Texto de Estudo

2 Timóteo 3:16-17:

16 Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; 17 Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.

 

INTRODUÇÃO

Chegamos à lição oito, de uma série focada no discipulado. Até o momento, percebemos a relevante e fundamental importância do tema, suas exigências, vantagens, metodologia, seu preço, assim como o Mestre a quem temos como exemplo. 

Neste estudo, trataremos mais especificamente do manual do discipulado, a Palavra de Deus, com poder de transformar e com capacidade de regenerar vidas. É bem verdade que todo ensino, quando aplicado, pode ser transformador. Porém, apenas a Bíblia Sagrada tem o poder de transformar o ser humano ao padrão de Deus e com promessas eternas. Todo o cristão autêntico precisa ter interesse no estudo da Escritura e deve também estar disposto a ensiná-la a outros, pois esse é o ensino que transforma.  

 

UM EXEMPLO DE TRANSFORMAÇÃO

 

Um dos maiores milagres que testemunhamos na natureza é a metamorfose. Poderíamos falar de várias espécies que passam por esse processo, mas para abordar a transformação de um ser em outro, certamente vem à mente a lagarta, que se transforma em borboleta. A metamorfose  é um processo que acontece com a lagarta que muda sua forma, seu habitat, seus hábitos. Ela, que antes rastejava, alimentava-se de folhas e mantinha uma convivência com seres rastejantes, passa, sob a forma de borboleta, a voar, alimentar-se de pólen e viver em um novo habitat. 

Ainda que tenham sido difíceis os primeiros voos, a linda borboleta que vemos voando de flor em flor, com um colorido exuberante, em princípio, não parecia nada bela. Dentro do casulo, era apenas uma larva a transformar-se em pupa, sem cor, sem definição. Essa metáfora assemelha-se à vida do cristão que decidiu sair do casulo e deixar Deus transformar sua vida, dar forma e cor. Um cristão que quer ver a vida de outro ângulo, mudar seus hábitos e viver da forma que Deus deseja. É um renascimento. “Importa-vos nascer de novo” (João 3:7).

 

UMA NOVA IDENTIDADE PESSOAL 

 

A morte de Cristo não foi um acidente, mas cumpriu uma agenda. Ele não foi para a cruz, porque Judas traiu-o por ganância, ou porque os sacerdotes entregaram-no por inveja, tampouco porque Pilatos sentenciou-o por covardia. Jesus foi para a cruz, pois o Pai entregou-o por amor, e ele - voluntariamente - deu sua vida por nosso resgate. Ele morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras.   

Para nos dar uma nova identidade, uma nova natureza, um novo coração, uma vida de fato transformada, Deus reconcilia cada um de nos consigo, por meio de Jesus Cristo. Quando somos transformados pela Palavra divina, recebemos uma nova identidade. “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criatura, as coisas velhas já se passaram, tudo se fez novo” (2 Coríntios 5:17).  

Guiados pelo Espírito Santo de Deus, não somos mais escravos do pecado. “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge.” (1 João 5:18). 

Para se chegar a essa nova natureza, é preciso que o ser humano siga a ordem lógica, encontrada na Palavra de Deus. É como um mapa a ser seguido para encontrar um tesouro, uma nova identidade. Arrependimento, Fé em Jesus Cristo, Conversão, União com Cristo, Regeneração, Justificação. De forma resumida, vamos avaliar cada item citado.  

a)Arrependimento: Desde os profetas do Antigo Testamento, passando por João Batista e chegando a Jesus, o arrependimento dos homens sempre foi um requisito para se entrar no reino de Deus (Mateus 4:17; Lucas 13:3-5). Observando a vida dos apóstolos, percebemos que, na essência da mensagem, sempre estava presente a necessidade do arrependimento (Marcos 6:12; Atos dos Apóstolos 2:38; 20:21; 26:20). Mas o que é o arrependimento? Ele não é uma simples convicção de pecado, nem é o que se chama penitência (praticar duros trabalhos ou sofrimentos corporais para conseguir alguns méritos e tirar a pena do pecado). Tampouco uma mera reforma de conduta, ou simples tristeza pelo pecado. Arrependimento tem a ver com a convicção de pecado e das consequências maléficas, do desejo e da vontade de abandoná-lo para seguir na direção de Deus. 

