Um Culto de Adoração que Nunca Termina
Texto de Estudo: Apocalipse 7:9-17
Como seria ver Deus em seu trono no céu? Poucas pessoas escreveram sobre suas experiências a respeito disso; apenas Paulo, Ezequiel e Isaías. Talvez o mais conhecido e menos compreendido desses textos seja o do discípulo João, no último livro da Bíblia, conhecido como Apocalipse (ou, menos comum, A Revelação). A tradução literal da palavra grega apocalipse é "tirar o véu". Que título maravilhoso para usar para um relato das experiências celestiais de João! Deus tirou o véu do que acontecerá no fim das eras.
Ao lermos esta passagem, que cena maravilhosa estava diante de João! Ele foi levado até o céu e estava assistindo a eventos futuros desdobrarem-se diante de seus olhos. Neste ponto do drama, ele viu uma "grande multidão, que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas" (v. 9), reunida em um culto infinito de adoração, diante do trono de Deus. Esse grupo incontável estava vestido com roupas brancas, com palmas nas mãos, adorando-o dia e noite. Havia uma adoração responsiva eterna acontecendo, enquanto a multidão clamava: "Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação" (v. 10).
Em resposta, os anjos, os 24 anciãos e as quatro criaturas viventes prostraram-se diante do trono de Deus, em adoração. Eles clamavam: "Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graças, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém!" (v. 12). Ninguém estava forçando a adoração; ela parecia espontânea. A bondade e a grandeza de Deus impulsionam esse tipo de adoração extravagante de sua criação, em todo o tempo, no céu e na terra.
Segundo Caio Fábio, "no Apocalipse, esses seres viventes são criaturas sacerdotais, cujas existências se explicam e se plenificam no culto a Deus, diante do Trono. Em outras palavras: a razão de ser deles é Deus, o culto e o Trono". 13
A Grande Tribulação
Enquanto João estava ali, tentando processar o que estava acontecendo à sua volta, foi perguntado por um dos anciãos quem era a multidão de vestes brancas e de onde veio (v. 13). Você acha que João ficou surpreso em saber que o grupo era formado pelos santos que passaram pela Grande Tribulação? Acha que a mente de João estava relembrando os acontecimentos, lembrando-se do que Jesus dissera sobre a Tribulação e os últimos tempos?
Em Mateus 24:21-22, Jesus descreveu esse tempo na História como único. Nenhum outro seria cheio de tamanho sofrimento e opressão. Mesmo as 50 milhões de pessoas mortas durante a Segunda Guerra Mundial não ameaçaram eliminar a população da terra. Mas Jesus disse que, se esse tempo não fosse encurtado por Deus, "ninguém teria sido salvo".
Dá para imaginar como estava a terra para isso ser verdade? (Você pode encontrar várias passagens sobre a Tribulação em diferentes livros da Bíblia. Apenas alguns: Mateus 24:4-31; Marcos 13:5-27; 2 Timóteo 3:1-5; 2 Pedro 3:3-4; Apocalipse 6,9,13,14,16.)
Será um tempo no qual o amor das pessoas esfriar-se-á. Muitos cairão em sua fé em Deus. Homens, ricos e pobres, semelhantemente, deixarão seus lares, até mesmo suas mansões de milhões de dólares, e viverão em cavernas, por causa de seu grande terror. As pessoas amarão o engano e tudo o que for maligno, como bruxaria, imoralidade, pornografia, maledicência, assassinato, roubo, mentira, adorar as obras de suas mãos, idolatria e adoração aos demônios. Haverá muitos desastres naturais e coisas estranhas acontecendo nos céus. O alimento será escasso e caro, e as fontes de água estarão envenenadas. Mais de metade da população mundial será morta pela espada, pela fome, por pestilência e por animais selvagens. Quem não aceitar a marca do anticristo será incapaz de comprar ou vender qualquer coisa!
É desse modo que o mundo será durante a Grande Tribulação e, ainda assim, pessoas de toda língua e nação estarão seguindo a Jesus, não apenas umas poucas, mas uma multidão grande demais para se contar! O ancião falou das condições difíceis que a multidão suportou na terra quando mencionou: "jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum. [...] E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima" (vv. 16,17b). A igreja se manteve firme em seu compromisso com Jesus, e agora compartilha a vitória final.
Embora as pessoas tenham experimentado condições físicas difíceis e tempos emocionalmente desafiadores, ainda responderam com uma adoração totalmente extravagante a Deus ao estarem em pé diante de seu trono.
Ronald L. Nickelson, em seu comentário, assim afirma:
Estes dois versos estão entre os mais reconfortantes que encontramos no Apocalipse. Eles nos dão um vislumbre do que o futuro reserva para a Grande Multidão no reino consumado de Deus. Mas esta não é apenas uma imagem de felicidade futura. Muito disso é uma imagem espiritual de nossas vidas hoje. Somos protegidos por nosso Salvador. Nós não sofremos nenhum dano eterno no mundo natural. Vivemos com o conforto de Deus em nossas vidas. Nós realmente sofremos as dores da vida diária, mas Deus supera a cada uma delas em nossa vida. 14
Para aqueles que devem suportar as tribulações na terra, esta mensagem traz a esperança de que Deus ainda está no controle e exercerá o julgamento final sobre os ímpios. Esta passagem também nos ensina que a nossa resposta a Deus é para louvar e adorá-lo independentemente das nossas circunstâncias.
Respondendo à Adversidade
Quem dera nossa resposta a Deus, em meio a tempos duros, fossem assim! Será que podemos, como Paulo e Silas, cantar hinos de louvor a despeito do desconforto físico e da pressão emocional (Atos dos Apóstolos 16:22-34)?
Na maior parte do tempo, tudo o que quero é reclamar e sentir pena de mim mesmo em meus tempos difíceis. Não quero louvar a Deus; quero que os outros vejam minha tristeza e juntem-se a mim, lamentando todas as injustiças da minha vida. Minhas experiências recentes não são exceção. Descobri ser muito importante não apenas meditar sobre a bondade de Deus, mas também falar sobre ela frequentemente, lembrando-me de que "o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e a paz” (Romanos 8:6).
Minha carne é sempre rápida para se levantar e acusar Deus de ser, de alguma forma, injusto e impiedoso quando, na verdade, a bondade divina nunca esteve em discussão. É apenas minha própria carne tentando declarar Deus como errado, porque eu estou desconfortável ou, de alguma maneira, as coisas não saíram do meu jeito. É em tempos como esses que meu vício de me sentir bem ou confortável fica tão evidente.
O que sentimos é muito real; mas o que fazemos com esses sentimentos é muito importante. Quando clamamos pela graça de Deus em meio à adversidade, às vezes vemos pouca ajuda vir em resposta. Os céus assemelham-se a cobre, e Deus parece muito silencioso. É difícil declarar a infinita bondade de Deus. Todavia, far-nos-ia bem lembrarmos de que sua bondade é eterna e nunca deve ser questionada. Ele é tão maior, tão mais amplo! Ademais, é bem maior do que, possivelmente, podemos compreender.
É tão importante permitir que Deus examine-nos nesta vida para nos preparar para o tempo que está por vir... É crucial aprendermos a crucificar nossas emoções e nossos desejos carnais, sabendo que estamos nos preparando para um momento eterno de adoração, declarando para sempre a bondade e a grande misericórdia de Deus.
13 ARAÚJO FILHO, Caio Fábio de. Obra citada, p. 24.
14 NICKELSON, Ronald L. The KJV Standard Lesson Commentary 2010-2011. Cincinnati, OH: Standard Publishing, 2010, p. 313.