Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara.
Mateus 9:3738
INTRODUÇÃO
Não é difícil encontrarmos pessoas dispostas a trabalhar em uma ação pontual de evangelização, um grande evento evangelístico ou em um congresso e até em alguns ministérios. No entanto, a falta de obreiros qualificados e dispostos a se engajarem é evidente. Na narrativa bíblica Jesus mostra os muitos campos prontos para a colheita, frente aos poucos trabalhadores. Ou seja, independentemente do tamanho da igreja em que estejamos ou da quantidade de pessoas que a frequentem, sempre será possível fazer uma grande colheita, se existirem pessoas dispostas a isso.
Seguir Jesus fazendo discípulos não é algo complicado de entender, mas pode ser bastante árduo. Muitas vezes, os Seus ensinamentos são difíceis de digerir e ao compartilha-los esses somos frequentemente rejeitados. Jesus disse: “Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes me odiou. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia. Lembrem-se das palavras que eu lhes disse: Nenhum escravo é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também perseguirão vocês. Se obedecerem à minha palavra, também obedecerão à de vocês” (João 15:18-20-NVI). O grande desafio do “compêndio” desse primeiro trimestre do ano está em transformar membros frequentadores de nossas igrejas em obreiros, em discípulos discipuladores e, consequentemente, termos um celeiro de líderes com visão discipular.
O MANDAMENTO DE JESUS
“Por isso, peçam ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Mateus 9:38).
Toda pessoa nascida de novo é um milagre da graça de Deus. Está no plano de Deus que cada milagrosa vida nova cresça até a plenitude de Cristo. Um nascimento espiritual sadio é essencial para o crescimento no discipulado. Parte do retardamento nos membros da igreja pode ser levado à conta de decisões iniciais obscuras em aceitar Cristo. Urge a necessidade do novo crente ser instruído imediatamente na visão dos campos prontos para a ceifa, e, consequentemente, tornar-se um intercessor pela justa causa. Presenciamos um tempo de grandes transformações e oportunidade de grandes colheitas. Precisamos atentar para a ordem de Cristo: “Erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa” (João 4:35). O intercessor precisa estar atento à intervenção de Deus na história das nações e conhecer Seus feitos entre os povos. Está Deus agindo hoje? É Ele o controlador do universo, o Senhor da história, o Rei das nações?
“O intercessor não é aquele santo que se enclausura para orar, alheio à realidade. Antes, ele é aquele que se coloca na torre de vigia (Habacuque 2:1). Ele está no lugar secreto de oração, mas atento ao progresso tecnológico, aos acordos de paz entre as nações, à atuação dos governantes para reduzir a fome e a miséria, aos programas de desarmamento, à luta contra a corrupção. Ele está atento porque conhece seu Deus e pode identificar as marcas da atuação Divina”.
A URGÊNCIA DAS MISSÕES
As igrejas estão cheias de métodos, metas e planejamentos, mas poucos são os ceifeiros. As pessoas não querem se comprometer e esquecem que o Evangelho foi entregue à Igreja e um dia teremos que prestar contas a Deus. Nada dá certo sem comprometimento e persistência. Algo que precisa ser dito para os líderes que estão formulando seu próprio processo de fazer discípulos é que os detalhes de seus sistemas não são tão importantes quanto seus comprometimentos com o processo. O que quero dizer é que nenhum processo de discipulado funciona automaticamente, independente do nosso compromisso em fazê-lo funcionar.74 Sendo assim, a Igreja deve ser missionária, que por sua vez entende o poder e a necessidade da oração para Deus enviar, capacitar e manter nossos missionários. No livro “com Cristo na escola de oração” de Andrew Murrary, encontramos a seguinte observação sobre o texto de Mateus 9:37 38:
“O Senhor frequentemente ensinou a seus discípulos que eles devem orar e como devem orar, mas raramente os ensinou sobre o que orar. Isso Ele deixou para o seu senso de necessidade e sob a direção do Espírito. Mas na passagem acima ele expressamente os dirige a lembrar de uma coisa.
