Explanação

O que você faria se tivesse recentemente se convertido à nova religião porque ela lhe pareceu boa, concreta, fidedigna, porém fosse perseguido por causa dela? Você perseveraria em face das perseguições, mantendo-se firme em sua nova fé com tenacidade ou procuraria livrar-se da perseguição, abandonando-a? Estes são questionamentos que os receptores originais da carta aos Hebreus estavam fazendo a si próprios. Muitos estudiosos creem que o livro de Hebreus foi escrito para judeus cristãos, que estavam lutando para se manterem firmes à sua nova fé, provavelmente por causa da perseguição. Esta teria sido uma luta importante, especialmente tendo em conta a forte tradição e familiaridade da sua fé judaica original.

 

Parece que a meta do autor de Hebreus era mostrar aos seus leitores que a sua nova fé era superior à antiga. Ele anelava encorajá-los a manterem-se firmes na fé cristã, apesar das dúvidas e perigos que eles estavam enfrentando. Ele fez isso ao provar aos seus leitores que Jesus é muito superior aos que vieram antes: Ele é superior aos anjos, a Moisés, aos sacrifícios e até mesmo ao sacerdócio veterotestamentário. Além disso, a nova aliança feita por Jesus é superior à antiga aliança do judaísmo.

Ao comunicar a superioridade de Cristo, o autor de Hebreus compartilha com seus leitores muitos retratos diferentes de Jesus. Em sua carta podemos ver Jesus como o Filho de Deus, intercessor, redentor, líder e o Cristo eterno. Em nossa lição de hoje, exploraremos o primeiro retrato “Jesus, o Filho de Deus”, como retratado no capítulo 1 de Hebreus.

Hebreus 1 começa com um prólogo cristológico: uma série de declarações absolutas sobre o Filho de Deus (1-3). Jesus é o herdeiro de todas as coisas, o agente da criação, o esplendor da glória de Deus e a representação exata do ser divino. Jesus sustenta todas as coisas, provê purificação para os nossos pecados e se assenta à destra de Deus. Será que este prólogo soa familiar a você? Ele partilha muitos temas com prólogo do Evangelho de João (João 1:1-18), e também com o pronunciamento cristológico feito por Paulo em Colossenses 1:15-20. Jesus é, por diversas vezes, chamado o Filho de Deus, a Palavra de Deus e com certeza, o próprio Deus.

Explanação

Após esta série de declarações absolutas concernentes ao Filho de Deus, o autor de Hebreus lançou-se em uma série de afirmações comparativas. Em primeiro lugar, que começa em 1:4, ele proclamou que Jesus é maior do que os anjos. Então gastou o presente capítulo para provar este ponto, usando um número significativo de passagens do Antigo Testamento.

Mas por que os anjos? Por que o autor cria que os seus leitores precisavam ver Jesus como sendo superior aos anjos? Muitos de nós, cristãos do século XXI, não damos muita importância aos anjos. Todavia, o escritor de Hebreus, redigindo no primeiro século, enfrentava uma dinâmica cultural diferente. Seus leitores eram influenciados pelo pensamento religioso grego e judaico, ambos com muita ênfase no papel dos anjos. O gnosticismo, por exemplo, que estava impregnado do pensamento grego, defendia que toda a matéria era má. Sendo assim, alguém que possuísse um corpo físico, como Jesus tinha, era visto como inferior a alguém com uma natureza puramente espiritual, como um anjo. O autor de Hebreus tinha que contrariar esta falsidade.

Anjos também eram importantes no pensamento judaico. Uma vez que Deus era visto como sendo muito remoto e não tinha contato direto com o seu povo; os anjos desempenharam um papel crucial como mediadores entre Deus e a humanidade. Os anjos tinham muitas responsabilidades, como, por exemplo, proteger as pessoas, proclamar a verdade de Deus e trazer o julgamento divino. O autor de Hebreus sentia a necessidade de mostrar a seus leitores que Cristo, tanto na identidade e papel, é superior a esses mediadores angelicais.

Então, em Hebreus 1:5-13, vemos o autor fazendo um generoso uso de citações do Antigo Testamento para provar que Jesus, o Filho de Deus, é superior aos anjos: Anjos não são filhos de Deus. De fato, eles são chamados para adorar ao Filho. Os anjos são meros servos de Deus, como o vento e o fogo. O Filho, entretanto, não é um mero servo, porém um Rei. O Filho é um dos agentes da criação, tendo um lugar permanente com Deus, mostrando sua igualdade com Deus. Finalmente, à medida que lemos nos 14 versos as repetições que os anjos são meros servos, somos relembrados de um grande contraste: os anjos nos servem; Jesus nos salva. Verdadeiramente, o Filho é superior aos anjos.

Encorajamento

Como sua situação é semelhante a dos destinatários originais da carta aos Hebreus? Talvez, a sua segurança nunca tenha sido prejudicada por você ser um cristão. A situação de cada pessoa é diferente.

Tendo ou não sido perseguido por causa da sua fé cristã, seguir a Jesus Cristo nunca trouxe transtornos em sua vida? Você nunca se apanhou “calculando o custo" de ser um cristão? Se você considerar voltar atrás e deixar Jesus Cristo, como tomará essa decisão? Que critérios usará para determinar se Jesus é digno da sua lealdade e, até mesmo, da sua vida? Talvez você não esteja ativamente tomando a decisão de afastar-se de Cristo, mas está percebendo que o seu compromisso com Ele está se dissipando ultimamente. Onde você pode ir para lembrar que seguir a Jesus é um comprometimento altamente valioso? Você não precisa ir além de Hebreus, na presente carta vemos algumas boas razões para nos comprometermos com Jesus Cristo, o Filho de Deus, a ponto de morrermos por ele se preciso for.

Porque é o Filho de Deus, Jesus é também herdeiro de Deus (Hebreus 1:2). Ele herdará todas as coisas. Isto significa que Jesus também será o Senhor de tudo. Hebreus 2:5-8 nos diz que tudo lhe será sujeito. Será que isso não parece uma sábia razão para você passar a alinhar-se com alguém que exercerá tal autoridade e soberania? Como é que o seu “cálculo de custo” atual de ser um cristão pode comparar-se a sua eventual bênção na eternidade?

E sobre a ideia de Jesus, o Filho de Deus, ser também um agente da criação (Hebreus 1:2)? Em outras palavras, Jesus participou ativamente na criação deste universo que vemos ao nosso redor. Jesus esteve envolvido na criação dos céus, da terra, e até mesmo de você e eu. (Se você ainda não o fez, olhe para a leitura devocional de hoje em Provérbios 8:22-31. Esta passagem dá-nos um breve olhar sobre a criação, a partir da perspectiva da sabedoria.)

Continue movendo-se através dessas descrições de Jesus como o Filho de Deus, conforme encontrada no prólogo de Hebreus 1:1-3. Novamente, a questão é como você crescerá espiritualmente através do conhecimento dos atributos de Cristo. O autor de Hebreus está correto: Seguir Jesus é um comprometimento valioso.

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