O que é necessário para entrar no céu? Não falo do lugar das nuvens fofi nhas, lentas melodias na harpa e crianças bochechudas voando – mas aquele lugar onde se está totalmente vivo! Esse modo de ser no qual se sabe exatamente quem se é, qual é seu propósito, e se tem o desejo intocado e a liberdade para vivê-lo! Um lugar tão escondido na presença de Deus que medos atormentadores simplesmente não podem lhe encontrar, pensamentos injustos perdem seu brilho e não há razões para tristeza. O que é necessário para entrar neste lugar, pois “está escrito, ‘não há um justo, nem um sequer’” (Romanos 3:10)?

 

Jesus disse que “estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela” (Mateus, 7.14), e que devemos nos “esforçar por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão” (Lucas 13:24). O caminho para o céu – esse lugar de plenitude e liberdade apenas localizado na presença de Deus – é estreito. Sabemos pelas Escrituras que há somente uma porta que leva até lá – o próprio Jesus! Ele disse “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida!” E se isso não foi claro o bastante, ele explicou, “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6 ênfase acrescentada).

Ninguém é justo e o caminho é estreito, então como podemos entrar?

Buscar, Bater, Pedir, Implorar!

“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrirse- vos-á” (Mateus 7:7). Pedir requer humildade. É necessário resolver buscar continuamente. E coragem é exigida para bater na porta – a única coisa entre nós e o desconhecido atrás dela. A mulher gentia descrita em Marcos 7:24-30 demonstrou todas as três qualidades quando pediu o milagre improvável, buscando cura para sua fi lha ao bater na única porta que leva à plenitude celestial.

É útil entender o signifi cado completo por trás de cada palavra que Jesus cuidadosamente escolheu. Com a palavra filhos (v. 27), Jesus referia-se aos filhos “legítimos” de Deus, os israelitas. Em um duro contraste, a palavra cães foi uma afirmação derrogatória com a mesma conotação, no modo de maldizer do português moderno, de cadela, e era comumente usada para se referir aos gentios. Resumindo, Jesus disse à mulher que os israelitas deveriam ter prioridade sobre os gentios para receber seu ministério e sua declaração de rejeição não foi suavizada.

Ela procurou Jesus determinada. A despeito do desejo de Jesus que seu paradeiro permaneça anônimo, ela procurou por ele até encontrá-lo. E ainda assim o pedido dela recebeu uma desencorajadora – até ofensiva – resposta. Deus diz: “meu justo viverá pela fé; e se retroceder, nele não se compraz a minha alma” (Hebreus 10:38).

Será este realmente o tipo de fé que ele requer – a que implora? Devo admitir o quanto facilmente desencorajado posso ficar mesmo com o mais suave e gentil “Não” do Senhor! Com que frequência me ofendo com sua majestade – seu legítimo e exclusivo direito de especificar minha identidade e meu destino! Embora eu possa apenas imaginar como o Espírito Santo a preparou para este momento, ela respondeu, dizendo-lhe: “Sim, Senhor; mas os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças” (v. 28). O que havia nesta resposta que motivou Jesus a dar-lhe um pedaço do céu?

O Implorar que Agrada a Deus

Algumas pessoas vão a Deus com um tipo de fé, mas sem humildade. Outros vão a Deus com um tipo de humildade, mas sem fé. Mas se as duas forem combinadas, se tornam algo poderoso. A combinação da fé com a humildade em uma pessoa, certamente aciona a compaixão de Jesus mais rapidamente que qualquer outra abordagem. Porém, mais que um apelo rudimentar ao caráter de Deus, eu ousaria argumentar que a fé unida à humildade é a posição fundamental que abre o céu para nós!

As Escrituras insistem que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11:6), e defi nem este elemento crítico como ter “a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se vêem” (Hebreus 11:1). Fé é simplesmente uma posição de confi ança. O tipo de fé que agrada a Deus e leva à salvação, contudo, depende completamente do local de nossa confi ança. Embora meu orgulho queira esperar (e estar certo) de que eu sou bom (algo fabuloso, de verdade!), e há uma coisa em mim que adoraria estar convicta de minha própria bondade, este tipo de confi ança mal colocada levaria a minha total destruição. O único lugar seguro (e honesto) para depositar minha confi ança é em Jesus, pois “vocês morreram e sua vida está agora oculta com Cristo em Deus” (Colossenses 3:3 NVI). Sou tão agradecido que Deus, o Bom Pastor, constantemente testa onde deposito minha confiança!

Caso entendamos que guardar a fé requer a confi ança depositada somente em Cristo, não será difícil de vermos que a humildade e a fé são qualidades inseparáveis. Humildade é a verdadeira submissão inteiramente fundamentada em reconhecer a verdade sobre a identidade dele e a nossa. Onde as Escrituras dizem que “sem fé é impossível agradar a Deus”, segue-se explicando, “porquanto é necessário que 81 aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6). Reconhecer que ele é o “EU SOU” que criou todas as coisas tangíveis e intangíveis, e que confrontou Moisés do centro de uma sarça ardente que não se consumia (Êxodo 3) certamente inspirará humildade! O mesmo Deus que recompensa aqueles que o buscam demonstra seu verdadeiro caráter e revela-nos seu coração. Isto encoraja nossa confiança nele.

O que capturou o olhar de Jesus quando olhou para a mulher siro-fenícia? O que o levou a responder e garantir o pedido dela? Ela demonstrou humildade sincera ao aceitar a afirmação a respeito dela (como gentia) sem ofensa; e ainda persistiu, colocando completa confi ança na habilidade e na bondade dele para curar sua filha. Este é o caminho estreito – entre a confiança em Jesus e a humildade para com ele – no qual devemos trilhar.

As ações da mulher siro-fenícia me forçam a fazer as perguntas: sou capaz de aceitar as afi rmações do Senhor sobre mim sem ficar profundamente ofendido? Estou decidido a persistir confi antemente em sua presença, no caminho de Jesus, embora não seja inerentemente digno de estar lá?

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova- me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Salmos 139:23-24).

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