Em vista da abundante colheita e da necessidade de ceifeiros, eles têm de clamar ao Senhor da seara para enviar trabalhadores. Assim como na parábola do amigo à meia-noite, Ele quer que compreendam que a oração não deve ser egoísta; é o poder pelo qual a bênção pode vir para outros”.
Assim como a Igreja deve se comprometer, os líderes não apenas planejam enviar e desenvolver métodos, mas entram no campo de batalha. Abrem mão do comodismo, enfrentam as dificuldades e caminham lado a lado.
ORAÇÕES ABUNDANTES
Das inúmeras definições que podemos encontrar sobre oração, a mais simples tende a ser a mais correta: orar é conversar com Deus. Não podemos experimentar um avivamento espiritual que resulte em grande colheita de vidas se a igreja atual, a exemplo das igrejas de Atos, não fizer da oração um estilo de vida, se não dialogar constantemente com o Senhor da ceifa. Isto é fato. No “princípio” oração, podemos ver claramente dois objetivos: 1- entender que ela é essencial para que tudo aconteça, e; 2- fornecer os meios para fazer dela uma igreja multiplicadora, que anseia por alcançar os que se acham perdidos. Teremos uma grande colheita e uma intensa multiplicação de igrejas se fizermos da oração um estilo de vida, como já dito.
Em seu livro “Transformando Membros em Líderes”, Dave Earley coloca o sonho como primeiro passo para desenvolvermos novos líderes. E, quando lemos atentamente as histórias de sucesso contadas por Earley, verificamos que esses sonhos foram encharcados de oração.
A oração é algo presente na vida dos grandes líderes cujas histórias são narradas na Palavra de Deus, principalmente o Senhor Jesus. A pressa pode ser a maior inimiga da oração e do crescimento sustentável da igreja. Basta olharmos ao nosso redor para percebermos o quanto a oração é essencial. Nós vivemos um tempo de grave deterioração espiritual. Só o agir de Deus em resposta a oração do seu povo pode mudar essa realidade (2 Crônicas 7:14).77
Sammy Tippit, em seu livro “O Fator Oração”, traz à tona uma preciosa e animadora lembrança:
“Através da história da Igreja, os maiores reavivamentos têm acontecido após períodos de trevas espirituais. Durante estes períodos, pequenos grupos de pessoas desejavam desesperadamente um despertamento espiritual. A oração era vista como uma necessidade e não como uma opção”.
A OBJETIVIDADE NAS ORAÇÕES
A compaixão e a graça nos colocam na dimensão do milagre, nos põem como dependentes, pedintes do “Senhor da seara” e nos move a orar por mais líderes. Esse foi o desafio dado por Jesus aos discípulos. Precisavam orar com intencionalidade em favor de um pedido muito claro e específico: mais trabalhadores para a seara. Jesus Se volta aos discípulos, aos líderes estratégicos que O seguiam e os desafia a orar, a pedir ao Senhor por mais líderes que, como eles, pudessem acolher e cuidar de toda aquela multidão.79 É muito comum ouvirmos orações nas quais se misturam vários pedidos, como se a oportunidade fosse única. A Bíblia é clara quando diz que não recebemos porque pedimos mal (Tiago 4:3), então, devemos buscar como orar da melhor forma. Segundo Fernando Brandão, para uma vida de oração são necessários alguns fundamentos:
- Reconhecimento – é a partir do reconhecimento de que Deus é Deus e que nós somos pecadores, que sentimos a necessidade de nos prostrarmos diante do Senhor, carentes de Sua graça e misericórdia (Lucas 5:8).
- Intimidade – Ter intimidade com Deus é poder chamá-Lo de Pai e amar estar na presença d’Ele em qualquer circunstância (Salmos 42:2).
- Santidade – Nossos pecados nos impedem de orar. Por isso, o arrependimento deve ser parte da oração: “Senhor, tem misericórdia de mim, pecador” é o que realmente nos coloca na presença de Deus.
- Humildade – Um dos termos bíblicos usados para “oração” é gonypeteó, que quer dizer “ajoelhar-se diante de”. Ou seja, orar é prostrar-se diante de Deus em total submissão e reverência, literalmente como faz um escravo diante do seu senhor.
- Fé - Pequena palavra, grande desafio. “Pouca fé bastará para levar-nos ao céu, mas uma grande fé trará o céu até nós” (Charles H. Spurgeon). Essa é a compreensão de Marcos 11:24.
- Submissão à vontade de Deus - Jesus, nosso exemplo de oração, submeteu-Se à vontade de Deus. “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; todavia, não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22:42). Este é o modelo de uma oração submissa, que posiciona Deus como soberano acima de nossos desejos.
O EXEMPLO DOS MORÁVIOS
Nicolau von Zinzendorf, em 1722 recebe um grupo de refugiados tchecos, aproximadamente 300 pessoas, em busca de um lugar seguro, em suas terras, em Herrnhut, Alemanha. Zinzendorf, que havia tido ligações com o movimento pietista (movimento oriundo do luteranismo, que valoriza as experiências individuais do crente), nutria o desejo de ver o Evangelho do Senhor Jesus pregado a todos os povos. Esse pequeno grupo de refugiados chamados morávios ou morávianos passou a estar sob a responsabilidade de Zinzendorf, tanto na supervisão, por ser o proprietário das terras, quanto ao pastoreio.
Os morávios foram os primeiros protestantes a colocar em prática a ideia de que a evangelização dos perdidos é dever de toda a igreja, não apenas de uma sociedade ou de alguns indivíduos. Eles acreditavam que as missões eram de responsabilidade da igreja local. Antes disso, a responsabilidade era lançada sobre o governo, por meio das atividades colonizadoras. Em razão desse profundo envolvimento com as missões, o grupo, embora pequeno, ofereceu mais da metade dos missionários protestantes que deixaram a Europa em todo o século XVIII.81 Muitos dos povos alcançados até hoje, remetem ao tempo dos morávianos, que se espalharam por quase toda a terra, demonstrando o genuíno amor a Jesus.
Uma curiosidade marcante sobre o grupo é que criaram um relógio de oração. Vinte e quatro horas por dia na capela central da comunidade, os irmãos morávianos oravam em grupos, revezando-se, para que o Senhor lhes desse coragem, intrepidez, para enviarem seus jovens ao serviço do Evangelho. Oraram assim durante cem anos. O lema daquela igreja: “Eis o cordeiro de Deus. Vamos segui-lo”.
COMO DEVEM SER AS REUNIÕES DE ORAÇÃO (GRUPOS DE ORAÇÃO)
Como as demais atividades da igreja, o trabalho de missões é movido pela oração. Ser uma igreja que ora e não apenas que fala sobre oração, é o desafio. Segundo Charles Lawles, existe uma enorme diferença entre igrejas que falam muito sobre a importância da oração e igrejas que oram. Nosso alvo não é apenas que a Igreja entenda a importância da oração, mas efetivamente seja uma igreja de oração. No entanto, o caminho do avivamento na oração é pavimentado com amor, paciência e constância, pois Deus quer que toda a Igreja, em unidade, seja envolvida nessa atmosfera de intimidade com Ele, então o maravilhoso acontece. O grande problema não é a falta de tempo, mas a falta de priorização da oração. Uma estratégia importantíssima consiste em:
- Orar para que Deus prepare o coração das pessoas para receberem o Evangelho.
- Orar para que Deus conceda a você oportunidade e poder para anunciar o Evangelho a elas.
- Orar para que Deus convença as pessoas da necessidade de arrependimento e fé em Jesus.
Apesar do esforço conjunto entre líderes e programas evangelísticos de nossa igreja, o Agente de todo o processo é o Espírito Santo de Deus – “Pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dEle” (Filipenses 2:13NVI). Muitos podem ser os expedientes de oração quando o objetivo é alcançar pessoas, tais como: culto de oração, vigílias de oração, círculo de oração, campanhas de oração, mobilização de oração nas redes sociais, caminhadas de oração, etc., dentre os quais destacamos os pequenos grupos intercessores. As igrejas que possuem grupos de oração, que se reúnem frequentemente, são normalmente igrejas fortalecidas. Todos os membros devem ser encorajados a se envolverem mais com as lutas e vitórias uns dos outros, dividindo as cargas e celebrando juntos as respostas de Deus.
