Ententendo e Vivendo
Perseverar, diz a Palavra
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- Pr. Edvard Soles Portes
- Entendendo e Vivendo
E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.
Mateus 10:22
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, o assunto a ser tratado apresenta muitas dificuldades e sua controvérsia vem sendo debatida desde Agostinho (séc. IV d.C.) até hoje, e ainda não se tem um consenso, pelo contrário, divide a opinião dos crentes leigos e também estudiosos de Teologia, e isso praticamente em todas as denominações cristãs. Quando se fala em perseverança, está dizendo que posso perder a salvação? Poderia um cristão vir a se apostatar da fé e perecer? Caso a resposta seja “sim” como ter então certeza que sou salvo? Ou então teria eu garantia da minha salvação? Procuraremos ao longo desse estudo abordar tais assuntos, contudo sem esgotá-lo, ressaltando que independente da posição teológica de cada crente isso não o torna melhor ou pior, mas apenas que pensa diferente diante de um assunto que não nega os pilares básicos da salvação como a “justificação pela fé”, por exemplo. A respeito das vertentes teológicas Calvinista e Arminiana já foram apresentadas na lição nº4 dessa seção de estudo, por isso não será abordado aqui tal assunto.
POSSO PERDER A SALVAÇÃO?
Há os que creem que os salvos nunca se perdem, aquele que foi leito e regenerado por Deus permanece salvo, e os que se perdem nunca foram salvos, outros afirmam que uma pessoa regenerada pode, por uma decisão livre, vir abandonar a Cristo, e por fim, perder a salvação. Vejamos alguns pontos de ambas:
Na intepretação calvinista: Segundo essa vertente teológica, vejamos: “Pela perseverança dos santos, todos aqueles que verdadeiramente nasceram de novo serão guardados pelo poder de Deus e perseverarão como cristãos até o final da vida, e só aqueles que perseverarem até o fim realmente nasceram de novo”. Agostinho foi quem primeiro ensinou a doutrina da perseverança dos santos, cuja base era a doutrina da predestinação. Segundo seu ponto de vista, os eleitos jamais poderiam se perder de modo definitivo [...]Agostinho declara que o homem eleito jamais pode perder a salvação. Aqueles eleitos [...] foram predestinados [...] se eles se perdem, é sinal de que Deus se engana; mas nenhum deles se perde, porque Deus não se engana”. Segundo Hoeksema a perseverança dos salvos é “um ato da graça de Deus pelo qual ele preserva os crentes e santos em Cristo Jesus, em seu poder por meio da fé, até o fim para a salvação e glória, de forma que eles lutam o bom combate da fé, e de forma que nunca possam cair da graça uma vez que receberam”.
Wayne Gruden, ao comentar a respeito de Romanos 8:30 ele observa que “Paulo sublinha o claro elo entre os desígnios eternos de Deus na predestinação e a divina realização desses desígnios na vida, juntamente com a consumação desses desígnios na “glorificação”, ou concessão do corpo ressurreto àqueles que foram levados à união com Cristo [...]. Aqui Paulo enxerga o futuro evento da glorificação com tamanha certeza no desígnio determinado de Deus que chega a falar dele como se já realizado (“também glorificou”). Isso vale para todos os que são chamados e justificados - ou seja, todos os que verdadeiramente se tornaram cristãos”. Ferreira Franklin argumenta que: “Aqueles pecadores escolhidos em amor por Deus antes da fundação do mundo, predestinados a serem conformados a Cristo, chamados, regenerados e, por meio da fé, justificados, adotados como membros da família de Deus, chamados para lutar pela santidade, estes perseverarão até o fim de seus dias, sustentados pela graça triunfante de Deus”.
Em sua citação sobre o Cânone de Dort, Franklin afirma que “Muitos que se dizem cristãos caem em pecados, mas, se eles permanecem nesse pecado, deve-se dizer que eles não caíram na graça, pois nunca estiveram na graça. Os crentes verdadeiros caem em tentações e cometem pecados graves, às vezes, mas esses pecados não os levam a perder a salvação ou se separarem de Cristo, posto que se levantarão e prosseguiram perseverando na santidade”. Bom, assim, quem segue a linha calvinista de intepretação não considera que haja possibilidade de um verdadeiro cristão vir a perder a salvação, os salvos hão de perseverar até o fim, e quanto aos que, uma vez tenham professado fé em Jesus e se afastam, voltando às suas práticas pecaminosas é que nunca foram salvos, mas tiveram apenas uma fé aparente, mas sem eficácia salvívica.
