Tudo em família

Indiferente de como nos sintamos em relação a nossa família, os relacionamentos familiares são alguns dos mais fortes laços que existem. A vida no lar molda cada indivíduo. No lar aprendemos como viver, amar, nos relacionarmos com outros e muitas outras habilidades vitais. É por essa razão que despendemos muito tempo e energia, pelo menos deveríamos agir assim, em nossas igrejas falando sobre como construir famílias fortes e saudáveis.

 

Não deveria ser motivo de surpresa, o fato de Paulo ter investido tempo discutindo os relacionamentos familiares em boa parte da carta aos Efésios. Se o nosso relacionamento com Cristo não está fazendo nenhuma diferença em nossa família, então a autenticidade de qualquer outra mudança deve ser colocada em cheque. Cada um de nós deve prestar atenção para a forma que estamos vivendo nossa fé cristã no contexto de nossos relacionamentos familiares.

Entendendo as Escrituras

Em Efésios 5 Paulo dá instruções sobre deixar que nossa vida refl ita a luz de Deus. Podemos nos esforçar por cumprir isto nos enchendo do Espírito Santo (v.18b). Ser cheio de algo signifi ca ser controlado por ele. Portanto, ser “cheio do Espírito” signifi ca ser constantemente controlado pelo Santo Espírito em cada aspecto de nossa vida. O apóstolo então, descreve evidências práticas de ser continuamente controlado pelo Espírito: alegria (v.19), adoração pessoal (v.19), gratidão (v.20) e submissão (v.21).

Paulo frisou que nossos relacionamentos devem ser marcados pela sujeição mútua, o ato de voluntariamente render-se à autoridade. A submissão não é estabelecer quem está no poder, mas como nós respondemos a tal autoridade. No exército romano (assim como com os maridos/esposas, pais/fi lhos, patrões/servos), o sujeito não tinha nenhuma opção sobre estar debaixo da autoridade de outrem. Naquela época, estava implícito a “propriedade” em todas estas relações. O que estes indivíduos “pertencentes” poderiam escolher era como responderiam à autoridade. Paulo exorta os cristãos a se renderem voluntariamente a aqueles em posição de autoridade, em lugar de lutar contra eles.

Perceba a razão que o apóstolo dá para a submissão (v.21): temor ou reverência por Cristo. Nossa submissão às autoridades deve refl etir nossa subserviência a Cristo. Se ambas as partes envolvidas (o superior e subordinado) são verdadeiramente submissos ao Senhor, então a subserviência será uma autoridade dada por Deus, e não apenas sadia mas também benéfi ca para todos os envolvidos. Corações e mentes realmente submissos a Cristo não vão concordar sempre em tudo, mas irão partilhar de objetivos comuns e marcharem juntos. A rebelião é uma indicação que uma das partes (ou ambas) não está completamente submissa à vontade de Cristo.

Paulo lindamente demonstra este princípio com o exemplo do relacionamento conjugal. Olhando às admoestações de Paulo, podemos ser tentados a pensar que ele era sexista (ou machista) e unilateral. Mas devemos lembrar que Paulo não estava estabelecendo uma ordem de autoridade, mas sim mostrando como maridos e esposas cristãs podem honrar Cristo através do casamento.

Primeiramente, ele olha para o papel das esposas, instruindo-as a abraçarem a liderança de seus esposos. O exemplo para elas é encontrado na forma como a igreja abraça a liderança de Cristo. Isto não deve ser visto como humilhação, fraqueza ou desvalorização da mulher. Muito pelo contrário, precisa ser visto que existe um poder incrível em uma equipe unida num propósito.

A Bíblia é muito clara sobre a igualdade universal em Cristo. Liderança não tem nada a ver com importância, valor ou força. Liderança é tão somente o papel que o marido foi chamado a desempenhar no relacionamento matrimonial. Se o marido é um líder numa maneira que honre a Deus, a esposa seguindo sua liderança fortalecerá a si própria, sendo unida ao marido em busca de cumprir um propósito comum, ao invés de dividir suas forças lutando contra o marido.

Muitos pensam que a tarefa do marido é mais fácil. Vamos olhar para o seu papel. A instrução de Paulo ao esposo cristão foi de amar a sua esposa. Fácil, não é mesmo? É fácil até lembrarmos do padrão dado pelo apóstolo, o amor de Cristo por sua igreja! Cristo cuidou da igreja como seu próprio corpo e literalmente deu a sua vida para ela. O marido é chamado a amar segundo este padrão!

Para o marido verdadeiramente submisso à liderança de Cristo, não há lugar para arrogância, abuso de autoridade ou autopromoção dentro de seu papel de líder. Jesus veio como um servo-líder, cujo único interesse era o bem dos seus seguidores. Assim como Cristo aceitou a igreja como seu próprio corpo, o esposo precisa reconhecer que ele e sua esposa foram unidos como “uma só carne” (v.31). A liderança conjugal tem que refl etir um comprometimento para o bem da “uma só carne”, e não pode buscar o bem individual. Ele deve esforçar-se plenamente em conhecer e compreender a sua parceira, descobrindo os pontos fortes e fracos dela, bem como os seus, de modo a saber como eles podem trabalhar juntos, como uma equipe. As decisões, objetivos e planejamentos devem ser feitos em conjunto e com base naquilo que é melhor para o bem dos dois (ou da “uma só carne”).

O relacionamento entre pais e fi lhos demonstra qualidades similares e dessemelhanças óbvias. O apóstolo instrui os filhos a obedecerem a seus pais. Esta obediência manifesta a submissão deles à autoridade de seus pais. Entretanto, eles devem ser capazes de fazê-lo na confi ança de que os pais estejam realmente submissos ao Senhor, e tenham o melhor interesse dos seus filhos no coração. Os pais (e aqui especifi camente o pai) devem levar a sério sua responsabilidade de conduzir os seus filhos nos caminhos do Senhor. Lições para a vida

1. O verbo vinculado à instrução de “ser cheio com o Espírito” (v.18) literalmente signifi ca continuar sendo enchido. Fazemos isto ao nos dedicarmos à oração e ao estudo da Palavra de Deus diariamente. Aliás estas disciplinas espirituais são cruciais em nossa submissão ao Senhor.

2. Também é de vital importância dedicarmos tempo, todos os dias, para orar e estudar a Palavra de Deus com nosso cônjuge e nossos f lhos, a fim de assegurar que continuemos submissos juntos ao mesmo líder: Cristo! Quando permitimos que Ele saia (ou seja quando o deixamos de lado) de nossos relacionamentos, perdemos a conexão uns com os outros e começamos a perder a confi ança no comprometimento do outro de liderar/seguir com uma mente totalmente comprometida com os propósitos de Cristo.

3. Se nosso cônjuge, fi lhos ou pais não estão seguindo a Jesus Cristo, nossa responsabilidade primária é orar pela salvação deles e por sua submissão à liderança de Cristo.

4. O papel de liderança do esposo será olhado diferentemente em cada matrimônio baseado nas personalidades envolvidas. Grande cuidado deve ser tomado para trabalhar este relacionamento, para garantir a compreensão de ambas as partes sobre a forma como isto vai funcionar. A comunicação é a chave para o sucesso.

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