E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.    

Gênesis 1:26 

INTRODUÇÃO

   A lição desta semana apresenta a definição da Triunidade de Deus. Nossa crença se baseia fundamentalmente da seguinte maneira: Cremos em um único Deus (Deuteronômio 6:4), que é Criador de tudo e de todos, que é Santo, Soberano, Eterno e que é composto por três pessoas distintas; o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É verdade que não é facilmente absorvida a compreensão de tal doutrina, mas é imprescindível para a firmeza da nossa fé. A partir de agora, você é convidado a mergulhar nessa revelação que só acontece nas Sagradas Escrituras, a Trindade não pode ser esclarecida fora das Escrituras, não pode ser revelada ao homem de outra maneira, visto que essa doutrina trata da natureza de Deus.

 

A UNICIDADE DE DEUS

   “Shemá! Ouve, ó Israel: Yahweh, o nosso SENHOR, é o único Deus!” (Dt6:4 – BJK). É isso que as Escrituras ensinam, que não há outro Deus além do Nosso Deus. É nisso também que cremos, a Trindade não inexiste quando cremos nisso, pois não é o caso de termos três deuses, mas de um Deus que é composto por três pessoas que são independentes e que possuem existência própria. Os três cooperam unidos para um mesmo propósito, de maneira que, no sentido pleno da palavra, são “um”. O Pai cria, o Filho redime e o Espírito Santo santifica; e, no entanto, em cada uma dessas operações divinas os três estão presentes.57 Compreenda, o Pai sendo criador, tanto o Filho como Espírito Santo são cooperadores da mesma obra (Gênesis 1:26), assim como na obra da redenção, o Pai e o Espírito Santo; o Pai O envia (João 3:16) e o Espírito O gera (Mateus 1:18 e 20). Na obra de santificação e consolação do Espírito Santo, o Pai e o Filho testificam d’Ele (João 14:26). 1. Essa doutrina não pode ser aceita ou concebida pela razão porque é claramente revelada, mesmo antes de tecnicamente ser chamada de “Trindade” ela já se encontrava nas Escrituras. Neste trecho retirado do CREDO DE ATANÁSIO, formulado no século V, traz-nos uma clareza acerca da Trindade, a maneira que devemos tratar o nosso único Deus, como um Deus Triúno sem ofender Sua unicidade (Mateus 28:19). Confira:

   “Adoramos um Deus em trindade, e a trindade em unidade. Não confundimos as pessoas nem separamos a substância. Pois a pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra, e a do Espírito Santo, ainda outra. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma divindade, glória igual e majestade coeterna. O que o Pai é, o Filho e o Espírito Santo também são. O Pai é incriado, o Filho é incriado, o Espírito é incriado. O Pai é imensurável, o Filho é imensurável, o Espírito Santo é imensurável. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno. E, não obstante, não há três eternos, mas sim um eterno. Da mesma forma, não há três (seres) incriados, nem três seres imensuráveis, mas um incriado e um imensurável. Da mesma forma, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente e o Espírito Santo é onipotente. No entanto, não há três seres onipotentes, mas sim um Onipotente. Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus.

   Podemos perceber ao decorrer das Escrituras que ambos os três estão correlacionados desde a criação (Gênesis 1:1-2; Salmos 102:25; Colossenses 1:16), não só da criação de todas as coisas como especificamente na criação do homem (Gênesis 1:26; 2:7; Jó 33:4;Colossenses 1:16) e também no plano maravilhoso da redenção, porque foi o Espírito quem gerou o Filho (Lucas 1:35), mas ao passo que o Filho chama pelo Pai (João 17:1-8) e sempre faz a vontade do Pai (João 15:10; Lucas 3:21-22) é clara também a participação das três pessoas na Sua morte. Note bem: do Pai (Salmos 22:15; Romanos 8:32), do Filho (João 10:18; Gálatas 2:20) e do Espírito Santo (Hebreus 9:14) e na ressurreição as três pessoas da divindade também atuaram (Atos dos Apóstolos 2:24; João 10:18; 1 Pedro 3:18).

