E ofereceram, no mesmo dia, grandes sacrifícios e se alegraram; porque Deus os alegrara com grande alegria; e até as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que a alegria de Jerusalém se ouviu até de longe.

Neemias 12:43

INTRODUÇÃO


   Durante várias décadas (mais de 70 anos), o povo judeu viveu como estrangeiro em terras distantes de Canaã, sua terra-mãe. Deus havia decretado o cativeiro babilônico como punição pelos pecados de Jerusalém. Agora, o Senhor os traz de volta para que se restabeleça o verdadeiro culto na cidade santa e, desta vez, com uma geração de judeus mais sincera e temente. A cidade, até então em ruínas, desabitada, com o seu fabuloso templo queimado e os muros em volta de Jerusalém derrubados, foi reconstruída com muito empenho e sacrifício dos seus moradores que vieram do exílio.
   Agora chegou o tempo de dedicação da obra ao Senhor. Tudo aquilo que Deus permitiu ao povo fazer pela reestruturação da cidade de Davi, deveria ser oferecido em consagração a Ele, bem como a alegria de um povo feliz. Felizes por ver que o seu Deus jamais os abandonou, antes mostrou que uma nação arrependida pode muito bem ser restaurada, pois, Aquele que fez a promessa é fiel!


FAZENDO ESCOLHAS PELO BEM ESTAR COLETIVO. (Neemias 11:1-2)


   Após a conclusão das obras na cidade de Jerusalém, o povo judeu deveria providenciar habitantes para aquela capital. O texto de Neemias 7:4 afirma que: A cidade era espaçosa e grande, mas havia pouca gente nela...” Uma grande preocupação dos líderes judeus era fazer com que a cidade fosse devidamente habitada. Isso garantiria o bom andamento da economia e segurança geral da nação.
   No verso primeiro do capítulo onze lemos que um décimo da população foi escolhida por sorteio para habitar na cidade principal dos judeus. O restante do povo ocuparia as demais cidades de Judá e Benjamim. O segundo verso nos fala em uma bênção especial do povo para aquelas pessoas que, voluntariamente, se prontificaram em habitar na metrópole judaica. Os líderes de Judá também habitavam ali com as suas respectivas famílias. Vimos aqui, um grande movimento nacional para que o bem estar coletivo fosse uma realidade para toda a nação.

   “O capítulo 11 concentra-se na ‘fortificação da força física, humana e governamental de Jerusalém,’ bem como ‘na centralidade renovada da cidade santa.’ Embora os líderes já vivessem em Jerusalém, eram necessárias mais pessoas para repovoar a capital estéril de Israel. Na verdade, os repatriados precisavam se engajar em um projeto ativo de urbanização. [...] Não nos é dito como o povo chegou à decisão de que 10% das pessoas deveriam residir em Jerusalém, mas não há nenhuma evidência de desacordo. Yamauchi sugere que a população de Jerusalém, na época de Neemias, tinha diminuído para 6.000 pessoas.
   Jerusalém é apresentada aqui como ‘cidade santa,’ uma expressão usada de modo escasso no Antigo Testamento, mas duas vezes em Neemias”
.

   Oportuno nos é lembrar que, na Igreja contemporânea, existe a necessidade de pessoas que venham doar mais de si mesmas para o bem de todos. Nem sempre contaremos com a plena disponibilidade de muitos cristãos para o
serviço mais efetivo na obra do Senhor. Por isso, faz-se necessário que todos se unam em oração para que Deus
toque no coração das pessoas, a fim de que estas venham colocar suas vidas à disposição do ministério evangelístico 
em suas igrejas. Necessitamos de presidentes, tesoureiros, secretários, pastores, diáconos e líderes de jovens, crianças e adolescentes. Há de se incentivar mais irmãos para participar voluntariamente da causa do Senhor. Ele conta com a nossa disposição e empenho, para fazer o melhor; a capacitação virá da parte do Espírito Santo.