Na intepretação arminiana. Sobre o assunto aqui discutido, de acordo com a interpretação arminiana vale ressaltar que se acentua muito a responsabilidade do homem, não que este produza sua própria salvação, mas que, de sua parte demanda certa diligência quanto ao desenvolvimento e amadurecimento na fé. Nas palavras de Armínio, “depois que a pessoa é regenerada, ela recebe a capacitação de Deus para lutar contra o pecado e contra as tentações do inimigo de nossas almas. Armínio declara que “as pessoas que foram enxertadas em Cristo pela fé verdadeira, e foram, dessa forma, feitas participantes de seu Espírito vivificante, possuem poderes [ou força] suficientes para lutar contra Satanás, o pecado, o mundo e sua própria carne, e obter a vitória sobre estes inimigos – todavia não sem a assistência da graça e o mesmo Espírito Santo”.
Ao considerar sobre a possibilidade de um fiel cair em pecado mortal, Armínio diz: “É possível que um cristão fiel caia em algum pecado mortal, e disso Davi parece ser um exemplo. Portanto, ele pode cair em um momento tal que, se estivesse, então, prestes a morrer, estaria condenado”. E ainda “basta que ele saiba que não declinará da fé por nenhuma força de satanás, do pecado e do mundo, e por nenhuma inclinação ou fraqueza da sua própria carne, a menos que ele, voluntariamente, ceda à tentação,(grifo nosso) e negligencie a busca de sua própria salvação de uma maneira consciente”. Assim, “enquanto a semente de Deus estiver em uma pessoa, ela não peca para a morte, mas é possível que a semente, propriamente dita, por sua própria culpa e negligência [do crente], seja removida de seu coração e assim a sua primeira criação, à imagem de Deus, foi perdida, também a segunda transmissão pode ser perdida (…) o pecado reinante não pode subsistir com a graça do Espírito Santo.
Também é verdade que o pecado não reina no regenerado, pois, antes que isso possa acontecer, é necessário que ele rejeite a graça do Espírito Santo, que mortifica o pecado e restringe o seu poder [...].Romanos 6 também é uma exortação do apóstolo aos fiéis, para que não mais vivam em pecado, porque, em Cristo, estão mortos para o pecado. Esta advertência aos cristãos seria em vão, se não fosse possível que eles vivessem em pecado (grifo nosso), mesmo depois de sua libertação do seu domínio”. E ainda, “No início da fé em Cristo e da conversão a Deus, o fiel se torna um membro vivo de Cristo. Se ele perseverar na fé de Cristo, e mantiver uma boa consciência, permanecerá como um membro vivo. Mas se ele se tornar indolente, se não tiver cuidado consigo mesmo, se der lugar ao pecado (…) prosseguindo dessa maneira, por fim, ele morre inteiramente e deixa de ser um membro de Cristo”.
O SALVO ESTÁ SEGURO?
Conforme visto de forma resumida anteriormente, as duas concepções teológicas divergem entre si há séculos. Mas olhando para a Bíblia, nossa única regra de fé e prática, podemos dizer que o salvo em Jesus tem alguma segurança? Algumas considerações podem nos ajudar nesse sentido:
(1). A obra de Cristo em nosso favor. É claramente ensinado nas Escrituras que a morte de Jesus foi em nosso favor(ou em nosso lugar), textos como 1João 3:16 Romanos 5:10 Hebreus 9:27-28, João 3:16 1João 2:2 dentre outros nos ensinam exatamente isso. Convém lembrar que a salvação é uma dádiva de Deus “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus, não vem de obras, para que ninguém se glorie”(Efésios 2:8-9), “não segundo as nossas obras, mas segundo sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2 Timóteo 1:9). Não somos salvos por obras, pois elas seriam insuficientes, o apóstolo Paulo aos Romanos diz com clareza “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3:24), “gratuitamente” (do grego doréo) é um presente, dado livremente e, portanto, não adquirido por mérito ou "direito", expressa uma doação que destaca o desejo benéfico do doador.
