É Tudo sobre Mim

Vivemos em um mundo do "eu primeiro". Somos ensinados a cuidar do Número Um (ou seja, nós mesmos), porque ninguém mais o fará. Nos negócios, ensinam-nos a lutar para subir a escada do sucesso e não prestarmos atenção em quem teremos que pisar. Anúncios inundam-nos com a filosofia de que o mais importante é conseguir o que queremos e cuidar de nós mesmos.

É claro que muito disso é apenas a natureza humana, fazendo o que ela sabe fazer de melhor. É por isso que as pessoas prestam atenção quando um altruísta, como a Madre Teresa de Calcutá, aparece. Ou, quando indivíduos benevolentes investem milhões na vida dos outros. Ou, quando grupos eclesiásticos sacrificam suas férias para ajudarem vítimas de desastres naturais. Esses exemplos formam um contraste em relação à cultura egoísta, que prevalece à nossa volta.

Imagine o barulho que Jesus faria hoje! Seu exemplo de humildade e de serviço aos outros seria um destaque diante da cultura moderna do "Eu Primeiro". Imagine o barulho que nós cristãos poderíamos fazer se moldássemos nossa vida dessa maneira. Isso é exatamente o que Paulo exortou aos filipenses, na passagem de hoje.

Egocentrismo em Filipos?

A paixão com a qual Paulo apelou a seus amigos filipenses, no começo do capítulo dois, deixa óbvio que havia um perigo, senão uma realidade, de a igreja cair na armadilha do "eu primeiro". Havia a cultura na qual eles viviam. Como uma importante colônia romana, Filipos imitava Roma a cada oportunidade, o que significa que, provavelmente, aquele povo adotava a prática romana de atribuir valor a indivíduos, baseando-se no status social. Além disso, a presença da cidade como um local importante para comércio e viagem fornecia amplas oportunidades para seus cidadãos tomarem parte da indulgência egoísta que os romanos modelaram para eles.

Esses hábitos poderiam ter se infiltrado na igreja já que vários convertidos de algumas camadas sociais reuniam-se para formarem um conjunto novo, não convencional, de indivíduos diferentes. Comparações e estigmas sociais seriam naturais. Adicione a isso o potencial para arrogância, levando a desacordos com sua nova doutrina e prática cristãs (especialmente se os judaizantes já os tivessem alcançado).

Paulo não lidou com esses fatos como se "isso é o que as pessoas fazem", mas confrontou-os. Por quê? Ele reconhecia o potencial destrutivo do egocentrismo. Para os indivíduos, o foco em si mesmo tinha o poder de levar a fé à ruína; para a igreja, a corrente enfraquecedora da divisão seria devastadora.

Sem Espaço para o Egocentrismo

Paulo começa seu ataque ao egocentrismo fazendo quatro perguntas que sabia serem respondidas com "sim" por seus irmãos, mas que também chamariam a atenção para as bases da fé, tão importante para eles: Você já recebeu algum encorajamento em Cristo? Já recebeu consolo de amor? Já sentiu a comunhão do Espírito? Já lhe foi mostrado afeto e compaixão? Claro que eles tinham de reconhecer que sim!

O apóstolo tinha preparado seus leitores para diminuírem quaisquer tendências egocêntricas (v. 2-3). "Se é assim que Deus tem tratado vocês, então como ousam tratar uns aos outros diferentemente?" (Paráfrase Osborn). Ele lembrou aos filipenses que demonstrar menos encorajamento, amor, compaixão e unidade para com seus irmãos incluiria um total desrespeito, não somente pela misericórdia de Deus, como também por todo o trabalho que Paulo fizera por eles.

Egocentrismo não poderia ser tolerado. Eles não deveriam permitir que essa filosofia, tão destacada na cultura à volta, se infiltrasse na igreja. Tinham de aprender a trocar a presunção por humildade e altruísmo por causa das necessidades dos outros. Paulo deixou claro que esse era um comportamento cristão não negociável. Se eles tivessem quaisquer dúvidas, não precisavam de outro exemplo além do de Jesus Cristo.

Assim, Paulo desafiou os filipenses a adotarem a atitude de Jesus. Isso exigiria que abandonassem, completamente, as atitudes anteriores, mundanas. Não haveria meio-termo ou acordo. Agindo dessa forma, estariam praticando a salvação (v. 12) – não em termos de ganharem o favor ou o perdão divino, mas em busca da vida para a qual Deus tinha salvado-os, demonstrando que o Senhor trabalhava por meio deles (v. 13).

Adotando a Atitude de Cristo

 

O exemplo de Jesus é tão útil para nós como o fora para os filipenses, ao rejeitarem o egocentrismo.

Paulo destacou alguns aspectos para todos adotarmos:

  1. Jesus renunciou seu "status social" (v. 6-7). Embora fosse, por natureza, Deus (que tinha de ser o maior status que alguém pudesse alcançar), ele não se apegou a tal status, ao respeito e ao orgulho que isso pudesse trazer-lhe. De boa vontade, negligenciou tudo para se tornar como os homens. Falemos de uma queda na condição social. Se devemos adotar a atitude de Jesus, não pode haver hierarquia – nada de "nós e eles" – no Corpo de Cristo.
  2. Jesus viveu como um servo (v. 7). Instruiu os que queriam segui-lo a aprenderem a servir aos outros dizendo: "Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos". (Mateus 20:28). Com frequência, pensamos que um cristão não pode servir até que esteja maduro em sua fé, mas a verdade é que servir e crescer estão unidos. Um dos motivadores mais eficientes para o crescimento da fé é o serviço para com os outros.
  3. Jesus obedeceu humildemente (v. 8). Ele não tinha sua própria agenda; não manipulou em prol de poder ou posição; não discutiu seu argumento até que todos concordassem com ele. Ele humilhou-se. Humildade envolve reconhecer que todos os valores vêm de Deus e aprender a ver a si mesmo e aos outros por seus olhos. A humildade de Jesus fez com que obedecesse ao plano divino, ainda que sua vontade humana lutasse contra isso, para morrer a morte humilhante e criminosa, em uma cruz.
  4. Jesus permitiu que a opinião divina importasse mais que a do homem (v. 9-11). É verdade que, no fim, ele foi exaltado, mas esse não era seu objetivo ou propósito. Ele deixou essa parte com Deus. Sua vida de humildade, serviço e obediência é um exemplo perfeito do que Deus pode e fará com nossa vida rendida. E, enquanto não chegamos ao fim dos tempos, ouvindo toda criatura que já viveu gritando nosso nome como Jesus fará, seremos privilegiados nesta vida ao dar glória e honra ao nome de Deus. E esse é nosso propósito na vida.

 

 

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