Introdução
Texto de Estudo: Apocalipse 21:1-8
Nosso foco, nesta unidade, é a adoração cristã. A palavra grega para adoração, encontrada 22 vezes em todo o livro de Apocalipse, é proskuneo, que significa reverenciar ou homenagear alguém de posição superior. Esta palavra era "usada para designar o costume de se prostrar diante de uma pessoa e beijar seus pés, a orla de sua veste, o chão, etc."16. Adoração é um ato de respeito e de honra; uma expressão de maravilha diante de Deus e de seus feitos (Apocalipse 21 não usa a palavra; mas o capítulo 22, sim).
O significado em relação à adoração vem quando se considera a beleza e a grandeza da cena magnífica lavrada por Deus, em seu ato de renovação no fim dos tempos. O pensamento das coisas grandes e impossíveis (de uma perspectiva humana) que Deus fará deveria nos levar a parar e cair de joelhos, maravilhados. A obra da renovação, neste capítulo, deveria fazer com que adoremos a Deus.
Anteriormente, em Apocalipse 20 Cristo tinha retornado; o reinado milenar começara, e o julgamento do trono branco já iniciara e terminara. Aqui recebemos uma descrição de nosso novo lar e uma mensagem do trono. João descreveu as bênçãos, aguardando os fiéis e uma destruição final dos ímpios.
Descrição do Novo Lar
Ocasionalmente, tenho a oportunidade de assistir a programas de televisão nos quais algumas famílias infelizes têm uma nova casa construída, ou têm a casa reformada e expandida. Elas desaparecem, enquanto o trabalho é terminado. Depois, voltam com vendas nos olhos. Quando as vendas são removidas, revelando a nova casa, com frequência há lágrimas de alegria ou expressões de choque com o que foi feito. Sempre se ouvem grandes palavras de louvor e de gratidão pela generosidade dos que realizaram a obra. Essa é a mesma resposta que devemos ter ao ler Apocalipse 21:1.
O mundo no qual vivemos está danificado, por anos de ocupação humana. Ele tem sofrido a contaminação de gerações de pessoas vivendo no pecado. No princípio, o que Deus criou era bom (Gênesis 1:1). Mas a criação original tornou-se corrompida pelo pecado, e caiu em decadência e morte. Então, Deus prometeu que um dia irá criar "novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas" (Isaías 65:17; cf; Romanos 8:19-22; 2 Pedro 3:12-13).
Descrição da Nova Capital
Quando criança, fui a uma viagem de campo para o capitólio estadual do Texas. Eu vi um belo edifício, feito com pedras externas, de granito cor de "vermelho pôr do sol". Perto dele, havia outros edifícios bonitos e monumentos a grandes heróis locais. Eu fiquei fascinado por essas estruturas e impressionado por sua história e beleza. Esses são os sentimentos que a descrição da "Nova Jerusalém" deveria nos trazer.
Os versículos dois, ao descrever sua imagem, diz que a sua beleza é igual à de uma noiva. Na Bíblia, o povo de Deus, procedente de todas as tribos, línguas e nações, é visto coletivamente como uma noiva adornada para seu marido. Israel, em tempos antigos, tinha esta promessa: "Você, porém, será chamada Hefizibá, e a sua terra, Beulá, pois o Senhor terá prazer em você, e a sua terra estará casada" (Isaías 62:4 – NVI). Da mesma forma, a Igreja, no Apocalipse de João, é retratada como "noiva de Cristo" (Apocalipse 19:7; Apocalipse 21:2,9).
O Deus dos céus e da terra fará seu lugar de habitação em meio à Criação e reinará a partir da Nova Jerusalém (v. 3). João afirma o mesmo fato três vezes: tabernáculo de Deus (ou "morada") com os homens; Deus habitará com eles; e Deus mesmo estará com eles. Nos dias de Jesus Cristo, os discípulos tiveram uma antecipação do que significava viver na presença de Deus. Como João escreveu: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (João 1:14). Aqui a palavra "habitar" (gr. skenoo) transmite a ideia de fixar um tabernáculo (ou tenda), com o propósito de ali residir temporariamente. Porém, no capítulo final da história da salvação, o próprio Deus habitará para sempre com seu povo. Todas as promessas e prenúncios ali se cumprirão.
