Explanação

No terceiro capítulo de Tiago, somos indagados sobre uma importante questão: “Quem dentre vós é sábio e entendido?” (Tiago 3:13a). Como podemos responder esta indagação? Afinal de contas, ninguém pode se autoproclamar sábio. Quem é verdadeiramente sábio? A resposta vem da próxima sentença de Tiago: Mostre pelo seu bom trato, por suas obras em mansidão de sabedoria”(Tiago 3:13b). Ou seja, alguém sábio será reconhecido pela qualidade de sua vida. Essa pessoa será reconhecida como alguém de boas obras e humilde.

Estamos estudando as imagens de Cristo em nós, tiradas do livro de Tiago. Hoje analisaremos a ideia de sermos sábios e cheios de boas ideias. Jesus era sábio e repleto de boas ideias em seu relacionamento com as pessoas. Somos, portanto chamados a refletirmos esta imagem de Cristo em todos os nossos relacionamentos.

Há, entretanto, um problema que todos podemos encontrar, “todos tropeçamos em muitas coisas.” (Tiago 3:2). Nossos tropeços com frequência ferem outras pessoas; prejudicam nosso relacionamento com elas. O problema é que ao invés de sermos sábios e profícuos, muitas vezes nos encontramos sendo néscios, insensatos e egoístas. Este comportamento não reflete nosso Salvador, mas sim nosso algoz. Este é um problema significativo, que deve ser abordado com seriedade. É Isto exatamente que Tiago fez no capítulo 3 da sua epístola.

Tiago escolhe destacar um aspecto específico no qual tropeçamos: nossa fala. Esta é uma parte criticamente importante de nossa interação cotidiana com outras pessoas. Por uma questão de fato, Tiago fez a forte alegação de que se pudermos controlar nossa língua, então poderemos controlar todo o nosso corpo (versículo 2b). As analogias que ele usou são poderosas: assim como um pequeno freio controla um grande cavalo, e um pequeno leme direciona um enorme navio, assim também nossa pequena língua podem controlar a direção de nossa vida inteira (versículos 3-6). Nossa língua pode controlar o nosso destino. Por isso, o nosso falar é tão importante. Não devemos nos surpreender, então, que Tiago já tivesse abordado esta questão por duas vezes em sua carta (1:26 e 2:12). O que dizemos a outras pessoas é extremamente importante.

Exploração

Por que nossas palavras são tão importantes? Porque o que dizemos às pessoas tem um efeito imenso sobre elas. Tiago sabia disso, e por isso estava concernido sobre o que falamos às pessoas. Ele usou a analogia do fogo para advertir-nos sobre isso (verso 6). Um incêndio pode começar com uma simples fagulha, e se ficar fora de controle pode causar tragédias. Uma vez neste estado, pode causar sérios danos a algo ou alguém.

Alguma vez você já tentou apagar um fogo fora de controle? Há situações em que é impossível extingui-lo até que seja consumido todo o “combustível” que está alimentando as chamas. As nossas palavras podem ser assim. O que dizer a alguém que está fora de controle. Nossas declarações podem ir numa direção totalmente diferente da nossa intenção inicial. As nossas palavras podem causar sérios danos às pessoas e, portanto, aos nossos relacionamentos.

Podemos pensar que controlamos nossas próprias ações, porém certamente não temos nenhum controle sobre as atitudes dos outros. Isto é vem à tona quando o que dizemos às pessoas levam-nas a atitudes que causam ainda mais danos. Alguma vez você já experimentou o ciclo da escalada da raiva? Você é ofendido por aquilo que alguém lhe disse, por isso, com irritação, você responde com palavras que deixam a pessoa furiosa. Em resposta, essa pessoa pode replicar com uma rajada de fogo de palavras zangadas, ou pode agravar ainda mais a situação, realmente fazendo algo além de dizer alguma coisa. Os danos às pessoas e aos relacionamentos podem ser imensos e irreversíveis. Situações como esta são muito comuns, e são muitas vezes incentivadas pelas palavras de alguém. As nossas palavras têm grande impacto no resultado de uma situação. Como Provérbios 15:1 adverte, “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.”

Como podemos controlar nossa língua de forma a darmos respostas brandas em lugar de palavras duras? Infelizmente, segundo Tiago no verso 8, não somos capazes de domar nossa língua. O que, então, podemos fazer para prevenir de que a nossa língua incendeie a nós mesmos e a outros? O que pode nos ajudar é um processo de duas etapas.

Encorajamento

O primeiro passo é estar ciente. Nos versos 9-12 Tiago faz-nos sabedores de um fato crucial: nossa língua pode ter mais de um senhor. Um pode usá-la para bons propósitos, com louvar a Deus. Porém, outro pode usá-la para o mal, por exemplo, para ferir as pessoas.

Então nos versos 13-18, Tiago identifica que são estes dois senhores: um é a sabedoria que vem de Deus, enquanto o outro é a sabedoria que vem do mundo (ou seja, do maligno). O que precisamos entender é que podemos escolher qual dessas sabedorias buscaremos. Se buscarmos a sabedoria divina, então, seremos capacitados a usar nossa língua para o bem, porque a sapiência de Deus traz consigo a humildade (verso 13) ao invés do orgulho, da autossuficiência, do sentimento faccioso e da inveja (verso 14). A inveja e a ambição egoísta incitar-nos-ão a reagir às circunstâncias externas de uma situação, muitas vezes levando-nos a dizer coisas que magoarão pessoas. A humildade, no entanto, permitir-nos-á refrearmos um pouco nossa língua, para que possamos olhar para as causas internas da situação. Por exemplo, saber o porquê de uma pessoa estar zangada conosco é muito mais valioso do que simplesmente saber que ela está zangada. A humildade nos permite formular a questão acerca da motivação, antes de responder a uma pessoa com palavras duras. Isto nos torna mais capazes de responder de uma forma que possa reduzir a ira e eventualmente trazer paz para a situação.

Estarmos cônscios de que podemos escolher o tipo de sabedoria que seguiremos é uma bênção maravilhosa. Esta bênção não é derramada sobre nós a não ser que coloquemos em prática em nossas escolhas no dia-a-dia. Devemos escolher seguir ativamente a sabedoria de Deus. Esta é a segunda etapa do processo de domar a nossa língua.

Pode até parecer uma escolha fácil de praticar, porém no calor do momento muitas vezes torna-se quase impossível. Quantos de nós, após ser ferido pelo comentário de alguém, respondemos imediatamente com ira, sem nem mesmo ponderar na situação? Este é geralmente o modo natural de comportamento do ser humano.

Tiago, entrementes, nos chama a nos comportarmos de um modo sobrenatural. O que inclui ter o Espírito de Deus habitando em nosso coração e liderando-nos a escolher a sabedoria divina. O Espírito de Deus somente habita em nós quando o convidamos e permitimos que Ele faça parte de todas as áreas da nossa vida. O melhor momento para fazer este convite é no início de cada dia, antes de nos encontrarmos em uma situação difícil com alguém. Muito provavelmente não faremos este convite no meio de um conflito, de um desentendimento, de uma situação difícil. Por isso, é necessário fazermos o convite antes. Você tem permitido que o Espírito Santo o lidere em todas as situações da sua vida?

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