b)Fé em Jesus Cristo: É por meio da fé em Jesus Cristo que a graça de Deus opera em nós. A salvação vem por ela (Romanos 5:11; Atos dos Apóstolos 16:31; Efésios 2:8). A Palavra de Deus ensina que “O justo viverá pela fé.” (Romanos 1:17). Paulo, resumindo sua exortação aos Gálatas, diz que “em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão vale coisa alguma; mas sim a fé que opera pelo amor.” (Gálatas 5:6). A fé é básica no plano da redenção de Deus. Um conceito sintético diz que “fé é o assentimento da mente e o consentimento da vontade às boas-novas da salvação em Cristo”. 

c)Conversão: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para que sejam apagados os vossos pecados.” (Atos dos Apóstolos 3:19). A conversão está intimamente associada ao arrependimento e à fé. Conversão é o ato de voltar da prática do pecado para seguir a Palavra de Deus. É a mudança exterior que resulta do arrependimento e da fé. 

d)União com Cristo: Como já comentamos, estamos seguindo uma ordem lógica. Por assim dizer, a fé em Jesus Cristo, associada ao arrependimento e à conversão a Cristo, são os meios de se chegar à União com Cristo. “Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é...” (2 Coríntios 5:17). O homem, ou está salvo em Cristo, ou perdido fora dele. 

e)Regeneração: A regeneração difere do arrependimento, da fé e da conversão, no sentido de que é uma ação direta de Deus na vida do crente. O homem deve arrepender-se, crer e converter-se; assim Deus ordena. Mas não há mandamento para que o homem regenere-se, pois essa é uma obra de Deus. Ela é o princípio essencial da salvação.  “Não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido a sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo.” (Tito 3:5).

f)Justificação: O sofrimento de Cristo significa o pagamento da culpa de todos os nossos pecados, o cumprimento da lei que condena. Assim, unidos a ele pela fé, morremos com ele, ficamos livres da condenação da lei e somos declarados justos e absolvidos da condenação.  “Pois o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram.” (2 Coríntios 5:14

 

Quando todos os atos iniciais da salvação são aplicados simultaneamente, a vida, muito além da nova identidade, assume nova fotografia. A transformação vem pela Palavra e dá-nos um novo nome. Ser verdadeiramente um discípulo de Jesus é ser livre do casulo do pecado; é viver intensamente uma verdade transformadora que nos dá direito a essa nova identidade, cujo nome não estará registrado em cartórios e registros humanos, mas no Livro da Vida, no céu, ao qual teremos acesso se permanecermos firmes até o fim. “...sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida.” (Apocalipse 2:10

 

UM CAMINHO CRESCENTE

 

Todo o cristão verdadeiro é transformado, de modo crescente, à glória de Cristo. “E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem, estamos sendo transformados, com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito.” (2 Coríntios 4:18). 

Durante toda a vida do crente em Jesus Cristo, desenvolve-se a experiência da santificação. A santificação, conforme Strong, “é a operação contínua do Espírito Santo, pela qual a santa disposição concedida na regeneração mantém-se e fortalece-se.”  

Em nosso tempo, vários ventos de doutrinas espalham-se pelo mundo, impressionando bastante pessoas com ideologias enganosas. Alguns se deixam levar por preferir permanecer no conforto do casulo, sem passar por uma transformação. Quando Jesus ora por seus discípulos, ele afirma claramente uma nova identidade, nova cidadania e a necessidade da santificação pela Palavra. “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou, não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo. Em favor deles, eu me santifico para que também eles sejam santificados pela Palavra.” (João 17:14-19)

No caminho da santificação, somos enviados por Jesus a anunciar a salvação pela qual o mundo está a clamar, perdido num processo inverso, em que não há limites, nem regras, verdade e, consequentemente, tampouco transformação. 

 

A MAIS SUBLIME MISSÃO 

 

“... e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra.” (Atos dos Apóstolos 1:8). Uma vez transformados pela Palavra de Deus, abandonado o casulo do pecado, não mais rastejando por lamaçais enganosos, o cristão passa a visualizar o mundo com novos valores, e a anunciação das boas-novas da salvação tornar-se-á o principal e mais sublime objetivo de vida. 

