Ententendo e Vivendo
Uma comunidade que ensina a partilhar
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- Pr. Paulo Roberto Kliguer e Dca. Simone Borges Kliguer
- Entendendo e Vivendo
Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.
1 João 3:17-18
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre a importância da bondade ou generosidade, atributos esses que devem fazer parte da vida do cristão, pois partilhar é mandamento bíblico. Apesar de que ambas as palavras muitas vezes sejam admitidas como sinônimas entre si, é aceitável que a diferença entre bondade e generosidade pode estar ligada ao fato de que a “bondade”, geralmente está associada a qualidade do indivíduo em ser útil para algo, ou até mesmo ser sensível aos sentimentos alheios, porém o termo “generosidade” costuma ser associado à disposição de um indivíduo em doar algo a outrem, sem pensar em retribuições, ou seja, neste caso a pessoa age com liberalidade. Para que esses atributos sejam melhormente evidenciados na vida do salvo em Cristo, é necessário muitas vezes abrir mão daquilo que se possa conceber como prioridade pessoal para servir ao próximo.
No mundo em que vivemos, podemos nos deparar com pessoas que pareçam ser generosas, independentemente de serem ou não religiosas, porém, para o cristão, é fundamental que seu comportamento esteja pautado na Palavra de Deus para que a vocação seja aperfeiçoada por Cristo Jesus e, assim, possamos dizer como disse o apóstolo Paulo: “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. E esse viver que agora
tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2:20). Paulo, como membro da igreja que é o corpo de Cristo, soube, por meio deste versículo levar nos a reflexão de que, se Cristo é quem vive em nós, devemos agir da mesma forma como Cristo agiria em nosso lugar diante das mais diversas situações.
A GENEROSIDADE MINIMIZA O EGOÍSMO (Provérbios 11:24 25)
Estes dois versos ressaltam a diferença entre a generosidade e o egoísmo, palavras de significado tão antagônicos29 mutuamente. Enquanto a primeira aponta para uma qualidade nobre e admirada em qualquer circunstância, a segunda aponta para uma prática aborrecível, tanto para quem é alvo do egoísmo alheio, quanto para quem apenas observa o teimoso praticante deste tão desprezível comportamento.
Primeiramente, vamos buscar o significado do adjetivo “generoso” que geralmente é atribuído à pessoa que pratica a generosidade: Generoso30 “Que tem qualidades ou sentimentos nobres, que tem grandeza de alma, que doa de espontânea vontade”. Ser generoso, sobretudo, é a atitude de partilhar o necessário, uns com os outros, é quando não apenas dizemos: “vá em paz! Estarei torcendo ou orando em seu favor”, pois, somos chamados para fazer algo a mais e precisamos estar dispostos a não poupar esforços, habituando-nos com as questões sociais. As questões sociais não são propriedade particular de nenhum partido político, ou rótulo exclusivo de ideologias partidárias, tampouco, são marca registrada da Teologia da Libertação, ou de qualquer corrente filosófica. Somos generosos quando compartilhamos o alimento com o próximo, quando emprestamos um livro ao colega ou ao doarmos roupas para quem precisa entre outras coisas.
A generosidade é benéfica, tanto ao que recebe, quanto ao que a pratica. A maravilhosa sensação de estar em paz com Deus e com a sociedade é salutar ao coração e a mente humana.
De acordo com Provérbios 11:24 e 25, a pessoa generosa atrai bênçãos para si, enquanto que a pessoa egoísta não desfruta do mesmo fim. Em 1 Timóteo 6:18 o apóstolo Paulo dá a seguinte instrução a Timóteo: “Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos para repartir”.
O contexto bíblico nos fornece abundantes exemplos que nos admoestam para que abracemos e prossigamos praticando o bem ao próximo, sabendo que “melhor é dar do que receber” (Atos dos Apóstolos 20:35b). A igreja é o local ideal para fazer o bem e planejar como fazê-lo fora de seus limites. Vivemos em uma sociedade marcada pelo egoísmo e individualismo e precisamos fazer nossa parte como cristãos, dando testemunho “daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9b).
