Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,    

Gálatas 4:4 

INTRODUÇÃO

 

   O Deus trino revelou-se de tal forma aos seres humanos, através de Sua Palavra, que para compreendê-lO melhor, é possível atribuir-lhe certas qualidades ou características, que chamamos de atributos divinos. Bavinck afirma que “seus atributos coincidem com seu ser”. Alguns teólogos preferem utilizar o termo perfeições de Deus em lugar de seus atributos, a fi m de que compreendemos a profundidade de entendimento sobre que de fato é.

   As classificações mais importantes historicamente distinguem os atributos incomunicáveis de Deus (tais como auto-existência, imutabilidade, infinidade, eternidade, que não tem analogia no homem) dos comunicáveis (tais como amor, justiça, misericórdia, soberania que são refletidos na estrutura moral do ser humano). Os atributos de Deus não são elementos que devam ser analisados e debatidos apenas na esfera teológica. Eles são vitalmente importantes para a nossa relação com Deus. As Escrituras salientam essa importância, a partir da utilização de diversas palavras para descrever os atributos divinos:

    • No Salmos 89:5 a Escritura fala dos atributos de Deus como Suas maravilhas. Seus atributos, em outras palavras, relevam-nos quão grande e maravilhoso Deus é, e nos faz permanecer diante d’Ele em admiração e assombro.

    • O Salmos 78:4 chama os atributos de Deus de os Seus louvores. Dessa palavra aprendemos a razão para a revelação de seus atributos: para que possamos louvá-lO e adorá-lO para sempre. Se a igreja hoje não honra a Deus como deveria, isso é somente porque ela não O conhece como deveria.

     • O Salmos 78 também diz que é por meio do conhecimento dos atributos de Deus que as gerações vindouras colocarão sua esperança em Deus, e não esquecerão Suas obras, mas guardarão os seus mandamentos (vv. 4-8). Possa Deus conceder tais gerações à Igreja, restaurando nas igrejas o conhecimento de Deus e especialmente dos Seus atributos.

   Assim, estudar os Atributos de Deus é estudar Seu caráter para responder perguntas como QUEM É DEUS? E COMO DEUS É? É fundamental compreender que Deus não é simplesmente a soma de Seus atributos. Eles não são separados um do outro, mas cada um qualifica ou modifica cada um dos outros. Nesta semana, estudaremos quatro atributos de Deus: SIMPLICIDADE, UNIDADE, INFINITUDE, ETERNIDADE.

 

1 - DEUS É SIMPLES E UNO

   Muitos livros de teologia identificam um atributo chamando-O de simplicidade. A palavra é um pouco confusa, e como não aparece nas Escrituras, deve ser mais adequado utilizar a palavra Perfeição. Nesta perspectiva, Deus é livre de toda composição; Ele não é a soma de suas partes. Deus é tudo quanto há n’Ele. Ele é absoluto, o que não há distinções em seu ser. Não há desarmonia, não há conflito, não há contradição entre Suas obras e atributos. ELES SÃO TODOS UM. Ronald Hanko afirma:

A perfeição de DEUS é ensinada especialmente nas passagens que dizem que DEUS é amor, é verdade, é luz (1 João 1:5; 1 João 4:8; 1 João 5:6). Que ELE é luz significa que não há nenhum espaço n’ELE para escuridão. Que ELE é amor significa que não há nenhuma possibilidade que qualquer coisa n’ELE comprometa Seu amor. Isto também significa que Seus atributos não são realmente características separadas. Eles são como as facetas de um diamante que não podem ser separadas umas das outras. Cada brilho com sua própria glória onde todos juntos fazem uma preciosa joia com diamantes. Separá-las é destruí-las.

   Na mesma linha de Ronald Hanko, o teólogo apologético Willian Craig, em seu livro “Em Guarda”, escreve: “Como uma mente pura e sem um corpo, Deus é uma entidade notavelmente simples”35. Assim, Deus não é composto de partes, pois toda composição implica imperfeição. O composto depende, necessariamente, dos elementos que o constituem. Deus é, portanto, perfeitamente simples. Um atributo não é mais importante do que outro; todos eles constituem o Ser de Deus.

   Deus é ÚNICO no sentido de singularidade como também de simplicidade. Singularidade: Deus é único, numericamente um; há um só Deus. Simplicidade: Deus não está dividido em partes, pois Ele não é composto; entretanto Seus atributos são enfatizados em momentos diferentes. Sendo infinitamente simples, Deus é infinitamente uno e indivisível. Mas é também absolutamente único. Supor dois ou mais Deuses igualmente perfeitos, seria absurdo. Dois Deuses seriam idênticos e então se confundiriam, ou seriam diferentes e então não poderiam ser ambos infinitamente perfeitos.

 

2 –DEUS É INFINITO

   Afirmar que Deus é INFINITO é dizer que não há limites na perfeição de Deus. Quando consideramos os atributos de Deus, devemos considerá-los infinitos. Isto significa que Seus atributos têm intensidade e qualidade infinitas. Deus está presente em nosso meio quanto está longe de nós no universo. Assim, embora ele esteja presente em um lugar, ele nunca está confinado a algum lugar.

