O episódio de nossa passagem bíblica narra o pequeno diálogo entre Jesus e os dois ladrões que foram crucificados com ele. A menos que esse episódio seja lido dentro do seu contexto, a passagem bíblica não terá real importância para os cristãos de hoje e os ouvintes da Palavra de Deus hoje. O que Lucas queria nos mostrar não era apenas o moralismo resgatado de um ladrão que se arrependeu no final, e de outro que nem mesmo com o ‘pé na cova’ buscou arrependimento! Lucas não quer que os leitores tenham pena de Jesus. Antes, Lucas quer que identifiquemos a cegueira nos olhos daqueles que viram a Jesus, mas não o reconheceu como o Messias enviado de Deus Pai.

 

É difícil aceitar o fato, mas nem sempre enxergamos aquilo que está diante de nossos olhos. A geração que foi testemunha ocular das obras de Jesus, e também foram testemunhas auditivas de seus ensinos, não conseguiram perceber que aquele que estava diante deles era o Filho do Homem. Percebamos que Lucas não põe nossa passagem isoladamente. Antes ele havia nos mostrou que tanto o povo como as autoridades religiosas da época de Jesus duvidaram: “Salvou os outros, a si mesmo se salve, se é de fato o Cristo de Deus, o escolhido” (Lucas  23.35). Como se não bastasse, houve ainda o escárnio dos soldados romanos (Lucas  23.36). Por último, Lucas nos mostra o ultimo personagem a duvidar de Jesus – Um dos ladrões crucificado. Ele disse: “Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também” (Lucas  23.39). Lucas, pois, quebra essa sequência de dúvidas (o povo e as autoridades judaicas, os soldados romanos e um dos ladrões) com afirmação da perspectiva messiânica do outro ladrão da cruz! O Judaísmo sempre viveu na expectativa da vinda de seu libertador. Aquele que se assentaria no trono de Israel e regeria todas as nações a partir de Sião. Aquele que julgara todos os povos. Israel deixaria de ser calda e passaria a ser outra vez cabeça. O reinado do Messias de Deus seria diferente de tudo o que o Judaísmo havia experimentado antes. Eis aqui a razão do porque tanta expectativa em torno desse ser tão especial. No entanto, Deus Todo-Poderoso inverteu a ordem dos fatores. O Messias veio primeiro num estado de humilhação. E isso dificultou e muito a aceitação de Jesus, por parte dos judeus. O mínimo que se esperava do povo judeu era aceitar o seu Messias. Não importando a forma como ele veio.  Veio para os seus, mas eles não o receberam. Para acentuar mais ainda a culpa daquela geração, Lucas mostra que mesmo sendo crucificado numa cruz, e não vendo a presença concreta de Reino Messiânico algum, aquele ladrão creu em Jesus: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino” (Lucas  23.42). Este ladrão arrependido realmente teve a perspectiva correta. Ele conseguiu enxergar o que os demais não enxergaram: o Messias Salvador, no Servo Sofredor!! Esta perspectiva estava correta, mas não completa. Jesus completou: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas  23.43). Ou seja, o ladrão só conseguiu ver o futuro, mas Jesus afirmou sua inclusão do reino, ali, no presente. O que os leitores bíblicos precisam entender é que com a primeira vinda de Jesus iniciou-se o Reino Messiânico. Não é a toa que Jesus comparou o Reino dos Céus com a pequena porção de fermento colocada num grande quantidade de massa. No começo ninguém percebe o fermento. Só depois de um tempo é que veremos os efeitos dele, quando é colocado na massa.

Ser um religioso nem sempre significa que teremos a perspectiva correta sobre as coisas de Deus. Jesus ainda hoje continua sendo assunto de dúvidas na mente de muitos cristãos e não cristãos. Para termos a visão correta, leiamos com muita oração e ardor de espírito a Bíblia. Pois ela é a Revelação escrita de Deus. Ali encontraremos o que o Senhor pede de Nós, ou seja, que creiamos que JESUS É O SENHOR E SALVADOR!!

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