Texto de Estudo: Juízes 2:11-19

Juízes é um livro de ciclos, demonstrando por meio de cinco sequências distintas, como o povo de Israel colocava de lado a Lei de Deus e a substituía pelo que "achava mais certo" (17:6; 21:25). A cada vez Deus levantava juízes, para tirar o jugo da servidão e restaurar a adoração sem máculas. Mas, não muito tempo depois, o ciclo pecaminoso começaria novamente, assim que a temperatura espiritual da nação esfriasse.

O nome do livro, em português, é oriundo do latim Liber Judicum e deve estar baseado na tradução grega conhecida como Septuaginta, que verteu o nome como kritai. No original hebraico, o livro é chamado de shôft îm. Este termo tem o significado de "libertadores" (cf. 3:9,15). Isto pode ser visto no capítulo 2:16, onde está escrito "mas o Senhor levantou juízes que os livraram das mãos dos saqueadores" (grifo nosso).

Juízes 2 é um vislumbre do livro inteiro, registrando a transição da geração piedosa sob Josué à geração impiedosa, que não conhecia nem a pessoa nem o poder de Deus. O formato dos ciclos é mostrado, bem como o propósito de Deus em destruir os cananeus (cf. Deuteronômio 20:16-18).

As cinco fases cíclicas são: Pecado, Servidão, Súplica, Salvação e Silêncio.

Pecado

Os israelitas esqueceram-se de Deus e se voltaram para Baal e Astarote. Tais deuses nunca poderiam livrá-los. Poderiam, apenas, oprimir. Sucessivas gerações em Israel experimentaram maior corrupção moral e maior degeneração no pecado do que a anterior. Não apenas a imagem da apostasia de Israel é algo cíclico, mas a nação seguiu uma espiral rumo a um abismo espiritual.

Fidelidade dividida é uma transgressão séria da aliança de Deus com Seu povo. Em nossos dias, muitos cristãos querem ter o Senhor em uma mão e algum outro deus na outra. Não faltam deuses disponíveis para o depósito de nossa confi ança e que clamam nossa lealdade hoje. Vale à pena sondar nosso coração regularmente, para expor tal atitude, e nos arrependermos de quaisquer deuses que têm consumido nossa atenção.

Materialismo e ambições egoístas são grandes obstáculos para nosso avanço espiritual. Cobiça e ganância são nossa queda. Nossos deuses nos levam a buscar mais conforto, prazeres, mobilidade ascendente na pirâmide social e mais reconhecimento de outros, sem qualquer pensamento sobre o verdadeiro Criador. Podemos até nos tornar nossas próprias divindades, manipulando situações para nossa própria gratificação.

Servidão

A ira de Yavéh contra os israelitas resultou na opressão deles. Ele os vendeu nas mãos de seus inimigos. Eles ficaram chocados com a realidade de que o próprio Deus tornara-se seu verdadeiro inimigo. Ele assegurou isso, quando eles entraram em batalhas com nações inimigas, com o resultado sendo um desastre calamitoso para Israel. Os mesmos ídolos que eles tão entusiasticamente abraçaram não tiveram capacidade de libertá-los. A existência deles tornara-se miserável. Deus teve que mostrar-lhes a tolice deles permitindo que experimentassem Sua ira. Estavam aprendendo da maneira difícil que ídolos não podem criar, amar, abençoar, livrar e nem tampouco redimir.

Nem todos os nossos problemas e dificuldades na vida são causados por nos desviarmos do caminho de Deus. Mas durante nossos dias de trevas, é uma prática útil buscar ao Senhor, para descobrir se estamos contribuindo diretamente para nossa própria derrocada, com nossa desobediência e idolatria.

Súplica

Depois que Israel passava por um período de opressão, finalmente eles voltavam à razão e começavam a clamar ao Senhor. Precisavam de uma saída para sua angústia. De repente, lembravam-se que Deus era aquele que os resgatara da última vez, e da vez anterior a essa, e assim infinitamente.

É incrível o quanto nos esquecemos de Deus, nos dias ensolarados, somente para rapidamente nos lembrarmos dEle quando vem a tribulação. É por isso que os vales das trevas permanecem conosco nesta vida. Eles são o que nos mantêm apegados ao nosso Salvador.

Clamar ao Senhor envolve oração fervorosa, buscar Sua intervenção e invocar Sua autoridade. Pode também incluir jejum e outras disciplinas espirituais. O genuíno reconhecimento do pecado não pode ser omitido do processo. É mais do que um ritual ou um espetáculo. Um nível sem racionalização, justificativas, negação, nem desculpas deve ser alcançado. Nada aquém de puro arrependimento será suficiente.

Salvação

No relato do gemido dos israelitas, Deus teve compaixão deles e levantou-lhes juízes. É notável que mesmo antes de haver evidência clara do arrependimento de Israel, a intervenção de Deus em favor deles era evidente. Baseava-se em Sua compaixão. Sua misericórdia divina era estendida a eles. A cena da angústia deles movia-O à ação.

Temos um Deus que não deseja que ninguém pereça. Ele permanece pronto para mostrar-nos Sua misericórdia e Sua bondade amorosa. Ele é o Pai perfeito que quer o melhor para Seus filhos.

Os juízes de Deus eram vistos como libertadores ou salvadores de Israel junto aos seus inimigos. Esses juízes também serviam como catalisadores para que o povo retornasse ao viver piedoso. O propósito deles não era tanto jurídico, mas liderar o povo para fora da opressão e de volta à piedade. Sua função tinha tanto um componente externo como interno. Externamente, eles conduziam Israel à restauração das relações harmoniosas com as nações à sua volta. Internamente, a nação sob a liderança deles era reconsagrada à moral e à fidelidade espiritual.

Deus é o Salvador. Esse é o trabalho dEle. Por meio de Seu zelo e Sua oposição ferrenha aos ídolos que estabelecemos em nossa vida, Ele está ativamente buscando nosso bem. Quem Deus pode estar usando em nossa vida como estímulo para fazer com que voltemos à trilha espiritual? Não nos é incomum inicialmente rejeitar os avanços do Salvador, mas pode ser tarde demais para que voltemos à razão, para que nossa vida possa desfrutar a beleza do propósito e da vontade de Deus.

Silêncio

O livramento era tipicamente seguido por um período de descanso. Israel vivia em obediência aos mandamentos de Deus e desfrutava de Suas bênçãos. Normalmente, permaneciam no caminho até que o juiz morresse. Então, o ciclo recomeçava.

Você consegue identificar padrões espirituais cíclicos em sua vida? Há fortalezas espirituais que você descobriu serem impossíveis de quebrar? Você já experimentou descidas de montanha russa quando se trata de sua caminhada com o Senhor? Você já tentou quebrar um hábito em particular ou superar uma fraqueza? Você sabe que é preciso mais do que força de vontade, resoluções de Ano Novo ou livros de autoajuda. É preciso um relacionamento pessoal com Jesus Cristo. Nosso poder reside em uma pessoa. Uma vez que estamos ligados a ele, podemos e devemos assumir responsabilidade pessoal por onde estamos. Devemos nos comprometer a permanecer no curso, até mesmo quando a tribulação vem, e precisamos cooperar com o plano divino para nós.

 

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