Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.
Mateus 22:14
INTRODUÇÃO
Por inúmeras vezes ao longo de toda a Escritura Sagrada, você vê a palavra “chamado”, nos mais diversos contextos. No caso do texto em questão da lição a ser estudada hoje, o Senhor Jesus aplica o termo “chamado” para se referir a um convite. Esse convite descrito na parábola das bodas faz uma analogia a um convite feito a cada um de nós, convite para termos uma vida ao lado do Mestre, para sermos discípulos d’Ele, e por fim, um convite para passarmos a eternidade ao Seu lado. Esta é uma oportunidade de fazer um estudo minucioso a respeito desse convite e a mergulhar na sabedoria incalculável que existe nas Escrituras. Aproveite e Deus abençoe!
CHAMADO GERAL
Quando se estuda teologia, é aplicada a seguinte regra: “Um texto, fora de contexto, gera um pretexto”. Tomando por base esse princípio, será necessário retroceder um pouco no texto em questão, note que, ao iniciar o capítulo 22 de Mateus, o texto diz: “Jesus lhes falou novamente por parábolas”. Está claro que se começarmos dali, tiraremos o texto do seu contexto, porque já se inicia com a palavra NOVAMENTE, o que nos leva a entender que se trata de um assunto que já vinha sendo discutido; se voltarmos para o capítulo 21 e verso 33, está escrito: “Escutem outra parábola”, com isso temos que voltar um pouco mais, então; no verso 28 do mesmo capítulo é que essa conversa se inicia. Podendo se dizer com isso que o contexto tem início em Mateus capítulo 21, verso 28, e se encerra em Mateus capítulo 22, verso 14.
Nesse contexto, é tratado acerca de um convite feito da parte de Jesus Cristo à nação eleita de Deus, o povo judeu, que estava agora para ser repudiada pelo modo vergonhoso de tratar os mensageiros de Deus, e outras nações eram convidadas (no caso, os gentios). Tratava-se de uma esperada festa de casamento, onde seus servos insistiram com os convidados para participarem; nesta festa, os bois e os cevados já estavam prontos (v. 4), mas os convidados não fizeram caso (v. 5).o significado dessa parábola fica bem clara, os judeus, a nação eleita de Deus, foram os primeiros a serem convidados para essa excelente festa, os primeiros chamados a desfrutarem, a gozarem das boas dádivas do Reino, porém quando rejeitam ao convite do Rei, ou seja, quando abrem mão de tal oportunidade, os gentios são introduzidos.
Isso nos ensina de maneira bem objetiva que nem todos que foram chamados serão salvos e nos revela que a salvação é uma provisão universal, “muitos são chamados”, mas apesar disso “poucos são escolhidos”, não há da parte do rei (Deus) uma rejeição, a rejeição na verdade existe da parte dos convidados (homens), tornando-se assim perdidos. Essa passagem também nos faz refletir na longanimidade de Deus, “mas eles não quiseram vir”(v. 3), esta é realmente uma maneira estranha de se tratar um convite real, mas o rei se demostra um tanto quanto generoso, supondo haver algum mal-entendido e insiste enviando outros servos; podemos considerar este segundo convite ou essa insistência do rei como um traço de paciência, nesse caso aqui com a nação obstinada de Israel.
Antes, o Reino fora anunciado pelos profetas, depois por João Batista e seguido por Jesus, foram muitas as oportunidades de se voltarem para Deus, inclusive pode-se citar o evento do dia de Pentecostes como uma dessas oportunidades (Atos dos Apóstolos 33:17). O primeiro convite mostra certa falta de interesse da parte dos convidados, mas o segundo convite se apresenta de maneira mais dura, é coisa muito séria levianamente desprezarmos o convite de Deus, podemos dizer com isso que a atitude do homem determina muitas vezes a atitude de Deus; só depois disso foi que o rei (Deus) se encolerizou (v. 7), oferecendo assim esse convite aos bons e maus que fossem encontrados pelo caminho (v. 10).
Ocorre aqui o que chamamos de chamado geral ou chamado universal, ou seja, foi oferecida a todos a mesma oportunidade. Esse chamado é enviado a todo e qualquer ser humano sem distinção, chamado ao arrependimento (Mateus 11:28; Atos dos Apóstolos 17:30; 1 Timóteo 2:3-5; Apocalipse 22:17). Quando esse chamado é atendido, também são atendidos os chamados ao reino (1 Tessalonicenses 2:12); para ser filho de Deus (Romanos 9:26); à Sua maravilhosa Luz (1 Pedro 2:9); à liberdade (Gálatas 5:13); para as Bodas do Cordeiro (Apocalipse 19:9).
Outra lição é aprendida no episódio do homem que não estava vestido com as vestes nupciais e também inclui a advertência para que os recém-convidados tomem cuidado em não cair na mesma condenação. Nesse caso relatado em Mateus 22:11 o rei nota a presença de um homem entre todos os convidados que não estava trajando as vestes nupciais (que para a ocasião eram as vestes adequadas), o que denota que ele não conhecia o rei e nem a honra que era devida a Ele e a seu filho. Tal homem se demonstrou alheio à dignidade que deveria ser prestada àquele rei e seu filho, ou seja, é percebido que ele havia sido convido, sim, mas não se alinhava ao que era exigido, no tocante ao respeito e ao reconhecimento ali necessários. Segundo os escritores do comentário bíblico Beacon, o rei havia fornecido uma veste a cada convidado.