ORAÇÃO PELOS MISSIONÁRIOS QUE ESTÃO NO CAMPO. (ADOTE UM MISSIONÁRIO).
Quando falamos em missões, pensamos em oração, pois as duas ações sempre estiveram juntas. Independente da obra missionária a ser realizada, a oração sempre será uma linha direta entre nós, o missionário, os povos a serem alcançados e Deus. Entre os vários pedidos de ajuda para os campos missionários, a oração sempre esteve em primeiro lugar. No ano de 1997 o pastor Hernandes Dias Lopes visitou a Coreia do Sul com oitenta pastores evangélicos. Eles foram realizar um estudo sobre o fantástico crescimento da igreja na região e qual teria sido o fator que despontou este crescimento. Eis o relatório:
“O que primeiro abriu o caminho para um desenvolvimento tão fantástico foi o sangue derramado dos mártires. Aquela igreja nasceu no meio de lágrimas e de sangue... Muitas vezes os crentes eram decapitados por não se dobrarem diante do imperador japonês, ou eram presos nos próprios templos em chamas e morriam carbonizados. Outros eram presos e torturados com ferpas de bambu sob as unhas, ou rompidos ao meio, puxados por animais”.
Da mesma forma que na Coreia do Sul, homens, mulheres e crianças, em várias partes do globo, enfrentam a morte todos os dias. Para ajudar essas famílias a conhecerem a Cristo, os missionários enfrentam a diferença cultural, as leis governamentais, a religião, a língua, problemas financeiros, as guerras, falta de infraestrutura sanitária, saúde, fome, etc.
Precisamos orar para que Deus levante mais homens e mulheres, mas também há uma necessidade de orarmos por aqueles que já estão no campo. Em meio a tantos desafios externos e internos, seja humano ou maligno, nossa oração é fundamental. O apóstolo Paulo era um evangelista nato, apesar de não estar presente na ocasião do ensinamento de Cristo sobre orar pela seara e os ceifeiros, apreendeu na prática a necessidade de intercessão pelo trabalho missionário e seus envolvidos. Podemos destacar:
- Oração para que Deus abra as portas de países e corações. Que o Espírito Santo prepare campos e pessoas para, de bom grado, ouvir o Evangelho (Cl4:3).
- Oração para termos coragem e ousadia quando falarmos de Cristo (Efésios 6:19-20).
- Oração para que os missionários sejam protegidos das pessoas perversas e más, também sobre os astutos ataques do maligno (Ts 3:3).
- Oração pelas autoridades e governantes, para que os homens possam viver uma vida [] tranquila, sem guerras e com respeito (1 Timóteo 2:1-2).
Todo cristão sabe que não poderá chegar à presença de Deus com as mãos vazias, pois Ele entregou aquilo que tinha de mais precioso para o nosso resgate. Temos várias formas de ajudar a Conferencia Batista do Sétimo Dia Brasileira (CBSDB) a desenvolver seu projeto missionário no Brasil. Talvez você sempre quisesse ajudar, mas não sabia como fazer parte. Você pode ajudar com ofertas para construção e manutenção de vários templos. Também pode ajudar financeiramente a manter e enviar pastores e missionários. Pode participar com seus dons e talentos a nível nacional, se colocando à disposição. Sua igreja pode adotar alunos do TIME, ajudando financeiramente e orando por sua capacitação. A igreja local pode entrar em contato com a CBSDB e se informar de como agir para fazer parte dos projetos missionários atuais.
CONCLUSÃO
Não dá para fugir, existe uma missão que não é sugestiva, é imperativa e urgente. O Evangelho deve ser levado a toda criatura. Todo cristão, sem exceção, está inteiramente ligado à missão que foi dada para os que creem. Faça parte dos milhares de pessoas que estão de joelhos dobrados lutando por missões. Envolva-se com o Reino, seja um soldado de Cristo!
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE
- Como a igreja que você frequenta se envolve em missões?
R.
- Qual a importância, na prática, de orações por missões?
R.
- O que podemos aprender com os nossos irmãos morávianos quanto à oração?
R.
- Como posso contribuir com adoção de um missionário?
R.