Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.
Efésios 4:15-16
Segundo o dicionário online de português, em linhas gerais, integração significa: ação de incorporar, de unir os elementos num só grupo. Aplicado esse conceito em sociologia temos: Ação de incorporar por completo os indivíduos estrangeiros ao cerne de uma comunidade ou de um país, criando uma sociedade única .
No que diz respeito a fraternidade cristã os conceitos acima citados são pertinentes pois, um dos resultados da vida cristã em comunidade é unir pessoas criando uma sociedade única, uma grande família, um corpo, como cita o apóstolo Paulo em muitas de suas cartas.
Em todas as áreas da nossa vida estamos direta ou indiretamente passando por processos de integração: um novo emprego, início de um ano letivo na escola ou faculdade, estreitamento de novos laços familiares através de um relacionamento afetivo, entre outros. Não é diferente quando a pessoa inicia a caminhada de fé depois de ter entendido as Escrituras e recebido Jesus como seu Senhor e Salvador. O novo convertido passa pelo processo de integração ao Corpo de Cristo, a Igreja, e passa a ser parte deste como membro único e indispensável.
Nesta lição veremos como isso ocorre tanto do ponto de vista da Igreja como integradora e do ingressante que passa a fazer parte da mesma.
FAZENDO PARTE DO CORPO (1 Coríntios 12:12)
A analogia que Paulo faz entre a vida cristã em comunidade e o corpo humano é perfeita para exemplificar como deve ocorrer o processo de integração na comunidade dos salvos por Cristo Jesus. Na Igreja, a pessoa é parte de um corpo e cresce na medida em que coopera com o crescimento desse corpo.
Em primeiro lugar, a Igreja como integradora, deve fazer com que cada indivíduo perceba que ele “faz parte” de algo. Sentir-se parte de “alguma coisa” faz toda a diferença no processo de integração, isso vale para todas as áreas da vida, mas em especial na vida cristã. Se uma pessoa, que se achega a Igreja, não se sentir parte dela, certamente ela não permanecerá na comunidade. Por isso é fundamental que os crentes ajudem o novo convertido a encontrar o seu lugar no “corpo”. Aliás, uma boa explicação sobre o qual “corpo” se está falando é muito importante, tendo em vista que, o que parece óbvio para o cristão maduro, algumas vezes é incompreensível àquele que é novo na fé.
Em segundo lugar, o ingressante à comunidade de fé precisa estimular-se ao crescimento e desenvolvimento. Depois que encontramos o nosso lugar no corpo, lembrando que há lugar para todos, precisamos desenvolver a função para qual Cristo não apenas nos chamou a fazer, mas nos capacitou para ela, afinal Ele é o cabeça.
A igreja integradora faz com que cada um perceba que faz parte de algo e quem se ingressa na comunidade de fé precisa estimular-se ao crescimento e desenvolvimento. Este dois princípios são fundamentais para o crescimento e amadurecimento na fé. |
SENTINDO-SE PARTE DO CORPO (Romanos 12:4 5)
Apenas fazer parte de algo não é suficiente, é necessário sentir-se parte daquilo. Parecem duas coisas iguais, mas embora existam semelhanças, há diferenças. Sentir-se parte da Igreja (o corpo) vai além de ter uma carteirinha de membro, um certificado de batismo ou usar uma camiseta com a logo da mesma.
Para exemplificar melhor essa questão vamos recorrer a analogia que Paulo faz ao corpo humano quando diz: “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, todos os outros se alegram com ele” (1 Coríntios 12:26). Cada pessoa deve sentir-se parte do corpo. Por exemplo: quando a mão direita se fere por algum motivo, a esquerda cuida dos ferimentos daquela. Assim é na Igreja, quando um irmão está ferido e machucado, os demais devem cuidar deste. Desta maneira aquele que se feriu se sentirá parte do corpo, pois a sua dor é a dor do corpo.
Vamos explorar melhor essa analogia do corpo para entender a diferença entre fazer parte do corpo e sentir-se parte dele. Para isso vou contar um fato que ocorreu comigo: quando eu era um adolescente eu costumava ir jogar futebol com alguns colegas em um campinho de areia perto da casa dos meus pais. Sempre juntava um grupo na praça para jogar. Um destes garotos que participava tinha uma prótese móvel (uma perna de pau). Certa vez, fiquei assustado, quando aquele garoto, sentado ao lado do campo, retirou a sua “perna” (a prótese), colocou-a sobre suas coxas e começou a batucar nela como se fosse um batuque10. Acredito que já foi possível captar a mensagem. A perna daquele garoto fazia parte do corpo, mas não era o corpo.
