Ententendo e Vivendo
A Própria Fidelidade de Deus
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- Jerry Johnson
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O Maior Desafio
Caso você me perguntasse sobre o maior desafio que um cristão que serve ao Exército enfrenta, ficaria chocado com minha resposta! Seria sair em combate em um país distante, para um futuro incerto, separado da família? Que tal as longas horas? Que tal o treinamento físico e o aprendizado de habilidades fundamentais de combate? Essas são boas respostas, mas não são minhas. Não! O maior desafio é enfrentar "os homens maus e perversos", todos os dias.
Quando um sargento fala a um recruta usando linguagem chula, não tenho o poder de repreendê-lo na frente de todos. Também não posso dizer a meus companheiros capelães e oficiais de outros funcionários que a linguagem ou conduta não é a de Cristo. Infelizmente, nem sequer tenho o poder de retirar os que estão desordenados, como Paulo ordenou aos membros da igreja em Tessalônica (v. 6-7). Também tenho de amenizar com relação aos que não agem segundo um padrão aceitável. E é verdade que os que falam mais alto a respeito dos outros deveriam se preocupar, primeiramente, com seus próprios assuntos.
Tenho certeza de que muitas igrejas e organizações cristãs enfrentam desafios semelhantes. Tudo que podemos fazer é estabelecer um padrão mais alto, que traga glória a nosso Senhor.
O Relato das Escrituras
Paulo começa este capítulo com um pedido de oração para que pudesse ser eficiente em seu ministério e estabelecer o padrão mais alto. Outros pedidos semelhantes incluem Efésios 6:19; Colossenses 4:3; 2 Coríntios 1:11; e Filipenses 1:19.
John Piper apelou a um sentimento militarista ao comentar o apelo do apóstolo:
A oração é rádio-comunicador da igreja no campo de batalha do mundo no serviço da palavra. Não é um comunicador interno para aumentar os confortos temporais dos santos. Não funciona bem nas mãos de soldados que desertaram. É para aqueles que estão na ativa. E, em suas mãos, ela prova a supremacia de Deus na busca pelas nações. Quando as missões movem-se pela oração, magnificam o poder de Deus. Quando se movem pela administração humana, isso magnifica o homem. (Alegrem-se as Nações, p. 67)
A confiança de Paulo no poder da oração estava na fidelidade de Deus; não na infidelidade das pessoas. Somente Deus poderia protegê-lo da influência dos malfeitores e dar vitória sobre a tentação pecaminosa.
No versículo três, ele fala da habilidade divina ao fortalecer e proteger-nos quando nos encontrarmos diante dos malfeitores. Esse processo acontece ao longo da maturidade espiritual. Nossa fé deve se desenvolver além de um simples fundamento nas verdades elementares da salvação. No serviço militar, os soldados ganham força por causa de rigorosos exercícios físicos, treinamento de combate, integração da unidade e treinamento em habilidades específicas para uma tarefa em particular. Os cristãos permitem que Deus fortaleça-os pelos rigores do treinamento espiritual, que inclui Palavra, oração, testemunho, comunhão e aprendizado quanto a receber e obedecer a ordens de alguém maior. Somente aqueles que estão estabelecidos em sua fé podem suportar provações e manter um testemunho positivo.
Deus também age como nosso guarda quando o "maligno" tenta nos derrotar. Jesus orou por seus discípulos e disse: "Eu lhes tenho dado tua palavra, e o mundo odiou-os, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo; e, sim, que os guardes do mal" (João 17:14-15). Definitivamente, apenas o próprio Deus pode oferecer proteção completa contra Satanás (Mateus 6:13; 1 Coríntios 10:13; 1 Pedro 5:7-8). Na batalha espiritual, não podemos tentar agir por conta própria. Quando nos submetemos ao controle de Deus, Ele faz com que nosso coração concentre-se em amá-lo mais e, pacientemente, resistam a todas as pessoas e circunstâncias que vierem.
Paulo tinha confiança de que esta igreja continuaria sendo fiel ao orar por ele e permitir que Deus conduzisse sua jornada. Em seguida, ele voltou sua atenção aos membros indisciplinados e desordeiros. Seu foco estava em aplicações específicas, mais do que em doutrina. A palavra "tradição", no versículo seis, é a mesma do 2:15, no qual o foco estava no ensinamento teológico. A doutrina apostólica de Paulo incluía instruções sobre como as pessoas deviam conduzir-se. Ele e seus cooperadores tinham sido consistentes em viver esse exemplo. Paulo não tinha nada contra pagar os que trabalham no ministério do Evangelho (1 Coríntios 9:14; 1 Timóteo 5:17), mas estava consciente de que alguns poderiam questionar seus motivos. Então, ele "faria tendas" para não ser um fardo nas igrejas que fundava.
Alguns, nesta congregação, estavam tentando ser ociosos e curiosos ao mesmo tempo. Jesus condenou a preguiça na parábola dos talentos (Mateus 25:26). Paulo disse a Timóteo: "Ora, se alguém não tem cuidado dos seus, e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente" (1 Timóteo 5:8). Provavelmente era verdade que aqueles que mais tinham tempo sobrando eram os que se intrometiam nos assuntos dos outros. Assim, a ordem era simples – se você quiser comer, precisa trabalhar e preocupar-se com seus próprios negócios.
John MacArthur faz um comentário interessante, ao descrever o contexto desta passagem de alerta:
O apóstolo Paulo tinha de corrigir um desequilíbrio na igreja tessalonicense. Os crentes ali ouviram que o Senhor estava vindo em breve, e muitos deles esperavam-no momentaneamente. Isso fez com que ficassem descuidados e indisciplinados em sua vida diária. Alguns, evidentemente, abriram mão de todo e qualquer trabalho. Tornaram-se ociosos e eram um problema sério para o restante da igreja. (A Segunda Vinda, p. 166).
Nesse caso particular, Paulo decidiu pedir que os infratores fossem tratados como crentes a serem admoestados e não expulsos como inimigos (veja 1 Coríntios 5:1-9). Eles deviam ser envergonhados para obediência. R. C. Sproul forneceu um princípio sólido para seguir:
O propósito maior da disciplina eclesiástica, em todas as suas formas, é preservar a pureza e paz da igreja e resgatar aqueles que se desviaram dos caminhos da fé cristã. Mesmo nos casos de exclusão, uma vez que o arrependimento seja constatado, pelas autoridades devidamente ordenadas, a igreja deve então reconhecer a remissão dos pecados e receber o transgressor de volta à comunhão plena (2 Coríntios 2:6-8). ("Disciplina eclesiástica e exclusão: quem deve ser disciplinado?" - Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1511).