Nossa declaração: “Nós, Batistas do Sétimo Dia, cremos, pregamos e ensinamos a doutrina da Segunda Vinda de Cristo, em glória e majestade. Comprometidos com a Bíblia, nela alicerçados e em sintonia com suas revelações proféticas, entendemos que nenhum ser humano (homem ou mulher), ou Igreja, ou mesmo um anjo, têm autorização divina para marcar data para este extraordinário e apoteótico evento. O Senhor Jesus deixou no Livro Santo os sinais indicativos da proximidade da Sua Vinda. A volta de Jesus a esta Terra é real, visível e corpórea. ‘Todo olho O verá’. Cremos, ademais, que o sistema do mal (pecado) será definitivamente banido do Universo. Cremos, enfim, que por ocasião desse tão sonhado e esperado evento, a Igreja do Senhor conhecerá o seu final e glorioso triunfo”.
~ INTRODUÇÃO ~
A Igreja Batista do Sétimo Dia, desde os seus primórdios na Inglaterra (1650), adotou a Bíblia como única regra de fé e prática. E, deste Livro Sagrado, tem extraído e proclamado com vigor, dentre outras, a alentadora mensagem da Segunda Vinda de Jesus Cristo ao mundo. Para alguns estudiosos da Bíblia e, principalmente, deste tema, a Segunda Vinda de Jesus Cristo tem sido “a expectação coroante, a estrela d’alva, do povo de Deus desde que a promessa de Sua vinda lhes foi comunicada”. De fato, esta promessa tem animado os fiéis de Deus, dando-lhes fortalecimento e encorajamento nos dias mais difíceis e nas horas mais escuras.
É de se concordar com o Pastor Hernandes Dias Lopes quando, ao tratar da Segunda Vinda, a ela alude como sendo “a cumeeira da História; o apogeu, a apoteose, o ponto culminante, a consumação de todas as coisas. (...). O mesmo Jesus que nasceu numa manjedoura, cresceu numa carpintaria e morreu numa cruz, também ressuscitou gloriosamente. Ele está assentado em um trono, reina absoluto e sobranceiro sobre todo o universo e voltará majestosamente para julgar as nações e viver com a Sua Igreja”. Como coroação das boas novas da Salvação, o próprio Senhor Jesus Cristo e, na sequência, os Seus apóstolos, trataram de incutir nos corações e mentes dos primeiros cristãos a realidade da vinda de Cristo e sua iminência como um estimulante à vida piedosa e serviço fiel.
~ FUNDAMENTOS BÍBLICOS PARA A DOUTRINA DA SEGUNDA VINDA ~
Devemos crer nesta verdade, fundamentalmente, porque o próprio Senhor Jesus Cristo prometeu aos Seus discípulos que viria outra vez a este mundo. O texto supra transcrito no Evangelho de João, cap. 14, vs. 1 a 3 é de solar clareza nesse sentido. A promessa é reiterada pelos anjos por ocasião da ascensão do Senhor Jesus ao céu. Aqui não há margem para confusão. O texto explícito é: “...Esse Jesus que dentre vós foi recebido em cima no céu, virá do mesmo modo como para o céu o viste subir”. (Atos dos Apóstolos 1:11).
Os estudiosos de Teologia do Novo Testamento confirmam que a palavra grega “parousia” expressa o sentindo de presença ou vinda. Consoante registros nos papiros, este vocábulo era rotineiramente usado para denotar a presença ou chegada de um rei, imperador ou, enfim, um governante. Esta expressão, no Novo Testamento, passou a expressar a segunda vinda de Cristo. Logo, ingressou na igreja cristã primitiva (período apostólico), ou seja, no Novo Testamento, bem assim na igreja do período imediatamente pós-apostólico (após o ano 100 a.D., quando já havia morrido João, o último apóstolo), com o intuito de designar a presença (no sentido de segunda vinda) de Cristo novamente à Terra.
O autor da Epístola aos Hebreus, divinamente inspirado, asseverou: “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação” (Hebreus 9:28). No texto do Evangelho de Mateus, cap. 24, o Salvador Jesus, atendendo às indagações dos discípulos, traça um panorama das condições do mundo no período que antecede Sua segunda vinda. Em verdade, como bem expressou o Pastor e Professor Warren W. Wiersbe, “o sermão no Monte das Oliveiras nasceu de perguntas dos discípulos, quando Jesus lhes disse que, um dia, o templo seria destruído. Primeiro, quiseram saber ‘quando’. A resposta a essa pergunta não se encontra registrada em Mateus, mas em Lucas 21:20-24. Segundo, perguntaram sobre os sinais da volta de Cristo. Essa resposta encontra-se em Mateus 24:29-44. Sua última pergunta foi sobre os sinais do fim dos tempos. A resposta de Cristo está em Mateus 24:4-8.
