esteja tentando retirá-lo da sua zona de conforto, encorajando-o a ter fé e descobrir a concretização desta promessa? Talvez Deus esteja também tentando criar em você uma atitude de comprometimento. Quando você descobre que a promessa de Deus foi concretizada, de que maneira você irá comprometer-se com ele? Talvez seja tempo de você fazer uma promessa a Deus, antes mesmo de vivenciar a promessa dele para você.