Ainda afirma que é “mediante a redenção que há em Cristo Jesus”, “mediante” é uma preposição grega e tem o sentido de “através”, “por conta do(a)”, “pela instrumentalidade de”, nesse caso “por conta do que Cristo fez, pagando o preço do nosso resgate”, então Paulo conclui que “o homem é justificado pela fé, independente das obras da lei” (Romanos 3:28), a afirmação conclusiva é que a justificação (ato de ser declarado justo diante de Deus) é que ela ocorre sem interferência ou à parte das obras, não que as obras sejam totalmente irrelevantes e não devam ser praticadas, mas sim que as mesmas não têm relação com a salvação, pois a salvação está relacionada à obra redentora de Cristo. Zacarias Severa assim comenta a respeito:
“homem só é salvo por causa da graça de Deus em Cristo. A graça divina é a fonte de onde promana a salvação [...]. Ela proveu uma justificação gratuita em Cristo, para todos os que creem [...]. Ela produziu a obra de Cristo, que é a causa eficiente da salvação, e suscita a fé, que é o instrumento de aceitação, para que a salvação se torne uma realidade na experiência da vida [...]. A graça de Deus se manifesta na concessão de favor a quem não merece. O maior favor da graça divina é a dádiva da salvação a quem não conseguiu cumprir as obras da lei. A graça exclui qualquer ideia de mérito, seja o mérito das obras da lei, seja da fé”.
(2) As promessas de Cristo. Jesus não deixou dúvida quanto a essa segurança aos que nele creem, “Em verdade, em verdade vos digo; quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (João 5:24). A vida eterna é uma realidade presente na vida do cristão, “uma possessão verdadeira, porquanto a participação na vida divina já teve início para o regenerado, e esse começo garante que ele entrará na plena posse de todas as bênçãos que acompanham a salvação”. Jesus expressa a profundidade de Suas promessas afirmando que elas estão em sintonia com o propósito do Pai, Seu desejo reflete e confirma o desejo do Pai, “E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no ultimo dia. De fato, a vontade de meu pai a vontade de meu pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no ultimo dia” (João 6:39-40).
Na afirmação de Elicott, “Esses dois versículos apresentam ainda a vontade divina na missão de Cristo, primeiro em relação ao dom do Pai, e depois em relação à aceitação do homem. Ambos os versículos enfatizam a expressão dessa vontade na missão. Ambos declaram a vontade de Deus em uma única cláusula, precedida pela prova mais marcante do amor divino em Deus revelado na Terra e seguido por seu fim, no homem elevado ao céu”. As promessas de Cristo, então, constituem a base onde toda a certeza deve ser lançada, Suas palavras são alento para a alma aflita e atribulada, no campo da salvação não pode haver dúvida, pois Suas promessas de “vida eterna” é a âncora que nos mantem seguros no mar revolto de incertezas, sussurrando em nossos ouvidos que: “lhe dou a vida eterna e o ressuscitarei no último dia”.
