Ententendo e Vivendo
UM NOVO COMEÇO
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Texto de Estudo
Neemias 11:2:
2 E o povo bendisse a todos os homens que voluntariamente se ofereciam para habitar em Jerusalém.
INTRODUÇÃO
No capítulo 11 de Neemias, temos o registro dos nomes daqueles que repovoaram a cidade de Jerusalém, após a reconstrução dos muros. Esse capítulo descreve como se deu a continuidade do projeto de repovoamento da cidade iniciado por Neemias, no capítulo 7. Os muros haviam sido levantados, as portas restauradas e assentadas, os inimigos vencidos, a justiça social restabelecida, um despertamento espiritual iniciado e uma aliança com Deus havia sido feita. A cidade fora reconstruída, mas onde está o povo? A reforma fora feita, mas onde colocar as famílias? Como repovoar a cidade de Jerusalém? A resposta a estas perguntas constituíram o novo desafio para Neemias.
Na lição de hoje, veremos como Neemias enfrentou estas questões e quais são as lições que podemos extrair das suas ações para a nossa vida.
ANÁLISE DO AMBIENTE GERAL
Jerusalém fora arrancada dos escombros. Porém, o que faz uma cidade é o povo e não as pedras! As pessoas são mais importantes do que a estrutura física. Jerusalém ficou, por muito tempo, desabitada. No decorrer da leitura do livro de Neemias, ficamos sabendo que “a cidade era espaçosa e grande, mas havia pouca gente nela, e as casas não estavam edificadas ainda” (Neemias 7:4). A cidade agora tinha muros, mas quase não tinha habitantes. Por que construir muros em volta de uma cidade repleta de entulhos?
Por que não havia muita gente em Jerusalém? Vejamos algumas possibilidades:
Em primeiro lugar, a cidade permanecera sem muros durante mais de um século e meio. Jerusalém não era mais do que um montão de ruínas, morada de chacais, um enorme depósito de lixo (cf. Jeremias 9:11). Enquanto os muros não foram reconstruídos e as portas assentadas, Jerusalém não tinha defesa contra atacantes e invasores, e não era local para se fazer um lar. Morar em Jerusalém, sem muros, significava correr perigo e ficar à mercê de todos os vizinhos inimigos que sempre procuravam atacar a cidade. Havia muito espaço vazio na cidade e muitas brechas nos muros, o que facilitava em muito as emboscadas do inimigo. A cidade era de fato bastante espaçosa, mas como havia poucos moradores parecia uma cidade fantasma. O que o povo fizera então? Construíram casas espaçosas e bem mobiliadas nos subúrbios. A maioria dos judeus se olvidara da vida urbana.
Em segundo lugar, como a cidade estava debilitada e o comércio fragilizado, faltava dinheiro. No interior, as famílias estariam aparentemente mais seguras e poderiam ser mais prósperas. As poucas pessoas que moravam em Jerusalém eram os “líderes do povo” (v. 1, NVI). Eles eram obrigados a isso, pois fazia parte do trabalho deles. Porém, o restante do povo construiu casas fora de Jerusalém, nos subúrbios, e ocupava-se da vida agrícola, longe dos problemas próprios de toda cidade grande.
Em terceiro lugar, outra razão para ausência de habitantes era o fato de que, se mudassem para a cidade, as pessoas teriam muito trabalho a fazer, pois havia entulho e pedras por toda parte. Além disso, precisariam reconstruir as casas que foram demolidas ou queimadas no saque da cidade, para serem habitadas.
Em virtude de todos esses motivos, era mais vantajoso viver fora da cidade. Por isso, um dos grandes desafios de Neemias, depois da reconstrução dos muros, era trazer as pessoas de volta para Jerusalém. Porém, como atrair pessoas para a cidade de Jerusalém?
PLANO DE DESENVOLVIMENTO HABITACIONAL
Uma vez que os muros e portas de Jerusalém haviam sido restaurados, era importante que os judeus habitassem em sua capital e fizessem a população crescer. Afinal, por que construir uma cidade se ninguém planeja viver nela?
Era necessário tomar algumas medidas para aumentar a população em Jerusalém. Duas coisas fizeram o povo voltar para Jerusalém. Vejamos:
Em primeiro lugar, eles lançaram “sortes para trazer um de dez para que habitasse a santa cidade de Jerusalém; e as nove partes permaneceriam nas outras cidades” (v. 1). Um homem em cada dez levaria sua família para a zona urbana. Para os judeus, o ato de lançar sortes demonstrava submissão à vontade de Deus (cf. Provérbios 16:33). Na mente deles, por este método, era o próprio Senhor quem decidiria quais eram as famílias que deveriam ir para Jerusalém.
Em segundo lugar, houve um grupo que se ofereceu “voluntariamente para morar em Jerusalém” (v. 2). No primeiro grupo, não temos voluntários. Se a sorte caísse sobre determinada família, esta teria que mudar para a cidade. Este grupo voltou à força. Porém, o segundo grupo se ofereceu por sua própria vontade. O termo hebraico traduzido por “voluntariamente” traz a ideia de generosidade interior, disposição. Em outras palavras, bem no fundo, esses voluntários foram instigados, impelidos por Deus a mudar-se. E foi o que fizeram. Estes, diz o texto bíblico, foram abençoados pelo povo (v. 2).