RESTAURANDO A LIDERANÇA AO SEU DEVIDO LUGAR (Neemias 11:20)


   Como vimos no tópico anterior, a cidade de Jerusalém foi repovoada por sorteio e pelo voluntariado de judeus que
amavam a cidade santa.
   Agora, o verso vinte nos diz que os demais israelitas, bem como os sacerdotes e levitas se estabeleceram em todas as outras cidades de Judá, cada um em sua herança. Eles, agora, passam a ocupar as propriedades deixadas por seus antepassados que ali viviam antes do exílio na Babilônia.
   Os levitas e sacerdotes desempenhavam papéis importantes em todo o território de Israel. Devemos ter em mente que, naquela época, não existia automóveis e as distâncias eram percorridas a pé ou em lombo de animais. Havia a dificuldade em se deslocar até Jerusalém periodicamente para participar dos cultos ao Senhor, sendo necessária a permanência de líderes espirituais em cada cidade Israelita.
   Na lição da Escola Bíblica Sabatina do ano de 2013, cujo título é “Neemias: Tempo de Edificar”, encontramos a seguinte citação:

   “O capítulo 11 (de Neemias) termina com uma lista das vilas e cidades onde os judeus se estabeleceram. Para o leitor casual, parece ser mais uma lista de nomes que pode ser omitida. Mas a própria enumeração no final de um capítulo dedicado ao governo político do povo denota mais um princípio importante: o da administração descentralizada.
   A administração de Neemias não era convencional. Ele seguia uma administração de forma descentralizada e participativa. Cada cidade, cada vila, era responsável por seu próprio governo. Neemias sabia delegar autoridade. Ele entendia a importância da cadeia de comando e não tinha complexo de superioridade 
nem era autoritário ou ditador. Construindo sobre um fundamento sólido, ético e religioso, Neemias fundou um estado democrático com autoridade descentralizada”.

   Importante é, para a Igreja de hoje, saber delegar lideranças em locais distantes. Cabe aos cristãos que amam a causa de Cristo, colocarem-se a serviço de sua igreja local, a fim de que o seu líder saiba que pode contar com sua ajuda. Cabe ao pastor reconhecer o talento de cada membro, delegando-lhe tarefas, não tão complexas quanto as do próprio pastor, porém, importantes para a Igreja e suas devidas congregações. A ideia de administração descentralizada pode surtir efeitos positivos para a Igreja em geral, desde que acompanhada com oração e supervisão de seu líder principal.


CONSAGRANDO A DEUS A ETAPA CONCLUÍDA (Neemias 12:27-43)


   Muitos são os motivos de nos alegrarmos no Senhor (Salmos 126:3). Os judeus estavam felizes em poder comemorar uma vitória árdua em relação à reconquista de suas posses dadas por Deus.
   Como vimos no início do livro de Neemias, muitos foram os obstáculos enfrentados para a reconstrução dos muros que cercavam Jerusalém. As muralhas ao chão contribuíam para a falta de segurança na cidade, o que explica o fato de Jerusalém ter ficado praticamente desabitada. Mas agora, tudo estava em pé novamente.
   Podemos recordar a história dos israelitas, na época de Josué, quando conquistaram a grande cidade de Jericó. A fortificação daquela cidade se dava por haver grandes muralhas ao seu redor, ostentando a ideia de poder e invencibilidade sobre qualquer exército invasor. Porém, Deus ordenou aos israelitas para que rodeassem toda aquela cidade, com os sacerdotes à frente do cortejo carregando a arca da aliança. O exército de Israel, comandado por Josué, devia seguir marchando ao som de trombetas. Isso deveria 
ser repetido uma vez por dia, durante seis dias. No sétimo dia, Israel rodeou Jericó por sete vezes e, enfim, o povo de Deus presenciou Seu poder ao ver as imponentes muralhas caírem por terra (cf. Josué 6).
   No caso de Jerusalém, vemos o oposto acontecer. A cidade de Davi ficou desprotegida por cerca de um século e
meio, por ter suas muralhas derrubadas até sua reedificação feita em 445 a.C, num período de 52 dias (Neemias 6:15). Com a obra concluída, os judeus deveriam rodear entre os muros da cidade em dois cortejos liderados por Esdras e Neemias. Neste caso, os dois grupos se separaram, saindo em lados opostos dirigindo-se em direção ao templo, onde deveriam se reencontrar, em meio a cânticos de louvor a Deus. Tudo deveria ser consagrado ao Senhor, pois d’Ele veio a vitória! Aqueles muros deveriam ser consagrados e purificados, assim como todo o povo e, também, os sacerdotes.
   Sobre a santificação de Jerusalém, Derek Kidner comenta o seguinte:

