Para Nós e Para Ele

Texto de Estudo: Judas 1 17-25

Quando adoramos, enxergamo-nos dando algo a Deus. Damos-lhe glória, honra e louvor, que suas ações merecem e sua natureza exige. Mas será que paramos para pensar no que obtemos com a adoração? Quando louvamos a Deus, lembramos sua grandeza, fidelidade, bondade e seu poder. Agindo assim, somos edificados em nossa fé. Obtemos mais confiança de que Deus é capaz e está disposto a fazer tudo o que nos prometeu fazer.

A carta de Judas lembra que podemos escolher viver uma vida de zombaria ou de louvor. Como crentes, esforçamo-nos em tudo o que fazemos, dizemos e pensamos para dar glória e honra a Deus. Ainda mais importante, entretanto, a famosa bênção de Judas (a parte da carta que a maioria dos cristãos conhece) dá a nós a certeza da habilidade de Deus de se glorificar por intermédio de nossas vidas, a despeito de nossas fraquezas.

Uma Vida de Zombaria

 

Judas estava dirigindo a questão dos falsos mestres na Igreja, chamando-os de "escarnecedores" (v. 18), porque, com base no que ensinavam, escarneciam de Jesus e de seu evangelho. Ele passou a totalidade de sua carta expondo esses escarnecedores (vv. 1-16). Então, detalhou algumas características pelas quais seus leitores podiam reconhecer os "lobos vorazes" (vv. 18-19; cf. Atos dos Apóstolos 20:29).

Tomara que nenhum de nós esteja correndo o risco de ser identificado como falso mestre. Contudo, nós que somos chamados assim por sermos "iguais a Cristo", arriscamos fazer zombaria de nosso Salvador quando nossas vidas não refletem o estilo de vida para o qual ele nos chamou.

Faríamos bem em examinar nossas vidas para ver se podemos identificar algumas das características das que Judas listou.

Os falsos mestres são escarnecedores e andam "segundo suas ímpias paixões" (v. 18b). Os falsos mestres tinham a aparência de sinceros, mas seus corações não eram corretos. Sua prioridade era satisfazer os próprios desejos. Como filho de Deus, você deve passar por um "transplante de coração", abandonar os desejos pecaminosos de sua carne e deixar Deus enchê-lo com o coração dele.

Os falsos mestres também "promovem divisões" (v. 19a). Em todas as epístolas do Novo Testamento, encontramos avisos sobre falsos mestres que estavam levando a alguns desvios e causando divisões com o que ensinavam. Mas Deus é pela unidade. Obviamente, não somos chamados para nos unir àqueles que se agarram a falsas doutrinas. E causar desunião entre verdadeiros crentes é contrário ao coração de Deus. Fofocas, julgamentos e competições, infelizmente, são agentes de divisão nas igrejas, com os quais estamos muito familiarizados. Você passa mais tempo despertando unidade ou desunião no Corpo de Cristo?

Os falsos mestres são "sensuais"5(v. 19b), deixando que a sabedoria, as filosofias e os padrões do mundo caracterizem suas vidas, ao invés de serem "transformados pela renovação da mente [deles]" (Romanos 12:2). Você já conheceu alguém grande demais para suas qualificações espirituais? Essas pessoas agem como se fossem o presente de Deus para a Igreja, alegando terem um entendimento maior, mais profundo e espiritual, porém suas vidas não mostram isso. Isso estava acontecendo no tempo de Judas e ainda ocorre hoje. Você finge ser do alto quando, na verdade, sua mente está presa no mundo? Jesus disse que seríamos conhecidos por nossos frutos. Nossas vidas devem dar evidência da transformação que aconteceu nos corações.

Os falsos mestres "não têm o Espírito" (v. 19c). Esse talvez seja o indício mais forte que Judas apresenta contra eles. O principal problema com os falsos mestres é que eles não são cristãos autênticos, pois não têm a presença do Espírito Santo em suas vidas (cf. Romanos 8:9). Sabemos que Jesus prometeu enviar o Espírito Santo a todos os seguidores. Se sua vida não dá evidências regulares de que o Espírito Santo tenha assumido residência permanente em você, algo está errado e deve ser corrigido imediatamente. A evidência vem na forma de apresentar o fruto do Espírito (Gálatas 5:22-23) e os dons do Espírito (Romanos 12:6-8; 1 Coríntios 12:8-11), bem como no andar em Espírito (Gálatas 5:25). Quando tais aspectos faltam em nossas vidas, isso é indicação de uma falta de entrega.

