A Revelação a João

Texto de Estudo: Ap 4:1-2, Apocalipse 4:6-11

Próximo do fim de sua vida, o apóstolo João encontrou-se exilado na Ilha de Patmos. Foi lá que ele encontrou o mundo espiritual, como nunca antes lhe acontecera. O Livro de Apocalipse, o último do Novo Testamento, é seu escrito do que ele viu e experimentou enquanto estava lá.

Ferrel Jenkins descreveu Patmos como "uma ilha rochosa, na costa oeste da Ásia Menor, no Mar Egeu" e que possui uma área total de 34,6 km². "A ilha é montanhosa e de alinhamento irregular", com muitos mirantes, formando várias covas e baías naturais. "Os romanos usavam a ilha como instalação penal." 8

De acordo com Eusébio de Cesaréia, João passou 18 meses na ilha. João disse que estava ali "por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus" (Apocalipse 1:9)9.

O livro do Apocalipse é o único da Bíblia que promete uma bênção para aqueles que o lerem: "Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo" (Apocalipse 1:3). Ainda assim, não é lido com frequência, sendo considerado difícil demais para a compreensão.

Como o corpo de Cristo, não podemos dar-nos ao luxo de deixar este livro para teólogos e seminaristas. Alguns creem ser provável as coisas apresentadas por João virem a acontecer em nossa vida, "pois o tempo está próximo" (Apocalipse 1:3). Devemos estar preparados para o que está à frente. Deus não nos deu esse mapa para o ignorarmos. Ele, graciosamente, estendeu-nos um vislumbre do reino espiritual e do futuro para que pudéssemos conhecer seus propósitos e o tempo em que vivemos.

Adoração na Sala do Trono

Em Apocalipse 4:1-11, João recebeu um convite: "sobe para aqui", quando ele olhou e viu uma porta aberta no céu. Que convite maravilhoso – ouvir a voz de Jesus chamando-o para o céu! João disse que ele estava imediatamente "no espírito" (v. 2) e fitava uma cena que poucos tiveram a oportunidade de ver. Não consigo nem mesmo tentar compreender como João encontrou palavras para descrever a sala do trono do céu.

É do Trono que procedem todas as coisas que procedem de Deus. De acordo com Caio Fábio de Araújo Filho:

O Trono é o centro do universo, por isso ele tem que ser também o centro de nossas vidas. Para se ter uma ideia, a palavra “Trono” aparece 230 vezes em toda a Bíblia e, 45 apenas no livro de Apocalipse. No texto transcrito no início desta parte do livro, no capítulo 4, a palavra é repetida 12 vezes, sendo, portanto, mais frequente aqui do que em qualquer outra porção do mesmo. Poderíamos dizer que na visão do Apocalipse, tudo na vida acontece em volta do Trono, e fora dele não há nada que possa acontecer e ser ainda conhecido, clamado ou entendido como algo que vem da parte de Deus.10

No trono, está o Único. Sua aparência, João disse, era semelhante a uma pedra de jaspe e sardônio (v. 3). Lembrava duas gemas preciosas, que apareceram na placa peitoral do sumo sacerdote do Antigo Testamento. Havia um arco-íris em volta de seu trono, assemelhando-se a uma esmeralda (v. 3). Flashes de relâmpagos e sons de trovão saíam do trono. Em frente, havia sete lâmpadas de fogo acesas e um mar de vidro, transparente como cristal. Havia também 24 anciãos assentados em tronos, e quatro criaturas, diferentes de tudo o que conhecemos na terra, cobertas de olhos. Eles fitavam eternamente o que vive pelos séculos dos séculos (vv. 4-7).

Lá no céu, ao redor do trono, acontecia uma constante, contínua, eterna adoração.

Ele é Santo

Duas palavras, em particular, caracterizam esta adoração na sala do trono. A primeira, explodindo repetidamente das quatro criaturas viventes, é "santo": "Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo Poderoso, que era, que é e que há de vir" (v. 8b).

