O Custo do Crescimento

Ouvimos falar bastante sobre o crescimento da Igreja, e a maioria das nossas igrejas, caso perguntadas sobre isto, diriam que elas definitivamente estão interessadas, porém as igrejas frequentemente se comprometem com o crescimento sem levar em conta o custo dele. Crescimento não vem sem uma determinada soma de mudanças, e com a mudança geralmente vem um nível de desconforto ou até mesmo experiências dolorosas para os membros mais antigos da igreja. Haverá desacordos, desentendimentos e decisões difíceis de serem tomadas. Isto não significa que não devemos aspirar ao crescimento – afinal, Jesus encarregou-nos de “fazermos discípulos de todas as nações.“ Porém, significa que cada igreja deve estar completamente ciente das potenciais consequências do crescimento e precisam entrar neste processo com os olhos bem abertos.

 

A Igreja do Novo Testamento não foi exceção. A diferença é que eles não conheciam alternativa para o crescimento. A igreja estava crescendo aos pulos ao espalhar a mensagem do Evangelho de Jerusalém para a Judéia, Samaria e para as partes mais extremas da terra (Atos dos Apóstolos 1 8), mas houve algumas dificuldades próprias do crescimento rápido e como resultado da disseminação do Cristianismo.

A Situação

Nossa passagem de hoje projeta luz em um dos problemas do crescimento experimentado pela Igreja do Novo Testamento – um conflito que chegou ao seu máximo, envolvendo líderes-chave como Pedro, Paulo,Tiago e Barnabé. O conflito ameaçara partir ao meio a igreja. Na superfície, parece que o problema era em relação às diferenças existentes entre os crentes judeus e gentios, mas Paulo reconhecera seu significado como sintoma de uma divisão teológica profunda entre a Graça e o Legalismo. E ele determinou que se pusesse um fim a esta divisão antes que ela se enraizasse e minasse a integridade de toda a igreja.

Originalmente, quando Paulo fora a Jerusalém para testemunhar sua própria conversão ao cristianismo e compartilhar seu desejo de pregar o Evangelho para os gentios, os apóstolos acharam esta uma ideia fantasiosa. Paulo poderia obrar entre os gentios enquanto eles continuavam a concentrar-se em convencer seus companheiros judeus da verdade sobre Jesus Cristo. Entretanto, com o passar do tempo, Paulo fora bem-sucedido em trazer mais e mais gentios para Cristo. Eles começaram a se autocriticar e a pensar: “Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos.” (Ato dos Apóstolos 15:1). Paulo achou problemático isto, uma vez que quando você começa a ligar “regras” à salvação, está se afastando do dom da graça dada por Deus.

A Importância da Integridade

Um dos problemas para Pedro, de acordo com o versículo 12, era ter começado a pensar mais sobre o que os outros poderiam pensar do que a se preocupar com o que estava certo. Ele sacrificou sua integridade e caiu na tentação de agradar às pessoas. Aparentemente, existia um grupo influente dentro da igreja em Jerusalém (chamado Grupo da Circuncisão, por falta de um título mais criativo) que aderia à importância de uma circuncisão física como qualificação para o povo de Deus.

A prática da circuncisão entre os judeus datava da época de Abraão, que fora instruído por Deus para que ele e todos seus descendentes do sexo masculino fossem circuncidados como sinal da aliança entre eles. A lógica do Grupo da Circuncisão era a de que com a finalidade de receber a salvação prometida aos judeus, o indivíduo deveria tornar-se um deles. Eles perderam as observações que Paulo faria mais tarde, de que com a Nova Aliança, a circuncisão era mais espiritual do que física (Romanos 2) e que era a fé e não a circuncisão que fazia de alguém um filho de Deus (Gálatas 5 6).

Nas igrejas atuais, nós raramente discutimos sobre circuncisão, porém ainda lutamos com o assunto da integridade versus agradar às pessoas. O assunto pode ser o estilo de adoração, dons espirituais, educação das crianças, ou algum outro assunto “não-salvador” que ameace dividir a igreja. Ou pode ser um problema moral culturalmente sensível como viver junto antes do casamento ou a homossexualidade. A tentação é a de tentar agradar as pessoas a fim de mantê-las na igreja. Contudo, é muito mais importante que agrademos a Deus do que os homens com nossas ações. Ao tomar decisões difíceis durante meu ministério, eu tentei duramente (nem sempre sendo bem-sucedido) baseá-las no princípio de que: “a coisa certa a fazer é a coisa certa a fazer não interessando o quão popular ou impopular você será.”

Liberdade de Consciência

Como Batistas do Sétimo Dia, uma das coisas das quais nos orgulhamos é a Liberdade de Consciência que damos a todos os crentes de interpretarem as Escrituras com a orientação do Espírito Santo. Nós possuímos determinados pontos principais os quais acreditamos serem obrigatórios, mas permitimos muita flexibilidade nas convicções dentro destes parâmetros. Eu acho que precisamos ser cuidadosos para não darmos a ideia de que não cremos na verdade absoluta. Existe a verdade e existe o erro. E é importante que estudemos e discutamos estes assuntos. Entretanto, no final do dia, acreditamos que nossa fé em comum é mais importante do que nossas diferenças teológicas. E nosso amor uns pelos outros ajuda-nos a ficarmos juntos apesar de algumas diferenças bastante significativas. Talvez você possa dizer que concordamos em discordar pelo bem do Evangelho.

Solução do Conflito

Felizmente, pelo bem da integridade da Nova Comunidade estabelecida, Paulo estava disposto a permanecer firme no que acreditava estar certo e confrontara Pedro e os outros líderes da igreja com o erro dos seus caminhos. Existe um tempo e um lugar para “entender-se”, mas algumas vezes sustentar a verdade de Deus e defendê-la faz-se necessário. Paulo viu o perigo de prolongar a discussão acerca da circuncisão – e que ela poderia eventualmente levar ao legalismo e ao pensamento de que um indivíduo poderia de alguma maneira merecer sua salvação através de suas ações. Pedro tinha o crédito de ser humilde o suficiente para admitir o erro do seu caminho e a igreja alimentou-se do sucesso entre os gentios (circuncidados ou não). Teria sido muito mais fácil para Paulo ou ignorar Pedro ou alimentar a divisão ao pregar contra ele. Entretanto, ele pegou a estrada dolorosa do confronto. E o resultado foi a glória de Deus, a continuação do propagação do Evangelho e a consolidação da Igreja.

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