Sentir-se parte do corpo é fundamental no processo de integração à vida cristã. Isso vale, não só para os momentos de sofrimento, mas na alegria também: “se um deles é honrado, todos os outros se alegram com ele” (1 Coríntios 12:26b). Conta-se que um famoso pintor fez uma linda pintura sob o olhar de uma grande plateia que o observava. Quando ele conclui sua obra todos começaram a aplaudir e ele prontamente agradeceu. Ao seu lado, durante os aplausos, havia um garotinho que também se curvava recebendo as honrarias. Alguém da plateia perguntou ao pintor: “por que você permite que esse garotinho receba as honras junto, se foi você quem pintou o quadro?”. O pintor responde: “Eu pintei o quadro, mas é ele quem lava os meus pincéis”.
Sentir-se parte da Igreja (o corpo) vai além de ter uma carteirinha de membro, um certificado de batismo ou usar uma camiseta com a logo da mesma. Envolve comungar dos mesmos sentimentos e ter cooperação mútua uns com os outros. Não pode ser parte do corpo sem estar ligado a ele. |
ALGUNS EXEMPLOS BÍBLICOS (Atos dos Apóstolos 9:26 e 27; 18:24-28)
A partir de agora veremos dois exemplos que nos ajudarão entender melhor a importância da integração na vida cotidiana da Igreja e como isso faz toda diferença na vida daquele que está se achegando à comunidade.
No primeiro deles vamos explorar como isso ocorreu na vida do apóstolo Paulo. Vejamos o texto:
“Quando chegou a Jerusalém, Saulo procurou juntar-se aos discípulos de Jesus. Porém todos tinham medo dele, não acreditando que ele fosse discípulo. Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos. Contou-lhes como Saulo tinha visto o Senhor no caminho, e que o Senhor tinha falado com ele. Também contou como, em Damasco, Saulo tinha pregado ousadamente em nome de Jesus” (Atos dos Apóstolos 9:26,27).
Aqui percebemos nitidamente o papel fundamental de Barnabé como agente integrador entre um novo convertido,
Saulo, e a Igreja de Jerusalém. Mesmo que Saulo tivesse tido um encontro pessoal com Jesus, sido batizado e estivesse totalmente decidido a ingressar no caminho dos salvos, o apóstolo encontrou dificuldade em ser recebido pela congregação cristã daquele lugar. Infelizmente, os antecedentes de Saulo não lhe davam muito crédito diante dos cristãos, mas havia naquela comunidade alguém que tinha boa reputação e confiabilidade, um homem chamado Barnabé.
O testemunho de Barnabé a favor de Saulo foi o elo entre o apóstolo e os discípulos. Porém, algumas vezes, a Igreja local cria algumas barreiras que precisam ser rompidas a fim de que novos convertidos sejam participantes do “corpo”. Cada Igreja enfrenta sua realidade, por exemplo: uma igreja inserida em uma favela talvez tenha dificuldade em receber um traficante “barra pesada” que se converteu. Ou então, igrejas que são perseguidas por extremistas islâmicos receiem receber um mulçumano que se rendeu a Jesus e deseja participar da comunidade cristã. Por isso é importante que aquele que participou da conversão do novo ingressante seja o elo deste na comunidade.
Alguns erros que muitas vezes cometemos é que levamos as pessoas até Jesus, mas depois as abandonamos na Igreja. Existe todo um processo de cuidado e zelo que precisa ser respeitado e parece que Barnabé cumpriu bem esse processo, não apenas no início, mas no decorrer da caminhada quando, por um tempo, acompanhou Paulo em sua primeira viagem missionária.