Devemos ter em mente que esse discurso foi feito num contexto judaico. Jesus falou sobre a Judeia (Mateus 24:16), o sábado (Mateus 24:20), e as profecias de Daniel quanto ao povo judeu (Mateus 24:15). A verdade completa sobre o arrebatamento da Igreja (I Co. 15:51; 1 Tessalonicenses 4:13-18) ainda não havia sido revelada, pois era um mistério (Efésios 3:1-12). Este tema, a Segunda Vinda de Cristo, permeia toda a Bíblia. Mas, evidentemente, sua maior expressão está no Novo Testamento. Nele existem mais de trezentas referências sobre o retorno do Senhor em glória e majestade. Daí se extrai o grande relevo e importância desse extraordinário e indescritível evento, tanto para o Salvador quanto (principalmente) para o Seu povo. Esta é, pois, a maior esperança dos salvos em Cristo.
Nossa IBSD não tem o propósito de discutir e gastar tempo com as questões escatológicas alusivas à doutrina do milênio em qualquer das suas acepções (amilenismo, pré-milenismo ou pós-milenismo), tampouco, sobre as diferentes especulações alusivas às fases desse glorioso acontecimento, ou, ainda, como será o arrebatamento. Com base nas exortações do apóstolo Paulo, constata-se que já em seus dias se espalhavam falsos ensinos a respeito da segunda vinda de Jesus. (Confira-se 2 Timóteo 2 17-18 e, ainda, 2 Tessalonicenses 2 1-3).
Nossa pregação e exortação, lastreados nas Santas Escrituras, é a de sermos vigilantes para que o grande dia (da Segunda Vinda de Jesus) não nos tome de surpresa. (Confira-se Mateus 24:43 44; 25:1-13). Assim, atinente à segunda vinda de Jesus, recomendamos a leitura dos seguintes textos bíblicos: (i) “Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder e grande glória.” (Lucas 21:27); (ii) “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o transpassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém.” (Apocalipse 1:7); (iii) “Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor.” (1 Tessalonicenses 4:16-17); (iv) “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do filho do homem.” (Mateus 24:27); (v) “Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! não acrediteis; porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que de antemão vo-lo tenho dito. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto; não saiais; ou: Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.” (Mateus 24:23-26); (vi) “Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o Pai.”(Mateus 24:36); (vii) “Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor.” (Mateus 24:42); e (viii) “Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço. Porque há de vir sobre todos os que habitam na face da terra. Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que hão de acontecer, e estar em pé na presença do Filho do homem.” (Lucas 21:34-36).
~ BREVE REFLEXÃO SOBRE A DEMORA (TARDANÇA) E O COMPORTAMENTO DOS CRENTES ~
Mas, e o que dizer sobre tamanha demora? Qual a razão dessa tardança? A Igreja Batista do Sétimo Dia busca a resposta a tais indagações no Livro dos livros. Confira as palavras do apóstolo Pedro: “Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pedro 3:8-9).
Em suma, o ensino (gr. didakê) e a pregação (gr. kerigma) desta Igreja, dando continuidade à proclamação apostólica, envereda no sentido de preparar um povo, das mais diferentes etnias e nações, como também das mais variadas classes sociais, a viver neste mundo vida santa, sóbria e justa, com renúncia à impiedade e às paixões mundanas, como quem “aguarda a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus”.
Avulta em importância, ademais, à luz do texto cravado na 2ª Epístola de Pedro, cap. 3, v. 12, assinalar a límpida observação de que, como Igreja, temos o privilégio não só de aguardar, mas, também, de apressar esse tão glorioso dia! Aliás, extrai-se do Novo Testamento Grego, no mencionado texto, a seguinte redação transliterada: “prosdokontas (esperando) kaí (e) speudontas (apressando) ten (a) parousian (vinda) tes (do) tou Theou (de Deus) hemeras (dia).
Cumpre ressaltar, por oportuno, que alguns tradutores e intérpretes (talvez, no afã de preservar uma convicção pré-determinista de todas as coisas e eventos), equivocamente, acrescentaram o pronome oblíquo “vos” ao verbo “speudo” (apressar), cuja conjugação (speudontas) em nosso idioma é no gerúndio (apressando). Este pronome, contudo, não consta do texto original. Portanto, a tradução pura e sem ranços de ajuste à “teologia particular” de quem quer que seja, é: “... esperando e apressando a vinda do dia de Deus” (grifos meus).
De conveniência, nesse passo, socorrer-nos da respeitada cátedra do Pastor e Professor Dr. Frederick F. Bruce que, a propósito do versículo em foco, anotou: “Pedro agora tira suas conclusões; ele não está apresentando um projeto acerca de como Deus vai cumprir os Seus propósitos; antes, está colocando ênfase na certeza de que Deus vai fazê-lo, na subitaneidade com que vai agir e no fato de que tudo que é inútil e ímpio está caminhando para a destruição total. As predições bíblicas requerem de forma coerente não somente nossa fé, mas, mais especificamente, o comportamento compatível com nossas crenças. Assim, Pedro ordena que os cristãos “vivam de maneira santa e piedosa” e que também vivam “esperando o dia do Senhor”, em que Ele vai agir, “aguardando com ansiedade” (nota textual da NVI) que Ele aja. Mas a palavra grega que Pedro usa, “speudo”, na verdade deve ser traduzida por “apressando” (como aqui no texto da NVI). (A ARC incorretamente insere aqui a palavra “para” além do reflexivo ‘vos’ ..., dando um sentido totalmente diferente, e um que nunca foi pretendido por Pedro) ...”.