Mas o homem se recusou a vestir a sua. Ele é o tipo daqueles que preferem a própria justiça à justiça oferecida por Cristo. Está claro que a qualificação final e determinante para a festa de casamento não era o convite, ou mesmo sua aceitação, mas a veste nupcial. Para nossa melhor compreensão poderia ser associada a esse texto as vestes de Apocalipse 19:7-9, que são as vestes dos santos, aqui a justiça é concedida e proporcionada pelo poderoso e imaculado sangue de Jesus, mas deve ser alcançada por cada convidado, de forma individual e voluntária. Se o convite e a provisão de tais vestes dependem de ser providas pelas mãos do rei, o uso dessas vestes dependem unicamente de uma iniciativa da parte do convidado. Em seu sermão sobre a “Veste Nupcial”, John Wesley diz que a veste significa “santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor”. Ele apresenta dois pontos:
1) sem a justiça de Cristo não depomos ter nenhuma pretensão em relação à glória;
2) sem a santidade, não seríamos adequados a ela. O que vemos é que esse homem representa os que querem entrar no céu por seus próprios méritos. Diante da pergunta do rei, seu silêncio era indesculpável e isso o condenou, podemos descrevê-lo como representando os judeus que sempre tão convictos de sua própria retidão, sempre quiseram entrar no Reino dos Céus, sem seguir o caminho dos profetas, João Batista ou mesmo o próprio Jesus, e consideravam-se bons o suficiente, não viam Jesus como o Messias e consideravam desnecessário o arrependimento, tinham seu próprio sistema de retidão e isso os fazia pensar ser suficiente para sua justificação, isso os fazia acreditar não ser necessária a justiça de Cristo, baseada na fé no Salvador.
CHAMADO ESPECIAL
Esse chamado é uma escolha nominal feita da parte do Senhor, o objetivo desse chamado especial é enviar, separar e escolher pessoas para uma missão específica ou uma obra determinante e especial. São muitos os exemplos que temos por toda a Sagrada Escritura, ainda hoje podemos testemunhar ou vivenciar chamados assim. Do Antigo ao Novo Testamento, existem vários exemplos do que é destacado na parábola das bodas, “muitos são chamados, mas poucos escolhidos”. Note bem que Noé, conhecido como o pregador da justiça (2 Pedro 2:5), anunciou a muitos o que estava por vir, sem resultado algum, pois ninguém acreditou na sua pregação. Na vida de Abraão, o chamado veio com uma linda promessa de fertilidade e prosperidade (Gênesis 12:1-2). Com Moisés, por exemplo, o Senhor chamou e capacitou (Êxodo 4:1-12), foi capacitado até nas ciências do Egito (Atos dos Apóstolos 7:22), seu chamado especial teve dimensões tão grandes que o Senhor capacitou até seus auxiliares (Êxodo 18:21), os 70 anciãos, seus cooperadores (Números 11:16-17).
Inúmeros exemplos podem ser citados de um chamamento especial: Josué (Josué 1:1-2;5,6); Gideão (Juízes 6:11-16); Samuel (1 Samuel 3:9-10); Isaías (Isaías 6:8); Jeremias, profeta chamado desde o ventre de sua mãe (Jeremias 1:5-7); Daniel, Hananias, Misael e Azarias (Daniel 1:3-4,6,7); Amós (Amós 7:14-15), entre tantos outros exemplos. Quando discorremos ao Novo Testamento, percebemos a mesma coerência. Pedro e André (Mateus 4:19); Tiago e seu irmão João, filhos de Zebedeu (Mateus 4:18-22); Levi, também chamado Mateus (Marcos 2:14); os doze (Marcos 3:13-19), esses foram chamados e nominalmente escolhidos por Jesus para uma missão muito especial, eles seriam as colunas da igreja “A Noiva de Cristo” (Gálatas 2:9; Efésios 2:20; Apocalipse 21:14; Apocalipse 19:7; 2 Coríntios 11:2).
O chamado de Paulo, muito específico, para anunciar o nome do Senhor Jesus aos povos gentios, a reis e até perante os filhos de Israel (Atos dos Apóstolos 9:1-15), esse que era perseguidor do povo de Deus, mas que através desse chamado especial, passou a ser perseguido pela causa do Evangelho e por amor dele. Em Atos dos Apóstolos 22:21 o Senhor anuncia Sua linda missão, “Vai, porque eu te enviarei para longe aos gentios”. Podemos citar Barnabé (Atos dos Apóstolos 13:1-3); Timóteo (1 Timóteo 1:18; 1 Timóteo 4:14); Judas, chamado Barsabás, e Silas (Atos dos Apóstolos 15:22), entre outros, Epafrodito, Erasto, Silvano, Filemom, e tantos outros companheiros do apóstolo Paulo.