   “Havia muito mais do que pompa neste ato de abranger a cidade e seus muros em procissões. Eram ações de graças e reconsagrarão em maior escala, era reivindicar estas pedras para Israel e para Deus; e se conforme parece provável, aconteceu antes dos eventos do capítulo 11, dá mais razão de ser à expressão ali: ‘a cidade santa’ (11:1,18) [...]. O Salmos 48 descreve um ato um pouco semelhante de consagrar os limites, e enfatiza aquilo que este ato deve fazer pelos adoradores, e não pelas muralhas, através da sua lembrança tangível da providência de Deus. ‘Fazei a ronda de Sião em procissão, contai o número das suas torres, tomai boa nota dos seus baluartes, passai em revista os seus palácios, para narrardes às gerações vindouras: Deus é assim, o nosso Deus para todo o sempre; Ele será nosso guia eternamente.’ (Salmos 48:12-14, NEB)

   Podemos imaginar o júbilo daquele povo quando os dois cortejos se encontram na frente do templo. Havia motivos para se alegrar, pois, uma era de prosperidade espiritual parecia despertar em Jerusalém.
   A Bíblia diz que naquele dia, foram oferecidos grandes sacrifícios pela alegria que Deus trouxe ao Seu povo. Mulheres e crianças regozijaram-se e o júbilo na cidade ouvia-se de longe (v.43). Era o Senhor restaurando a glória de Jerusalém!
   Como Igreja de Cristo, precisamos nos purificar todos os dias através da oração, leitura bíblica e jejuns mais frequentes. Israel afastou-se do Senhor, por isso, Ele precisou punir o povo por um longo período, afastando-o de sua pátria. Ao retornarem para o que era seu por herança, os judeus reconheceram a soberania de Deus. Devemos reconhecê-lO em todos os nossos caminhos, procurando sempre servir e cultuar ao nosso Deus, que é digno de nossa verdadeira adoração (João 4:24). Viver na presença do Senhor, sem nos desviarmos para a direita ou à esquerda, permitirá vivermos em paz com Ele em meio a qualquer circunstância adversa que se apresente diante de nós. Não estamos falando em méritos humanos e, sim, de confiança que a Palavra de Deus é suficiente para a nossa orientação.


SUSTENTANDO COM FIDELIDADE A OBRA DE DEUS (Neemias 12:44-47)


   A maioria das reformas estava pronta. Agora, os judeus deveriam estabelecer, formalmente, a prática do sustento
para a manutenção dos cultos e assistência material para os sacerdotes e levitas. Esses eram os responsáveis por manter em contínuo funcionamento a obra do Senhor e receber do povo os sacrifícios e ofertas especificadas pela Lei. Os dízimos e ofertas trazidos para o templo faziam parte de uma ação tão importante quanto a dos levitas. Afinal, seria uma missão muito difícil para os responsáveis pelo serviço no templo, se esses não recebessem ajuda financeira da parte dos demais que viessem adorar na casa de Deus.
   Falando sobre a administração das ofertas para o templo, o comentário da Bíblia de Estudo Nova Almeida Atualizada (NAA) nos informa o seguinte:

   “O propósito desta parte (Neemias 12:44-47) é relembrar que o serviço dos levitas havia sido estabelecido desde os tempos antigos, e que desde os tempos de Zorobabel (um século antes de Neemias) eles haviam sido devidamente providos [...]. Arranjos para a supervisão da coleta apropriada de dízimos e outras ofertas são renovados na época da dedicação das muralhas. Quanto as porções designadas pela Lei, a exigência do Pentateuco (Levíticos 7:33) se aplicava somente aos sacerdotes, mas aqui é ampliada para incluir todos os levitas (uma adaptação devido às necessidades da comunidade pós-exílica; 2 Crônicas 31:19 provavelmente registra uma adaptação semelhante).”