GARANTIAS DA SALVAÇÃO
Na primeira carta que João escreve, ele demostra certo interesse em que os cristãos tenham plena consciência de sua vida em Cristo: “Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus” (1 João 5:13), essa “vida eterna” é a promessa de Jesus a todos quantos crerem. Algumas passagens das Escrituras nos dão motivos quanto às garantias de que, de fato temos a salvação em Cristo:
(1). A suficiência (ou também eficácia) do sangue de Cristo. “Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no santo dos santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção. Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos aos Deus vivo” (Hebreus 9:11-14). A carta aos Hebreus procura mostrar a superioridade de Cristo em relação aos Anjos (1:5,6), a Moisés (3:3-6), aos sacerdotes (5:6), e consequentemente Seu sacrifício é superior e eternamente eficaz, oferecendo a Si mesmo uma única vez (10:10-14). Mathew Henry diz:
“Versículos 11-14 Todas as coisas boas do passado, do presente e do futuro, foram e são fundadas no ofício sacerdotal de Cristo, e vêm a nós dali. Nosso Sumo Sacerdote entrou no céu de uma vez por todas e obteve a redenção eterna. O Espírito Santo mostrou que os sacrifícios do Antigo Testamento apenas libertavam o homem exterior da impureza cerimonial e o habilitavam a alguns privilégios externos. O que deu esse poder ao sangue de Cristo? Foi a oferta de Cristo sem mancha pecaminosa em sua natureza ou vida. Isso limpa a consciência mais culpada das obras mortas ou mortais para servir ao Deus vivo. Nada mais destrói a fé do evangelho, do que por qualquer meio de enfraquecer o poder direto do sangue de Cristo. Não podemos mergulhar na profundidade do mistério do sacrifício de Cristo, na altura que não podemos compreender. Não podemos procurar a grandeza disso, ou a sabedoria, o amor, a graça que está nele. Mas, ao considerar o sacrifício de Cristo, a fé encontra vida, alimento e refresco”.
Em sua exposição sobre Hebreus, Laubach comenta:
“O sacrifício de Jesus brotou de uma entrega integral e de uma comunhão com Deus inviolada. Assim como durante sua vida na terra o Espírito Santo foi a força motora de sua atuação, assim ele também o foi quando Jesus agiu pela nossa redenção [...]. Somente o sangue de Jesus tem força para purificar nossa consciência. Purificação não somente significa que Deus perdoa o pecado, retirando-nos de nós, mas que o pecado é apagado diante de Deus. É por isso que a purificação da consciência inclui que também deverá ser tirada de nossa consciência a recordação do pecado [...]. O alvo de Deus com as pessoas aqui na terra corresponde ao estado original do ser humano na criação: ele deve servir ao deus vivo de consciência pura. Aquilo que o ser humano inviabilizou ao soltar – se de Deus foi restabelecido por cristo na comunidade dos fieis. Deste modo, o sacrifício de Jesus Cristo, sua paixão e morte na cruz, suspende as consequências da queda do pecado, repetidamente conduzindo de volta ao desígnio original do ser humano aquele que usa para si a força desse sacrifício. Na comunhão com Cristo aprendemos novamente a servir a Deus em dependência voluntária, com todas dádivas e capacidades com que ele nos presenteou”.
Muitos textos falam a respeito do sacrifício de Jesus e a eficácia do Seu sangue ( Mateus 26:28 Efésios 1:7 Romanos 3:25 Hebreus 13:12 Efésios 2:13 Atos dos Apóstolos 20:28 Hebreus 10:4 Apocalipse 1:5), é esse sangue que oferece garantias ao que n’Ele crê, não havendo necessidade de outros “sacrifícios”, o sangue de Jesus é todo suficiente.
(2). O Espírito Santo. Além da eficácia e suficiência do sangue de Cristo, outra garantia que nos é apresentada é o Espírito Santo. Tal ensino é apresentado em algumas passagens bíblicas: “que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito Santo em nosso coração” (2 Coríntios 1:22), “penhor” (arrhabṓn) é uma metáfora que Paulo empresta do uso comercial, consiste em pagamento antecipado, termo regular nos tempos do NT para " dinheiro sério ", ou seja, adiantamento que garante que o restante será concedido. Representa então a segurança total apoiada pelo comprador que fornece provas suficientes de que cumprirá toda a promessa. “o Espírito de Deus é penhor ou penhor da herança celestial, e Cristo está em posse de nossa natureza, e como nosso representante; mas o Espírito de Deus também é enviado "em nossos corações" como penhor d’Ele; onde Ele habita como em Seu templo, nos fornece toda a graça, testemunha nossa filiação e nos assegura a glória celestial”.
Referindo-se ao Espírito Santo, Paulo escreve “o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua gloria” (Efésios 1:14). “o Espírito de Deus certifica o direito à herança celestial, assim como a confere; ele é as primícias da eterna glória e felicidade, e do mesmo tipo com ela. “As melhores coisas são reservadas até o fim; e, uma vez entregue ao coração como fervoroso, ele sempre continua, nunca remove mais e nem é levado embora [...].Espírito de Deus permanece , até que toda a felicidade seja desfrutada tanto na alma quanto no corpo; e isso mostra a perpetuidade da habitação e graça do Espírito, a perseverança final dos santos e a segurança da herança para eles”. A mesma ideia do Espírito Santo como sendo “garantia” quanto à vida na eternidade é assim descrita: “Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isso, outorgando-nos o penhor do Espírito” (2 Coríntios 5:5). Isso pode ser resumido da seguinte maneira: “podemos dizer que quando somos batizados no corpo de Cristo, o Espírito entra em nossas vidas e nos sela através da Sua presença. Ele é a garantia de Deus, dando-nos certeza de que nossa herança virá”.
(3). Ressurreição. A ressurreição de Jesus também é uma garantia aos cristãos quanto à salvação. Alguns textos mostram isso: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que segundo sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1 Pedro 1:3). Aqui Pedro afirma que a esperança se firma no coração do crente pelo fato da ressurreição de Jesus, ela é também a causa de regeneração do crente em Cristo. “A ressurreição do Senhor Jesus é o fundamento de nossa esperança. Foi uma confirmação do que ele declarou como verdade quando viveu; era uma prova da doutrina da imortalidade da alma; foi uma promessa a todos os que estão unidos a ele”.
1 Coríntios, capítulo 15, provavelmente seja o texto mais longo que se dedica ao assunto da ressurreição, pois um dos assuntos que Paulo precisava corrigir entre aqueles crentes era exatamente a dúvida quanto ao fato de haver ou não ressurreição dos mortos, ele fala sobre esse assunto tomando por exemplo o próprio Cristo, “Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1 Coríntios 15:20), as primícias fazem referência à colheita, onde o primeiro fruto pertencia a Deus, mas não apenas isso, ela era garantia de uma boa colheita, nesse sentido é que Cristo é as “primícias dos que dormem” (morte no sentido de estarem mortos).
“Aqui o apóstolo declara que os cristãos não têm esperança apenas nesta vida. A prova é curta, mas sólida e convincente, a saber, a que surgiu da ressurreição de Cristo. Agora, isso não apenas provou uma ressurreição possível, mas como provou que ele era um professor divino, provou também a certeza de uma ressurreição geral, que ele tão expressamente ensinou”. A ressurreição de Jesus também é a garantia final de que Sua obra de redenção foi aceita por Deus (Atos dos Apóstolos 17:31), é sinal profético de que Ele era o Messias ((Mateus 12:38-40). Assim, concluímos que mesmo em meio a todos os riscos, o crente em Jesus tem no sangue de Cristo, na presença do Espírito Santo em sua vida e na ressurreição de Jesus as garantias necessárias pra prosseguir rumo à eternidade com Cristo.
CONCLUSÃO
Quando somos exortados a “perseverarmos”, não significa apenas a perseverança em tempos de crises ou perseguições. Ela deve ser parte do nosso viver diário, como pratica de fé. Os cristãos são exortados a não viverem a vida cristã de forma relaxada e descuidada, pois isso coloca a fé em risco e os afasta da presença de Deus. As controvérsias sobre a “perseverança eterna dos santos” acompanham os debates entre teólogos há séculos, muitos estudos foram feitos, muito material elaborado, mas ainda não há consenso entre as partes, e no tocante à possibilidade de perder ou não a salvação há textos que não trazem tranquilidade, e independente de qual vertente teológica seguimos, deve-se buscar harmonizar textos que, a princípio parecem contraditórios, ao mesmo tempo que Deus me salva em graça, ele exorta em amor sobre um viver diligente e responsável; no mais, os textos que nos parecem se contradizer deve nos trazer tão somente certezas e inspiração para nossa caminhada de fé. “Somente a Deus seja dado glória”.
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE
- O que diz a teologia calvinista sobre o cristão perder a salvação?
R.:
- O que diz a teologia arminiana sobre o cristão perder a salvação?
R.:
- O salvo em cristo pode estar seguro de sua salvação? Por quê?
R.:
- Quais garantias o cristão pode ter da salvação?
R.:
- Como a ressurreição de Jesus garante a salvação?
R.: