Contexto

O apóstolo Pedro escreveu esta segunda carta cerca de 66 d.C., dois anos depois da primeira epístola. Alguns dos pais da igreja primitiva pensavam que esta carta pode ter sido escrita por um dos discípulos de Pedro, mas o tema e os interesses são fi éis ao que se conhecia do apóstolo pelos primeiros cristãos. Ele até mesmo começou esta carta com seu nome hebreu, Simão, reafi rmando seus laços com os crentes que tinham uma herança judia. Pedro se encontrava próximo ao fi m de sua vida e fez referência à importância desta carta em 1.12-15. Como todos os professores e pregadores, ele queria desesperadamente que seus amados se lembrassem das coisas importantes que lhes havia ensinado.

 

Cenário

Nas três décadas seguintes à ressurreição de Jesus, Pedro e os outros discípulos trabalharam incansavelmente chamando pessoas à graça de Deus. Como sempre, havia impostores e escarnecedores que usavam o desejo espiritual por plenitude que é inato em nós para encher seus bolsos com a ajuda dos crentes. Simão Pedro sabia que este tipo de impostor se assemelhava a Balaão (2.15). Ele chamou seus irmãos judeus, bem como os gentios convertidos, a lembrarem- se do que haviam aprendido e a acrescentarem à sua crescente experiência cristã as virtudes de Cristo para que não perdessem seu lugar no Reino. Hoje a discussão continua, às vezes com desacordo, se somos ou não escolhidos por Deus ou se escolhemos a Deus e se somos ou não salvos de uma vez para sempre. Pedro, nesta carta se dirige a ambas as questões à sua maneira tipicamente encorajadora.

 Foco

O apóstolo começa sua carta abençoando os cristãos na graça e na paz que é resultado de um relacionamento pessoal com Deus, através de Jesus Cristo. Para Pedro, pode-se apreciar a graça e a paz através do conhecimento de Jesus. Em grego, a língua original da carta de Pedro, fé, crença e confi ança têm todas a mesma raiz: o substantivo pistis e o verbo pisteuo. Para ele, fé é a junção de todas as três. Quando se refere à fé como conhecimento, signifi ca mais do que mera compreensão intelectual. Nos versículos 2 e 3 ele menciona que é através deste conhecimento “dele que nos chamou” que temos “tudo o que precisamos para a vida e a piedade” (NVI). Embora algumas pessoas pensem que a Bíblia é um conjunto complexo e confuso de diretrizes, Pedro sustenta que é possível viver mediocramente e viver uma vida piedosa. Ele estivera com Jesus, e experimentara o revestimento e a plenitude do Espírito Santo. Ele diz que é através da glória e bondade do próprio Deus que temos “grandes e preciosas promessas” (v. 4, NVI). Como afi rma a língua original, “tendo escapado” da corrupção neste mundo que é causada por desejos malignos (luxúrias), podemos compartilhar da natureza divina.

É interessante notar no versículo 3 que somos chamados pela glória e a virtude do próprio Deus. Já que temos esta base de vida que nos foi dada por escolha divina (v. 3, 5, 10), Pedro revela a piedade em que devemos viver, dizendonos para “reunir” sete virtudes à nossa fé: bondade, conhecimento, autocontrole, persistência, piedade, fraternidade e amor. Pedro diz que ambos os conceitos de amor, a fraternidade e o amor ágape (incondicional) são virtudes que devemos acrescentar à nossa fé.

No versículo 10 Pedro retorna ao seu assunto primordial, assegurando-se que não percamos nosso lugar no reino de Deus. Isto é tão importante que ele nos lembra de que há uma rica entrada no reino para aqueles que praticam estas virtudes. Este viver virtuoso não lhe é uma questão menor. Pedro diz que devemos “fazer” estas coisas. Do mesmo modo que somos salvos pela graça, somos chamados a uma vida santa. O chamado é o domínio do livre arbítrio e a soberania de Deus. A escolha de viver uma vida virtuosa é nossa. O apóstolo tem tanta confiança no poder que nos foi dado para vivermos virtuosamente, que é capaz de dizer que jamais tropeçaremos se escolhermos acrescentar estas virtudes à nossa fé. Que promessa poderosa, preciosa!

Embora Tiago 1:14 diga que cada um de nós é tentado quando somos atraídos por nossos próprios desejos malignos, Pedro diz que podemos escapar destes desejos malignos (v. 4). Esta é a mensagem que ele relembra aos cristãos no versículo 12. Ele diz que nós a conhecemos. Como pessoas que foram chamadas por Deus, já estamos estabelecidas neste conhecimento. Ele chama isto de conhecimento da verdade.

Pedro sempre foi consciente da experiência que teve com Jesus à margem da praia após a ressurreição (João 21). Embora tenha fracassado tão miseravelmente com Jesus antes da crucificação, naquela manhã Jesus reintegrou Pedro convincentemente à completa comunhão. Jesus disse-lhe, “Alimente minhas ovelhas... Apascenta minhas ovelhas... Alimente minhas ovelhas” (NVI). Sob a inspiração do Espírito Santo, Pedro diz nos versículos 12, 13 e 15 que é certo (imperativo) para ele lembrar-nos destas verdades (também 1 Pedro 5:2).

Sendo certo para ele na época, quanto mais urgente é esta mensagem para nós hoje? Nossos professores e pregadores não devem sucumbir às pressões para diminuir o chamado à santidade. Ser aceitáveis para nossa família e amigos e para o mundo é tão tentador que, às vezes, negligenciamos nos lembrar que estas virtudes devem ser acrescentadas ao que temos agora. Muitas pessoas querem mensagens agradáveis no lugar de exortações a viver uma vida “chamada para fora”. Deve-se falar sobre a pecaminosidade. Como fez Pedro, devemos pastorear e alimentar o rebanho – especialmente as ovelhas.

Pedro também se lembra do que Jesus lhe dissera sobre morrer por esta verdade. Aqui ele diz, no versículo 14, que Jesus deixou-lhe claro que não veria a ressurreição antes da morte. Ele refl ete sobre a experiência maravilhosa no Monte da Transfi guração (Mateus 17:1-8; Marcos 9:2-8; Lucas 9:28-36). Além do espanto que o deixou sem fala, ele se oferecera para construir três tendas para Jesus, Moisés e Elias. Agora, está se oferecendo para desistir de seu próprio “tabernáculo” de carne. Note o contraste de nossa habitação temporária com o reino eterno de nosso Senhor Jesus Cristo (v. 11).

Pedro fez todo o esforço para que esta mensagem não se perdesse. Além de escrever estas duas cartas, ele foi a primeira fonte de Marcos na preparação de seu evangelho (1 Pedro 5:13). Mais importante, demonstrou em sua vida transformada que um cristão pode ter certeza de seu chamado (João 5:24; 1 João 5:13; 1 Pedro 5:1). Se Deus escolhe uma pessoa através da justiça de Jesus Cristo, seu incrível poder de fato nos deu tudo o que precisamos para a vida e a piedade!

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