O segundo exemplo que tomaremos como referência é de um casal, e parte de sua história também foi registrada no livro de Atos:
“Nesse meio-tempo, chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloquente e poderoso nas Escrituras. Ele era instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João. Apolo começou a falar ousadamente na sinagoga. Quando Priscila e Áquila o ouviram falar, levaram-no consigo e, com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus. Quando ele resolveu percorrer Acaia, os irmãos o animaram e escreveram aos discípulos para que o recebessem bem. Tendo chegado, Apolo auxiliou muito aqueles que, mediante a graça, haviam crido; porque, com grande poder, convencia publicamente os judeus, provando, por meio das Escrituras, que Jesus é o Cristo” (Atos dos Apóstolos 18:24-28).
Neste caso observamos o cuidado que Priscila e Áquila tiveram sobre um judeu chamado Apolo. Com todo amor eles instruíram este sobre alguns assuntos que ainda eram desconhecidos por ele. Apolo era alguém com muito potencial, esforçado e sincero naquilo que fazia, mas alguns pontos em sua vida cristã ainda precisavam ser lapidados e o casal soube trabalhar isso. Nas nossas igrejas não é diferente. Há muitas pessoas que estão iniciando a caminhada, são muito esforçadas e desejam ardentemente servir no Reino, mas que ainda precisam de uma atenção especial. Devemos ter muito cuidado nesse processo de instrução. Isso envolve empatia e sensibilidade. Precisamos ter bom senso. O que é muito claro para alguns pode ser um pouco obscuro para outros. Como diz o ditado: “tudo é fácil para quem já sabe fazer”.
Um segundo aspecto que percebemos sobre a importância que Áquila e Priscila tiveram no ministério de Apolo foi o apoio dado a ele, e isso se apresenta em dois sentidos:
- Eles incentivaram Apolo. O texto diz que os “irmãos o animaram”. Como é importante para um novo convertido
ser incentivado por sua comunidade! Palavras de ânimo e coragem são fundamentais nesse processo. - Fizeram boas recomendações: Apolo estava tão disposto depois de ser instruído com mais exatidão sobre
o Evangelho de Jesus que não queria ficar parado, decidiu ir para Acaia. Ele não apenas foi animado por Priscila e Áquila, mas recebeu uma carta de recomendação para levar às igrejas daquela região. Não sabemos qual era o conteúdo exato da carta, mas o significado dela foi muito importante na vida de Apolo.
Assim, percebemos por estes dois exemplos que o processo de integração na igreja é um dos principais fundamentos para o crescimento e desenvolvimento da mesma. Notamos também ue nós precisamos ser agentes integradores e que está em nossas mãos o dever de sermos elos entre aqueles que se achegam à comunidade cristã e seus irmãos já participantes.
Barnabé, Priscila e Áquila são exemplos bíblicos de pessoas integradoras. Em momento oportuno acolheram, encorajaram, orientaram, estimularam e ajudaram novos crentes a se integrarem ao corpo de Cristo e assim crescerem na fé. Tanto Paulo como Apolo foram homens usados por Deus, mas antes passaram pelo processo de integração, sendo inseridos na comunidade de fé. |
CONCLUSÃO
Gostaria que você recordasse algum momento de sua vida em que você se deparou diante de uma situação que
tudo e todos eram estranhos ao seu redor: um novo emprego, uma nova escola, um novo desafio. Como foi? Acredito que talvez, algumas (ou muitas) dificuldades surgiram. Todavia, nessa caminhada apareceram pessoas que fizeram a diferença para nós, nos ajudaram no processo de adaptação e tornaram as coisas um pouco menos assustadoras. O alvo desta lição para nós hoje é: “seja essa pessoa na vida de alguém”. Obviamente, não apenas nas situações cotidianas da vida, e sim, principalmente no Reino de Deus, no seio da Sua Igreja.
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE
1. Qual a diferença, segundo a sua opinião e o estudo de hoje,
entre “fazer parte de algo” e “sentir-se parte de algo”? Como
isso se aplica à Igreja?
R.
2. Cite pelo menos duas dificuldades que um novo convertido
pode enfrentar ao ingressar na comunidade dos salvos. O que
podemos fazer para ajudá-lo ?
R.
3. Como a analogia comparativa que Paulo faz entre o corpo humano e a Igreja pode nos ajudar a entender a igreja como um lugar de integração? (Romanos 12:4-5; 1 Coríntios 12:12-27; Efésios 4:4)
R.
4. O que significa para você ser um “Barnabé” na igreja?
R.
5. Qual a importância do nosso incentivo no início da caminhada de um cristão?
R.