Minhas memórias dos anos de infância são vagas. Lembro-me que meus pais viviam do ministério e deles lutando para sobreviver. Com certa assiduidade, mamãe fazia comentários (seja reclamando, murmurando ou apenas frustrada, não tenho certeza), que “não havia nada na casa para comer.” Em uma ocasião as coisas estavam fi cando desesperadoras. Papai, com sua voz calma e reconfortante, dizia, “O Senhor proverá.” Não muito tempo depois, um dos fazendeiros da igreja chegou com uma caixa de carne recém-empacotada e ofereceu-a com a observação, “Acabamos de abater este animal” Que bênção! Deus de fato proveu, através da generosidade de um membro bondoso. A parte memorável da história era “Deus proverá.”

 

Ocasionalmente, quando há planos que foram abandonados e algo simplesmente “não deu certo,” dizemos “até os melhores planos podem dar errado” e deixamos o assunto de lado. Contudo, há também momentos quando as coisas não vão bem e começamos a murmurar e reclamar. Hoje no trabalho, eu estava tentando completar o que pensava ser uma tarefa simples, e o programa do computador não me permitia fazer o que queria, isso me deixou bastante frustrado, para não dizer irritado. O ser humano é interessante! Quando chove, reclama da chuva. Quando tem sol, reclama. Quando está quente, reclama. Quando está frio, reclama. Murmúrio, murmúrio, murmúrio!

Como nós lidamos com simples dificuldades ou com situações mais estressantes? Nos frustramos? Lembramos dos “velhos tempos” quando as coisas eram feitas de um modo mais simples? Perdemos o rumo do bem em nossa vida? Chegamos ao extremo de nos rebelarmos e culparmos a Deus? Ou reconhecemos que Deus está no controle, permitindo e aceitando a admoestação e os ajustes necessários?

Números 11 começa com os filhos de Israel reclamando. As reclamações em particular não são articuladas, simplesmente reclamações gerais sem uma causa ou razão externa, como aconteceu em outros tempos (Êxodo 16:2,3). Para Deus, era rebelião e trazia a ira e o juízo do fogo dele. As partes externas do acampamento foram destruídas. Deus estava presente e sua presença foi sentida de modo poderoso. Mas, quando Moisés intercedeu a Deus através da oração, o Senhor ouviu e o fogo se extinguiu.

Podemos reclamar sem nenhuma razão em particular. Talvez frustrações e irritações tenham se empilhado e não conseguimos identifi car um problema ou questão exata. Como lidamos com estas situações? Podemos dizer algo de que nos arrependamos depois. Podemos nos irar com algo ou entrar em algum tipo de sessão de fofoca; a maioria das pessoas tem sua própria maneira de lidar. Mas e quanto a oração? Moisés sentiu que a comunicação com Deus era a resposta mais adequada à situação envolvendo as queixas do povo. Deus está sempre disponível e disposto a escutar e não precisamos ir a outra pessoa no lugar dele.

A vida traz mudanças. Mesmo a melhor das oportunidades pode resultar no inesperado. Quando os fi lhos de Israel estavam se preparando para deixar o Egito, devem ter se entusiasmado com as perspectivas de mudança. A vida havia sido dura e o povo havia sido escravizado. A escravidão resultou em ter de realizar os desejos auto-indulgentes de Faraó. Os israelitas eram forçados a fabricarem tijolos para os edifícios egípcios. Moisés viveu a vida de luxo até que despertou para sua herança israelita. Depois de matar um mestre-de-obras egípcio, Moisés fugiu por temer por sua vida. Com seu chamado de Deus e retorno ao Egito para liderar um êxodo, a opressão do povo tornou-se ainda maior. No período de tempo que o Egito foi afl igido por pragas, as coisas tornaram-se ainda mais difíceis. Portanto que alívio deve ter sido para estas pessoas verem o futuro livres do cativeiro – sem chicotes, mestres-deobras, nem tijolos.

O que aconteceu? Chamamos de natureza humana? Não! Eu chamo de fracasso em descansar e confi ar no plano de Deus. Mesmo depois de Moisés se dirigir a Deus por causa deles, continuaram a murmurar sobre as circunstâncias. Olharam para trás – para o Egito. De alguma forma haviam esquecido as afl ições. De alguma forma haviam esquecido os abusos. Apenas se basearam em não terem carne, peixe e legumes para comer. Murmúrio! Murmúrio! Murmúrio!

Não é assim que somos às vezes? Às vezes retorno ao passado. Como é fácil reclamar sobre nossas circunstâncias, e quão “amorosamente” olhamos para trás.

Cristo nos libertou. Olhar para trás não tem nenhum valor. O plano de Deus para a nossa vida vai em direção ao futuro. Cristo nos libertou do “pecado que tão de perto nos rodeia.” Ele nos libertou da culpa, libertou-nos do cativeiro do pecado. Tem nos dado sua verdade e nos feito livres. João 8:36 (NVI) diz, “Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres.” Paulo nos diz em Romanos 6:22 (NVI), “Mas agora que vocês foram libertados do pecado e se tornaram escravos de Deus, o fruto que colhem leva à santidade, e o seu fi m é a vida eterna.”

“O passado já passou” parece ser uma afi rmação tola. Mas hoje é o dia que Deus nos deu. Podemos viver somente no presente e olhar para as promessas do futuro, que segundo as Escrituras, são maiores do que qualquer coisa que temos experimentado nesta terra. A Deus seja a glória.

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