   Sobre as contribuições em dízimos e ofertas, o texto bíblico nos diz que o povo estava alegre por ter os sacerdotes e levitas à frente do serviço sagrado (v.44). As pessoas traziam suas dádivas com alegria e júbilo; regozijavam-se no Senhor por poder adorá-lO como se fazia antes. Nessa época, todos, incluindo porteiros e cantores, recebiam sua porção diária e, assim, a obra de Deus era sustentada com fidelidade pelos verdadeiros adoradores.
   Precisamos nos conscientizar, como membros da Igreja do Senhor, que além de orar e ajudar na obra com os nossos dons, devemos dar suporte financeiro à casa de Deus. Infelizmente, muitos crentes em nosso meio valem-se
do trabalho pastoral recebendo visita em casa, acomodam-se confortavelmente em bons bancos no templo, desfrutam de toda a infraestrutura oferecida com banheiros limpos, luz, água, ar condicionado, entre outros, mas se esquecem de fazer a sua parte nos dízimos e ofertas. Lembrando que esta é uma determinação divina (Malaquias 3:10).
   Deus é poderoso e move céus e terra em favor de Seu povo naquilo que é humanamente impossível para o homem fazer. Porém, não moverá uma folha do seu lugar no que diz respeito às nossas obrigações. Cabe a cada um de nós, fazer a sua parte naquilo que está em nossas mãos a fim de que haja recursos para a Igreja na terra e devemos fazer com liberalidade e alegria de coração. Os resultados virão do Senhor!


CONCLUSÃO


   Hoje estudamos sobre a obra de Deus em Jerusalém, concluída e dedicada a Ele. Vimos que a grande cidade precisou ser repovoada por sorteio de quem passaria a habitar nela. Era da vontade de Deus que toda a cidade se tornasse um santuário para o povo judeu, começando pelo serviço sagrado no templo. Muitos sacerdotes deveriam também habitar em outras cidades pertencentes a Judá, para que estas tivessem líderes espirituais em seu meio.
   A Cidade Santa foi consagrada ao Senhor em meio à alegria e regozijo do Seu povo. Vimos o quão importante é
quando as pessoas se unem, tanto na obra material de uma causa, quanto na parte espiritual: no caso, a obra de Deus. Quão importante é o comprometimento coletivo de um povo, quando este se empenha em contribuir com a obra do Senhor, com bens materiais, serviços e sensibilidade espiritual.
   Assim como os judeus que retornaram do exílio, precisamos nos engajar na obra de Deus, contribuindo financeiramente, orando e oferecendo os talentos e dons que temos para o serviço do Reino. Tudo pertence ao nosso Deus e deve ser levado a Ele em humildade, alegria e adoração!

 

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE


1. A cidade de Jerusalém encontrava-se desabitada. Responda com suas palavras, o que contribuiu para que isso
acontecesse? O que Neemias fez para repovoar a cidade?
R.


2. Em Neemias 11:20 vimos que muitos levitas e sacerdotes foram habitar em outras cidades de Judá. Por que isso era importante? O que podemos entender sobre sistema de Administração Descentralizada?
R.


3. Você acha importante aplicar esse sistema na Igreja de hoje? Por quê?
R.


4. Após a conclusão das reformas dos muros de Jerusalém, o que fizeram Esdras e Neemias para consagrá-los a Deus? Compare este episódio com o de Josué 6 e as muralhas de Jericó.
R.

5. O que mais o povo fez pela obra de Deus no templo, além de ter ajudado na reforma dos muros? (Neemias 12:44-47) Você acha isso importante para a Igreja de hoje?
R.

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