   O relacionamento eterno entre as três pessoas da Divindade é expresso em Suas diferentes funções desempenhadas. Também é possível notar através dos atributos do Eterno (atributos os quais só Deus possui), que os três Se fazem em um único Deus Verdadeiro. Veja o quadro a seguir:

     

Atributos  Pai Filho Espírito Santo
Eternidade  Salmos 90:2 Colossenses 1:17 Hebreus 9:14
Onipresença Jeremias 23:24  Mateus 18:20  Salmos 139:7
Onisciência Jeremias 17:10 Apocalipse 2:23  1 Coríntios 2:10-11
Onipotência 1 Pedro 1:5 2 Coríntios 12:9 Romanos 15:19
Santidade 1 Pedro 1:16 Atos dos Apóstolos 3:14 Lucas 12:12
Amor 1 João 4:8-16  Efésios 3:19 Romanos 15:30
Verdade João 7:28  Apocalipse 3:7 1 João 5:6

 

 

A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

   No Antigo Testamento, a Trindade não é apresentada e ensinada de maneira clara e direta, mas em um contexto onde se era prestado culto a vários deuses, esta razão é evidente. É por inúmeras vezes acentuada a Israel a verdade acerca da existência de um único Deus. Mesmo que essa doutrina não esteja de maneira explícita no Antigo Testamento, toda vez que um judeu pronunciava o Nome de Deus – ELOHIM, ele a estava declarando. A palavra elohim é o primeiro nome de Deus que aparece nas Escrituras (Gênesis 1:1) e é usado com referência a Deus mais do que quase qualquer outro nome nas Escrituras (2.570 vezes).

   O fato de que elohim é uma palavra no plural é muito importante e tem duas possíveis interpretações: Primeiro, todas as línguas semíticas usam o plural para comunicar que algo é excepcional ou singular. Um pequeno corpo de água seria chamado de “água”, enquanto um imenso corpo de água seria chamado de “águas”. A palavra plural Elohim é usado com relação a Deus, não porque haja mais de um Deus, mas porque Ele é um Deus grande e incomparável, o único Deus verdadeiro sobre todos os deuses. Segundo, a palavra plural elohim pode eventualmente indicar a pluralidade de pessoas no seio da Trindade.

   A verdade é que no Antigo Testamento há uma forte ênfase na existência de um Deus que é Único, por que isso ocorria? Porque a cultura religiosa no Antigo Testamento abraçava fortemente o Politeísmo (adoração a vários deuses). A Lei de Moisés ensinava de modo categórico isso; “Shemá! Ouve, ó Israel: Yahweh, o nosso SENHOR, é o único Deus!” (Dt6:4 – BJK), essa era a ideia central. Você pode conferir também em outras passagens bíblicas (Isaías 43:10; 44:6; 45:22; 42:8). Mesmo sendo clara a Unicidade de Deus, o Antigo Testamento apresenta indícios da Trindade, como acima foi feita a referência acerca de ELOHIM, confira as citações bíblicas (Gênesis 1:1; 1:26; 3:22; 11:7; Isaías 6:8) em todas essas referências percebemos a pluralidade de pessoas em Deus. 2. Em Isaías 9:6 o Messias é apresentado com características divinas, “Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz. Mas aqui não se refere ao Deus Pai, porque o texto bíblico declara que está se referindo a um “menino” que será nascido entre o povo de Deus. O profeta Miquéias também apresenta o Messias como Eterno: “Mas tu, Belém Efrata, embora sejais pequena entre os milhares de Judá, de ti sairá aquele que é governador em Israel, e cujas saídas tem sido desde os tempos antigos, desde a eternidade. ” (Miquéias 5:2 BKJ). Outros textos no Antigo Testamento revela a eternidade do Messias; como em Salmos 45:6-7 se confirma em Hebreus 1:8-9; e como Salmos 110:1 em Mateus 22:44.

   Em Hebreus 1:6-8; Apocalipse 5:13-14, a ordem é explícita. Deus deixou perfeitamente claro que o Seu Filho, o Messias, tem todo o direito de ser adorado. Isso, por sua vez, significa que Cristo é Deus. Se não fosse uma realidade, então a única alternativa que nos restaria seria acreditar que o Deus que nos adverte a não reverenciar ao homem, estava contradizendo-Se ao ordenar-nos tal coisa. Naturalmente, Deus não estava Se contradizendo. Ao contrário, estava frisando esse ponto uma vez mais: o Messias é Deus.62 E não se trata somente do Messias, mas também da pessoa do Espírito Santo, e é copiosa a menção acerca d’Ele no Antigo Testamento, confira as referências a seguir: (Gênesis 1:2; Isaías 11:2-3; 48:16; 61:1; 63:10).

   Voltando ao texto bíblico de Deuteronômio: “Shemá! Ouve, ó Israel: Yahweh, o nosso SENHOR, é o único Deus!” (Dt6:4 – BJK), podemos notar: O incrível é que a Shema é uma das mais poderosas declarações em favor da tri-unidade de Deus que se pode encontrar na Bíblia inteira. A própria palavra que alegadamente argumenta contra o ensino da triunidade de Deus realmente afirma que em Deus há pluralidade, pois, a última palavra hebraica da Shema é echad, um substantivo coletivo, em outras palavras, um substantivo que demonstra unidade, ao mesmo tempo que se trata de uma unidade que contém várias entidades.63 Podemos tomar alguns textos bíblicos como exemplo e referência acerca da palavra hebraica echad , note: Em Gênesis 2:24 a palavra que traduz por ’uma só carne” é a palavra echad; em Números 13:23 “um cacho”, também é echad; em Esdras 2:64 “toda essa congregação”; em Jeremias 32:38-39 “um só coração” e “um só caminho”; em Êxodo 24:3 “uma voz”. Portanto é um termo, digamos, esclarecedor, que se refere a um Deus Único, mas que constitui em Si mesmo uma diversidade de pessoas.