As questões sociais não são propriedade particular de nenhum partido político, ou rótulo exclusivo de ideologias partidárias, tampouco, são marca registrada da Teologia da Libertação. Ela é benéfica, tanto ao que recebe, quanto ao que a pratica. |
OS BENEFÍCIOS DA LIBERALIDADE (Lucas 6:38)
Liberalidade é a disposição daquele que, em seus atos ou em suas intenções, dá o que não tem obrigação de dar e sem esperanças de receber nada em troca32. Ou seja, aquele que tem liberalidade não é egoísta, não pensa apenas em si, não se conforma com as necessidades e com o sofrimento alheio, pelo contrário, faz tudo aquilo que estiver ao seu alcance para saciar a fome ou a sede do necessitado, e, envolvendo-se com dilemas que não lhe são creditados, procura unir forças em favor de quem precisa. “Deem e lhes será dado; boa medida, prensada, sacudida e transbordante será dada a vocês; porque com a medida com que tiverem medido vocês serão medidos
também” (Lucas 6:38).
Jesus ordena e enfatiza a recompensa para aqueles que doam, porém, nosso estudo vem destacar a importância
de doar sem esperar nada em troca. Todavia, sabemos que a recompensa é certa, tanto no sentido de ter a satisfação de desfrutar de uma consciência tranquila por atender as necessidades do próximo, quanto pelo desfrutar das bênçãos prometidas na Palavra de Deus que, certamente têm sido experimentadas por todos os que agem com liberalidade. “Deem e lhes será dado; boa medida, prensada, sacudida e transbordante...” (Lucas 6:38a).
Se a pessoa que pratica a liberalidade, ajudando ao necessitado sente-se bem, o que pensar de quem recebe auxílio quando precisa? Entretanto, a Escritura declara que é mais feliz o que doa. A prática da liberalidade encontra portas abertas em qualquer sociedade. Minimizar o sofrimento no mundo em que vivemos é tarefa primordial para o cristão e para a igreja do Senhor. Há diversas formas de estarmos engajados nessa grande tarefa e até mesmo nos aprimorar por meio de cursos na área social que conta com capelania, assistência social entre outros. |
A LIBERALIDADE É A EVIDÊNCIA DE ARREPENDIMENTO GENUÍNO (Atos dos Apóstolos 4:34-37)
A narrativa bíblica do Novo Testamento apresenta alguns personagens que servem-nos como exemplo de benevolência ou liberalidade, destacando detalhes de como prestaram serviço à igreja de Cristo em seus primórdios. Em Atos dos Apóstolos 4:34 e 35 encontramos a seguinte declaração: “Não havia nenhum necessitado entre eles, porque os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e os depositavam aos pés dos apóstolos; então se distribuía a cada um conforme a sua necessidade”. A proclamação do Evangelho trouxe grande impacto aos novos convertidos e os fez entender não apenas o plano de salvação em Cristo, como também, lembrar das palavras que Jesus havia dito: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse ensinará a vocês todas as coisas e fará com que se lembrem de tudo o que eu lhes disse” (João 14:26).
Zacarias de Aguiar Severa faz menção da preocupação de Jesus quanto aos necessitados e o papel da Igreja diante do serviço social dizendo:
“Jesus Cristo preocupava-se com aqueles que sofriam. Seu ministério não foi só de perdão e salvação da alma, mas também de cura de toda a sorte de sofrimento. Ele deu exemplo do cuidado abrangente do homem. Ele curou pessoas de enfermidades, libertou de opressões malignas, perdoou os pecados, proveu alimento em ocasiões especiais, ensinou as verdades do reino de Deus e instruiu sobre como viver segundo a vontade do Pai.”
Entre as muitas lições ensinadas por Jesus quanto à prática da liberalidade, certamente os discípulos do Senhor puderam recordar e meditar sobre a parábola do bom samaritano que atendeu as necessidades de alguém que não lhe era familiar e nem mesmo conterrâneo (Lucas 10:30-37). Em Atos dos Apóstolos 4:36 e 37 podemos conferir a atitude de Barnabé, um importante proclamador do nome de Cristo, que ao vender um imóvel de sua propriedade, doou o valor para que os apóstolos socorressem aos necessitados.