Com relação ao chamado especial, é preciso citar com convicção a vocação da Igreja, que como um todo e de maneira individual (cada crente), foi chamada a dar testemunho de Cristo, por onde for (1 Pedro 2:9; 2 Timóteo 1:9; Mateus 5:13-14). O que precisa ficar claro é que, não diferente do chamado geral ou universal, o chamado especial não necessita de NENHUMA QUALIFICAÇÃO, a capacitação vem da parte do Senhor Jesus, a nós nos cabe aceitarmos esse convite e desfrutar das bênçãos discorridas de nossa escolha pela fé. Pois ainda hoje acontece o que é descrito na parábola das bodas, ainda hoje é oferecido o convite para essa grande festa aos bons e maus que se encontram pelo caminho (Mateus 22:10).
Em referência a esses bons e maus, podemos dizer a respeito dos judeus e gentios ou mesmo os moralmente bons e moralmente maus, a verdade é que, qualquer que seja a situação das pessoas, elas precisam aceitar o Evangelho., no chamamento especial
“o Espírito Santo produz uma influência certa e eficaz que assegura a salvação dos eleitos. Diz que é nesse sentido que muitos são chamados e poucos escolhidos (Mateus 22:14), não obstante a eleição, o homem ainda fica livre e responsável por suas decisões (Lucas 9:23; Apocalipse 22:17). Deus trabalha no homem e não pelo homem. A mente, as emoções, a vontade, a consciência do homem são trabalhadas (e não substituídas) por Deus, através do Espírito Santo e da Palavra, de maneira que o homem possa aceitar, ele mesmo, e com responsabilidade e vontade própria, a oferta de Deus”.
OS MEIOS DO CHAMAMENTO
“O principal meio pelo qual Deus chama as pessoas para a salvação é pelo ouvir a Sua Palavra (Romanos 10:16-17; 2 Tessalonicenses 2:14; Hebreus 3:7-8). A Palavra de Deus se torna um instrumento de ação do Espírito Santo no coração do indivíduo, para gerar fé e conversão. Daí a necessidade que temos de estar ouvindo sempre a Palavra de Deus, e também de pregar e ensinar para que outros possam ouvir também. Além da Palavra, Deus pode se servir dos atos de Sua providência, como atos de bondade (Romanos 2:4; Jeremias 31:3) e de justiça (Isaías 26:9; Salmos 107:6-13), para chamar indivíduos ao arrependimento”.
São usados meios para o chamamento ao longo dos séculos e por todas as partes do mundo, através da proclamação do Evangelho, por meio de trabalhos missionários, com o uso de literaturas cristãs. Deus chama pela consciência, através da luz da natureza, Ele se revela ao mundo pelas coisas criadas, revela-se também ao coração do homem, pois fomos feitos a imagem de Deus. Todos, absolutamente todos, são chamados, se você considerar que tal chamamento consiste em Deus Se revelar através de Sua existência, glória, soberania e divindade, sendo assim, pode-se dizer de maneira declarativa que tendo em vista essas considerações, não existe um ser humano, nenhum sequer, que não foi chamado à existência de Deus, por isso Ele torna o homem indesculpável, como declara o apóstolo Paulo no texto de Romanos capítulo 1, verso 20.
APLICAÇÃO
Não existe vantagem alguma em se conhecer as Sagradas Escrituras e não colocar o que se aprende em prática, como declara Tiago em sua carta no capítulo 1, verso 22, por isso a necessidade de viver o que se aprende é tão válida. Não podemos ser testemunhas desse Deus tremendo e não estar apropriadamente vestidos para as bodas. Também é preciso deixar claro que os escolhidos necessariamente devem estar vestidos dos méritos de Cristo (Gálatas 3:27; Apocalipse 3:4-18; 7:14; 19:8), ou seja, pelo esforço puro e simples do ser humano, homem nenhum seria capaz de responder ao chamado de maneira positiva, pois como Paulo disse em Romanos, todos pecaram (Romanos 3:23). Então, ao receber o convite para as bodas, vista-se das vestes nupciais e apresente-se ao Rei. Tem uma festa linda já preparada para você.
CONCLUSÃO
De tudo o que se foi estudado na lição de hoje, há uma grande verdade que se sobrepõe, o fato de que um dia haverá um contraste entre os dois grupos aqui estudados que chegará em sua máxima expressão. Muitos são chamados, mas poucos escolhidos. Nesse fatídico dia em que os muitos que são chamados e ignoram esse convite serão enfim lançados num lugar de trevas e para sempre separados do grande Rei (Mateus 8:12). Ainda hoje o convite é oferecido, não perca sua chance de estar bem vestido nas bodas, na presença do Rei e do Noivo.
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE
1. O que as três parábolas citadas nessa lição têm em comum?
R:
2. O que representa o homem sem as vestes nupciais?
R:
3. Quem foram os primeiros convidados?
R:
4. Porque esses convidados não compareceram às bodas?
R:
5. Quando eles rejeitaram o convite do rei, este ordena que sejam convidadas outras pessoas. Quem eram essas pessoas e onde seus servos deviam buscar por eles?
R:
6. Qual a condição para participar das bodas?:
R: