Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.    

Lucas 10:20 

INTRODUÇÃO

   É natural amarmos a quem nos ama, ou amar os nossos familiares e amigos. É natural porque sabemos que teremos o retorno deles. Sabemos que eles também (naturalmente) nos amam. Daí decorre uma “sintonia” entre nós. Porém a Bíblia tem uma visão bem mais ampla do que a nossa, diante dela nos apequenamos em nossas ações, pois somos muito seletivos quando se trata de amor. Humanamente é impossível amar a quem não nos ama, é inconcebível amar a quem nos maltrata, a quem nos despreza, a quem nos odeia. Contudo Jesus provou pela Sua morte que o amor é uma ferramenta muito poderosa que devemos usar em qualquer ocasião com todas as pessoas. Amar é uma decisão que tomamos, não por beleza ou riqueza ou poder, mas porque Deus nos amou primeiro, mesmo tendo nós todos os defeitos humanos que Lhe desagradam.

   Além disso, Ele provou ser misericordioso comigo e com você! E o que fizemos para receber tão grande dádiva? Nada. É desejo de Deus que retornemos ao lar, mas pra isso alguém tinha que pagar o preço do resgate, e pagar com a vida! É por misericórdia do Senhor que podemos voltar à presença do Criador, pois como diz a Palavra, “Sem Ele nada podemos fazer”. E sabendo que nós sozinhos nada conseguiríamos, tem nos dado suporte para que possamos confiar e esperar pela volta de Jesus, pois o tempo passa e nos esquecemos da Sua promessa e começamos a nos desviar do caminho correto. Para isso nos deu o Seu Espírito, que nos ajuda em todas as nossas dificuldades. Quando estamos incertos no que fazer, o Consolador é quem nos sopra as soluções, é quem dirige os nossos pensamentos, pois fala com o nosso espírito. Por isso Lhe devemos esse compromisso com o próximo, aquele que está ao nosso lado, seja em casa, seja na rua; no trabalho ou na escola; conheçamos, ou não. Vamos tornar essa decisão uma prática diária?

 

DEVEMOS AMAR O PRÓXIMO

   Amar o próximo é um mandamento do Senhor, e está bem claro como dar os passos certos para amar qualquer pessoa que esteja perto. Vejamos o que o Senhor Jesus nos diz no livro de Lucas, capítulo 12, verso de 28 a 31: “Um mestre da Lei que estava ali ouviu a discussão. Viu que Jesus tinha dado uma boa resposta e por isso perguntou: — Qual é o mais importante de todos os mandamentos da Lei? Jesus respondeu: — É este: “Escute, povo de Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente e com todas as forças. ” E o segundo mais importante é este: “Ame os outros como você ama a você mesmo. ” Não existe outro mandamento mais importante do que esses dois” (NTLH grifo nosso).

   Embora seja difícil não amar a si mesmo, pode acontecer de alguém se odiar. Mas como estudado na lição de número 2, em princípio devemos nos comprometer conosco. E esse cuidado devemos ter, também, com o próximo, ordena Jesus. E indo além, na lição 1, aprendemos a nos comprometer com o Criador, Deus nosso Senhor, então começa em Deus, é como diz Henrietta: “Quando os homens se esquecem de amar a Deus, também se esquecem de amar o próximo”. Certo, porém como amar o próximo? É só perguntar a nós mesmos como gostaríamos de ser tratado. Podemos enumerar várias situações:

1 – ser respeitado. Muitas pessoas desprezam outras por estas não fazerem parte do seu círculo social (até mesmo dentro de igrejas!); ou por não terem uma formação acadêmica compatível com a sua; ou mesmo por alguma deficiência físico-mental. O respeito ao próximo vai de um bom dia, até um suporte financeiro. O respeito vai de uma simples consideração a uma reverência! E consideração significa “não desprezar, refletir sobre, olhar com minúcia e atenção”. Você gosta de que tenham consideração por você?

2 – ser tratado com empatia. Quantos de nós já passamos por problemas difíceis de serem suportados sozinhos, e alguém nos diz: “você é muito fraco”, ou “você não tem fé”, ou “eu já passei por isso e sei como é”, ou ainda “você sofre por que quer”. “Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo”. É fácil ser empático? Lógico que não! Então por que emitimos opiniões sobre o problema dos outros com tanta facilidade?

