Os Olhos dos Cegos Serão Abertos

Durante os últimos 13 anos cuidando de órfãos, nossa família cuidou de duas crianças que ficaram cegas pelo abuso de seus pais. Enquanto lutávamos contra a raiva, pelo que estas crianças sofreram, também fomos educados sobre o modo como Deus realiza milagres na vida das pessoas. A primeira destas duas crianças é agora nossa filha adotada Heaven (Céu). Quando a conhecemos, ela estava totalmente cega e afligida por um princípio de paralisia cerebral. Mas havia algo naquela menininha. Quando seu medo de novas vizinhanças se acalmou, descobrimos uma criança que transpirava amor. Como podia uma criança cega e severamente incapacitada ser como uma fonte de amor não merecido? É possível, porque Deus continua a realizar milagres entre nós. Minha família tem aprendido um novo nível de fé por causa da alegria de conhecer uma menininha cega. Deus continua a realizar milagres em Heaven também. Sempre que ela volta aos médicos eles ficam maravilhados com o quanto ela melhorou. Antes totalmente cega, ela agora consegue identificar objetos ao seu redor e conhece os semblantes dos pais e irmãos que a amam tanto.

Na passagem desta semana, Jesus ensina uma lição sobre fé que não exige visão física, mas a disposição de ver a vida pelos “olhos do céu”.

Um Milagre Depois do Outro

É sempre importante manter as Escrituras em seu contexto, se quisermos entender melhor a mensagem. A passagem desta semana de Mateus nos mostra uma parte do ministério de cura de Jesus durante o tempo (talvez quase um ano) em que João Batista estava preso. Mas os milagres sobre os quais lemos aqui são apenas um pequeno episódio, em uma longa corrente de encontros que Jesus teve com as pessoas necessitadas. Em Mateus 9:1 Jesus viu a fé do paralítico e ele foi curado. Em Mateus 9:22 a mulher hemorrágica tocou sua roupa e Jesus lhe disse, “tua fé te curou.” E em Mateus 9:18 o chefe da sinagoga disse a Jesus que se ele simplesmente tocasse sua filha, ele sabia que ela viveria.

O que todas essas pessoas tinham em comum era uma fé notável em uma pessoa, sobre a qual sabiam muito pouco. De alguma maneira, sabiam que este rabi era aquele a quem o povo estava esperando, e puseram sua fé nele. Multidões estavam se reunindo ao redor de Jesus e quando anunciou que a filha morta do chefe estava apenas dormindo, os espectadores riram. Quando ele tomou a mão dela, ela reviveu e os risos pararam. O versículo 26 diz, “E a fama deste acontecimento correu por toda aquela terra.”

Os Cegos Estavam Assistindo

No meio da multidão que seguia a Jesus, dois homens cegos estiveram “assistindo” estes eventos. Eles o seguiam, como muitos outros. Observe, contudo, o que os dois cegos estavam dizendo. Eles clamaram, “Tem compaixão de nós, Filho de Davi!” Esta não foi uma referência negligente à árvore genealógica de Jesus. Chamar Jesus de “Filho de Davi” era um reconhecimento de que ele era o Cristo. Durante a entrada triunfal, as multidões reconheceram Jesus como o Cristo ao gritarem, “Filho de Davi” (Mateus 21:9 15). Jesus foi até a casa, talvez para escapar do aperto do povo, e estes dois homens o seguiram. Mais uma vez, como em outros milagres que já vimos, Jesus fez uma pergunta que conectou a fé dos homens à sua cura: “Credes que eu posso fazer isso?” (v. 28). Os homens lhe asseguraram que sim.

O posicionamento deste evento imediatamente depois da ressurreição da filha de Jairo faz uma afirmação irônica. Quando Jesus procurou fé entre os que lamentavam (todos tendo visão física perfeitamente limpa) eles riram dele. Mas os homens cegos que eram fisicamente incapazes de ver tiveram uma visão mais clara do que estava de fato diante deles. Eles conseguiam “ver” que este era o Messias. Talvez eles se lembraram das palavras do profeta Isaías quando ele disse em Isaías 35:5-6: “Então, se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos; os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará.”

Ao chamarem-no de “Filho de Davi” e concordarem com a pergunta de Jesus, os cegos deixaram claro que entenderam que ele era o Messias e que ele tinha o poder de curá-los.

Pode ser apropriado perguntar por que Jesus esperou até que estes homens estivessem dentro da casa antes de fazer sua pergunta. Apesar de não haver nenhuma evidência bíblica direta de seu raciocínio, está muito claro que Jesus teria preferido que esta cura não se tornasse falada pela multidão. Ele os levou para fora da vista da multidão e depois que a visão deles foi restaurada, ele os instruiu: “Acautelai-vos de que ninguém o saiba.” A combinação dos milagres impressionantes que ele realizara e do desejo do povo pelo Messias, teria feito com que os eventos andassem mais depressa do que Jesus queria. Mas aqueles que receberam sua visão não se contiveram e espalharam a palavra.

Para Alguns, Celebração; Para Outros, Dúvidas

O ministério de Jesus estava agora a todo vapor, mas João Batista estava atribulado. Em Mateus 11:2 lemos que João enquanto estava na prisão ouviu a respeito do ministério de Jesus. Isto não era o que João havia esperado. Ele chamara o povo ao arrependimento para preparar a vinda do Messias, mas seu foco era em um Messias com uma pá e com fogo. João estava procurando pelo Messias triunfante que aniquilaria os inimigos de Israel, os mesmos inimigos de Deus que o puseram na prisão. Quase se pode ouvir o desapontamento em sua voz quando ele pergunta a seu primo Jesus: “havemos de esperar outro?” (v. 3).

Jesus responde com um lembrete de Isaías 35:5 6 e 61:1. Ele estava cumprindo as profecias messiânicas dos profetas do Antigo Testamento. Não eram seus milagres, todavia, que deveriam ser o fator decisivo para crer que ele era o Filho de Deus. A pessoa que conseguisse vê-lo como ele era (com os olhos da fé) seria abençoada por Deus.

Tenha Bom Ânimo... Tua Fé Te Salvou

Nem eu, nem você vimos Jesus impor suas mãos sobre olhos cegos e curá-los. Não o vimos ressuscitar uma criança da morte. Nossa situação é exatamente a mesma daqueles a quem ele fez a pergunta no versículo 28. “Credes que eu posso fazer isso?” Mas o que temos que entender é que a pergunta vai muito além de uma crença em um poder curador. A pergunta é - “Você crê que eu sou o Messias? Acredita que eu sou o Filho do Deus Vivo? Que eu posso lhe salvar? Você pode pôr sua fé em mim? Está pronto para enxergar com os olhos do céu?”