Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos;

2 Timóteo 1:9

INTRODUÇÃO

    Caro estudante da escola sabatina, nesta semana estudaremos uma falsa contradição entre graça e obras. E para início de conversa, é fundamental falarmos sobre a salvação. Acompanhe a imagem a seguir:

   Em primeiro lugar, quanto à justificação – TEMPO PASSADO – já fomos salvo. A justificação é um ato e não um processo. Ocorre no tribunal de Deus e não no coração humano. Pela justificação, Deus nos declara justos em vez de nos tornar justos. Diante deste ato divino, já não pesa mais nenhuma condenação sobre aqueles que estão em Cristo Jesus, pois o próprio Jesus é nossa justiça (Romanos 8:1).

   Em segundo lugar, quanto à santificação – TEMPO PRESENTE – estamos sendo salvos. A salvação já foi consumada na cruz pelo sacrifício perfeito e único de Cristo. Diante do Justo Juiz já estamos absolvidos. Porém, há um processo de santificação em curso, no qual somos transformados de glória em glória na imagem de Cristo. Neste processo, cada cristão precisará de alimento sólido e de exercício contínuo de uma vida piedosa. Se Jesus é nosso substituto na justificação, também é o nosso modelo na santificação (2 Coríntios 3:18).

   Em terceiro lugar, quanto à glorificação – TEMPO FUTURO – seremos salvos. Este magnifico evento será consumado apenas na segunda vinda de Cristo. Receberemos um corpo imortal, incorruptível, poderoso, glorioso e celestial, semelhante ao corpo da glória de Cristo. Essa expectativa não é uma esperança, mas uma certeza inabalável (1 Co15:51-53).

   Assim, nós, que já fomos salvos da condenação do pecado e estamos sendo salvos do poder do pecado, seremos, então, salvos da presença do pecado.

   Vamos dar mais um passo na nossa conversa sobre a salvação. Veja esse texto de Paulo à igreja de Éfeso. “Porque pela graça vocês são salvos, mediante a fé; e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2:8-10, NAA).

   O apóstolo Paulo é bem claro quanto à salvação... é uma ação da graça divina. E isto ocorre na justificação, santificação e glorificação.

   Graça é favor imerecido de Deus. Em outras palavras é algo que não merecemos. Se nós merecêssemos a salvação, significa que Deus estaria obrigado a nos pagar. No entanto, na relação com Deus, nós somos os devedores. E somente Cristo pode pagar nossa dívida. Não são nossas obras que garantem o resgate, mas apenas as de Cristo. O mérito é todo d’Ele, não o nosso. Jesus nos concede seu mérito mediante a graça e o recebemos somente pela fé.

   O gráfico abaixo ilustra o modo como graça opera na vida do homem, salvando-o e produzindo uma vida de obediência:

 

         

   Para finalizar essa conversa inicial sobre salvação, e antes de partimos para as implicações do Evangelho da graça, é necessário que gravemos o seguinte escrito de Charles Sproul.

   Quando verdadeiramente entendemos a graça — quando vemos que Deus só nos deve a ira, mas proveu o mérito de Cristo para cobrir o nosso demérito — então tudo muda. A motivação cristã para a ética não é meramente obedecer a alguma lei abstrata ou a uma lista de regras; antes, nossa resposta é estimulada pela gratidão. Jesus entendia isso quando disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos”. Se eu posso ter a liberdade de parafrasear: “Guardareis os meus mandamentos não porque quereis ser justos, mas porque me amais”. Uma verdadeira compreensão da graça — do favor imerecido de Deus — sempre leva a uma vida de gratidão e obediência.

 

CHAMADOS PARA VIVER O EVANGELHO DA GRAÇA.

   O Evangelho é a revelação de Deus para a nossa salvação. Hernandes dias Lopes afirma que:

   “O evangelho é o único instrumento capaz de dar salvação ao ser humano, pois é a boa-nova acerca de Cristo, sua vida, morte e ressurreição. Nenhuma religião ou credo religioso pode salvar o pecador. Nenhuma obra é suficiente para salvar a humanidade. Só no evangelho a justiça de Deus é revelada. Só no evangelho há salvação.”

   Há um precioso hino que expressa o impacto da graça em nossas vidas, chamado Preciosa Graça de Jesus, composto por John Newton, o mesmo compositor de “Amazing Grace”. Newton foi um marinheiro que traficava escravos da costa da África Ocidental. A vida desse homem foi o testemunho claro e vívido da misericórdia de Deus e a ação da graça divina.

   Em 1748, o barco em que Jonh Newton estava foi atingido por uma violenta tempestade. Por temer a morte, Newton orou a Deus e lhe entregou a sua vida. A história da Bíblia que mais o impactava era a parábola do filho pródigo.

   A vida de Newton foi transformada completamente após a sua conversão. Ele se tornou pastor e exerceu o ministério pastoral por 23 anos, sempre testemunhando sobre a graça de Deus.