A liberalidade é marca da Igreja de Cristo desde seus primórdios, Jesus a praticou e ensinou a igreja primitiva também vivia essa prática. Proclamar o Evangelho é também socorrer o corpo. |
A LIBERALIDADE É DISTINTIVO DA VERDADEIRA RELIGIÃO (Tiago 2:14-17)
Como podemos saber se nossa preocupação com as necessidades das pessoas provem de Deus? É preciso ter em mente que tão somente o fato de alguém se importar com as dores alheias, este alguém já o faz por ser impulsionado por atributos divinos “invisíveis”, pois mesmo que muitos piedosos seres humanos não sejam orientados pelas Escrituras, o texto bíblico declara que de certa forma, Deus “imprimiu” suas normas mínimas de conduta moral na consciência humana para que a vida na terra não se torne totalmente caótica e dominada pela violência e egoísmo desenfreados. Esses atributos, ao nortearem até mesmo a vida dos incrédulos, apontam para um controle divino universal e podem, perfeitamente, ressaltar no coração do crente, a absoluta convicção da existência de um Deus Criador, Organizador e Mantenedor de Sua criação (Rm 1:20-22 ; 2:14,15).
Com isso em mente, chegamos ao ponto que nos leva a meditar naquilo que diferencia o crente do incrédulo quanto à liberalidade. Nesta perspectiva, Tiago afirma que “a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tiago 2:17b). Há aqueles que praticam a liberalidade casualmente e até mesmo religiosamente, não pensando em uma retribuição nesta vida, mas, almejando “outra vida mais confortável quando esta findar, em uma suposta nova encarnação”, neste caso, a pratica generosa tem em vista uma suposta recompensa em outro plano de existência. Este pensamento não encontra apoio no Texto Sagrado! Há, ainda, aqueles que sentem compaixão do necessitado, mas não fazem nada para auxiliá-lo. Vejamos o que diz a Escritura: “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém
disser que tem fé, mas não tiver obras? Será que essa fé pode salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem com falta de roupa e necessitando do alimento diário, e um de vocês lhes disser: “Vão em paz! Tratem de se aquecer e de se alimentar bem”, mas não lhes dão o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tiago 2:14-17).
Como distintivo da verdadeira religião, a liberalidade aproxima o cristão do seu Criador fazendo com que ele desfrute de uma vida de paz com Deus e por fim, da vida eterna como afirmou o Senhor aos seus discípulos se utilizando de parábola: “Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Venham, benditos de meu Pai! Venham herdar o Reino que está preparado para vocês desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; eu era forasteiro, e vocês me hospedaram; eu estava nu, e vocês me vestiram; enfermo, e me visitaram; preso, e foram me ver [...] Em verdade lhes digo que, sempre que o fizeram a um destes meus pequeninos irmãos, foi a mim que o fizeram” (Mateus 25 34-40). Tanto nos exemplos de Tiago 2:14-17, como em Mateus 25 34-40, encontramos princípios fundamentais que nos levam à plena compreensão sobre a afirmativa de Cristo registrada em Mateus 5:16: “Assim brilhe também a luz de vocês diante dos outros, para que vejam as boas obras que vocês fazem e glorifiquem o Pai de vocês, que está nos céus”.
Todas as formas de ajuda ao necessitado são bem-vindas. Não há razão para críticas sobre ajudas humanitárias advindas de quaisquer que sejam as fontes, sendo elas religiosas ou não. O que vem sendo tratado neste tópico é sobre aquilo que caracteriza a verdadeira religião e a distingue da falsa religião conforme está registrado em Tiago 1:27. |
CONCLUSÃO
Jesus ensinou e deu exemplos práticos de como nos comportar diante dos dilemas humanos. Todos os dias somos confrontados perante nossas próprias necessidades e perante as necessidades alheias. Como igreja, temos a oportunidade de crescer em amor nos envolvendo com as causas sociais, especialmente daqueles que são parte da Igreja de Cristo. “Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gálatas 6:10). Aprendemos que tanto no reino espiritual quanto para nosso bem emocional, mais feliz é o que doa do que aquele que recebe. Deus nos abençoe e nos guarde fazendo brilhar o Seu rosto sobre nós e, segundo Sua misericórdia, que possamos resplandecer o a luz de Seu rosto para um mundo envolto por densas trevas espirituais.
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE
1. Cite uma passagem bíblica que faça declaração da bênção da generosidade e uma da desvantagem de um comportamento egoísta.
R.
2. De acordo com o nosso estudo, qual é a instrução que o apóstolo Paulo dá a Timóteo quanto a liberalidade?
R.
3. Quais recompensas podemos extrair das lições ensinadas por Jesus à pessoa que faz o bem ao próximo?
R.
4. Como identificar a liberalidade como evidência do arrependimento genuíno?
R.
5. Como identificar a liberalidade como distintivo da verdadeira religião?
R.