1 Pedro é um livro rico em entendimento. Para aproveitarmos o máximo, devemos fazer muitas perguntas. Nossa primeira pergunta é: “Para quem este livro foi escrito e o que estava acontecendo naquele tempo?” Em 1 Pedro 1:1 Pedro se dirige “aos eleitos que são forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia.”

 

A maioria dos estudiosos concorda que esta carta foi escrita em aproximadamente 67 d.C. pelo apóstolo Pedro em Roma. A razão que torna isto importante é porque em 64 d.C. grande parte de Roma foi destruída em um incêndio. O imperador Nero foi o primeiro a ser culpado por esta catástrofe. Para desviar a culpa de si, ele apontou o dedo para os cristãos. Os cidadãos romanos que acreditaram na história de Nero fi caram enfurecidos. O resultado foi horrível. Como ordenado pelos imperador, cristãos foram mortos por cães, incinerados, crucificados e coisas piores. Muitos acreditam que os “forasteiros” a quem Pedro se dirigia eram refugiados fugindo de Roma (Achtemeier, Green e Thompson, 2001). Nós já conhecemos as histórias da perseguição de Paulo à igreja que os cristãos enfrentaram, e agora vemos a perseguição de Roma. Com estas coisas em mente, continuemos a leitura.

Um tema principal em 1 Pedro é o sofrimento. Já discutimos um pouco sobre isto esta semana. Contudo, gostaria de ir um pouco mais fundo. Por que sofremos, qual é causa? Eis uma pequena lista de 1 Pedro: mestres insensatos (2.19), a prática do bem (3.17), pecado (4.1), o nome de Cristo (4.14), ser cristão (4.16), a vontade de Deus (4.19) e o diabo (5.9). Em 2 Timóteo 3:12 isto fi ca muito claro, “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” 1 Pedro 4:12 diz que nãofiquemos surpresos pelo “fogo ardente que surge” em nosso meio. Imagine-se no lugar da platéia de Pedro. Como seria fácil perguntar, “Foi para isso que entrei nessa?” Pensando na situação destas pessoas, a saudação de encorajamento dele no capítulo um parece muito apropriada. Felizmente, Pedro também deixou instruções sobre a maneira adequada de sofrer. Pode-se dizer que ele era especialista em sofrimento. Eis as dez maneiras de sofrer, segundo Pedro: na submissão aos senhores (2.18), permanecer pacientemente (2.20), sofrer como Cristo sofreu (2.21), ser inocente, não revidar, não ameaçar, confi ar o próprio ser a Deus (2.22,23), não devolver insultos com insultos ou mal com mal (3.9), não temer intimidações, não se atribular, santifi car Cristo como Senhor no coração, estar pronto para prestar contas da esperança que há em você, ser gentil e reverente, manter uma boa consciência (3.14-16), armar-se do mesmo pensamento de Cristo (4.1), confi ar sua alma a Deus na prática do bem (4.19), e resistir ao diabo e permanecer fi rme em sua fé (5.9).

A maioria dos conselhos de Pedro parece centralizar em um tema comum: humildade. Para a maioria de nós, nossa reação à perseguição pode ser exatamente oposta à humildade. O instinto nos diz para chegarmos ao topo, seguirmos adiante, enquanto Jesus nos diz que quem quiser ser o maior se tornará o servo de todos. Ele nos diz que se alguém tentar tirar algo de nós devemos dar mais do que pediram! Estes versículos em 1 Pedro indicam que estamos seguindo o exemplo de Cristo. Ele era Deus! Ele assumiu a forma de homem, ou seja esvaziou-se completamente de sua divindade, assumindo a forma de servo, que é a mais inferior para ele! Filipenses 2:5-8 diz que Jesus praticou a humildade defi nitiva. Ele foi humilde o bastante para tornar- se homem, um servo, e obediente até a morte em uma cruz (Obrigado, Jesus!).

Quando Jesus veio a esta terra, ele tinha um propósito: iria morrer na cruz. Ele preparou-se antecipadamente para isso. Da mesma maneira, precisamos nos preparar. Estamos aqui para nos humilharmos e nos tornarmos obedientes até a morte. Quando andamos neste tipo de humildade, não somos impedidos por perseguições e não fi camos zangados com nosso “fogo ardente”.

A maioria dos versículos em 1 Pedro que falam de sofrimento parecem estar falando sobre sofrer perseguição por estar associado a Jesus ou por causa da justiça. Contudo, o versículo 1 do capítulo 4 realmente me espantou. “Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado.” Se pensarmos na ideia de humildade e preparação para a morte do eu, este versículo faz muito mais sentido. Não estamos aqui simplesmente para viver por nós mesmos. Estamos aqui para estabelecer o Reino dos Céus na terra através de nossa obediência ao Pai. Por causa disto, morremos defi nitivamente para nossos direitos, para nossa própria carne. Vamos voltar a Filipenses 2:6-8 por um segundo. Temos uma grande fórmula para morrermos para o ego. Substitua todas as menções do nome de Jesus pelo seu nome. “Eu não julgo como usurpação o ser igual a Deus; antes, esvazio a mim mesmo, assumindo a forma de servo... / me humilho, tornando-me obediente até à morte, mesmo a morte de mim mesmo [meus planos, meus direitos, minha reputação e meu ego].”

Filipenses também diz que foi por causa da humildade de Jesus que Deus o exaltou nas alturas. Da mesma maneira, o Senhor não nos deixará sem recompensa! Tiago 4:10 diz que quando nos humilhamos, Deus nos exalta.

1 Pedro realiza um grande trabalho destacando o sistema de recompensa de Deus. Primeiramente somos lembrados em 1.7 que, depois de nossa fé ser testada, isso resultará em louvor, glória e honra na revelação de Jesus. Novamente em 4.13 está escrito, “alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando.” Algumas das recompensas, entretanto, são dadas imediatamente. 1Pedro 2.19 diz que os que experimentam sofrimento injusto encontram favor em Deus. Há dois textos, 3.14 e 4.14, que afirmam que os que sofrem são bem-aventurados. Minha promessa favorita, contudo, está no versículo 10 do capítulo 5: “... depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, fi rmar, fortifi car e fundamentar.” Que esperança pode-se extrair deste versículo, saber que Deus não nos abandonará em nenhum sofrimento, mas usará todas as tribulações em nosso benefício!

Como Pedro exortou seus irmãos a permanecerem fi rmes na graça de Deus, devemos encorajar uns aos outros a insistir e permanecer fi rmes na posição em que Deus nos colocou. Sabemos que as coisas que sofremos agora são minúsculas comparadas à glória que nos aguarda na revelação de Cristo Jesus.

Oremos juntos. “Senhor, ensina-me a sofrer. Derruba as montanhas de orgulho na minha vida que têm se colocado entre mim e a morte do ego. Faze tua vontade em minha vida e sê glorifi cado nela, não importa o custo. Ensina-me a regozijar-me no sofrimento, sabendo que minha fé preciosa resultará em glória, honra, e louvor na sua revelação. Em nome de Jesus, amém.”

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