Então, Deus enxugará dos olhos toda a lágrima e encerrará o processo de decadência e de morte, que tem se apresentado por toda a História (v. 4). A Terra tem sido muitas vezes chamada de "vale de lágrimas", e não sem uma boa razão. Todas as pessoas têm a sua quota de tristeza, dor e sofrimento. Nem uma família está imune à morte. Mas Deus vai mudar tudo isso. A pena de morte, trazida para a raça humana por meio de Adão e Eva, será plenamente removida (Gênesis 2:17; Gênesis 3:19). Viver para sempre será uma alegria, porque todas as coisas negativas da vida antiga serão arrancadas. A tristeza dos funerais terá desaparecido. O choro de frustração e decepção não mais será ouvido. Nunca mais a dor da doença, sofrimento ou lesão será sentida. Toda a ordem antiga das coisas terá passado.
Reflexões sobre as implicações de Deus governando a partir de sua capital e vivendo entre nós deveriam trazer alegria e espanto diante de sua presença.
Palavras do Trono
Os versículos cinco a oito reiteram que Deus fez novas todas as coisas. João contou sobre as bênçãos, aguardando os fiéis neste novo mundo. Ele descreveu os não crentes e sua destruição.
Natureza das Palavras
Nos versículos um a seis, devemos ficar chocados com o conceito de um mundo regenerado, preparado por Deus. João descreveu "um novo céu e uma nova terra" (v. 1). Haverá um novo mundo, com um governo sem corrupção e uma nova sociedade cheia de cidadãos regenerados. Eis a mensagem que Deus estava nos trazendo com as palavras: "Faço novas todas as coisas" (v. 5).
Bênçãos para os Fiéis
Tudo começa e termina em Deus, porque ele é o Alfa e o Ômega (a primeira e a última letra do alfabeto grego). Deus promete suprir nossas necessidades. Esta não é uma promessa nova (cf. Salmos 36:8 9). E, estas promessas eternas, de um novo mundo, pertencem aos fiéis (v. 6). Essa vida está cheia de tempos de privações. Os fiéis foram perseguidos por séculos. Mas, um dia, aqueles que foram fiéis não mais passarão por dificuldade. As necessidades dos cristãos serão supridas, gratuitamente, por toda a eternidade.
O versículo sete diz que aquele que vencer será considerado como filho de Deus. Várias vezes o livro do Apocalipse promete bênçãos para aqueles que vencerem. Em cada uma das cartas às sete igrejas da Ásia, há uma promessa específica a esse respeito (cf. 2:7,11,17,26; 3:5,12,21). Sempre que estamos cansados da luta, devemos considerar o resultado final da vitória: herdaremos todas as coisas. Devemos nos maravilhar com a realidade dessa esperança.
No salmo oito, Davi expressou a maravilha e o espanto de um homem que considerou a vastidão do universo e a pequenez do homem. Eis o trecho a seguir:
Quando contemplo teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo que percorre as sendas dos mares. Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico é o teu nome! (Salmos 8:3-9)
As bênçãos prometidas para os vitoriosos deveriam nos causar a mesma maravilha e o mesmo espanto. Isso deve nos impulsionar a adorar e a louvar a Deus.
Destruição dos Ímpios
Deus é justo; logo, ele exalta servos fiéis. Haverá uma destruição futura dos ímpios. Eles serão aniquilados, por causa dos salvos, porque, se continuassem vivos, manchariam esse mundo, já que continuariam com suas naturezas pecaminosas. Seu estilo de vida sem arrependimento os levará à morte: "Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte" (v. 8).
Temos visto Deus como o Criador de todas as coisas, o Rei dos reis e o Juiz de todas as coisas. Ele é gracioso, amoroso, misericordioso e justo. Cada uma dessas características deve fazer com que o adoremos.
16 BAUER, Walter. A greek-english lexicon of the New Testament and other early Christian literature. 3 ed. Chicago: University of Chicago Press, 2000, p. 716.