Uma Vida de Louvor

Judas também destacou, para seus leitores, como suas vidas deveriam contrastar fortemente com as dos falsos mestres. Se quisermos guardar nosso precioso Salvador da zombaria e escolher uma vida de louvor, podemos também procurar esses traços em nossas vidas. Isso assegurará que estamos investindo em dar a Ele glória, honra e louvor, em tudo o que fazemos, dizemos e pensamos.

Este processo de reforma tem quatro aspectos pessoais, como apresentado por Judas nos versículos 20 a 23.

Quem louva edifica-se na santíssima fé cristã (v. 20a). Podemos fortalecer a fé cristã de muitas maneiras. Convencemo-nos de nossa fé explorando a Palavra de Deus. Crescemos intimamente na fé por meio da adoração. Somos encorajados nela por causa da comunhão com outros crentes.

Quem louva ora no Espírito Santo (v. 20b). Ao invés de não terem o Espírito, os verdadeiros crentes rendem-se diariamente ao poder do Espírito. Quando somos cheios pelo Espírito, ele ajuda-nos a orar de acordo com sua vontade (Romanos 8:26). Isso glorifica o Pai Celestial, e alinhamos nossa vontade com sua perfeita vontade.

Quem louva mantém-se no amor de Deus (v. 21a). Fazemos isso ao olharmos para a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo. Como consequência, aceitamos o amor de Deus, e amamos de volta (1 João 4:19). Obviamente isso depende mais de Deus do que de nós. Contudo, podemos ajudar ou atrasar o processo. Uma vida de louvor persegue, consistentemente, o amor de Deus.

Quem louva espera pela vida eterna (v. 21b). Embora vivamos no presente mundo, sabemos que não é esta vida que esperamos. Mantemos um olho no horizonte, por causa do retorno iminente de nosso Rei. Nesse meio-tempo, uma vez que foi mostrada tamanha misericórdia, quem louva evidencia ativamente a misericórdia para com os outros (vv. 22-23): sendo paciente para com aqueles que duvidam e mais agressivos para com aqueles que precisam ser resgatados do fogo, com olhos que discernem os corruptos. Quem louva reconhece que não há gente indigna de ouvir o evangelho de Jesus Cristo.

Encontrando Segurança no Louvor

Reconhecendo o potencial para seus leitores duvidarem de sua própria habilidade de viver rumo ao elevado chamado de uma vida de louvor, Judas encerra com palavras maravilhosas de segurança. Sua bênção de louvor (vv. 24-25) lembra que não é em nossas próprias forças que permaneceremos firmes, mas pela força do gracioso e misericordioso Deus, que nos salvou. Ele é aquele que nos fortalece para vivermos uma vida de louvor, em lugar de zombaria.

Deus é aquele que não apenas nos "guarda de tropeços", como também supera nossas fracas tentativas de vivermos uma vida de louvor. Ele tomou nosso pecado e pregou-o na cruz, com Cristo, e pôs sobre nós a própria justiça de Cristo. Dessa maneira, tornou possível que nos apresentemos "com exultação, imaculados diante da sua glória" (v. 24).

Então, é por causa de, não a despeito de, nossa fraqueza que podemos dar a Deus "glória e majestade, domínio e poder" (v. 25 – ACRF). Ele glorifica-se por nós pelo ato de nos salvar. Enquanto vivemos esta vida de louvor, obtemos confiança em sua habilidade de nos salvar e seremos ainda mais inspirados a dar a ele glória, honra e louvor em tudo o que fazemos, dizemos e pensamos.

O que você escolherá: uma vida de escárnio ou uma de louvor?

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5 Sensual (gr. psuchikos) é um adjetivo arcaico que caracteriza o princípio de vida animal; ou seja, o que os seres humanos têm em comum com os animais: o instinto. Portanto, os falsos mestres são pessoas governadas pelos sentidos, obedecendo às paixões naturais. A NTLH diz que os falsos mestres "são dominados pelos seus desejos naturais" (nota do Revisor).

 

 

 

 

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