Texto de EstudoJosué 2:1-16, Josué 2:22-24

 

Alguns chamam esta passagem de "Capítulo do Fio Escarlate", por causa do cordão escarlate amarrado na janela de Raabe (v. 21). Quando estava na Faculdade Bíblica Batista, ouvi um sermão com esse título. O pregador usou o Cordão Escarlate como um meio de revelar as Boas Novas de redenção por meio das Escrituras. O Cordão Escarlate oferecia, àqueles que se colocassem sob sua cobertura, a graça de Deus e a proteção da ira do julgamento. O Cordão Escarlate representa a redenção por meio do Messias. Conforme o escritor de Hebreus declarou: "E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão" (Hebreus 9:22).

Ao estudarmos essa passagem, encontramo-nos lidando com questões que desafiam nosso pensamento ético. Como Deus pode usar uma pessoa que é rotulada como uma prostituta para auxiliar Seu povo? Quando é apropriado se levantar contra a autoridade governamental sobre nós? É certo mentir, para proteger outros? Está tudo bem negociar com os representantes de Deus dizendo: "Eu farei isso se vocês fizerem aquilo outro?" É certo que sua família tenha a promessa de salvação, enquanto seu vizinho será destruído? Cada uma dessas questões, frequentemente, nos envolve em um malabarismo dos princípios da fé, esperando que mantenhamos a bola certa no ar, para que não precisemos responder à pergunta. O texto do estudo deste sábado, embora não contenha nenhuma resposta direta, nos dá o que pensar.

Três fatores nas ações de Raabe nos fornecem a resposta a essas questões.

1) Interagindo com o plano de Deus

Raabe tinha consciência da jornada de Israel e sabia que o Deus de Israel era mais poderoso que os deuses da cidade-estado de Jericó (vv. 10-11). Ela foi chamada para reforçar suas respostas às questões, baseando-se em uma medida racional do que ouvira e do que havia determinado como sendo mais do que rumores. Ela foi confrontada com uma escolha, baseando-se no conhecimento do que conseguira reunir sobre o Deus de Israel.

Quando somos chamados a interagir com o plano ativo de Deus, devemos estar conscientes o suficiente para o vermos como o plano daquele que guarda a Aliança. Certa vez Karl Barth, um grande teólogo alemão, disse que os pastores e pregadores precisavam andar com a Bíblia em uma mão, e o jornal na outra. Devemos estar conscientes do que está acontecendo na sociedade e no mundo à nossa volta, enquanto procuramos pela mão de Deus e por Seu agir na história.

2) Trabalhando a favor ou contra Deus

Quando tiramos nossas conclusões sobre como Deus trabalha no tempo e no espaço, devemos nos perguntar: "Seremos bênção ou maldição?". Raabe escolheu não se colocar no caminho do que Deus estava fazendo. Portanto, dado sua condição cultural, ela estava disposta a usar todos os meios disponíveis, para não ser um impedimento para a obra do poderoso Deus de Israel. Ela estava disposta a encerrar a questão de retirar os homens (v. 4). Ela estava disposta a mentir sobre os homens saindo seu estabelecimento (v. 5). Ela estava disposta a escondê-los sob as canas do linho de seu telhado (v. 6). Ela estava disposta a ajudá-los a saírem da cidade, permitindo-lhes que descessem o muro por uma corda, através de uma janela (v. 15). Ela estava disposta a auxiliá-los na fuga, providenciando as orientações para sua jornada.

3) O fator fé

Raabe tinha fé no poder do Deus de Israel, para redimir e preservar. Ela teve fé de que aqueles que O representavam podiam estar diante dEle e oferecer redenção e preservação. Ela tinha fé de que não importava que direção sua vida tivesse tomado até aquele ponto (ela era uma meretriz), ela podia ser a agente de redenção e preservação para "[seu] pai, mãe, irmãos e toda a família de [seu] pai" (v. 18). Além disso, Raabe tinha fé de que sua família acreditaria nela.

Raabe respondeu a essas difíceis questões, baseando-se em quem ela era, no que ouviu e viu e, acima de tudo, em quem estava disposta a depositar sua confiança.

Então, o que aprendemos com Raabe? Nosso Pai Celestial pode usar uma pessoa para abençoar Seu povo, alguém cujo status cultural é, na melhor das hipóteses, duvidoso. Embora possamos não aprovar a metodologia usada por algumas pessoas, para se tornarem agentes de preservação (por exemplo, mentindo), ainda assim Deus trabalha em todas as coisas e em todas as circunstâncias, para trazer à tona o cumprimento de Seu propósito de salvação. A história da salvação será cumprida, e não anulada, pelas ações de indivíduos.

Aprendamos mais sobre como funciona tornar-se agente de redenção. Entendamos melhor a Grande Comissão, o "ide por todo o mundo". Porém, por todo o mundo começa com a redenção e a preservação de nossa família. Há muitos pastores que são tidos como "bígamos" porque são casados com a esposa, mas também com a igreja. Da mesma maneira que é errado e vexatório a família do sapateiro ficar sem consertos de calçados, a casa do marceneiro sem armários ou a família do mecânico sem um carro em perfeito funcionamento, também o é para o pastor ministrar a outros em detrimento de sua própria família.

O cristão frequentemente vê a necessidade de outros chegarem ao conhecimento de Cristo e esquece-se de compartilhar a fé com seu pai e sua mãe, irmãos e irmãs ou outros parentes. A redenção e preservação que Raabe experimentou foram para sua família inteira. Billy Sunday, o famoso evangelista do início do século XX, disse assim: "Não creio que haja demônios o bastante no inferno para tirar um menino dos braços de uma mãe piedosa"3. Pais, sejam cuidadosos, pois Satanás está trabalhando incessantemente para destruir seu lar e afastar seus filhos do caminho de Deus.

A redenção é também, se não primordialmente, para aqueles mais próximos de nós: nossa família. Ponha-os sobre seu teto e pendure o Cordão Escarlate em sua janela.

 

3 ELLIS, William T. Billy Sunday: The man and his message with his own words which have won thousands for Christ. Whitefish, Montana: Kessinger Publishing, 2003, p. 75.

 

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