3 – ser ouvido. O mundo quer falar. Não quer ouvir. Há uma enxurrada de informações. Mas quase não há silêncio. E quando não há silêncio, as pessoas gritam. Logo, não há respeito. Todos gostamos de ser ouvido, todos gostamos de ser respeitado, mas todos gostamos de respeitar? Ouvir o próximo é uma forma de consideração.

4 – não ser julgado levianamente. Isso acontece em sua igreja? Na minha também. Por isso a necessidade de ouvir todos os lados envolvidos no problema, por isso o ouvir é essencial, ouvir da fonte, e não de terceiros, não emitir opinião infundada, não pré-julgar, não ser insensato. Lendo João 8:7 ainda me pergunto: não sou eu também pecador?

5 – ter o esforço reconhecido.“—“Muito bem, empregado bom e fiel”, disse o patrão. “Você foi fiel negociando com pouco dinheiro, e por isso vou pôr você para negociar com muito. Venha festejar comigo!” (Mateus 25:21 NTLH). Nesta parábola dos talentos, há o reconhecimento do bom serviço prestado. É claro que toda honra e glória é para o Senhor, porém em Romanos 13:7 é dito que seja devido a quem é devido o respeito e a honra. Você gosta de ser reconhecido por tudo de bom que faz? Na verdade todo ser humano gosta porque alegra a alma e dá ânimo.

 

DEVEMOS SER MISERICORDIOSOS

   “Misericórdia é um sentimento de compaixão, despertado pela desgraça ou pela miséria alheia. A expressão misericórdia tem origem latina, é formada pela junção de miserere (ter compaixão), e cordis (coração). “Ter compaixão do coração”, significa ter capacidade de sentir aquilo que a outra pessoa sente, aproximar seus sentimentos dos sentimentos de alguém, ser solidário com as pessoas”. A humanidade se reveste de misericórdia quando acontecem grandes catástrofes. Ela se mobiliza para enviar suprimentos necessários para os atingidos, porém a humanidade não se apercebe, ou não quer ver, a grande miséria que ronda o seu “quintal”. Muitos têm morrido de fome, desnutridos. Muitos têm morrido de doenças, abandonados. Muitos têm morrido por causa de guerras, exilados. Muitos têm morrido drogados. Muitos têm morrido sem salvação.

   Mas o que você e eu podemos fazer diante de tamanhas calamidades? Quase nada, talvez enviar umas roupas, uns alimentos, alguns remédios. Todavia, se olharmos ao nosso redor, encontraremos sempre alguém que precisa de misericórdia. Existem pessoas a sua volta querendo voltar ao primeiro amor, mas a obra do diabo as impedem? Existem pessoas ao seu redor que não aceitam o Evangelho de Jesus? Existem pessoas do seu convívio que estão num abismo espiritual e não conseguem segurar a mão de Deus? Existem pessoas que você conheça que pretendem se matar? Existem pessoas que querem mudar o rumo da sua vida (não mentir mais, cumprir seus compromissos, não adulterar mais, deixar a imoralidade sexual, etc.) torná-la digna? Todas elas precisam da sua, da nossa solidariedade, da nossa misericórdia, porque é muito fácil jugar o outro, mas se colocar no lugar dele e sentir as suas dores, só para os misericordiosos.

 

MISERICÓRDIA

   No NT, a palavra “misericórdia” é a tradução da palavra grega eleos, ou “piedade, compaixão, misericórdia” (veja seu uso em Lucas 10:37; Hebreus 4:16), e oiktirmos, isto é, “companheirismo em meio ao sofrimento” (veja seu uso em Filipenses 2:1; Colossenses 3:12; Hebreus 10:28). No AT, este termo representa duas raízes distintas: rehem, (que pode significar maciez), “o ventre”, referindo-se, portanto, à compaixão materna (1 Reis 3:26 “entranhas”), e hesed, que significa força permanente (Salmos 59:16; 62.12; 144.2) ou “mútua obrigação ou solidariedade das partes relacionadas” — portanto, lealdade. A primeira forma expressa a bondade de Deus, particularmente em relação àqueles que estão em dificuldades (Gênesis 43:14; Êxodo 34:6). A segunda expressa a fidelidade do Senhor, ou os laços pelos quais “pertencemos” ou “fazemos parte” do grupo de seus filhos.