Essas pessoas que viviam nos arredores da cidade de Jerusalém abriram mão de vantagens pessoais pelo bem da coletividade. Elas aceitaram a ideia com boa disposição e generosidade. Se não tivessem se oferecido como voluntários, a cidade dificilmente prosperaria, tampouco resistiria aos ataques inimigos que ocorreram em anos posteriores.
ATORES ENVOLVIDOS NO PROJETO HABITACIONAL
Em seguida, Neemias fornece uma lista dos nomes das autoridades de províncias que vieram para Jerusalém (vv. 4-19), embora a maioria dos chefes, dos sacerdotes, dos levitas, dos servidores do templo (ou netineus) e dos descendentes dos oficiais de Salomão continuasse a morar em suas próprias casas nas várias cidades de Judá (vv. 3, 20).
O que a princípio parece ser mais uma lista tediosa de nomes, toma novo significado quando consideramos a estrutura política e administrativa da cidade. Dentre os atores envolvidos no projeto habitacional, Neemias destaca quatro grupos distintos que repovoaram a cidade de Jerusalém.
Em primeiro lugar, Neemias cita os filhos de Judá (vv. 4-6). Judá é uma tribo grande, enquanto Benjamim é uma tribo pequena. Essas pessoas eram cabeças de famílias e representavam seus descendentes. Embora os de Judá fossem menores em número (468), eles eram mais valentes, preparados para a guerra e mais hábeis para proteger a cidade em caso de ataque (v. 6).
Em segundo lugar, Neemias cita as famílias de Benjamim (vv. 7-9). Depois que a nação de Israel se dividiu, a tribo de Benjamim tinha sido incluída no Reino do Sul sob o título de “Judá”. Os benjamitas eram conhecidos por sua bravura selvagem e coragem na guerra (Gênesis 49:27; Juízes 3:15; 20:16; 1 Crônicas 8:40).
Estes dois grupos formam um novo sistema social. Seus líderes estão investidos de autoridade e são responsáveis pelo modo como se desincumbem de seus deveres. Eles avaliam o ânimo do povo e os representam aos seus superiores imediatos. Cada homem tem jurisdição sobre o seu próprio grupo e cada um é responsável perante seu superior imediato pelo bem-estar daqueles que se encontram sob seu controle (vv. 9, 14, 22).
Em terceiro lugar, Neemias cita os obreiros da Casa de Deus (vv. 14-14). Ele dá um destaque oficial a algumas categorias no povoamento da cidade de Deus. Entre estes estão os sacerdotes que serviam no Templo (vv. 10-14) e que também tinham o dever de ensinar a Lei, orar pelo povo e representá-lo diante de Deus. Havia 822 pessoas que “faziam o trabalho do templo” (v. 12). Os levitas, num total de 284 homens, eram encarregados do trabalho externo da casa de Deus (vv. 15-18, 22-24). Os porteiros têm a incumbência de guardar as portas do templo e de vigiar a cidade (v. 19). Os servidores do Templo eram encarregados de serviços gerais (v. 21). Os cantores faziam parte dos levitas e tinham dedicação exclusiva nesse ministério (v. 22). Eles também estavam sujeitos às prescrições do rei Davi, que regulamentavam suas atividades diárias na direção da música no Templo (v. 23).
Em quarto lugar, Neemias cita um funcionário público (v. 24). Petaías era o “embaixador do rei” e fazia a mediação entre Judá e a corte persa. Ele representava o povo de Israel nas questões de ordem civil perante o rei da Pérsia e também colaborava em todos os assuntos de administração pública.
Como é bom poder contar com pessoas dispostas em nossas comunidades para servir nas mais diferentes funções ou ministérios, gente que trabalha em favor do povo, que não busca apenas os seus próprios interesses, mas que tem alegria em servir o próximo! Geralmente, na igreja, 20% das pessoas servem e 80% são servidas.
ADMINISTRAÇÃO DESCENTRALIZADA E INOVADORA
O capítulo 11 termina com uma lista das vilas e cidades onde os judeus se estabeleceram. Para o leitor casual, parece ser mais uma lista de nomes que pode ser omitida. Mas a própria enumeração no final de um capítulo dedicado ao governo político do povo denota mais um princípio importante: o da administração descentralizada.
A administração de Neemias não era convencional. Ele seguia uma administração de forma descentralizada e participativa. Cada cidade, cada vila, era responsável por seu próprio governo. Neemias sabia delegar autoridade. Ele entendia a importância da cadeia de comando e não tinha complexo de superioridade, nem era autoritário ou ditador. Construindo sobre um fundamento sólido, ético e religioso, Neemias fundou um estado democrático com autoridade descentralizada.
CONCLUSÃO
Em nosso estudo de hoje, pudemos observar que Neemias não organizou apenas a capital Jerusalém, mas toda a nação. Nessas listas, podemos ver o número das pessoas que foram morar nos lugares mencionados, assim como suas ocupações. Novamente, ficamos admirados com a organização de Neemias. Por meio de sua liderança, a cidade de Jerusalém foi reestruturada e repovoada, e a nação fortalecida. As cicatrizes deixadas pela destruição do cativeiro babilônico começavam a ser apagadas. Tudo isso foi possível porque Neemias era um líder com o coração ligado no Altíssimo (Neemias 7:5).