   Nada existe além e acima de Deus, que de nada depende e ao qual tudo está subordinado. Ele “habita em luz inacessível” (1 Timóteo 6:16), um Deus de “juízos insondáveis” e cujos caminhos são “inescrutáveis” (Romanos 11:33). Deus é infinito, ilimitado, ilimitável. “Acaso sou Deus apenas de perto, diz o Senhor, e não também de longe? Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? Diz o Senhor; porventura não encho eu os céus e a terra? Diz o Senhor” (Jeremias 23:23-24). “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (Salmos 139:7-10).

   O teólogo Louis Berkhof, em sua Teologia Sistemática, explica a ideia sobre a infinidade de Deus:

“Infinidade é a perfeição de Deus pela qual Ele é isento de toda e qualquer limitação. Ao atribuí-la a Deus, negamos que haja ou que possa haver quaisquer limitações do Ser divino e dos Seus atributos. Isto implica que Ele não é limitado de maneira nenhuma pelo universo, por este mundo caracterizado pela relação tempo-espaço, e que Ele não fica encerrado no universo. Isto não implica Sua identidade com a soma total das coisas existentes, nem exclui a coexistência das coisas finitas e derivadas, com as quais Ele mantém relação. A infinidade de Deus deve ser concebida como intensiva, antes que extensiva, e não deve ser confundida com extensão ilimitada, como se Deus estivesse espalhado pelo universo todo, uma parte aqui, outra ali, pois Deus não tem corpo e, portanto, não tem extensão espacial. Tampouco deve ser considerada como um conceito meramente negativo, embora seja perfeitamente verdadeiro que não podemos formar uma ideia positiva da infinidade. É uma realidade em Deus e só por Ele compreendida plenamente.

 

3 –DEUS É ETERNO.

    A eternidade divina é diferente do estado eterno experimentado por humanos ou anjos, os quais foram criados no tempo. O tempo tem um começo com uma sucessão de momentos (horas, dias, meses, anos etc.), mas Deus não tem começo, sucessão de momentos e fim. Deus é atemporal e imutável, porém, não é estático. A eternidade é um atributo relacionado com a imutabilidade de Deus nos aspectos que o tempo não pode acrescentar ou tirar alguma coisa d’Ele, não pode aumentar nem diminuir o Seu conhecimento. Ele, porém, percebe os acontecimentos no tempo e age no tempo. “Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Salmos 90:2).

    Quando Deus fala de Sua eternidade, Ele diz, “EU SOU” (Êxodo 3:14). Se ele tivesse dito, “EU ERA”, o signifi cado seria que Ele foi e agora já não é mais. Além do mais, se Ele tivesse dito, “EU SEREI”, o significado seria que Ele ainda não é o que Ele será. Albert Einstein brigou com o problema de que não pode haver uma medida de tempo, porque ele não fica parado o sufi ciente para que se possa medi-lo. Por conseguinte, a conclusão é que a eternidade não é tempo, como um arco-íris, desaparecendo na eternidade em ambos os lados. A eternidade não corre a partir do passado, pois uma certa quantia já teria sido gasta. Portanto, a eternidade é o permanente e imensurável presente. Charles Hodge afirma em sua Teologia Sistemática, no volume 1:

“Com ele [isto é, com Deus] não há distinção entre o presente, passado e futuro; mas todas as coisas lhe são igualmente e sempre presentes. Com ele a duração é um eterno agora. Essa é a visão popular e escriturística da eternidade de Deus... Para ele não há passado nem futuro; ... o passado e o futuro lhe são sempre e igualmente presentes”

   Resumindo, Deus não teve princípio e não pode ter fim. Assim, não pode estar limitado ou condicionado pelo tempo. Como A. H. Strong afirma: “Deus não está no tempo, mas o correto a dizer é que o tempo está em Deus”.

 

CONCLUSÃO

    O estudo dos atributos de Deus não deve ficar apenas no plano do mero conhecimento acadêmico e sistemático do Criador. Conhecendo quem é Deus a partir da revelação das escrituras, vislumbramos o Seu caráter e nos ajuda a melhor glorificá-lO e não ser levado por toda sorte de doutrinas, a fim de desviar das heresias que têm sido arma nas mãos do inimigo.

 

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE

1. Quais são as duas principais classificações dos atributos de Deus?

R.

2 A partir da leitura dos Salmos 78 e 89 qual a importância de conhecer os atributos de Deus?

R.

3. Explique a frase de Craig: “Como uma mente pura e sem um corpo, Deus é uma entidade notavelmente simples”.

R.

4. Leia novamente a citação de Berkhof sobre a infinidade de Deus e explique o que signifi ca dizer que não há limites na perfeição de Deus.

R.

5. Por que a eternidade divina é diferente do estado eterno experimentado por humanos?

R.

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