A sociedade dos nossos dias vive em profunda e constante mudança, em todas as esferas. Os valores morais, a família, a política, a educação e até mesmo as igrejas, muitas vezes, confundem-se em sua essência A única, suficiente e verdadeira transformação para o ser humano ocorre por meio da obediência à Palavra de Deus, viva e eficaz; contudo, ela não está sendo aplicada como deveria. O fato é que, nesse cenário, estão inseridos muitos que se dizem cristãos que ficam assentados nos bancos das igrejas há vários anos, sabem muito da Bíblia, mas não estão verdadeiramente envolvidos em alcançar “os confins da terra.” 

Onde está o problema? Na Bíblia, não é. Matson disse: “Os cristãos que viraram o mundo de cabeça para baixo foram homens e mulheres que tinham uma visão no coração e a Bíblia em suas mãos.”  Muito além de uma simples visão, uma ideologia, a Palavra de Deus precisa ser reconhecida como aquilo que de fato é, a única verdade que transforma a vida do ser humano. 

É preciso avaliar e distinguir com muita seriedade os princípios da vontade de Deus e o produto de nossa vontade e cultura. Se, de um lado, vivemos dias das maiores igrejas da cristandade; de outro, precisamos manter a visão clara de que a Bíblia é nosso fundamento. Caso contrário, perder-nos-emos no processo, ainda que bem-intencionados e sinceros. 

O fato é que a verdadeira transformação, por si só, produz no homem transformado o desejo de que outras vidas sejam transformadas também. Nessa perspectiva, o ser humano não é resgatado do casulo apenas para desfrutar de uma nova visão, outra proposta de vida e bênçãos provenientes da presença de Deus, nem para ficar apenas aguardando a vinda de Jesus. Somos transformados com o propósito de ser instrumento de transformação na vida de outras pessoas necessitadas de libertação, usando os mais diversos dons que Deus tem distribuído para a edificação e o crescimento da Igreja.  

 

UM NOVO OLHAR 

 

“Jesus olhou para ele e o amou” (Marcos 10:21). Jesus conversara com um homem rico que queria herdar a vida eterna. Em nosso mundo pós-moderno, totalmente tomado pela inversão valores e pelo relativismo, conhecemos inúmeras pessoas tomadas de sofrimento, presas à dependência química; famílias vivendo um emaranhado de problemas; filhos carentes da atenção dos pais... São homens e mulheres bem-sucedidos aos olhos do mundo, ricos de bens materiais, mas doentes e carentes por lhes faltarem a verdadeira transformação, que não se resume a conhecerem a Palavra de Deus. É preciso deixarem o que for preciso para que essa Palavra transformadora gere a mudança tão necessária. 

É importante observar que o nome “discípulo” não é destinado apenas a Pastores, Missionários, Diáconos, Presbíteros, mas a todos que “verdadeiramente permanecerem na Palavra de Deus.” (João 8:31) Muitos farão como o jovem rico e afastar-se-ão. Contudo, nem por isso nós, como cristãos verdadeiros, devemos deixar de anunciar o que a Palavra de Deus pode fazer na vida de um ser humano que se entrega totalmente a essa nova proposta de vida. Do contrário, ainda careceremos de ser transformados pela Palavra. 

Acompanhando esse raciocínio, é correto afirmar que para aquelas vidas, em cujo coração falta a motivação e o desejo ardente de vidas resgatadas e transformadas para um novo viver com Deus, ainda não aconteceu, de fato, a verdadeira transformação. O mesmo olhar de amor que Cristo dispensou para tantos que lhe cruzaram o caminho não pode faltar na vida dos discípulos. 

Quanto a nós, munidos da Palavra de Deus em mãos e arraigada no coração, aproveitando as oportunidades e os milagres que vão surgindo pelo caminho, é mister anunciar a Palavra, que transforma a tantos; muitos dos quais enganados com falsas verdades. 

 

CONCLUSÃO

 

“A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é límpido e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e todos, igualmente, justos.” (Sl. 19.7-9)

 O valor da Bíblia baseia-se no fato de que ela vem “do Senhor” e traz a proposta para o único caminho que conduz à Salvação, Jesus Cristo. No que tange às necessidades da alma humana, não há nada que possa substituir o valor da Palavra de Deus. Tudo que é necessário para que o ser humano possa saber e viver a transformação na sua totalidade está contido na Bíblia. Ela é a solução para todos os corações feridos, empedrados, desacreditados. É nela que encontramos a chave para a vida eterna. A Bíblia é o suficiente.

 

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