 

A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO

   Diferentemente do Antigo Testamento, no Novo Testamento a Trindade é claramente revelada. Existem quatro verdades estabelecidas no Novo Testamento que nos levama concluir essa doutrina: A Divindade, a personalidade, a distinção e a unidade deles. Vejamos:

• Personalidade: O Pai é um ser pessoal, por Seu relacionamento com o homem e com Jesus, é dotado de capacidades que o tornam uma pessoa, Ele pensa, sente, quer, tem moralidade e determinação. O Filho não deixa traços de dúvidas quanto a Sua personificação, “...se fez carne e habitou entre nós” (João 1:14). Possuía como qualquer um de nós características pessoais. O Espírito Santo também é uma pessoa, porque consola (João 16:7), ensina (Lucas 12:12), guia (João 16:13), convence (João 16:8) e pode ser entristecido (Efésios 4:30).

• Distinção: o Filho roga ao Pai que envie o Espírito Santo (João 14:16-17)65. Outro momento comprobatório da existência dessa distinção é o momento do batismo de Jesus, que Ele está nas águas do Jordão, a voz do Pai é ouvida dos céus e o Espírito Santo aparece em forma de pomba (Mateus 3:16-17).

• Unidade: “há um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, por todos e em todos” (Efésios 4:6).

   Essas são verdades que foram claramente reveladas no Novo Testamento e que formam o fundamento da nossa fé na existência da Trindade. O apóstolo Paulo, sempre fi el à Lei e fariseu por excelência, sempre anunciou que jamais divulgaria ou espalharia outros ensinos que não fossem o que constava na Lei e nos Profetas. Era sua constante declaração que seu Deus era o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Ainda assim, pregava acerca da Divindade de Cristo (Filipenses 2:6-8; 1 Timóteo 3:16) e a personalidade do Espírito Santo (Efésios 4:30), e incluiu as três pessoas na bênção apostólica (2 Coríntios 13:14).

   Mesmo no Novo Testamento, os primeiros cristãos mantinham a fé no ensinamento mais antigo e determinante, a unidade de Deus. Sempre testificaram crer em um único Deus, sobre todos, mas Deuteronômio 6:4 NÃO nega a existência da Trindade, antes, muito pelo contrário, porque nessa doutrina o ponto fundamental é de que há um só Deus. É importante ressaltar que as escrituras são interpretadas por elas mesmas, e nelas o Pai é Deus (1 Pedro 1:2), o Filho é Deus (João 20:28) e o Espírito Santo é Deus (Atos dos Apóstolos 5:3-4). Quando é citado em Mateus 28:19, “...Em nome...” , o termo nome no grego é singular, o que indica a citação a respeito de um único Deus, composto por três pessoas, ou seja, mais uma prova da verdade na doutrina da Trindade. 

 

CONCLUSÃO

   Ao longo desse estudo, foi manifesta por várias vezes a nossa fé e o entendimento de que a Bíblia explica a Bíblia. Pode-se averiguar ao longo do Antigo Testamento a existência de um Deus único e ao mesmo tempo plural. Relembrando o termo em hebraico no trecho bíblico de Deuteronômio 6:4; echad, declara sua unidade em sua diversidade. Mesmo a doutrina da Trindade não sendo apresentada no Antigo Testamento de forma tão clara e explícita como no Novo Testamento, com este estudo foi possível encontrá-la por toda a Sagrada Escritura. Glória Deus por Se permitir ser compreendido em Sua essência e natureza Divinas. Como corretamente Thiessem afirma “a doutrina cristã da Trindade não é, na realidade, um fruto da especulação, mas da revelação”.

 

QUESTÕES PARA ESTUDO EM CLASSE

1. O que é Trindade? É bíblico?

R.

2. Segundo a lição estudada, por que o texto de Deuteronômio 6:4, não nega a doutrina da Trindade?

R.

3. Com base no que você aprendeu na lição, quais as quatro verdades que atestam a doutrina da Trindade no Novo Testamento?

R.

4. Que momento, na sua opinião, é mais esclarecedor nas Escrituras acerca da afirmação da doutrina da Trindade?

R.

5. Você concorda que o esclarecimento a respeito desse assunto só pode vir por revelação? Ou seja, você acredita na afirmação que é entendido pela fé a doutrina da Trindade?

R.

 

 

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