   Essas palavras, bondade e fidelidade, são características divinas que expressam o caráter de quem é misericordioso. Se olharmos para nós, seres humanos, veremos a nossa miséria, pois quando o homem morre, tudo se acaba para ele, nada do que teve o acompanha, nem mesmo suas memórias, o corpo derrete-se ao sabor dos vermes, se não for cremado. Esvai-se e retorna ao pó, como descrito em Eclesiastes 12:7. Precisamos todos da misericórdia de Deus, e assim como Ele é para nós, quer que sejamos assim também com aqueles que são o nosso próximo! Diz a Palavra: “—Felizes as pessoas que têm misericórdia dos outros, pois Deus terá misericórdia delas” (Mateus 5:7 NTLH).

   A misericórdia é tão importante na vida cristã que vale ressaltar esta observação de Mahaney: “A explicação fundamental de nossa conversão não é que fomos mais sábios ou moralmente superiores aos outros por ter escolhido Deus, mas que Deus escolheu por ter misericórdia de nós e intervir em nossa vida, revelando a necessidade que temos do Evangelho. Nossa salvação é consequência unicamente da graça soberana de Deus”. Se pensarmos como Deus, não olharemos as pessoas selecionando-as, essa é digna da minha misericórdia, aquela, não. O Senhor tem misericórdia de todos, embora nem todos queiram aceitá-la.

   “Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores” (Mateus 9:13). Nada adianta se fizermos grandes coisas pela igreja, o nosso sacrifício será vão; assim como Jesus era misericordioso, assim Ele quer que nos comportemos. A igreja não crescerá se não for misericordiosa. Pensamos que pelo fato de doarmos alimentos e roupas, alimentar os famintos nas calçadas, visitar os enfermos e presidiários, estamos sendo misericordiosos, e na verdade isso faz parte também da misericórdia. Todavia é muito importante que também nos preocupemos e sejamos misericordiosos com o nosso próximo, e como perguntou o fariseu, “quem é o nosso próximo?” É aquele que necessita de algum tipo de ajuda, física, emocional, espiritual, fi nanceira, etc. vamos olhar para fora, mas a necessidade pode estar rondando cada um de nós.

 

DEVEMOS DAR SUPORTE

   Jesus dá um exemplo clássico de amor, de misericórdia, de suporte. Na parábola do Bom Samaritano, quantos ensinamentos o Mestre tem para nós, cristãos e também para os não cristãos! A mensagem é: dê suporte a quem precisa, e não só a quem merece, lembremo-nos dos médicos, muitos atendem estupradores, assassinos, traficantes, não selecionam que paciente atender, o bom ou o mau, o justo ou o injusto, mas atendem aquele que está, naquele momento, necessitado. Notamos na parábola que um homem estava muito ferido, e o samaritano compadeceu-se desse homem. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus estabeleceu para que andássemos nelas” (Efésios 2:10 grifo nosso). Só quem ama a Deus, faz as boas obras que Ele mesmo tem preparado para os Seus.

   “Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor” (Efésios 4:2). Paulo nos diz para darmos suporte uns aos outros, suportar aqui não significa “aguentar” de modo desagradável, mas sim com humildade, docilidade e paciência. Se temos o hábito de observar os outros, que seja para identificar neles as necessidades que nós podemos suprir no poder de Deus. Lembro-me de um momento em nossa igreja que uma diaconisa percebeu a dificuldade de um dos membros em ler a Bíblia. Ela me perguntou se poderíamos fazer uma consulta ao oculista com aquele membro, e foi constatado que ele precisava usar óculos, e a igreja custeou a compra. Isso é dar suporte com amor, detectar a necessidade do próximo e agir com o coração.

   O samaritano não sabia quem era aquele homem ali caído, ferido, sozinho; o samaritano não lhe perguntou sobre sua procedência, mas lhe viu as feridas e o acudiu, não só usou de misericórdia, tirando-o do caminho e o levando até um local seguro, como também usou de graça, benevolência, para com o homem ferido, pagando todas as despesas que pudessem advir dos cuidados aplicados a ele. Maxuell e Parrot comentam que:

“Geralmente estamos tão ocupados e cheios de problemas que ajudar os outros nunca está em primeiro plano. A solução é fazer com que ajudar seja parte dos seus compromissos - e uma prioridade. (...) Isso pode parecer óbvio, mas você não será capaz de satisfazer um desejo se não souber que ele existe. A primeira coisa que cada um de nós deve fazer é se importar com as pessoas e saber quais são as necessidades delas. Às vezes, é preciso ouvir com o coração. Outras vezes, basta prestar atenção ao que está acontecendo à sua volta. Ou então, colocar-se mentalmente no lugar da outra pessoa”. 

