A parábola que Jesus nos conta aqui é sem dúvidas uma parábola para o tempo presente. De fato, a idéia central dessa história é criticar a avareza. E aqui é preciso ressaltar que Jesus não tem nada contra o fato de buscarmos uma boa estabilidade financeira e material. Lembremo-nos de que uma das principais bênçãos do Senhor ao povo de Israel era justamente a de uma boa estabilidade material. Jesus apenas diz que adquirir coisas materiais não deve ser a única finalidade da vida de uma pessoa. Caso isso aconteça, então ai residirá o problema, ou seja, está revelada a avareza de coração. Perceba que a avareza leva a pessoa a adquirir o que ela não necessita. O Homem de nossa parábola já era próspero o suficiente. Além do mais a avareza também leva a pessoa a viver debaixo de uma falsa segurança. O homem de nossa história também acreditava que viveria muitos anos, para que assim pudesse gozar de tudo. Bom, como dizia anteriormente. Essa é a idéia central do nosso texto.

 

Mas queria destacar nessas poucas linhas de reflexão outra idéia importante desse texto de Lucas. Jesus disse: “... louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado para quem será?” (Lucas  12.20). E aqui queridos irmãos vejo Jesus tocar em uma velha ferida do Homem: a falta de uma boa prestação de contas! Além de Deus ninguém tem o poder da vida nas mãos. Somo apenas inquilinos e não donos da vida que possuímos. A vida nos foi dada e não conquistada!

Sendo assim o que estamos fazendo dela? Quanto finalmente for pedido conta do que fizemos com ela, qual resultado apresentaremos?

O resultado do personagem de nossa parábola parece não ter sido bom. Porque isso aconteceu?

Porque acreditava ser o dono e não inquilino de sua própria vida. Alguém poderá dizer: ‘Qual é o erro dele? O celeiro antigo não cabia mais nada. Pois a fartura foi grande. Que mal há em ser ele um empreendedor visionário?’ Antecipar possíveis erros no futuro é algo nobre. Esse ato demonstra sensatez. No entanto, o problema é que para ele viver os prazeres da vida material era a única finalidade de sua existência. De fato, Salomão aconselhou o homem a gozar do fruto de seu trabalho. O que parece nos apontar para um prazer não nocivo. Só que para Salomão a finalidade principal do Homem era temer a Deus e guardar seus mandamentos, e não viver unicamente para adquirir mais e mais riquezas. E, mais uma coisa. Salomão via que se o único propósito do Homem fosse juntar coisas aqui nesse presente estado de existência, então estava perdido, pois tudo isso é vaidade e correr atrás de vento! Provérbios 21:17 nos diz: “Quem ama os prazeres empobrecerá, quem ama o vinho e o azeite jamais enriquecerá”.

Portanto, vejo que não há contradição nos textos bíblicos aqui apresentados. Antes o que há de errado são as intenções e atitudes do coração do homem relacionado as coisas desta vida. Parece que a questão se resume a problemática de ‘quem queremos ser’. Já é mais do que aceito no bom senso comum que riqueza em si não trás realização plena para o Homem. No entanto, quem é que poder argumentar contra as boas coisas que o dinheiro pode proporcionar! Irônico isso, não é?

Mas, a mim não importa se somos ricos, de classe média, ou pobres, ou até abaixo da linha da pobreza. Todos nós um dia prestaremos conta de nossos atos (Vide a parábola do rico e de Lázaro). A avareza não é um mau que afeta a alguns ricos, afeta também a alguns pobres. Pensando nisso foi que percebi que esse texto fala de algo mais profundo e problemático do que a avareza em si. Esse texto pergunta sobre que tipo de pessoas estamos escolhendo ser! E não para por ai. Uma vez feita a escolha, somente diante de Deus, no dia do grande Juízo, é que saberemos as implicações dessa escolha.

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