Contexto

Esta segunda, e mais curta, carta de Simão Pedro é seu lembre fi nal à igreja para permanecer fiel face à corrupção do mundo causada por desejos malignos (luxúrias). Ambas as cartas de Pedro têm forte ênfase no viver santo e na exortação que resistamos aos falsos mestres. Seis vezes nesta carta ele nos chama de amados ou queridos. Trinta anos havia se passado desde que Jesus prometera voltar e Pedro sabia que muitos ímpios estavam espalhando mentiras de que Jesus não irá regressar. Ele trata de questões similares àquelas que motivaram Paulo a escrever aos tessalonicenses. Ele é certamente movido pelo Espírito Santo e conclama os ouvintes, a se lembrarem das palavras dos profetas e atentar para a autoridade das palavras dos apóstolos, incluindo as suas próprias.

 

Cenário

Simão Pedro escreve sua segunda carta cerca de 66 d.C., aproximadamente dois anos antes de sua morte. O tema primário deste capítulo é o dia de Deus. Pedro nos lembra que já escreveu duas cartas chamando-nos ao pensamento proveitoso e ao viver piedoso para que estejamos preparados para este grande dia. Ele pode não perceber que a esta altura será em breve morto pelo imperador romano Nero, mas sabe que em breve será levado deste “tabernáculo terreno” que é seu corpo, e entrará no “reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (1.11-13).

Foco

Como faz em sua primeira carta (1 Pedro 4:7) e como Paulo faz em tantas de suas cartas (ex.: Filipenses 1:10), Pedro quer que o cristão seja puro de mente. Esta palavra leva a conotação de ser exposto ao exame da luz do sol, ser genuíno, sincero e sem ofensa. Hoje, diríamos que ser tão puro é ser autêntico ou transparente. Assim como a transparência não um único momento na vida, o mandamento do Senhor não apenas um mandamento. É a totalidade de tudo o que o Senhor Jesus revelou através dos profetas e apóstolos.

O apóstolo fala do pecado obstinado do escarnecedor (zombador) que deliberada e voluntariamente advoga que o dilúvio não aconteceu. Tal pessoa deseja tanto que tal evento não tivesse acontecido, que nega a evidência do grande dilúvio e até mesmo da criação. No raciocínio do escarnecedor, uma vez que estamos um curso de tempo mensurável e uma vez que Jesus não reapareceu, podemos muito bem viver como quisermos. Sob a inspiração do Espírito Santo, Pedro diz que o mundo foi inundado pela palavra de Deus e pela mesma palavra o mundo está entesourado pelo fogo no Dia do Julgamento.

Para aqueles que esquecem que Deus está uma dimensão de tempo diferente, Pedro menciona Moisés (Salmos 90:4), lembrando-nos de que Deus não é tardio em cumprir suas promessas. Assim como lemos semana passada (1.4), suas promessas são preciosas. Ele é paciente e quer que todos venham ao arrependimento, até o escarnecedor que nega sua existência.

Jesus ensina que ele está vindo novamente com justo julgamento e que sua vinda será totalmente inesperada; Paulo ensina que será em um lampejo, em um piscar de olhos (Lucas 12:39; 1 Coríntios 15:52; 1 Tessalonicenses 4:13-5.2). Aqui Pedro concorda que este dia do Senhor será inesperado, exatamente como um ladrão. Como Paulo diz que haverá um enorme coro celestial, Pedro diz que será um estrepitoso estrondo. Em 2 Tessalonicenses 1:7-8, Paulo diz que Jesus virá em “uma chama de fogo com seus anjos  poderosos” (NVI). Aqui, Pedro diz que os elementos serão dissolvidos com calor flamejante. Imagine o poder purificador de sua volta! É tão incrível que Pedro se une ao coro dizendo que devemos estar prontos para este evento!

O apóstolo retorna para seu segundo assunto importante: uma vez que isto vai acontecer, como viveremos agora? Ele escreve em sua primeira carta (1 Pedro 1:15-16) que devemos viver vidas santas porque nosso Deus é santo. Ele novamente afi rma esta ordem dizendo que devemos viver santa e piedosasamente, porque estamos aguardando ansiosos por este dia. Nesta passagem o autor faz uma reivindicação que causou irritação em alguns “cristãos”. Ele diz que devemos viver um estilo de vida santo e de piedade, esperando e apressando a vinda do dia de Deus. Muitos cristãos têm um pouco de dificuldade em concordar com a espera da volta de Jesus. Outros questionam como podemos apressar esse dia.

A palavra grega para apressar, speudo, lembra-me de uma marca esportiva, Speedo, que propaga ajudar o atleta a ser mais rápido. Imagine o Espírito Santo dizendo a Pedro que podemos fazer o dia de Deus vir mais depressa. O apóstolo usa esta palavra somente aqui. Apenas Lucas usou o vocábulo speudo em o Novo Testamento (três vezes em seu evangelho e duas em Atos). Todos os signifi cados de Lucas são “fazer apressar”, “estar com pressa”, ou “não desperdiçar tempo”. Pedro está dizendo que Deus não está com pressa, porque deseja que todos venham ao arrependimento, ou está enunciando para não desperdiçarmos tempo vivendo na expectativa do dia de Deus, outra possibilidade é que esteja falando para nos ocuparmos compartilhando as boas novas, uma vez que Jesus diz, “Este evangelho será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim” (Mateus 24:14). Seja qual for a maneira como esta palavra é traduzida, a mensagem ainda é verdadeira no coração de Pedro: vivamos piedosasamente para que possamos desfrutar do novo céu e da nova terra, o lar dos justos.

Algumas pessoas acham que Paulo e Pedro tiveram uma contenda irreconciliável em Antioquia cerca de 15 anos antes. Pedro reconhece que alguns dos escritos de Paulo podem ser difíceis de entender, mas desbanca o pensamento de um cisma ao calorosamente referir-se a Paulo como um irmão amado. Ele não fala tão calorosamente dos que distorcem e confundem os escritos paulinos. Referindo-se a seus escritos como tão sagrados como todas as outras Escrituras, Pedro diz que os que os distorcem são ignorantes e instáveis. Estas são as pessoas a quem ele está se referindo no segundo capítulo, onde denuncia os falos profetas e falsos mestres. Suas heresias são tão grandes que até mesmo negam a soberania do Senhor. Estes são os mesmos que Pedro menciona neste capítulo, que negam a ocorrência do dilúvio e serão julgados no dia de Deus.

Neste parágrafo final, Pedro retorna às três questões mais importantes para ele como apóstolo/pastor/pregador. Primeiro, nos lembra que já sabemos tudo o que está dizendo. Sua carta universal é para nós hoje exatamente como era para os cristãos da primeira geração. Ele e outros apóstolos viveram uma vida piedosa no poder da ressurreição. Eles “andaram no caminho”. Fielmente ensinaram sobre a preciosa promessa de salvação e da glória de uma vida transformada a todos os que crêem. Segundo, nos lembra que nossa salvação vem do chamado de Deus. Somos seus eleitos, seus escolhidos. O que quer que tenhamos ou sejamos, nos gloriamos nele. Finalmente, Pedro dá toda a glória a quem pertence, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

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