Numa certa viagem de avião um passageiro pode perceber a diferença entre a atitude de uma criança que viajava pela primeira vez e as demais pessoas que já eram acostumadas a viajar de avião.

Quando o avião alcançou certa altura a criança estava deslumbrada com as nuvens e com o mundo lá embaixo que havia deixado por um momento. O brilho de sol parecia ser diferente do que ela era acostumada a ver, e a vida lá embaixo também. Enquanto isso as outras pessoas cochilavam, faziam alguma leitura, abaixavam o quebra-luz de suas janelas e assistiam ao filme que estava sendo exibido. A conclusão a que se chega diante de tal quadro é que ao se criar uma rotina, é possível perdermos a atitude de deslumbramento daquilo que está a nossa volta.

Creio que muito disso acontece com os cristãos. Não no que se refere a viagens de avião, mas ao cair numa rotina em que a beleza de Cristo não é mais tão deslumbrante. A conseqüência disso é uma vida cristã insípida, isto é, sem sabor. E se nossa vida cristã chegou a tal patamar então significa que não estamos no caminho certo. A razão para tal afirmação é clara. Como é que os cristãos do primeiro século conseguiam marchar para a morte cantando louvores? Como é que muito deles perdendo parentes queridos, e sendo fugitivos do governo não desistiam de servir ao Senhor? Só há uma resposta para estas perguntas: eles viviam a vida cristã com intensidade. E viver a vida cristã com intensidade não significa necessariamente que passar pelas mesmas experiências que os primeiros cristãos passaram. Para que a vida cristã seja uma vida com sabor é preciso acrescentar certos aditivos a fé inicial. O apóstolo Pedro trás estes aditivos em uma de suas excelentes exortações: "... por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude, com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo" (2 Pedro 1:5-8).


Cada elemento alistado por Pedro deve ser utilizado em certas situações ou todos eles numa mesma situação. Mas o que realmente importa é que associar tudo isso a nossa fé faz parte de nossa vida. Não é uma coisa para usarmos por um tempo e depois deixarmos de lado (como acontece com alguns aparelhos de ginásticas que acabamos adquirindo!). O único jeito de nossa vida cristã não se tornar monótona é permitir que ela esteja em movimento.

Talvez estejamos perdendo o senso de deslumbramento. Infelizmente esta é uma triste realidade na vida de muitos. Isso tem acontecido, creio eu, porque a vida cristã tem se tornado muito comum. E é aqui que está o problema. Porque a vida cristã não é uma vida comum! Se ela se tornou assim não é por culpa de Deus, e sim nossa. A vida passa diante de nossos olhos. Nós é que resolvemos vê-la do jeito que queremos. A vida cristã não se tornará diferente por aquilo que vem de fora. E sim por aquilo que vem de dentro! Esta é a explicação do porque as pessoas vêem o mesmo mundo, mas tem atitudes diferentes em relação a ele.

Querido leitor(a) acrescente os aditivos acima mencionados a sua fé. Pois todos eles têm um único objetivo, fazer você olhar para Jesus "... o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.

Considerai, pois, atentamente aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma" (Hebreus 12:2-3).

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