Ententendo e Vivendo
Missão Para a Comunidade
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- Steve Graffi
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Uma ilustração importante de nosso relacionamento com o Senhor é aquela que mostra o pai amoroso e seu fi lho. Pensar em Deus como um pai amoroso geralmente dá um ótimo signifi cado à sua Palavra e como a relacionamos com nossa vida. A história de Jonas não é exceção.
Tome um momento para imaginar o relacionamento entre um pai amoroso e sua filha adolescente. Imagine que esta fi lha tenha começado a escorregar um pouco em sua fé e a fazer algumas escolhas ruins. Agora tente sentir o coração do pai. Qual você acha que é seu desejo primordial? Será o de desistir? Ou de puni-la e deixá-la de castigo pelo resto de sua vida? Ou será o de restaurar seu relacionamento consigo para algo saudável e amoroso?
Por causa de nossa natureza pecaminosa, temos a tendência de tomarmos decisões ruins. Mas graças à natureza amorosa de Deus, ele tende ao perdão, a segundas chances, terceiras chances, e o que quer que seja necessário para redimir e restaurar seu relacionamento com seus filhos.
O Objetivo
À medida que se lê Jonas (ou qualquer parte da Bíblia), é importante lembrar-se que o objetivo e propósito primordiais de Deus é um relacionamento redimido consigo. Esta é sua opção número um para lidar com seres humanos. Com muita frequência ouvimos a respeito do “Deus ranzinza e vingativo do Antigo Testamento, o Deus doe fogo-e-enxofre”, e do “Deus amoroso, pastoral e gentil do Novo Testamento”. O fato é que ele é o mesmo Deus. E pela perspectiva dele, o último é seu método favorito de se relacionar conosco.
Considere, por exemplo, a parábola do filho pródigo (Lucas 15:11-32). Enquanto consideramo-nos perdidos, sujos, pecadores imundos, nosso Pai ainda nos vê como seus fi lhos e espera e deseja nos ver voltarmos aos seus braços abertos.
Quando lemos os Profetas Menores, podemos normalmente presumir que o profeta é o herói – falando as palavras de Deus a pessoas perversas. Mas a história de Jonas não é uma história “herói - vilão”. É na verdade um conto de amor, contado duas vezes. Os capítulos um e três mostram-nos que Jonas e a cidade de Nínive não estão tanto em oposição como são paralelos. Jonas estava fugindo de Deus. Ele lhe deu uma segunda chance. Jonas se arrependeu e deu uma reviravolta em sua vida. Os moradores de Nínive estavam fugindo de Deus. Ele lhes deu uma segunda chance. Eles se arrependeram e deram uma reviravolta na vida deles.
Tanto na cidade de Nínive como na vida de Jonas, Deus está procurando por arrependimento e obediência.
Por favor, observe o seguinte: não encontramos Deus, no texto, dizendo a Jonas que ele iria destruir a cidade em quarenta dias. Tudo o que Deus diz é: “Esta é a mensagem que eu desejo que você entregue.” Aqui, Deus dá a Jonas uma oportunidade de demonstrar obediência, entregando a Nínive a única mensagem que poderia chamar sua atenção.
Os Meios
Quando lemos Jonas, encontramos uma imagem incrivelmente detalhada. A história está cheia de descrições e preposições, particularmente, muitas coisas vão para “cima” e para “baixo” em todo o livro. Isto pode até ser um esforço intencional para simular o movimento de um navio.
Estas descrições são mostradas desde o começo. E demonstram a intenção de Jonas de desobedecer ao Senhor. Mostram que o que quer que Deus queira que Jonas faça, ele planeja fazer o contrário.
Em Jonas 1:2 encontramos um par de “altos”: “Levanta- te” e a maldade de Nínive tem “crescido”. Depois, a 18 MISSÃO PARA A COMUNIDADE intenção de Jonas é demonstrada por “baixos”: ele “desceu” a Jope e “desceu” até o barco (v. 3). Deus pediu a Jonas que fosse a Nínive. Ao invés disso, Jonas “fugiu”. Estes opostos mostram que Jonas estava deliberada e intencionalmente em desobediência à direção de Deus.
Se o objetivo de Deus é um relacionamento redimido, seus meios consistem em oferecer segundas chances. Descobrimos que depois de Deus ter chamado Jonas para uma tarefa, ele deliberadamente desobedeceu, e Deus o “socorreu”, provendo-lhe um grande peixe. Depois ele é levado a um lugar onde Deus lhe faz exatamente a mesma oferta uma segunda vez, “Vá à grande cidade de Nínive e pregue (1:2), proclame (3:2) a ela.” Segundas chances!
A Resposta
O objetivo de Deus para toda a criação é um relacionamento redimido e aperfeiçoado consigo. Os meios pelos quais ele alcança esse alvo consistem em oferecer a todos os pecadores segundas chances. Quando a segunda chance foi oferecida, Nínive aceitou. Quando as pessoas respondem à segunda chance de Deus, ele responde-nos. Quando as pessoas encaram o pecado seriamente, Deus encara o perdão seriamente.
Nínive tinha um sistema de três passos para demonstrar sua resposta ao chamado de Deus. Eles demonstraram que estavam encarando o pecado seriamente.
Passo um: Nínive possuía seu pecado, e não apenas o possuía corporativamente, como o possuía em um nível individual, porque mesmo quando um grupo inteiro de pessoas é responsabilizado por uma ofensa, ainda resta ao indivíduo a responsabilidade de sofrer as consequências.
Vemos o reconhecimento disto no decreto do rei que foi divulgado na cidade. Uma Bíblia comentada traz a gramática do texto hebraico. O versículo oito diz: “... que cada [indi19 LIÇÃO 1 SÁBADO, 08 DE JANEIRO DE 2011. víduo] possa se voltar de seu [singular] caminho perverso [singular] e da violência que está em suas mãos.” (NASB). Mesmo quando Deus dá a segunda chance a um grupo inteiro, ainda depende de cada indivíduo responder a esse convite.
Passo dois: Nínive entendeu a seriedade do pecado. Os cristãos ouvem isto: Pecado é assunto sério. De fato, Jesus recomendou que se nossa mão direita faz com que pequemos, ela deve ser cortada! Como podemos esperar lidarmos com o pecado se não o levamos a sério?
Uma cidade inteira (levava-se três dias para atravessála) demonstrou que levaram o pecado a sério. Eles vestiramse de panos de saco, puseram pó e cinzas em suas cabeças, recusaram-se a comer, e clamaram por Deus sinceramente. Nínive entendeu com exatidão o quão sério é o pecado.
Passo três: Nínive fez algo a respeito. Jonas 3:9 é um versículo difícil gramatical (no hebraico) e teologicamente: “Quem sabe se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?” Mas o texto hebraico nos dá uma pequena dica quanto à possível intenção do autor. Há dois pontos (:) acima do verbo que é traduzido como “se arrependerá”. Estes dois pontos indicam uma pausa menor. Isto pode indicar que o autor estava seguindo para mais de uma frase complexa com “quem sabe” como o objeto da primeira oração. Em outras palavras, é possível que a tradução poderia ser: “(Ele ou ela) quem sabe se arrependerá, e Deus se voltará e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?”
Deus realmente quer ter um incrível relacionamento com seus fi lhos. Ele anseia tanto por isto que está disposto a fazer qualquer coisa por esse relacionamento, mesmo sacrifi - car seu único fi lho. Ele nos dá segundas (e terceiras, e quartas, e mais) chances para nos voltarmos para ele. Mas a fi m de nos ofertarmos a ele, precisamos levar o pecado a sério. Precisamos entender que o pecado é a única coisa que pode nos se20 MISSÃO PARA A COMUNIDADE parar da presença de Deus. E não apenas carecemos entender a realidade da situação, como também fazer algo a respeito. Quem souber disso se arrependerá e então Deus perdoará. Quando levamos o pecado a sério, Deus leva o perdão a sério.