   Nós, cristãos, estamos em uma constante batalha espiritual contra os laços, as armadilhas, as ciladas do inimigo. Fomos chamados para fazer parte do Exército de Deus e assim nos comportarmos: louvando a Deus (Hebreus 13:13), realizando as boas obras que d’Ele vem (Efésios 2:10) e pregando a Palavra (Mateus 28:19-20), fazendo assim, estaremos cumprindo o mandamento do nosso Mestre, que está em Mateus 22:34-40.

 

APLICAÇÃO

   Como podemos aplicar esse assunto no nosso cotidiano? Como podemos ser comprometidos com o nosso próximo?

   Primeiramente a oração deve preceder toda e qualquer ação. Vem do alto toda e qualquer solução. A oração nos mantém conectados com o Criador, que sabe de todas as nossas necessidades.

   Segundo, esteja alerta. Nem sempre as necessidades são visíveis, mas sensíveis. É necessário “sentirmos” que o outro está precisando de ajuda, pois ele pode não falar, não pedir, por orgulho, vergonha e até medo, mas o nosso espírito deve estar sensível às mudanças de comportamento, tanto para eufórico como para depressivo.

   Terceiro, saiba que você e eu não podemos tudo, também precisamos de ajuda. Eu sou pastor, mas não posso tudo e tenho a convicção de que Deus coloca outras pessoas para me ajudar a ajudar a outras pessoas, e assim eu ouço o direcionamento do Santo Espírito de Deus. Infelizmente existem pastores que carregam sobre si o peso de ter que resolver todas as questões que lhe são colocadas nos ombros. Devemos nos lembrar de que somos “um corpo” como a Palavra mesmo diz em Efésios 4:16; 5:29,30, 1 Coríntios 12:12 Romanos 12:4-5, etc.

   Quarto, ame as pessoas como Jesus ama a Sua Igreja; seja misericordioso como Deus é misericordioso; e dê suporte ao seu próximo assim como você gostaria que lhe dessem suporte.

 

CONCLUSÃO

   Humanamente não é fácil amar a todas as pessoas, ser misericordioso com quem julgamos injusto, suportar pessoas “insuportáveis” ou “não merecedoras” do nosso apoio. Por outro lado, olhando para Jesus, percebemos que Ele não usou de nenhum julgamento, apenas amou; não olhou a sujeira física nem moral do ser humano, apenas se doou para que cada um de nós tivéssemos vida, outra vida além dessa miserável em que nos encontramos. E Ele quer que façamos parte do Seu corpo, e é n’Ele que você e eu somos sarados e salvos. E o que Ele pede é que O amemos e ao próximo também. E não amaremos o próximo se não for por Ele. Então creiamos que Deus tudo pode, até mesmo nos ajudar a amar o próximo, mas para isso temos que abrir o nosso coração ao Espírito Santo, ouvir a Sua voz, olhar o outro com olhos espirituais, com coração amador, com mente sábia, aí então poderemos, no amor do Mestre, realizar as boas obras que Ele mesmo irá nos conceder!

 

QUESTÕES PARA ESTUDO EM CLASSE

1. Investigue quem é o seu próximo que está necessitado e diga a ele(ela) como você pode auxiliá-lo.

R.

2. Cite três situações em que você foi misericordioso.

R.

3. Pensando no mundo atual, o que você faria se passasse por uma rua estreita e escura à noite, e encontrasse alguém ferido, machucado, moribundo pedindo ajuda? Você:

a) Fugiria daquele lugar

b) Pediria uma ambulância, daria o endereço e iria embora

c) Ficaria até chegar a ambulância

d) Evangelizaria, pedindo que aceitasse a Jesus

e) Outra resposta

COMENTE SUA RESPOSTA COM A CLASSE

4. O que mais incomoda em relação a dar apoio às pessoas?

R.

5. No lugar de Jesus, o que você faria diante da adúltera (João 8), o que faria com os nove leprosos que não agradeceram (Lucas 17:11-19) e com os discípulos que O abandonaram(Mateus 26:56)?

R.

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