Quando pensamos em santidade, tipicamente pensamos em pureza moral. Contudo, santidade é muito mais. Ser santo é ser completamente separado e destacado do que é comum ou profano. Proclamar que Deus é santo é dizer que ele é completamente "outro", diferente de qualquer outro ou qualquer outra coisa que já existiu.

Juntamente à adoração e à sua santidade, as quatro criaturas viventes também declaravam sua eterna natureza (v. 8). Ele é o Deus "que era". Ele não tem princípio; sempre existiu na eternidade passada. Ele é o Deus "que é". O único verdadeiro Deus, onipresente, que se identificou como "EU SOU". Ele é o Deus "que há de vir". Seu reino nunca terminará, e nós desfrutaremos a eternidade com ele. Eles deram-lhe glória, honra e graças, porque Deus vive eternamente (v. 9).

Ele é Digno

A segunda palavra, proferida pelos 24 anciãos em resposta à adoração das quatro criaturas viventes, é "digno" (vv. 5-8). Segundo Caio Fábio: "Os Seres viventes O louvam porque Ele é digno. Os Vinte e Quatro Anciãos O louvam porque Ele é digno. João diz que os trilhões de seres do universo se curvam diante dEle proclamando que Ele é digno (Apocalipse 5:12-13)"11.

Dignidade normalmente implica que conquistamos algo pela virtude do que fizemos. Mas Deus é digno, não somente por causa do que faz; porém, mais importante, por causa de quem ele é. Ele é o Criador Soberano, pela vontade de quem tudo existe. Ele é digno de ser louvado, honrado, glorificado e agradecido.

Enquanto lemos e estudamos este capítulo, não negligenciemos a verdade da adoração, que vemos exemplificada aqui. Essa não é somente a adoração que Deus estabeleceu para si, no céu, mas creio que é a que deseja de nós também. Havia barulho, cores brilhantes e flashes de luz, muitas pessoas e vozes. Mas, acima de tudo, havia uma incessante, persistente, adoração a ele. Aqueles que contemplavam o Glorioso não conseguiam cessar sua adoração a ele; eram incapazes de parar.

Um Chamado à Adoração

O trecho a seguir foi retirado das anotações do sermão do Rev. Stephen Venable. Suas palavras desafiaram-me muito; creio que é um clamor à Igreja sobre o que está por vir, dando-nos uma chance de alinhar nosso coração com os propósitos de Deus.

Atualmente o globo está dominado por um barulhento desrespeito à glória de Cristo. Aquele que é Formoso, que criou todas as coisas e contempla todas as coisas, a cada novo momento, é esquecido, ignorado, desobedecido e blasfemado, dia e noite, nas cidades da terra. A desonra e a difamação empedernidas do Único, que dizemos ser tão precioso para nós, devem ser uma constante provocação nas profundezas de nossas almas. Ao invés disso, mal nos movemos – a ausência de estima pela glória dele nas nações nos causa pouca aflição e não evoca uma indignação. Mas, se estamos enxergando bem, devemos olhar as nações e clamar: "Deve haver um movimento de adoração [na terra]! Deus é digno de toda a glória!" O pensamento de um movimento de adoração é tão irrelevante para nós, porque o valor infinito de Cristo dificilmente molda nossa realidade. 12

 

8 JENKINS, Ferrell. The Island Called Patmos. Disponível em: . Acesso em: 12 jul. 2011, p. 1.

9 CESARÉIA, Eusébio de. História eclesiástica. São Paulo: Novo Século, 2002.

10 ARAÚJO FILHO, Caio Fábio de. Avivamento total: o cristão como verdadeiro modelo para a sociedade da qual faz parte. 4. ed. Niterói, RJ: Vinde Comunicações, 1995, p. 6.

11 ARAÚJO FILHO, Caio Fábio de. Obra citada, p. 12.

12 VENABLE, Stephen. The glory of Christ in the end-time worship movement. DVD Sermon. May 2, 2010.

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