   No túmulo de Newton, lê-se: “John Newton, uma vez um infiel e um libertino, um mercador de escravos na África, foi, pela misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, perdoado e inspirado a pregar a mesma fé que ele tinha se esforçado muito por destruir.”

   Nas duas primeiras estrofes do hino “Preciosa graça de Jesus”, Jonh Newton resume o poder do evangelho da graça em sua vida:

 

Preciosa graça de Jesus,

que um dia me salvou.

Perdido andei, sem ver a luz,

mas Cristo me encontrou.

A graça, então, meu coração,

do medo me libertou.

Oh, quão preciosa salvação,

a graça me outorgou!

 

REFLITA

Muitas vezes nos questionamos como podemos falar desse Evangelho da graça às pessoas que nos cercam. Precisamos compreender que a mensagem do Evangelho deve ser simples. Como sugestão, diga às pessoas quem você foi, o que Jesus fez na sua vida e o que você é agora.

O CRESCIMENTO NA GRAÇA

   O apóstolo Paulo diz a Timóteo que fomos chamados a viver uma vida em santidade. Esse processo de santificação significa crescer na graça. J. C. Ryle (1816-1900) foi bispo da Igreja da Inglaterra, em Liverpool disse o seguinte sobre o crescimento na graça:

REFLITA

   Quando eu falo sobre crescimento na graça, estou me referindo somente ao crescimento em grau, tamanho, força, vigor e poder das graças que o Espírito Santo implanta no coração de um crente (...) Quando eu falo sobre um crente que está crescendo na graça, estou dizendo apenas isto: os sentimentos dele em relação ao pecado estão se tornando mais profundos; a sua fé, mais forte; a sua esperança, mais brilhante; o seu amor, mais abrangente; sua disposição espiritual, mais sensível. Este crente sente mais o poder da piedade em seu próprio coração; manifesta mais piedade em sua vida; está progredindo de força em força, de fé em fé, de graça em graça.

   É fundamental pontuar que crescer na graça não significa ser mais justificado, mais perdoado, mais redimido. A justificação é uma obra completa, perfeita e consumada. Assim, vamos excluir qualquer possibilidade de achar que ser mais piedoso ao longo dos anos me possibilita ser mais justificado. Nada pode ser acrescentado à justificação do crente, desde o momento em que ele crê.

   A exortação de Paulo à Timóteo ainda é mais clara nos dias atuais: fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus. (2 Timóteo 2:1 NAA) E essa ação fortificadora da graça tem um áureo propósito: a propagação das Boas-Novas! Vejamos...

 

OS INSTRUMENTOS DE PROPAGAÇÃO DA GRAÇA.

   O contexto histórico em que essa epístola foi escrita é muito bem explicado pelo Rev. Hernandes Dias Lopes e que nos ajuda a compreender as exortações paulinas ao jovem pastor Timóteo.

   Era uma época de perseguição e apostasia. O Império Romano assolava a vida dos cristãos. Timóteo é descrito como tímido e doente e, dificilmente, poderia permanecer firme sem a capacitação da graça. E o Rev. Hernandes, expondo a epistola escrita por Paulo, deixa bem claro que “não há vida cristã vitoriosa sem o poder sobrenatural”.39 E esse poder está em Cristo Jesus. Em outras palavras, os instrumentos e recursos para a divulgação do Evangelho não estão em nós ou na igreja, mas vêm da graça divina.

   Ao mesmo tempo, cada cristão capacitado deve transmitir aos homens a graça de Cristo. Nesse sentido, o Rev. Hernandes Dias Lopes afirma que o Evangelho deve ser transmitido sem acréscimo nem subtração. O que Timóteo recebeu de Paulo, isso ele deve transmitir aos homens. O citado pastor conclui sobre esse assunto trazendo à tona o pensamento de William Barclay, afirma que receber a fé é um privilégio; transmiti-la é uma responsabilidade.

 

CONCLUSÃO 

   A compreensão da ação redentora da graça de Cristo trouxe paz ao meu coração. Quero expressar essa certeza da relação entre nosso Pai e eu, pavimentada pela fé, citando Agostinho de Hipona em seu livro Confissões:

   Como agradecerei ao Senhor por poder recordar todas estas coisas sem que minha alma sinta medo algum? Amar-te-ei, Senhor, e dar-te-ei graças, e confessarei teu nome, pois me perdoaste tantas e tão nefandas ações. Devo à tua graça e misericórdia teres-me dissolvido os pecados como gelo, como também todo o mal que não pratiquei. De fato, de que pecados não seria capaz, eu que amei gratuitamente o erro? Confesso que todos já me foram perdoados; o mal cometido voluntariamente, e o que deixei de fazer pela tua graça

 

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE

1. Defina graça.  

R.

2. Como harmonizar graça e obras?

R.

3. Compartilhe com os irmãos e irmãs de classe da escola sabatina quais estratégias você utiliza para pregar o Evangelho.

R.

4. Explique o que significa “crescer em graça”?

R.