Não é diferente o viés hermenêutico do já mencionado Pastor Wiersbe, quando adverte: “Os autores do Novo Testamento também ensinam que a expectativa ansiosa pela volta de Cristo deve nos motivar a ter uma vida pura (...). No entanto, não é simplesmente o conhecimento da doutrina com a mente que motiva esse tipo de vida, mas também a presença dessa verdade no coração; é amar a vinda do Senhor (2 Timóteo 4:8).
Essa atitude de expectativa não deve repercutir apenas na conduta, mas também no testemunho. Pedro afirma que é possível apressar a volta de Jesus Cristo. O termo traduzido por ‘apressando’ tem o sentido de “dar pressa” nas outras cinco passagens em que é usado no Novo Testamento. Os pastores “foram apressadamente” (Lucas 2:16). Jesus disse a Zaqueu: “... desce de pressa” (Lucas 19:5-6). Paulo “se apressava com o intuito de passar o dia de Pentecostes em Jerusalém” (Atos dos Apóstolos 20:16); e o Senhor disse a Paulo: “Apressa-te e sai logo de Jerusalém” (Atos dos Apóstolos 22:18)”.
Sendo assim, a pergunta que não cessa de ecoar e ressoa fortíssimo em nossos ouvidos, é: Como podemos aguardar e apressar este glorioso dia da Volta de Cristo? A resposta é simples. Desincumbimo-nos da exortação bíblica e petrina (i) buscando viver vida santa (no sentido de separada do mundo e seus valores), e (ii) ao proclamar em todos os rincões as boas novas da salvação, porquanto o texto do Evangelho é de solar clareza quando afirma: “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim” (Mateus 24:14).
~ CONSIDERAÇÕES FINAIS ~
Antes de encerrarmos estas reflexões necessitamos alertar que o dia da Vinda de Jesus será de muita treva e desespero para aqueles que, obstinada e levianamente, recusaram a oferta do perdão e salvação. Precisamos ter em mente e comunicar ao mundo que quando Jesus voltar, não mais será o advogado, o defensor, mas, sim, Juiz. A Bíblia nos faz crer que os despreparados para o grande evento tentarão fugir e se esconder da presença “dAquele cujos olhos são como chamas de fogo”, mas não encontrarão lugar. Desejarão a morte, mas ela fugirá deles.
Por outro lado, para os remidos — os resgatados do Senhor — será dia de muita alegria! Sim, nesse tão glorioso dia, os salvos mortos ressurgirão para a ressurreição da vida! Teremos corpos gloriosos, incorruptíveis e imortais. Ocorrida esta transformação, seremos arrebatados para viver sempre com Jesus, nosso amado Salvador!
Concordamos com o Pastor Lopes quando advertiu:
“Precisamos nos preparar para esse glorioso dia. Ele virá como ladrão de noite. A segunda vinda de Cristo apanhará a muitos de surpresa. Os homens estão vivendo despercebidamente como a geração que foi destruída pelo dilúvio e como as cidades de Sodoma e Gomorra que foram varridas do mapa pelo juízo divino. Agora é hora de se preparar. Agora é o tempo oportuno de corrermos para Deus e nos rendermos ao Seu Filho. Hoje é o dia oportuno para reconciliar-se com Deus”.
Devemos amar e apressar a vinda do Dia do Senhor. Precisamos saber que o Evangelho do Reino precisa ser pregado a todas as nações antes que venha o fim. Precisamos, como agentes do reino, viver preparados a todo instante, conclamando os homens a se arrependerem e a se reconciliarem com Deus enquanto é tempo. Nossa oração deve ser a mesma dos apóstolos de Cristo: “Maranata, ora vem, Senhor Jesus!” (grifos meus).
Amada Igreja, a despeito das lutas, provações e duras dificuldades pelas quais estejamos passando, não nos desanimemos, porquanto a Sua vinda é certa! Os melhores dias de nossa vida ainda estão por vir. Sem mais demora Cristo virá! Logo, logo será o real festim! Proponho que encerremos nosso estudo deste dia com a estrofe desta poesia conhecidíssima do mundo batista em geral. Ei-la:
“Qual filho, de seu lar saudoso, eu quero ir;
Qual passarinho para o ninho, eu quero ao céu subir.
Sua vinda ao mundo é certa, quando, não o sei;
Mas Ele me achará alerta, e para o céu irei!”
Maranata! Aleluia!